VIII.

A mulher se debulhava em lágrimas ao assistir Sandra Bullock, como a Dr. Kate Forester, descobrir que o homem que não conseguira salvar no começo do filme era o seu amado Alex Wyler, Keanu Reeves.

Não conseguia evitar. Era sensível a filmes românticos. E A Casa do Lago sem dúvida era um de seus filmes preferidos. Mas ela o assistia sempre sozinha para não correr o risco de verem-na com o rosto todo inchado de tanto chorar. Nem Alice servia como companhia, a baixinha não tinha paciência para ver o desenrolar da história e dizia que era um filme maçante e sem noção. Isabella ignorava. Gosto não se discute e se ela gostava de assistir já era o suficiente.

Após tanta choradeira resolveu ir tomar um banho bem relaxante. Sua mente viajou para o jantar na casa do seu pai e apenas por uma fração de segundos pensou em ir até lá. Desistiu da idéia rapidamente com um leve tremor no corpo, sua curiosidade não era grande o suficiente para fazê-la ir até a casa do pai.

*/*/*

Uma música suave tocava ao fundo, mas era abafada pela conversa animada dos agentes. Edward fez um leve movimento negativo com sua cabeça ao escutar a alta risada de seu melhor amigo no outro cômodo. Continuou guiando sua amiga com um leve encostar a suas costas. A frente do casal estava Charlie conduzindo-os até a sala de estar.

Assim que passaram pelo umbral da grande porta dupla o ruivo passou um braço despreocupadamente sobre os ombros de Rosálie a puxando em um abraço de lado.

- Eu vou te matar. – sibilou a doutora entre dentes em quanto fingia um sorriso.

- Amigos agora não se abraçam? – rebateu o agente com um sorriso charmoso nos lábios.

- Se continuar com a palhaçada o farei passar por corno. – ameaçou a doutora ainda sorrindo falsamente.

- Não vai sujar sua imagem por conta desta besteira. – afirmou Edward de maneira prepotente.

Assim que os viu Emmett ficou com uma expressão admirada e depois mudou rapidamente para surpresa. Admirado com a loira que adentrava o recinto e surpreso por ela estar acompanhada por seu melhor amigo que ainda hoje de manhã se apaixonara por uma morena que vira na rua.

Ou a morena pintou os cabelos ou Edward simplesmente bateu o seu Record no quesito “desapaixonar”. O agente franziu a testa ao vê-los trocando sorrisos e olhares como se eles se conhecessem há muito tempo, o que era muito estranho já que ele nunca mencionara uma namorada.

Atrás do hipotético casal outro - com um futuro provável - vinha caminhando. Alice praticamente desapareceu ao se encolher envergonhada. Jasper não era muito diferente e disfarçou a timidez colocando as mãos nos bolsos. Os dois adolescentes não trocaram mais nenhuma palavra.

O garoto se xingava por não saber um assunto para puxar e a garota fazia o mesmo por ficar tão atípica perto daquele peculiar individuo. Alice abriu a boca para iniciar uma conversa qualquer, mas logo a fechou com as bochechas coradas. A baixinha suspirou e infeliz com si mesma foi até a cozinha ver se sua mãe precisava de alguma ajuda.

Finalmente Jasper pensara em um assunto para puxar, porém quando foi fazê-lo a garota já não estava mais ao seu lado. Piscou várias vezes sem entender como ela havia sumido de repente. Você é um idiota Jasper!

Logo sua atenção voltou-se novamente para frente e observou Edward o apresentar.

- E aí mano? – disse o ruivo cumprimentando o amigo. – Acho que você é o único aqui que não conhece a Dr. Halle apesar de ela já conhecer você.

- Prazer. – cumprimentou Emmett dando um beijo respeitador na bochecha da acompanhante de Edward.

A loira se surpreendeu por ele não lhe mandar nenhum olhar malicioso ou lhe cochichar algo em seu ouvido como já acontecera diversas vezes. Percebeu que o homem de grande estrutura a sua frente tinha imensa consideração por seu amigo, assim como Edward por ele. Então como ele suspeitava que ela e o agente estivessem juntos não ousou proferir uma palavra desrespeitosa.

- O prazer é meu esquentadinho. – cumprimentou divertida fazendo McCarty coçar a cabeça de maneira sem graça ao lembrá-lo sobre o ocorrido durante a tarde.

- Esse é Jasper. – apontou Edward para o garoto que deu um aceno tímido.

O agente iria completar a apresentação quando Rose lhe deu uma cotovelada na boca do estômago e disse disfarçadamente.

- Se disser que meu irmão é seu cunhado eu agarrarei seu melhor amigo agora mesmo.

A estratégia da mulher saiu errada, pois essa idéia pareceu a Masen algo bem divertido. Afinal ele conhecia o amigo o suficiente para saber que ele se interessara pela loira, porém não fizera nenhuma investida por conta de ela estar acompanhada dele.

Vendo o sorriso do agente se alargar Rose tratou de terminar de apresentar o parente.

- Jasper é meu irmão.

