The Missys Diary - Before Its Too Late escrita por Janine Moraes, gabis, Meri, Lady B


Capítulo 14
Xica da, Xica da, Xica da Silva ♫


Notas iniciais do capítulo

Sim, ainda estamos vivas. E a culpa hoje é toda minha (Janine) que to com o capítulo pronto há meses, mas não postei. É, ta foda. Eu acho que merecemos muitos xingamentos em reviews, sei lá, só acho :B KK De qualquer forma, obrigada a quem não desistiu da fic. Beijo!



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Lê, lê, lê, lê...

 Lê, lê, lê, lê, lê, lê......

Vida de Izaura é difícil...

 É difícil como quê...

TIPO, IZAURA MESMO. CACETE!

DESDE. QUANDO. EU. SOU ESCRAVIZADA?

Escravidão passou, viu? PASSOU. Desde que a Princesa Isabel, safadinhaaa, gamou no pretin dela e decidiu assinar a carta de alforria, que não existe mais escravidão! Só entre estagiários e pais contra filhos. Mas isso né... Não tem como discutir. Somos escravos, ué.

– ÊEE MELISSAAAAA. TO COM FOME. – gritou a criatura que estava prestes a perder sua vida lá da sala. Breno estava na minha casa há menos de 48 horas e estava prestes a morrer. Sério. Ele andava irritante e mandão e euzinha linda e maravilhosa, andava altamente irritável. Era fácil ver o fim dessa novela, eu triunfaria sinházinha e ele logo estaria fazendo figuração em The Walking Dead.

– Come um homem! – gritei, mais nervosa do que nunca. Aparecendo na sala. – Pensando bem. Deixa a Shakira da balada purpurinada te consumir.... Porque né...

– Olha aqui, olha aqui... – Ele apontou o dedo ‘esbéltico’ pra mim.

– Não precisa esconder o que você é. Hoje em dia é natural. – O olhei compreensiva. – Certeza que ele vai te achar super sexy de muleta.

– Melissa, eu vou te bater.

– Você não consegue nem andar, criatura! Como vai me bater?

– É e exatamente por isso, você tem que tomar conta de mim. – Ele sorriu de forma maléfica. Até vi os chifrinhos se formando na sua testa. Capiroto! – Ou quer que eu fale pra sua mamãezinha linda que você me tratou mal?

– Ela só vai saber se achar o corpo... – resmunguei.

– Missy... – Fiz um gesto para que ele me seguisse. Paramos na cozinha.

– Vou te ensinar algo muito incrível. Isso aqui... – Apontei para meu lindo companheiro, parcero, é nois que esquenta. – É um micro-ondas...  E aquilo é miojo. E aquilo água. Cê faz eles entrarem em um triângulo amoroso e se alimenta. Viu, só? Não é difícil...

– Ta, ta. Então me mostra.

– Não vou cair nessa. A maldição do miojo é toda sua. – Mostrei a língua pra ele, que revirou os olhos.  É sério, desde aquele filme eu não consigo comer miojo sem ficar paranoica.

– Certo... – Ele estremeceu junto comigo ao lembrar-se do filme. Boiooola. – Então, vou ficar esperando minha comida. Sentado... Assistindo TV.

– Vai sonhando. – Fiz careta para sua prepotência. Mas ele me ignorou, voltando para a sala.

– Aproveita e pega minha mochila ali? – Ele disse, mancando e logo sentando esparramado no sofá.

– Pra?

– Prova de Biologia. Amanhã... – Mas que shit! Prova! Eu tinha quase esquecido. Aqui em casa eu tinha duas opções, ter boa nota ou ter boa nota. Meus pais meio que faziam muita questão disso. Sorte é que meu cérebro de ervilha era bom convencendo professores que eu sou estudiosa e nerd. Na prática, o bagulho muda de figura, mas ok.

