Amor ou Poder escrita por MateusGomez


Capítulo 4
Capítulo 4




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O grande dia chegou. Tom estava ansioso para aquele dia, mas não pelo seu significado, mas para o que estava planejando para aquela noite.

O salão estava lotado, as garotas com lindos vestidos longos e os rapazes trajavam traje à rigor, alguns com cartola, outros com chapéu cônico. As roupas masculinas variavam em tons escuros: preto, azul marinha, bordô e violeta estavam em alta. As meninas, juntas, formavam um arco-íris, com cores que iam do preto básico ao magenta. A decoração estava linda, velas enormes, que pareciam não derreter pairavam no ar. Faixas de seda azul cruzavam o ar, penduradas no nada. O teto do salão estava enfeitiçado para que fosse possível ver as estrelas e a lua cheia.

Eva, Nefer e Vivian talvez foram as últimas alunas a chegarem no salão. Eva fez questão de se atrasar, pois queria que todos vissem o seus trajes: um lindo vestido bordô develudo, o corpete liso preso por duas alças aos ombros. O Colar de Boleyn original estava em seu pescoço, mais brilhante que nunca, chamando ainda mais atenção para seu decote. Um bela tiara dourada com pedras vermelhas pousava em sua cabeça, de forma que realmente a garota lembrasse (e muito) Anne Boleyn. E realmente ela estava irresistível. Todos os rapazes a convidaram para dançar, mas ela recusou todos. Queria dançar com Tom.

Nefer, que chegou junto a Eva ao baile, estava tão deslumbrante quanto a amiga, e não usava nenhuma jóia mágica. Estava com um vestido longo branco e justo, o que acentuava as curvas de seu corpo. Talvez pela tradição de seu país de origem, usava várias jóias de ouro: um par de brincos em forma de disco, bracelete e pulseira em ambos os braços e ainda um belo colar, de ouro e pedras preciosas azuis e vermelhas. Na cabeça, usava um adorno que cruzava sua testa e ressaltavam seus olhos amendoados pintados como os de uma rainha egípcia.

Vivian estava usando um vestido frente único azul bem claro, combinando com a cor de seus olhos. Seus brincos eram prateados, em forma de lua crescente. Sua enorme cascata de cabelo estava lisa e presa no topo de sua cabeça. Usava um simples cordão de prata e um pingente razoavelmente grande em forma de pentagrama.

Vivian chegou acompanhada de Wyatt, com o braço recuperado, o que foi extremamente constrangedor para Nefer, que sabia que ele achava que ela torcera o braço dele. Nefer recebeu vários convites para dançar, mas preferiu ficar sentada. Eva, estava em pé, de um lado para outro, procurado por seu acompanhante no baile. Medea Moursey não perdeu a oportunidade de humilhá-la:

- Para quem se acha maravilhosa estar sozinha no baile... deve ser humilhante!

Eva, sempre com uma resposta a altura na ponta da língua...

- Rabo-córneo húngaro, eu poderia muito bem descer do meu salto dez e lhe partir a cara, mas não preciso. Afinal, quem é você? está acompanhada de um garoto do quinto ano! – respondeu sem virar o corpo, apenas girando a cabeça e olhando por cima do ombro. Terminando o fora, fez seu gesto característico, jogando a longa cabeleira castanha para trás e continuou andar, a procura de Tom. Sua ansiedade era tanta que, de dez em dez minutos virava uma taça de vinho-de-ninfa.

Enquanto isso, Nefer estava sentada a mesa, olhando o brilho da lua, pensando em Tom. Muitos em Hogwarts o temiam, mas Nefer não. Quando conheceu o rapaz na aula de poções, se encantou por seu mistério. Gostava do jeito com que ele lidava com as situações, sempre fazendo tudo de maneira impecável. Gostava de vê-lo na biblioteca estudando, enquanto outros garotos estavam "caçando" meninas. Gostou quando ele disse que queria ser professor em Hogwarts.

A meia-noite chegou e Tom não dera sinal de vida. A essa altura, Eva já estava se atracando com um garoto atrás de uma das cortinas do salão, talvez devido ao efeito do vinho-de-ninfa, mas, quando a hora da valsa chegou, ela saiu e fora dançar valsa com o rapaz.

