Amor ou Poder escrita por MateusGomez


Capítulo 5
Capítulo 5




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O rapaz correu para dentro do castelo, onde o baile voltou a funcionar normalmente, como se não houvera incêndio. Perguntou as horas a um rapaz que puxou um relógio de bolso dourado e informou: "São duas e cinqüenta e sete.". "Droga, estou atrasado!", disse Tom apressando-se. Correu pelo castelo onde, uma vez ou outra era surpreendido por um fantasma. Subiu vários lances de escada, utilizou alguns atalhos que só ele conhecia e chegou a sacada da Torre Norte. Lá estava Eva, bela com seu vestido bordô. Tom notara que ela estava mais bonita do que já era, provavelmente devido ao Colar de Boleyn. Ao ver o rapaz, a menina alterada pelo efeito do vinho-de-ninfa alegrou-se.

- Pensei que você não fosse vir... – a menina se dirigiu cambaleando até Tom e o agarrou.

- Eu não ia deixar de encontrar você sozinha nunca... Nossa, você está mesmo linda com esse colar... – o rapaz desabotou o colar do pescoço e o admirou – é mesmo o original?

- É... lindo! E ainda por cima é mágico!

- É, eu sei! – o rapaz deu uma risada diabólica, guardou o colar no bolso e se afastou da garota.

- Onde você vai? Achei que a gente fosse ficar juntos!

Numa fração de segundos, Tom sacou de dentro das vestes sua varinha, apontou para Eva que não se dera conta do que estava acontecendo ali.

- Você é mesmo muito idiota! Eu estava quase achando que você era inteligente como sua ancestral, mas vi que é uma burra!

A menina olhou chocada. "Avada Kedavra", gritou Tom e uma luz verde saiu da ponta de sua varinha e atingiu em cheio o peito da garota, que não teve tempo de gritar. seu corpo foi arremessado no ar, já sem vida. Seus cabelos castanhos chicotearam no ar até que seu corpo caiu no chão. Tom Riddle assassinou Eva Boleyn.

O rapaz sabia que morte por assassinato poderia incriminá-lo. E se alguém tivesse visto o casal se encontrando? E se Eva contara para alguém do encontro dos dois? Ele sabia que seria difícil incriminá-lo: era monitor-chefe, bem conceituado entre os professores e, principalmente, estimado pelo diretor Dippet. Mas Tom preferiu prevenir. Sabendo que a menina estivera sob efeito de álcool, apontou a varinha para o corpo de Eva. Ele levitou e foi em direção a janela onde foi solto. Seu corpo despencou do alto da torre e atingiu o gramado. Ninguém, até então, percebeu o ocorrido.

Era de manhã. Nefer acordou com o movimento fora do comum. Acordou muito feliz, pois se dera conta de que não sonhara, mas um pouco chateada, pois Tom não estava com ela. A menina se levantou e viu um monte de gente, correndo para o outro lado do castelo. Alunos com roupa de gala, ainda do baile, outros uniformizados, pois eram de séries mais baixas. A menina seguiu os alunos que estavam correndo para ver o que tinha acontecido. Perguntou a um garotinho do primeiro ano o que estava acontecendo.

- Uma menina morreu!

Nefer se chocou. Mas quem poderia ter morrido? Do que morreu? Nefer começou a correr aflita, acompanhando o fluxo da correria, até que chegou a um aglomerado de gente. Todos olhavam a pessoa que estava morta. A menina foi adentrando a multidão, a cada passo, estava mais agoniada. Conforme aproximava do corpo, escutava um choro muito alto, acompanhado de gritos. Reconheceu a voz: era Vivian. Depois de atravesar a multidão, encontrou a fonte da confusão. Suas melhores amigas estavam ali, juntas. Vivian, de joelhos, gritando e chorando de desespero, segurando a mão da outra, estendida, deitada no chão, Eva estava com uma expressão de desespero. A menina que estava morta era sua amiga e confidente. Aquela cena fez Nefer sentir uma lança atravessar seu coração. Caiu ajoelhada ao lado da outra. "Eva... Eva... Fala comigo, por favor amiga...". Mas Eva não respondeu. Uma lágrima correu em seu rosto. Não podia ser verdade. Na noite anterior ela estava deslumbrante, dançando, namorando, se divertindo... vivendo. Agora, estava estendida, sem vida, com o corpo gelado em uma manhã ensolarada. Nefer não conteve o choro. Pensava em contar a amiga tudo o que aconteceu naquela noite. Mas agora, Eva estava sentada em um trono ao lado da sua ancestral, rainha Anne Boleyn, em algum lugar longe dali. Em algum lugar que Nefer não poderia ir para contá-la sua noite maravilhosa. Em algum lugar que Nefer não poderia mais abraçá-la.

O professor Dippet chegou para afastar a multidão do corpo da menina. Todos se afastaram sob as ordens do diretor e de outros professores que chegaram depois, exceto Nefer e Vivian, que permaneceram ali, lamentando a morte da amiga. Os professores pararam por ali, discutiram as causas e as circunstâncias da morte. Depois de alguns minutos, o diretor sugeriu que as garotas saíssem dali pois o corpo ia ser removido.