– Ahh é mesmo. – Lembrei-me de um fato que indicava que hoje seria um dia esquisito. – A Kari disse que vinha aqui estudar...

– Ela não é boa em biologia? – O olhei com cara de ‘Are você fucking brincando with my fuças’, né?

– Véi... Ela acha que somos autótrofos, que produzimos nosso próprio alimento.

– E não somos?

– Ponte que partiu, viu! – Bati a mão na minha própria testa. – Claro que não.

– Mas a gente faz miojo. Sanduíche. Essas coisas. Até Pepsi a gente fez. – Oh senhor, porque criastes filhos tão jumentinhos?

– Desisto da vida!

_Ah, qual é! Faz sentido! – O ignorei. Ainda chocada com o QI das pessoas com as quais eu me relacionava.

_ Cadê minha faca da pequena sereia? Pensando bem vou inovar...  Vou usar a do Barney... Em homenagem a Kari.

– Deixa de ser besta e pega logo minha mochila.

– Você está me achando com cara de Izaura, sua mula paralítica? – coloquei a mão na cintura, fazendo pose. Sou negra chique.

– Você ‘ta mais pra Chica da Silva...

– Logo você vai ver a Chica... – Peguei a vassoura irritada. E mirei na região glútea... Ér, avantajada. Malhada. Redonda. Definida...  Ai calor, viu... Da criatura. – Na sua silva!!

– Xica da, Xica da, Xica da... Xica da Silva, a Negra! – ele cantou.

– Cala a boca! – taquei uma almofada nele, saindo de perto antes que eu o matasse. Fui para a cozinha e estanquei. Velho, pra que serve uma cozinha mesmo quando uma mãe não está em casa? PRA NADA. Eu não nasci pra arriar panela ou preparar comida nela. Saudades Hogwarts, em que a comida parecia assim, piscando. Quero um elfo doméstico. Talvez eu pudesse transformar Breno em meu elfo doméstico. Ano que vem eu aprendo quando voltar para Hogwarts e... Ok, parei. Fui até o armário e o abri. Eu vi teias de aranhas imaginárias e as aranhazinhas rindo da minha cara de morta de fome... NÃO TINHA NADA. Quer dizer... Tinha. Tinha vento. Hm, diliça.

– A gente não tem nada pra comer! – gritei.

– Então vai comprar!

Essa criatura tá pedindo pra morrer.

– Pitanguinha, pitanguinha... Brinca com a morte, brinca.

– Você não tinha que fazer compras?

– Tecnicamente... – Eu tinha, mas o fato é que... Eu definitivamente não sei fazer compras. O dinheiro estava lá, esperando, meu estômago implorava por uma lasanha pronta, mas eu também ia ter que comprar outras coisas, como produtos de limpeza e blá blá. Eram muitos corredores do supermercado pra pouca inteligência minha. – Mas... Não sei fazer compras.

– Você pega o que você quer, vai até o caixa, paga e pronto. Fim. Te ensinei. Agradeça.

– Você está muito folgado. Tinha que me ajudar.

– Pra que você precisa de mim, hein? Você tem o tucanense pra te ajudar, agora.

– Tem razão... – sorri, achando sua ideia brilhante. – Vou ligar pra ele.

– NEM. FUDENDO. PIOR! CÊ NEM VAI CHEGAR PERTO DISSO COM AQUELA CACATUA!  – Ele gritou descontrolado, vermelho. Nossa, cadê o calmante dessa criatura? – Ta ouvindo, Melissa? TA. OUVINDO?

– Com você gritando assim, fica difícil NÃO ouvir.

– Bom mesmo. – Ele sentou, emburrado.

– Mas ele seria muito útil. Afinal ele é muito esperto, muito forte... – sorri com a imagem. Breno estalou os dedos perto do rosto, me fazendo acordar.

