XXV.

 O tintilitar de um telefone soou no meio da manhã na grande casa dos Swan. A moça de corpo alongado e cabelos dourados correu atender antes que acordasse a pobre mulher que dormia exausta no sofá. Sorriu largamente enquanto lágrimas de felicidade escorriam por sua face.

- Graça a Deus Emm! Eles estão bem?

- Nada muito grave fisicamente, mas acho que os dois vão precisar dos seus cuidados profissionais. Acho que Isabella mais do que Edward.

- Eu já imaginava. Ela deve ter passado horrores nas mãos desses bandidos.

-Pelo que Ed me disse... Parece que a torturaram. Ele está puto da cara porque ela não quer que seu pai saiba.Mas acho que ela está certa. Se o chefe souber o que aconteceu vai querer acabar com a vida dos sobreviventes.

Um calafrio atingiu a doutora.

- Foram tantas mortes assim? - perguntou em um sussurro.

O agente suspirou do outro lado da linha.

- Yeah. Mas não fomos os responsáveis. Os terroristas entraram em atrito, parece que Marcus fugiu com os cem mil. - McCarty soltou um riso irônico. - Parece que O Arquiteto possuía um plano só seu.

- Sociopatas geralmente são assim. Não confiam em ninguém e manipulam aqueles a sua volta. Gostam de estar no controle.

- Ficaremos em seu rastro. Assim que o pegarmos ele irá direto para a cadeira elétrica.

- Não se condena mais a cadeira elétrica Emmett.

- Modo de falar doutora. - o agente riu feliz.

Não podia evitar, estava feliz porra! Ele e seus agentes haviam prendido mais de 30 pessoas, entre elas bandidos procurados por todo o país e também no estrangeiro, como era o caso de Amun. Conseguiram quebrar o plano "perfeito" do Arquiteto e salvar Isabella. E a parte mais importante de tudo era que seu melhor amigo estava vivo e fora grande responsável pelo sucesso da ação.

Lembrou-se do momento exato em que conseguiram achá-los dentro da casa. Podia jurar que os dois estavam a ponto de se beijar.

E realmente estavam.

Edward estava com sua mão no rosto de sua morena, olhava-a diretamente nos olhos tentando mostrar que tudo tinha terminado bem. Queria beijar-lhe e mostrar que a partir de agora estaria ali para ela. Porém, por mais que Isabella também quisesse retribuir todo o sentimento naquele momento, não sentia suas pernas, não sentia seu corpo. Não sabia se era reação a proximidade do agente ou ao que tudo o que aconteceu.

A verdade era que seu cérebro pedia socorro após todo o estresse. Agüentou firme por todos os dias, manteve-se forte. Não gritou ou chorou histericamente. Mas agora havia chego ao seu limite e antes que o ruivo pudesse beijá-la a morena caiu sobre seu peito.

Edward a segurou como pode. Isabella estava mole em seus braços. E o fato de ter levado um tiro em um deles não ajudava muito para segurá-la. Teve que se ajoelhar com ela para não machucá-la. Foi neste momento que seu amigo se pronunciou.

- Edward! Vocês estão bem? - perguntou preocupado.

Outros agentes já entravam vasculhando o lugar.

- Vocês demoraram. - disse Edward em voz baixa e aliviada.

Também estava cansado. Exausto para falar a verdade e seu braço começava a incomodar.

- Você está sangrando mano! - assustou-se Emmett quando percebeu o grave ferimento no amigo.

- Leva ela Emm... Estou sem força no braço. - pediu o agente.

McCarty apenas assentiu pegando o leve corpo da moça no colo. Ela vestia a jaqueta do FBI de Edward o qual estava apenas com uma camiseta preta, seu braço direito manchado de vermelho pelo sangue que escorria do ferimento. Assim que levantou-se sentiu tudo girar. Já havia perdido muito sangue, precisava estancar aquilo antes que desmaiasse.

- Edward? - chamou o comandante da ação de modo preocupado.

- Estou bem, só vamos logo sair daqui.

Pelo caminho até fora da casa Masen foi contando tudo o que acontecera a McCarty. Quis sorrir quando percebia todo o carinho que continha na voz do ruivo cada vez que falava na morena em seus braços. Era como se ele a acariciasse com sua voz.

- Eles a torturaram Emmett. - contou chocado.

Instintivamente o agente apertou Isabella em seus braços como se quisesse protegê-la. Ela era tão pequena em seus braços, parecia uma criança indefesa.