- Precisamos contatar os pais da menina. Dumbledore, leve o corpo daqui, deixe na ala hospitalar. – disse o professor Dippet.

Aquele foi o pior dia da vida de Nefer. O dia em que mais precisava de Tom, Nefer pensou em ir a loja onde o rapaz trabalhava para fazer-lhe uma visita, mas decidiu por consolar e ser consolada por Vivian. As duas estavam na sala comunal quando um garoto levou a elas um recado do professor Dippet.

- O professor Dippet quer vê-las na sala da professora Dwen.

As meninas agradeceram e foram o mais rápido possível a sala da professora de Poções. Lá estavam Dippet, Dwen, Slughorn e Dumbledore. Vivian e Nefer entraram na sala, ainda com os rostos molhadas das lágrimas de tristeza pela morte da amiga. Os professores fizeram menção que as duas se sentassem em um das cadeiras da sala. O diretor da escola começou o explicar o motivo pelo qual ambas foram chamada ali.

- Bem, meninas, acho que deva ser difícil para vocês falar disso hoje, mas é muito importante para esclarecer as circunstâncias do falecimento da senhorita Boleyn. – o professor fez uma longa pausa e fitou as meninas, depois prosseguindo a conversa – Acreditamos que Eva caiu da torre norte, mas não sabemos se caiu ou se jogou. Vocês sabem se ela estava passando por algum problema?

- Vocês querem saber se ela tinha motivos para se suicidar? – perguntou Nefer.

- Exatamente.

- Professor, Eva era a garota que mais gostava de viver! Se ela tivesse algum problema pessoal, ela sempre dava um jeito de esquecê-lo! Não acredito que ela tenha se jogado.

- Neste caso, presumo que ela tenha caído. Ela bebeu muito?

- Sim – respondeu Vivian, voltando a chorar – a culpa é inteiramente minha! Eu vi que ela estava excedendo no vinho-de-ninfa, e não fiz nada! – a menina abraçou a amiga ao lado, que retribuiu o abraço, lhe dizendo ao ouvido "Não chore, a culpa não é sua.".

- Neste caso, á partir do ano que vem, estarão proibidas as bebidas alcoólicas nos bailes de Hogwarts. Meninas, meus pêsames, sei que vocês eram muito amigas. Os pais dela estiveram aqui e levaram o corpo. Ela será enterrada amanhã, em Norwich. Eu e os professores vamos até lá, se quiserem ir conosco tudo bem. Podem chamar outros colegas mais próximos.

O domingo, um dia mais uma vez bonito. O cemitério estava cheio, muitos membros da família Boleyn estavam vestidos de preto. Mary Anne e Geoffrey, pais de Eva, não paravam de chorar. Nefer e Vivian foram cumprimentá-los, junto aos professores de Hogwarts, até então, Eva, Vivian e Adam Percy, ex-namorado de Eva, eram os únicos alunos. Eva repousava bela em seu caixão, seu corpo coberto de rosas brancas e seu rosto mantinha as belas feições da jovem. Seus longos cabelos estavam penteados, mas perdera o brilho que antes tinha quando Eva estava viva. Era dura para Vivian e Nefer verem Eva com seus cabelos parados, uma vez que a menina sempre estava balançando a cabeleira castanha brilhante. O caixão foi lacrado e levado ao campo de cemitério, que mais parecia um jardim. Todos estavam em silêncio, exceto os que choravam. O caixão foi arriado para dentro da cova onde havia uma lápide com os dizeres "Aqui jaz Eva Cornwall Boleyn. Nascemos e morremos sem querer, então, aproveite o intervalo." Era uma frase que realmente combinava com uma garota que só queria aproveitar a vida ao máximo, queria ser feliz antes de qualquer coisa, sendo ela mesma. Uma garota a frente de seu tempo.

Os convidados foram se retirando, apenas a família permaneceu até que a cova fosse totalmente coberta de terra. Eva e Vivian seguiram os professores para que voltassem a escola. Nefer estava andando ao lado de Vivian quando alguém tocou seu ombro. Ela se virou e encontrou Tom, que imediatamente abraçou a garota. Vivian pareceu se incomodar coma sena e se afastou dos dois.

- Nossa, que bom que você veio! Como você soube?

- Tenho minhas fontes. – respondeu Tom com um sorriso reconfortante.

- Nossa, foi horrível! Como isso pode ter acontecido com ela! Ela estava tão feliz! Sempre imaginávamos que seríamos amigas para sempre! Dizia que eu Vivian iríamos batizar os filhos dela – lágrimas começaram a correr a face de Nefer que abraçou Tom mais forte.