– Ele é um criminoso. Ele rouba o ar das pessoas. Ele suga metade do ar do ambiente. E se ele espirrar... Ele provoca dois tufões do outro lado do mundo. Imagina se essa criatura tem sinusite? Véi... A gente entende porque o Haiti sofreu aquilo.

– Nada a ver. – Ô mania desse povo implicar com as nareba do moleque. Era bonitico, embora eu fosse meio suspeita pra falar. Eu meio que gosto de narizes. – O nariz dele é... é... Impetuoso.

– Não é um nariz... É um tubo. Aspirador.

– Cala a boca! Seu invejoso.

– E eu ia ter inveja do que? Eu pelo menos posso dormir com a consciência limpa. Nunca provoquei um furacão Katrina por aí com um espirrozinho.  

– Você é insuportável. – bufei. – Devia ter quebrado as duas pernas.

– Quanto amor... Agora... Faça alguma coisa, me alimente. – Senti a irritação fervilhar em minhas veiazinhas.

– Seu alimento será meu PUNHO DESCENDO PELA SUA GARGANTA! Deus, eu não aguento. Não aguento. Uma semana inteira com essa criatura! É demais pra mim.

– Você não merece tanta honra.

– Honra? Tem razão... Senta aí. Se acomode, sinhorzinho. É, coloca o pé em cima da mesinha. Coitadinho... – Sentei no chão do lado do pé dele, enquanto ele sorria vitorioso. Então, fiz exatamente o que fiz no hospital. Agarrei o pé dele, com força.

– SOLTAAAAAA, SUA LOUCA.

– SOOOOOFRA MAIS UMA VEZ, MUNDIÇA. SOFRAAAAA.

– Que gritaria é essa? – Kari apareceu do nada na porta, soltei por impulso o pé do Breno, enquanto ele choramingava.

– Que isso! Tá pensando que é barraco? Vai invadindo assim mesmo?

– Estava tudo aberto... – Ela explicou, dando de ombros. Meu grau de responsabilidade agora foi suuper alto.

– Ok.

– Porque estava matando o Breno?

– Porque ele merece. – expliquei. Ela pareceu contente com essa explicação.

– Eu estou com fome. Tem comida?

– Você não come em casa não? —bufei, irritada.

– Como... Mas na sua tem ainda mais besteira.

– Não tenho comida. Estamos passando fome.

– Estamos na África. – Breno resmungou.

– Só que sem a parte interessante, né pretin? If you know what I mean... – Kari sorriu maliciosa, fiquei roxa sem querer. Breno se virou pra mim:

– É esse tipo de pessoa que você convive?

– Não fala de mim. Ela também é sua amiga.

– Se não tem comida, porque não fazem compras? – Kari sorriu. – Sua mãe te deixou dinheiro, certo?

– É... Foi o que eu disse. – Breno disse, convencido.

– É... – fiz careta. – Mas eu não sei fazer compras.

– Eu sei. – Kari sorriu.

– Fazer compras, não significa destruir o supermercado, sabia?

– Mas eu sei mesmo! – A encaramos. – Ok, eu não sei exatamente fazer... Eu sei a parte legal que é consumir.

Ótimo. Os dois ficaram me olhando, esperando eu tomar uma decisão. Bem, comparado a Breno, o manco e Kari, a doida, entre nós todos... Eu até que poderia fazer compras. No final das contas, como sempre, meu estômago venceu e não meu bom-senso.

~*~

Decidimos ir de ônibus até o mercado favorito da minha mamai. Normalmente eu iria de carro, mas 1 eu não sei dirigir, 2 eu não tenho carro mesmo. E como Breno está inválido, tivemos que ajudar ele no processo e talz. Acho que ele ficou meio puto quando a gente o soltou bem na hora que o busão deu um tranco e ele caiu no colo de uma menina super gatenha, que pesava uns 90 kgs a mais do que ele. No final das contas, não era bem uma gatenhaa. Porque bem... A não ser que ela use a pochete por DENTRO da calça. Fashion. Breno definitivamente é um imã para ‘surpresinhas’. Bem, particularmente, me senti vingada e apoio essa união.