Assim que saíram da casa a claridade da manhã fez com que Isabella acordasse. Ela pode escutar a voz chocada do agente, demorou um pouco para assimilar o que realmente estava acontecendo.

- Que bom que acordou. Já estava ficando preocupado. - disse Emmett de maneira carinhosa, acabara de adotar em seu coração Isabella como irmã, assim como já havia o feito com a pequena Alice.

- Pode me por no chão grandão. Acho que posso andar. - sussurrou ela um tanto envergonhada por estar sendo carregada, mas não podia negar que sentia-se segura nos braços de McCarty.

Não tanto quanto se sentia abraçada a Edward. Arregalou os olhos preocupada.

- Onde está...

- Aqui. - a voz rouca cortou-a e a fez levantar a cabeça em busca da voz.

Suspirou aliviada ao encontrá-lo com um leve sorriso, mas ficou preocupada com a palidez do agente.

- Você está bem? - antes que ele pudesse responder apavorou-se pela quantidade de sangue em seu braço. - Oh Meu Deus você foi baleado! – exaltou-se tentando sair do colo de Emmett.

- Hey! Fique calma! - pediu o agente tentando segurá-la sem muito sucesso.

Acabou se rendendo e colocando-a no chão.

Os olhos da morena se encheram de lágrimas ao observar o ferimento.

- Você precisa de uma ambulância agora. - sibilou ela com estrema preocupação.

- Não se preocupe com isso, já fiquei em situações piores. - deu de ombros o agente.

A verdade é que ele não queria sair do seu lado.

- Bella está certa Ed. Vamos lá, eu levo você. - Edward olhou hesitante para a mulher, não queria deixá-la sozinha.

Como se para desatar o nó que o prendia a ela um grito ao longe surgiu.

- Bella! - era Charlie que corria em sua direção.

- Por favor, não conte ao meu pai sobre minha barriga. - implorou ela.

Edward a olhou chocado.

- Não pode esconder isso dele.

- Por favor! - implorou e vendo que o agente não iria ceder continuou. - Eu vou contar a ele, mas se falar agora ele vai enlouquecer. Por favor, prometa que não contará nada a ele.

O ruivo bufou.

- Está bem. - então sorriu para o sorriso dela.

Ficou um tanto tonto, completamente deslumbrado. Nunca vira aquele largo sorriso em Isabella, mas pretendia vê-lo ainda mais vezes.

Charlie Swan tinha lágrimas escorrendo por seu rosto quando pegou sua menina em um forte abraço. Isabella deixou-se chorar no ombro do pai. Seu alívio por finalmente estar fora daquele pesadelo deixou suas emoções muito mais a mostras do que já eram naturalmente.

- Vou levar Masen na ambulância chefe. - anunciou Emmett sem esperar resposta seguindo com Edward. - É a primeira vez que vejo uma pessoa te dobrar tão facilmente. Está mesmo apaixonado.

- Cala a porra da boca McCarty! - grunhiu o ruivo fazendo o amigo rir.

Não podia negar que sentira falta da gargalhada de Emmett. Mas ainda estava puto da cara por Isabella querer esconder tudo aquilo. Precisava contar para que os responsáveis fossem punidos.

Assim que Edward começou a ser atendido pelos paramédicos Emmett se afastou para ligar para Rosálie.

*/*/*

A casa dos Swan estava em alegria total. Sorrisos e lágrimas de felicidade se espalhavam enquanto assistiam o noticiário que dizia sobre a ação bem sucedida do FBI. O resgate da filha do chefe Swan e do agente que heroicamente se entregou para proteger a moça.

Carlisle tentava conter as lágrimas da esposa que xingava o filho, pois só agora descobrira o plano louco de Edward. Renée chorava aliviada ao lado de Alice e Jasper que saíra a poucas horas do hospital. Rosálie observava aliviada a televisão.

Os jornalistas contavam detalhes sobre a idéia ousada dos agentes Masen e McCarty. A verdade era que o plano fora um completo absurdo, tão absurdo que dera certo. Contaram também que os próprios terroristas se desentenderam e que apenas um deles fugiu. Sua imagem estava na TV para que as pessoas o denunciassem, mas era difícil que o fizessem. Marcus tinha o dinheiro suficiente para se manter escondido por um bom tempo.

Informaram então hospital para o qual Isabella e Edward foram levados. O agente havia sido baleado e também possuía ferimentos internos. Já Isabella estava desnutrida e extremamente fraca.

Mas apesar dos ferimentos eles estavam bem. E logo suas famílias estariam ao seu lado.