Tom chegou ao baile durante a valsa da meia noite. Estava usando uma casaca verde muito escuro e uma bela cartola preta. Estava mais bonito que nunca, algumas garotas se encantaram com o rapaz. Algumas lançavam olhares indecentes ao rapaz, que apenas queria encontrar Eva. A viu dançando com um rapaz, o que não o incomodou. Ainda assim, sentia falta de alguma coisa naquele lugar

Quando viu o rapaz, muito sem graça, Eva foi atrás dele, tentar dar explicações.

- Oi Tom. Desculpe, era meia-noite, a valsa já tinha começado e você não chegou, aí o Copernic...

- Tudo bem.

Tom ia começar a por em prática seu plano mas, em uma vontade insaciável de procurar alguém no salão, se deparou com Nefer, sentada, sozinha, olhando o teto, seu rosto refletindo o luar. Tom achava que a garota estava linda. Aquela cena o impedia de fazer qualquer coisa. Ela, ali, sozinha, a lua refletida em seu olhar. O rapaz, sob o efeito da cena, começou a agir impulsivamente, o que fazia o rapaz ter nojo de si mesmo, mas ao mesmo tempo, com vontade de ver até onde os seus instintos o levaria.

- Lady Boleyn, a gente se vê mais tarde. A nossa festa pode esperar! – disso o rapaz, com malícia no olhar.

Eva caiu na gargalhada e saiu saltitando, extremamente empolgada com a festa particular que teria com Tom Riddle mais tarde.

Tom ficou ali, parado. Em sua mente, só estavam ele e Nefer naquele lugar. Lembrou de quando a moça o acudira quando queimara a mão, e nunca mais fora o mesmo. Teve a impressão de que o salão fora lavado com óleo de lótus-de-Rá. Foi quando Tom teve um insight. O rapaz tirou, discretamente a varinha do bolso e acenou, da mesma forma, para os tecidos próximos a Nefer. Uma pequena labareda surgiu, mas, aceleradamente lambeu e foi se estendendo por todo o salão. A língua vermelha estava transformando a bela decoração de primavera em um inferno. As cortinas também pegaram fogo, fazendo alguns casais de alunos saírem imediatamente dali. Felizmente, nenhum deles se queimou. Nefer, que estava próxima do fogo tentou fugir, mas parecia ter sido cercada pelas labaredas. Tom, com um aceno da varinha, sem fazer questão de que não o vissem, abriu uma passagem foi ao encontro de Nefer, que estava prestes a desmaiar. O rapaz a agarrou pela cintura e ela, envolveu seus braços nas costas dele. O salão incendiado estava muito quente, mas não o suficiente para derreter o cubo de gelo que se formou na barriga do rapaz, mas era fresco em relação a queimação que Tom sentia em suas costas. O menino cruzou as chamas sem ser queimado e protegendo Nefer. Alguns professores continham o incêndio, enquanto o diretor da escola, professor Dippet, pedia calma aos alunos, apenas alertando de que a festa não seria encerrada, bastava alguns minutos para que tudo voltasse ao normal. Tom e Nefer passaram por Slughorn que elogiou o rapaz: "Tom, Tom, Tom... Sempre salvando vidas, não é mesmo? Não é a toa que recebe tantos prêmios!". O rapaz o ignorou, queria levar Nefer para um lugar par respirar ar fresco. Tom guiou a menina até fora do castelo, até um lugar na beira do lago, onde ninguém os viria.

Tom deitou a menina na grama fresca da madrugada, onde, agora, podia ver o corpo inteiro de Nefer refletir a luz do luar. A menina estava acordada, apenas tossia bastante. Com dificuldade, tentou falar.

- Mui... muito obriga.. gada... Não sei... co... como agra... descer!

Tom se afastou um pouco dela. Puxou um papel e, com a ponta da varinha, escreveu: "Lady Eva, me encontre às 3 horas da madrugada na sacada da Torre Sul. Beijos, Tom Riddle". Com a varinha bateu no bilhete, que desaparecera de sua mão. O rapaz voltou e se aproximou de Nefer, que, agora estava sentada na grama, a beira do lago, abraçando os joelhos. O garoto se sentou ao lado dela, na mesma posição e encarou a menina, que também o encarava. "O que estou fazendo? O que eu fiz?" dizia a mente de Tom, mas seu corpo e seu coração diziam outras coisas. E, naquela hora, só o coração poderia falar mais alto.

