Capítulo 13

Eu tinha uma vida sofrida!

Da sala comunal, para o salão principal, para as salas de aula... Das salas de aula, para o salão principal, para o salão comunal. Eis aí a minha rotina. Sem alterações.

Antes eu ficava tipo: “Nossa ser uma bruxa de vê ser tããããão legal!” –e fazia aquela cara de débil com uma risadinha tosca no final, sabe aqueles tipos de risadinhas que você acaba roncando igual a porco no final e depois fingi que não foi você? Então, essa mesmo.

Mas quando você se torna uma bruxa, descobre que não é tão legal assim. Quer dizer tem a parte boa. Você pode azarar seus inimigos no corredor (Leia-se: Pansy Parkison - ou Mal de Parkinson, apelidinho carinhoso que dei a ela) e você pode voar em uma vassoura e tem uma varinha. Mas claro, tem a parte chata: Estudar. Quer dizer... Poxa era igualzinho na escola trouxa! Porque tipo, pra que eu vou usar a Revolução dos Duendes em meu futuro, a não ser que eu queira trabalhar com duendes? Ou então para que eu quero saber os princípios básicos da levitação a não ser que eu queria, sei lá, ser Engenheira de Vassoura e automóveis bruxos? É tipo assim, junto nada com coisa nenhuma e pronto, e dá tudo na mesma joça! Ponto.

Eu era uma aluna exemplar então eu tinha que dar exemplos! Eu estudava até mais do que a própria Hermione, e isso já estava preocupando aos meus amigos. E nenhuma única vez eu fui a Hogsmead, porque todo fim de semana tem passeio agora e eu não fui a nenhum! Simas Finnigan me convidou para ir com ele, mas eu não recusei porque não dava para ir, eu recusei porque eu tinha um único alvo em vista: Draco Malfoy.

Draco era um tremendo amigão, mas sabe como é eu queria bem mais do que amizade com ele. Eu achava que a essa altura ele já teria me convidado para ir ao armário de vassouras com ele ou simplesmente ir a Hogsmead, mas não, o bichinho está travado, teríamos que trabalhar nisso juntos em futuro próximo, muito próximo por sinal. E eu sou o tipo de garota que quando tem um objetivo/ alvo, luta por ele, o resto é resto. Mas não magoei Simas, disse a ele que eu tinha que estudar, afinal sei que as pessoas tem sentimentos ok! Não sou desalmada. E eu disse uma meia verdade. Meias verdades são o máximo, porque você não esta mentindo completamente, mas também não esta contando uma verdade total, por isso eu amo as meias verdades.

Ok, há 2 meses eu estava em Hogwarts. Hogwarts era um escola muito normal, se você ver pelo meu ponto de vista. Pelo menos as escolas trouxas tinham alguns agitos pra levantar a poeira de vez em quando e eu tomei uma decisão.

Munida de pena e pergaminho marchei decidida para uma mesa em um canto ao lado da lareira para fazer a coisa funcionar. Acomodei-me confortavelmente envolta por inúmeras almofadas e pigarreei para enfim  me concentrar em minha tarefa. Eu faria um intervenção em Hogwarts.

Coisa que poderiam ter em Hogwarts.

Por Sara Mendes. –Sétimo ano, Grifinória.

*Um Jornal.

Sério, seria tão legal. Os alunos das casas colaborando entre si para poder unir as melhores matérias, as melhores entrevistas, além de ser uma dinâmica muito boa. Tenho certeza que vários alunos de Hogwarts têm a ambição de um dia ser um Jornalista, estaríamos preparando-os para o futuro!

*Grêmio Estudantil.

Para aqueles que como eu querem um dia entrar na política e quiçá se tornar ministro, um grêmio é uma boa forma de nos preparar para a liderança. Além do que muitas das responsabilidades seriam tiradas das costas dos professores e diretores, assim eles teriam muito mais tempo de sobra para poder planejar nossas aulas e fazer coisas mais... Hã... Digamos... Divertidas?! Porque sério, o estimulo em uma sala de aula é tudo, alunos desmotivados significa uma única coisa, alunos desinteressados, o que resulta em profissionais frustrados.

*Lideres de Torcida.

