O silêncio era continuo. Tudo estava tão calmo e frio, que abrir os olhos era um pecado naquele minuto. Ainda inconciênte, sentiu certa pressão contida em uma de suas clavículas, e um leve roçar de mãos em suas costelas. Não se moveu até conseguir recuperar a conciência.

Suspirou sem se mover.

Aquilo era um sonho. Apesar de não ter lembrado de ter ido dormir. Estava despida, boa parte de seu busto descoberto. Não, era real demais para ser um sonho. Riu baixinho para si própria. Quem diria que em algum inverno gélido aquilo iria acontecer?

O olhou sem mover o pescoço.

Estava num sono tranquilo, parecia estar tendo um sonho bom, ou uma recordação de um momento agradável. Um sorriso tímido lhe estampando os lábios. A coberta lhe escondendo o tronco e parte do pescoço.

Jamais teria coragem de acordá-lo.

Tentou recordar-se do que havia ocorrido. Estava tão revigorada daquele pequeno resfriado que esqueceu a sequência correta dos fatos. Bom, ela havia ido a casa dele por pura insistência. Mesmo assim, havia lhe incomodado tanto que teria vergonha de falar sobre a licença que haviam pego naquele dia. Pelo menos, sabiam que o laboratório também estava de folga. Sorriu lembrando-se da mensagem de Cathy. Ela deveria estar na mesma situação dela agora.

- Sara... - Grissom resmungou, sonolento.

- Oi. - Disse no mesmo tom preguiçoso.

Passou a mão nos cabelos grissalhos de Grissom, sorrindo.

- Que horas são? - Perguntou, abrindo os olhos lentamente.

- Hm... - Se virou em direção a janela. - Cedo.

Tinha razão o sol ainda estava escondido, e algumas estrelas brilhavam tímidamente. Provavelmente, seria o horário que Sara estaria em seu apartamento até ouvir o celular tocar em seu criado mudo, dizendo: 'Precisamos de você no laboratório.' E quem diria que ela estaria nesse natal deitada na cama com Grissom?

Nem ela mesma havia imaginado aquele momento.

- Precisamos nos levantar agora? - Sara disse e suspirou em seguida.

Grissom voltou a fechar os olhos, e negou com a cabeça.

~~ x ~~

- Catherine Willows, isso são horas de chegar em casa? - Lindsay dizia, uma das mãos na cintura e pé batendo fortemente no chão.

A cena era hilária. Lindsay estava trajada de pijamas, as pantufas de coelhinho se chocando o chão com violência, um copo de leite em mãos, e a testa fortemente franzida a ponto de fazer uma veia saltar. A filha esperando a mãe chegar em casa e lhe dando uma bronca por ter voltado tarde.

Catherine riu, arrumando seu vestido vermelho e colocando sua bolsa na mesa de centro.

- Com quem você estava? - Lindsay insistiu.

- Com um amigo meu. - Cathy se dirigiu ao quarto, tirando os brincos e os colocando na palma de sua mão. - Vai me dizer que terei que chegar aqui as nove horas?

Lindsay cruzou os braços.

- Nada disso, pelo menos chegue antes da meia-noite ou sua carruagem irá virar uma abobóra. - Disse, andando pelo corredor e sumindo do quarto em seguida.

~~ x ~~

- E a Cathy é meio que nossa mãe super-protetora e preocupada. - Greg disse, fazendo Demi rir um pouco.

Demi estava sentada ao lado de Greg, rindo tanto que chegaria ao ponto de chorar. O ataque de risos havia sido maior quando ele contou sobre a vez que Hodges havia urinado na maçaneta do carro de seu professor, por causa de uma nota B. Ela retrucou depois de ouvir a história: 'Não, nenhum ser humano faria isso.' E Greg respondeu: 'Hodges não é exatamente um ser humano.'

As maçãs do rosto de Demi estavam coradas devido ao frio, apesar, de nenhuma ventilação estar aberta. Talvez, aquilo se devia ao momento. Quer dizer, sempre corava assim que Greg a tocava, além do mais agora, que estavam com as mãos entrelaçadas.

- Senti falta disso... - Ela disse, o olhando nos olhos e sorrindo feliz por tudo aquilo.

Greg retribuiu o sorriso.

- Você não sabe o quanto. - Completou. - Venha cá.

Abriu os braços e a aninhou em seu peito. Demi bocejou, e se agarrou a uma parte de sua jaqueta. Greg riu.

- Ainda com a mania de se agarrar as cobertas antes de dormir?

- Hm. Não sei ao certo. - Demi baixou os olhos, e logo, os fechou. - Acho que fazia isso para dormir no colo da minha mãe. - Murmurrou, quase inconciênte. - Feliz natal, Greg.

- Feliz natal, Demi.

~~ x ~~

O laboratório estava deserto, e o único som que se ouvia era um leve baque da porta se fechando. Havia chego ali muito cedo, e tinha certeza disso assim que ouviu uma melodia solitária equoar pelos corredores. Andou em passos leves e se dirigiu a sala de origem do som. Tudo estava tão calmo naquela manhã ao ponto de pensar que tudo estava definitivamente errado.

Abriu a porta com certo receio.

Viu Hodges cantarolar baixinho, e dançar estranhamente.

(N/A: Ouçam a música e imaginem o Hodges dançando. ;D)

- Diga o que você quer dizer, me diga que estou certo E deixe o sol reinar em mim
Me dê um sinal, eu quero acreditar. - Cantou, olhando através