- Você está bem? – perguntou o rapaz

- Sim, já estou bem melhor. Acho que a festa já recomeçou... Se você quiser, pode ir, eu vou ficar por aqui mesmo. – respondeu a menina timidamente.

O rapaz silenciou, apesar de ouvir gritos em sua cabeça. "Volte agora! Não fique aí com essa garota imbecil! Ela não é digna de sua companhia! Você tem uma tarefa importante hoje!", mas ele se sentia sob o efeito da maldição Imperius. Ainda assim, era uma sensação que nunca havia experimentado antes... uma sensação agradável.

- Não, acho que também vou ficar aqui, se você não se importar, é claro. – Tom perguntou com um sorriso no rosto. O primeiro, e talvez o único, sorriso de sua vida que não foi malicioso ou falso.

- Tudo bem, pode ficar... – Nefer corou.

- Podemos festejar daqui mesmo.

Tom sacou a varinha, fez aparecer, no ar, duas taças bem grandes cheias de bebida. Elas deslizaram no ar como duas penas e pousaram levemente na um pegou uma taça, brindaram e tomaram um gole.

- Você quase não fala ... Me fale mais de você! Sua família, o que você faz...

Tom pensou bem antes de responder. Poucas pessoas sabiam de seu passado, sua história. Mas o impulso de dizer a verdade foi mais forte.

- Eu sou órfão. De pai e mãe. – o rapaz abaixou a cabeça, não queria responder, não olhar a menina, tinha vergonha do que ia dizer – minha mãe era bruxa e meu pai trouxa. – não passou pela cabeça do rapaz dizer a Nefer que ele havia matado seu próprio pai. Pela primeira vez, sentiu vergonha disso.

- Nossa que chato. Mas você tem uma mãe zelosa por você, olha... – a menina apontou para o lindo reflexo azul da lua cheia no lago. – é por isso que você não costuma sair nos finais de semana.

Tom fitou o reflexo lunar sobre o lago. Era algo que nunca em sua vida parara para apreciar. Nunca vira beleza naquilo.

- É... Mas ultimamente tenho saído, estou trabalhando numa loja.

- Nossa, que legal! Bem, se você não trabalhasse eu ia convidar você para passar um final de semana lá em casa! Acho que você estuda de mais, você sempre está estudando, você precisa se divertir um pouco!

O rapaz estava com as costas derretida. Seu estômago gangrenou. Nunca alguém se importara com sua vida, jamais o chamaram para sair de Hogwarts no final de semana.

- É... eu... adoraria... – "lembre de suas missões, lembre de suas missões, lembre de suas missões, seus objetivos!" berrava sua mente. Tom virou um gole da taça de vinho.

- Mas você trabalha muito?

- Todo final de semana.

- Ah, sendo assim, se você quiser, eu posso levar umas comidinhas para você lá! Levo umas esfihas, uns kibes, um suco... Acho que seria uma boa forma de agradecer a você, não?

Tom não tinha mais o que pensar. Só sentia, no coração e no seu corpo. Os dois se miraram por um tempo. Seus rostos se aproximaram. Tom e Nefer se beijaram. E ali, na grama, com a lua, as estrelas e o lago de testemunhas, tornaram-se um só.

Nefer adormeceu abraçada a Tom, com a cabeça recostada no peito de rapaz. Ele estava com uma sensação que nunca sentira antes, não sabia o nome que se dava a ela. Tinha vontade de que aquela noite durasse para sempre. Tinha mesmo vontade de que Nefer fosse visitá-lo na loja em que trabalhava, a Borkin & Burges. Não queria que o corpo da menina desgrudasse do seu.

Por um momento passou pela cabeça de Tom desistir dos seus planos, mas não aconteceu. O rapaz se levantou discretamente para que Nefer não despertasse. Acariciou seu rosto e a arrumou de forma que ela dormisse confortavelmente. Abotoou seu traje de gala e, com um aceno da varinha, limpou as manchas de terra. Antes de voltar para dentro do castelo, o rapaz apreciou um pouco a garota durmindo sob a luz do luar, deu um delicado beijo nos lábios da garota e sussurrou "Desculpe" ao pé do ouvido dela, mas Nefer continuou dormindo.


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