Qualé, até mesmo na minha escola de trouxas tinha isso, quer dizer era só em dia de Interclasses, que tinha, mas já era alguma coisa. Nós ficávamos lá, com pompons em mãos, fazendo musiquinhas legais para desanimar o time adversário. Isso seria muito bom para quem quer se tornar compositor de musicas, além do que as dancinhas das lideres são exercícios, e faria com que quem não tem aptidão para voar em uma vassoura para jogar quadribol, mantesse a forma e tivesse uma vida menos sedentária!

Querida professora e diretora Minerva (posso chamá-la assim não é?) tenha em mente que estou  visando somente o preparamento profissional de um futuro melhor aos alunos de Hogwarts. Faça bom proveito de minhas idéias.

Atenciosamente, Sara Mendes.

PS: Se for levar a diante a idéia do Jornal, me procure em primeira mão, estarei disposta a ajudar.

Olhei satisfeita para meu trabalho. Sério, eu sou uma gênia! Dobrei o pergaminho cuidadosamente e a enderecei. Sai da sala comunal e fui até o corujal. É agora que você me pergunta:

“Mas Sara a diretora Minerva não esta na escola? Então por que mandar sua intervenção via coruja?”

E eu respondo:

“Quero dar um ar formal a essa coisa e não quero parecer uma principiante, quero mostrar que estou levando essa idéia muito a serio!” - eu aceno afirmativa para você, cheia de convicção e continuo o meu caminho.

Cheguei ao corujal procurando por alguma coruja séria. Mas então eu vi o Pichitinho. Eu sei, eu sei, eu quero manter a coisa séria aqui, mas ele estava ali todo excitado e suplicante me encarando com seus olhinhos arregalados de coruja que não tive como negar o que quer que fosse para ele, eu sentia que se ele soubesse falar que ele me teria na palma de suas... Patas?!

Aí você me pergunta de novo: “Sara, porque você não manda sua coruja, o Fedido?”.

E eu te respondo:

“Dã... Se eu mandar a carniça pra lá à diretora é capaz de me expulsar de Hogwarts, eu não falei que a coisa tinha que ser formal?” –e te olho com um cara de noiada pela sua pergunta besta.

Serio a minha coruja era a criatura mais fedida do mundo! Eu não sei por onde ele anda quando caça, só sei que não são lugares legais... Será que meus pais não se confundiram e compraram um Urubu pra mim? Fedido que não me ouça, mas ele fede! E eu tinha uma sorte incrível por ele não estar no corujal agora, porque se não ele ia ficar me olhando com aquela cara de ofendido dele e fazer igual a ultima vez que me recusei a usá-lo. Ele ia aparecer na minha janela de madrugada e me vigiar dormindo e quando eu acordar eu vou morrer de susto por causa daquele bitolado ficar me encarando!

Voltando ao presente:

-Leva a carta certinho tá. –falei para o Pichí acariciando a cabecinha dele com meu dedão, ele era tão pequenininho que dava vontade de pegar e morder, mas eu não morderia uma coruja, seria desumano... E também vai saber por onde ela andou se esfregando?

Ok, eu estava em um corredor que levaria para o salão principal. Eu estava faminta e eu sentia um cheirinho característico de carne de porco no ar. Ativada por meus instintos predadores de onívora segui o cheiro. Claro que eu tive que esbarrar em alguém no caminho e acabar caindo de bunda no chão. O chão de Hogwarts conhecia mais a minha parte traseira do que eu mesma, já que ele teve a (in)felicidade de ver meu bumbum mais vezes do que eu, pois eu ainda não virei contorcionista e só conseguia ver os paises traseiros com a ajuda de um espelho grande. A última vez que olhei meu bumbum ele estava cheio de celulites, depois disse resolvi que não queria vê-lo por uns bons anos, até que fosse necessário novamente.

-Sara? –a voz mais sedutoramente sexy do mundo me chamou.

-Hey Draco, e aí?! –eu exclamei segurando em sua mão e me levantando, ajeitei minhas roupas e ajeitei um mexa do meu cabelo que insistia em ir parar em minha boca.

-To bem e você?

-Ah eu to legal. –falei.

-Indo pro salão principal? –perguntou ele.

-Sim. –respondi.

-Então vamos juntos. –ele começou a caminhar e então eu percebi uma coisa básica: isso foi o mais perto que ele me convidou para sair, quer dizer caminhar com ele até o salão principal não era bem ‘sair’, mas já era alguma coisa ok!