Tom estava se sentindo bem por estar perto da garota, mas péssimo por vê-la chorando. Sabia que ele o causador da dor dela, sentia culpa, não por matar Eva, mas por ter feito Nefer chorar. Foi quando Tom se deu conta do que estava pensando. A que ponto a Nefer levou sua vida. Ele não sentiu culpa por matar o pai e os avós paternos. Por que estava sentindo culpa por matar uma menina insolente. Tom se deu conta que estava se tornando outra pessoa. Tirou os braços da garota de seu pescoço.

- Desculpe, Nefer, tenho que voltar para a loja. Tenho muito trabalho por lá.

O rapaz deu as costas para a menina e saiu andando. Nefer ficou sem entender. Por um momento achou que tom queria estar com ela e, do nada, o rapaz se foi sem ao menos um beijo. "Será que ele não se lembra do que aconteceu ontem?", pensava ela. Fora uma noite tão especial para ela, não teria sido para ele também? Vivian e Nefer voltaram para escola com os professores.

Era segunda-feira. Era difícil se acostumar com a cama vazia entre a de Nefer e Vivian. Ali estava a cama arrumada, com a boneca de pano que Eva costumava abraçar enquanto durmia. As meninas seguiram para aula normalmente, apesar do vazio que sentiam. Nefer pelo menos tinha um consolo, poderia conversar com Tom na primeira aula. Queria poder recordar com ele a noite que tiveram juntos.

O rapaz entrou na sala e logo se deparou com as duas amigas de Eva. Como sempre, o rapaz tremia quando olhava para Nefer, que agora retribuía o olhar, mas ele forçava uma cara amarrada para ela, embora sua vontade fosse de sorrir.

Nefer não compreendia o que aconteceu com Tom, que agora fazia questão de ignorá-la. Será que ele achava que ela se entregou muito fácil? Ou ela disse ou fez alguma coisa naquela noite, ou no cemitério, que ele não gostou? Só havia uma maneira de decobrir. Ela já estava sentada em uma carteira ao lado de Vivian, mas se levantou e foi até Tom, sentou em uma cadeira ao lado do rapaz e, timidamente, tentou conversar com ele.

- Tudo bem?

- Tudo. – respondeu Tom friamente, embora sentisse seu estômago congelar e suas costas queimarem, como era de praxe quando via Nefer ou se aproximava dela.

- Por que você está assim comigo? Poxa, no dia do baile você foi tão maravilhoso, e agora está assim comigo por quê? Foi algo que eu disse, ou fiz?

Tom ficou calado, mais uma vez contra sua vontade, que era de dizer a garota que ela também fora maravilhosa com ele e que gostaria de passar mais tempo com ela. Apesar disso, sabia que envolver-se com Nefer o desviaria do seu caminho das trevas.

- Nefer, me desculpa, mas a gente vai ter que parar de se ver. Em pouco mais de um mês as aulas acabam e eu preciso me dedicar aos estudos. – disse Tom, com aspereza.

Nefer o mirou por um tempo, que desviou o olhar, pois sabia que cederia se a encarasse nos olhos. Os olhos dela se encheram de água, mas nenhuma lágrima correu seu rosto, não na frente de Tom.

- Tudo bem, me desculpe. Não quero atrapalhar seus estudos. – respondeu ela.

Nefer voltou ao seu lugar ao lado de Vivian, que não gostou muito do que viu, mas sabia que somente Eva sabia do seu amor não correspondido por Tom.

Aquele mês parecia se arrastar. Vivian e Nefer sofriam a ausência da amiga falecida, esta última sofria duplamente, com agravante de que o rapaz que estava apaixonada estava ignorando-a. Sempre que passava por ele nos corredores ou na sala de aula, ele fazia questão de virar o rosto. Ele voltou a se aproximar do seu círculo de colegas da Sonserina, pareciam estar mais unidos do que nunca.

Passados quase um mês, as garotas assistiam aula de transfiguração, na mesma sala em que Tom. O professor Dumbledore trouxa uma bacia com lesmas para serem enfeitiçadas. Ao ver a bacia, Nefer saiu correndo para o banheiro, sem pedir autorização do professor, que pareceu não se importar e apenas disse sorridente a Vivian, que ficou sentada, sem entender o que aconteceu.

- É melhor você procurar sua amiga, talvez ela precise de ajuda! – disse Dumbledore, amigavelmente e dando um sorriso simpático.

Eva atendeu a sugestão e foi atrás da amiga, no banheiro mais próximo. Por sorte, Nefer estava lá, debruçada sobre uma pia, vomitando.

- Nefer, o que houve? O que você comeu no café da manhã para vomitar desse jeito?

- O de sempre, pão, ovos, suco de laranja, não comi muito!

- Venha, é melhor você ir para a ala hospitalar.

Vivian segurou Nefer, que andava com dificuldade, parecia muito fraca. Sua pele escura estava mais clara, pálida.

Chegando na ala hospitalar, Nefer foi recomendada por Madame Isolda Aesclepius para deitar e dormir um pouco e que Vivian voltasse as aulas. Durante o resto do dia, Nefer não foi vista.


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