O garoto segurou o riso, pois sabia exatamente o que aqueles dois estavam aprontando, ou melhor, o que Edward estava aprontando. Sua irmã passou o caminho inteiro despejando um longo sermão de como aquela proposta era indecente, mesmo que Masen não tenha proferido tal sugestão em voz alta.

Jasper ficou um tanto perdido com toda aquela conversa e preferiu ficar em silêncio ao lado de sua irmã com os ombros encolhidos e as mãos no bolso.

Escondida atrás da parede que dividia a cozinha e a sala, Alice espiava pela porta seu tão amado loiro dos olhos verdes. Não pode evitar que uma grande interrogação se formasse em sua mente. Quem diabos era aquele garoto tímido e quieto em sua casa? Por que definitivamente aquele não era o Jasper tão seguro de si mesmo quanto era a sua beleza! Não era o mesmo garoto que conversava com todos de maneira animada e esbanjava sedução para com as garotas! Se bem que ele não conhecia ninguém por ali... E todos são mais velhos, não existe assunto em comum! Ah qual é! Ela mesma havia conversado com todos sem nenhum problema! E apesar de não entender a atitude de Jasper, Alice achou aquilo simplesmente... Charmozíssimo!

A baixinha soltou um suspiro e encostou suas costas na parede em quanto abanava a si mesma. Sua mãe soltou uma alta gargalhada ao vê-la daquela maneira.

Renée tirou o refratário de dentro do forno com o cuidado de usar uma luva e um pano de prato dobrado para não se queimar. Ela ainda tinha um sorriso no rosto depois de ver sua menininha com os olhos brilhantes pelo seu primeiro amor. Sua garotinha estava crescendo! E pensar que fora abandonada por sua mãe biológica ao relento perto de uma igreja! Onde já se viu uma mãe tão sem sentimentos ao ponto de largar aquele bebezinho tão pequenino à sorte. Se não tinha condições de cuidar da pobrezinha poderia ter colocado para a adoção, dado-a diretamente para pessoas que iriam cuidar da criança com pelo menos os mínimos cuidados.

- Alice me ajude a levar os pratos à mesa de jantar.

- Estou indo mamãe!

A esposa de Charlie não demorou a aparecer na sala seguida de sua filha com os pratos e panelas para o jantar, demorou menos ainda para mandar alguém ajudá-las. Edward e Emmett foram os escolhidos.

Os dois agentes seguiram até a cozinha buscar as duas outras panelas. McCarty perguntou - assim que ficaram a sós na cozinha - o que tanto estava lhe deixando na curiosidade.

- Cara, você não estava apaixonado por uma morena?

- Ainda estou!

- Então... Por que está saindo com a loira?

Edward não conseguiu evitar rir jogando sua cabeça para trás. Emmett revirou os olhos com a atitude do amigo.

- Não estou namorando a doutora. – esclareceu o ruivo quando finalmente parou de rir.

- Não? Tem certeza? Por que vocês parecem bem... Er, sintonizados.

Definitivamente aquelas palavras saindo da boca de um homem do tamanho de Emmett soaram hilariantes. Edward teve que colocar novamente a panela sobre o fogão e sentar-se em um dos bancos da bancada da cozinha.

- Virou mulherzinha para falar da sintonia entre os sexos opostos? – zoou o ruivo.

- Cala a boca! – esbravejou o grandão jogando o pano de prato em Edward.

- Ok... Ok... Desculpe! Eu e Rose não estamos namorando nem saindo juntos com esse intuito. Ela é somente minha amiga.

- Uma loiraça daquela e você me fala que ela é somente sua amiga? Porra mano, você está perdendo o jeito!

Edward revirou os olhos para Emmett.

- O que acontece é que Rose é meio... Difícil. Não que eu não conseguisse nada se eu me esforçasse, a questão é que ela não da brecha para ninguém. A doutora é brava pra caralho. Não é de aceitar cortejos.

Emmett ficou pensativo por alguns instantes. Não pode evitar gostar da idéia de que a loira fosse solteira e que não dava idéia para nenhum panáca que se aproximasse. O agente não era burro e logo imaginou os motivos dela ser tão brava. Com toda aquela beleza deveria ser alvo de cantadas de todos os tipos e sendo uma mulher estudada e madura obviamente se aborreceria com tais atos.

- Ela se interessou por você, deveria investir. – opinou Masen com um sorriso torto.

McCarty sorriu com a idéia. Com certeza tentaria conquistá-la. Mas algo veio em sua mente.

- Entendi... Só amigos então, mas porque diabos vocês parecem mais do que isso?

- Ela está a ponto de arrancar meus olhos por causa disso... Como somos amigos, Rose não tem restrições comigo para abraçá-la ou cochichar algo em seu ouvido. Porém, isso também faz parecer que temos bastante intimidade.

O agente deu um sorriso brilhante. Emmett o olhou com incredulidade e jogou suas mãos para o alto fazendo negativo com a sua cabeça.

- Não acredito que está fazendo isso para não conhecer a filha do chefe!

- Ah mano, não me julgue! Não é você que em todo o jantar tem que ficar ouvindo as qualidades da filha perfeita de seu chefe. Não quero conhecê-la! Quando vão entender isso?

- Pois o sentimento é recíproco!

Os dois homens pularam com a voz feminina às suas costas.