Entramos no mercado. Ele era gigante! Gigante mesmo! Eu me senti entrando num sonho calórico e daora mano, vida loka. É sério, eram tantos corredores, produtos eletrônicos e brinquedos que era meio alucinógeno. Breno parecia até mesmo surpreso e Kari batia palminhas de excitação. É, era muito espaço e muitas probabilidades de tragédia. Além do mais tinha câmeras, que podia registrar tudo e pior... PESSOAS que poderiam assistir minha morte. Logo fomos abordados por um senhor gordo, com uma grande cinta e um sorriso falso a La Gugu. Será que ele já nos achou com cara de assaltantes? Chequei-nos, eu estava apresentável... Tirando o fato que eu estava vestida como machinho, jeans, camiseta super irônica escrita I’m Happy, all star e claro, minha jubinha presa num coque. Kari também estava vestida que nem gente, jeans, blusa bonitinha, cabelo perfeitinho, blá blá e Breno apesar de estar mancando, estava bem vestido. Até demais. É meio difícil odiar a criatura quando ele tá tão gostoso assim.

– Olá, senhoras... E senhor. – Ele nos cumprimentou. Nunca vou entender essas pessoas que veem adolescentes e chamam eles de velhos. Sempre achei meio babaquinha. Eu sou senhora aonde, filho?

– Sim? – perguntou Breno, fazendo A educada.

– Não pude deixar de notar que o senhor está com o pé engessado. Nosso mercado, como o melhor da região, estamos sempre pensando em melhorar o atendimento aos nossos caríssimos clientes. – Pronto, estamos em um comercial, pensei. – Estamos disponibilizando cadeiras automáticas para ajudar na locomoção de deficientes.

Um funcionário, gatíssimo por sinal, se aproximou sorrindo trazendo a cadeira. Ele era realmente gato, muito gato, super gato. Tipo, tão gato que... Eu definitivamente sentaria em qualquer coisa que ele trouxesse... Não espera, essa frase ficou estranha. Ta! Nem cof cof sentaria em necessariamente cof tudo. If you know what I mean.  Deem uma folga. O cara realmente era um pote de malícia, musculosa, morena e com barba. BARBA. B-A-R-B-A. Como não pirar com tanta sensualidade? Pensa só na barbinha roçando seu pescoço... As ordinárias pira na barbinha.

– Não preciso da cadeira. – Breno disse, irritado com nossa babação. Procurei levantar meu queixo que resolveu ter um encontro romântico com meu pescoço. O carinha gatinho sorria, parecendo não consciente de como seu sorriso era lindo e maravilhoso e em como eu já estava imaginando nosso casamento e... – Obrigado.

Ops, me distraí again. Kari estava numa situação pior do que eu. Estava tipo, super vidrada no carinha. Breno estava ficando vermelho. Me lembrei dele me chamando de Izaura e decidi me vingar.

– Na verdade senhor... Ele precisa da cadeira. Acabou de passar por uma cirurgia horrível. Alguma doença muito esquisita no pé. – Olhei para o crucifixo no peito do velho. – Deus realmente castiga os fornicadores e meu amigo aqui nunca deu atenção as minhas palavras quando quis levar ele ao bom caminho e tirá-lo de todo o pecado a qual ele estava enfiado, literalmente falando. Foram tantos homens na vida dele, difícil superar. Mas tudo bem, eu o perdoei, a família perdoou e estamos só procurando um bom companheiro para ele. E tudo ficará bem.

– Amém! – Kari disse, espiritualizada. Breno tentava se esticar para ouvir, mas eu continuei falando baixinho:

– Ele vai ficar com uma deformação no pé. Tristíssimo, mas não pior do que houve na cara dele. — gesticulei. — Mas tudo bem, tudo bem. É tudo superação aqui. Enfim, adoraríamos uma cadeira.

– Mas é claro, senhorita. Que bonita história.

– Obrigada. – Eu devia escrever livros shakespirianos. Sou ótima inventando histórias. Só que não. Acabei praticamente socando Breno na cadeira, junto com Kari. E logo os funcionários se afastavam satisfeitos. Eu e Kari ficamos observando o gatinho se afastar, quando ele estava longe o suficiente.

– QUE ÓRDINÁRIO. – Kari quase gritou enquanto ele se afastava. – Eu ralava por ele.

– Kari! – sibilei. Ela ainda parecia hipnotizada.

– Até. O. Chão.

– Vocês são impossíveis. – Breno resmungou. – E agora eu estou entrevado nessa cadeira.

– Eu não me importaria de me fingir de coitada pra andar nessas cadeirinhas...

– De velho. – Breno resmungou. – E Kari, a única deficiência que eles poderiam achar em você é mental.

Kari fez cara de ofendida. Vixi. Porque Breno simplesmente não calava essa caçapa que ele chama de boca, velho?

– Minha vingança será maléfica. – Ela sorriu amorosamente e andou ao meu lado, enquanto um Breno emburrado nos acompanhava. Empurrei um carrinho enquanto Kari empurrava outro. Fui enchendo ele como uma pessoa normal, tirando os excessos de doces e coisas improváveis que Kari queria levar. Estava me sentindo meio mãe, enquanto os dois pareciam mais animadinhos.

Então para meu HORROR, quando fui arrastada para a sessão de eletrônicos, Kari sentou nos sofás, na frente dela uma TV 3D e colocou o óculos esparramada.

– Filme bacana!

– Kari! Temos que ir logo... – resmunguei.

– Mas é que ‘ta tão legal! – bufei, nunca me sentindo tão mãe enquanto ela batia o pé enquanto eu a arrastava de volta ao seu carrinho. Enquanto andávamos vimos uns tiozões dançando música eletrônica. Sério! Absolutamente patético. Caí na gargalhada com Breno, ao observar eles dançando, rebolando, tendo convulsões, sei lá. Para nossa surpresa, logo Kari estava no ritmo também, mas resolvi tirá-la de perto deles antes que acontecesse o pior. Então aconteceu algo... pior ainda.

Sabe aquelas pirâmides de latinhas? En-tão. Kari viu uma de leite condensado. E sabe como ela não tem noção lógica das coisas? Ela resolveu tirar a latinha que sustentava a outra latinha. Pois é. Ela tirou assim, segurando feliz. E aquela porra oscilou. Oscilou tipo, ficou balançando enquanto eu rezava junto com Breno, quase gritando em desespero. O mercado parou, sério, pra ver o desfecho daquele terremoto. Foi como 11 de setembro. Só que com uma torre só e Kari, é claro, tinha que ser o terrorista e euzinha era a vítima. Mas enfim, aquela coisa parou. Parecia a torre de Piza, só que de um jeito que os gordos aprovariam (quando digo gordos estou me referindo a mim mesma, obviamente). Kari sorriu para mim, inocente, enquanto eu só pensava em esganá-la.

Breno respirou fundo, aliviado, mas como a nossa Murphy é PODEROSAAA Kari resolveu se vingar dele, logo AGORA. Acabou indo para trás na cadeira de Breno e empurrou-o com o pé. Ele se freeou, tentou, até conseguiu. Ficando a milímetros da tal pirâmide. Então ele levantou os braços em gesto de vitória, foi o empurrãozinho suficiente. Encostou na latinha problemática. E a torre de Piza de leite condensado desabou.

As latinhas caíram enquanto eu fechei os olhos e rezando para que isso não tivesse mesmo acontecido. Mas aconteceu. Quando o barulho parou ficamos os três meio estáticos, observando o estrago. E conclusão de tudo é: Breno é uma cagado da preula. Porque mesmo derrubando todas as latinhas, nenhuma amassou, nenhuma estourou ou foi danificada, logo ele não teria que pagar. Se fosse eu, teria destruído o supermercado inteiro. Pior que a tiazinha que empilha essas coisas deve ter ficado putérrima com a gente.

– Não acredito que isso aconteceu. – resmunguei, enquanto Kari me seguia com Breno, a primeira super satisfeita. – Podia ter sido mó estrago.

– Deu tudo certo. Eu sou foda. – Breno deu de ombros. Revirei os olhos enquanto ele passava na minha frente.

– Eu precisava me vingar, mas você já se vingou, sabe? Com Ordinário, é só falar dele pro Breno que uma veia praticamente estoura na testa dele. E sabe... Breno é o único ser que é tão doido quanto você. É como... um milagre. Sabe, imagina que amor vocês cheios de mulinhas paralíticas como filhos e eu como madrinha.

– Cala a boca, Kari!

– Eu poderia casar com aquele barbudo maravilhoso, nhac. E você seria gorda e teria que aturar Breno pra sempre.

– Ai, cala a boca sua botequeira! – exclamei irritada. Kari me armou uma expressão super ofendida de Lady.

– Não acredito que você falou isso de mim! Eu sou de respeito, viu?

– Você ouviu o que eu disse? Botequeira e não boqueteira. Ô mente poluída. Embora né... Você podia ser os dois. – Ela me deu um tapa por isso.

– Aiii, isso dói. – gritei, devolvendo o tapa. Logo ela pegou uma baguete pra me bater, enquanto eu corria, pegando outra. As duas brigando.

– É sério mesmo que vocês estão brigando estilo Star Wars com baguetes? – Breno disse, rindo. Paramos, ainda com armas em punho, uma esperando o movimento da outra. – Ah, parem...

– Ela que começou. – gritei, boladíssima. Breno revirou os olhos.

– Sabem como chamam isso no nordeste?

– Como?

– Cacetinho. – Arregalamos os olhos, então Kari começou a rir escandalosamente.

– HAHAHAHA Eu te dei um cacete hoje. HAHAHAHAHA – Ela ria descontrolada, comecei a rir junto.

– Meu cacete é maior que o seu! – Isso fez ela rir ainda mais. Ficamos rindo que nem hienas depois de uma boa dose de nutella, ou seja, só felicidaaaaadi. Ainda consegui ouvir Breno dizer:

– Eu criei monstros. – Bem, foi engraçado pra cacete, se é que vocês me entendem.

Acabei cambaleando, ainda rindo e então um demônio, filho de cruz credo, de uma criança passou correndo pela gente, me empurrando. Sem querer, me desequilibrando, senti o chão se aproximar. Mas acabei caindo no colo do Breno. Ele me segurou firme e eu engoli em seco, estática. Ficamos nos encarando e juro, JURO, até tocou música romântica. Breno sorriu lentamente para mim, meio sem graça. Foi meio impossível não lembrar a época que éramos super unidos, bff e tudo o mais. Você perdeu essa parte, diário. Só viu as loucuras, não a parte boa e a parte que me fez gostar dele. E com ele sorrindo e me abraçando assim, era meio difícil não me lembrar de como tudo seria diferente se ele não tivesse lido meu diário. Será que ele leu mesmo meu diário? Parando para pensar em todas as brigas, eu realmente sentia falta de Breno.

– Vocês estão mesmo começando um filme pornô? – Levantei em um supetão diante da voz de Kari. – Garota anda despreocupadamente no supermercado, um demôniozinho quase a derruba e ela para acaba no colo do vovô... É meio óbvio onde isso vai parar, certo?

– Eu não sou um vovô.

– E você tem probleminhas, Kari! – reclamei.

– Eu só ‘tava tentando ajudar, ué.

– Vamos embora. – resmunguei, corada.


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