Um estralo ensurdecedor ecoou na casa vazia assim que ele puxou o gatilho. Será que agora era realmente o meu fim? Antes que a bala pudesse me atingir em cheio, Lucy gastou suas últimas forças para se colocar a minha frente, me acobertando, me salvando da morte,   mas não conseguiu impedir que a bala perfurasse meu corpo.

Ela pesou e caiu sobre mim no chão frio e gelado

Bati forte a cabeça no chão, e tentei tirar minha amiga de cima de mim, mas eu não conseguia sentir meu braço esquerdo eu não conseguia mexe-lo pela dor insuportável em meu ombro que estava começando a se espalhar pelos demais músculos.

Jacob logo a tirou com cuidado de cima de mim e a deitou sobre meu lado, com minha mão direita pressionei o local em que a bala perfurou e gritei de dor

- Qual eu socorro primeiro senhor! – Jacob colocou suas mãos na cabeça em sinal de desespero

- Lucy! – Lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto tanto pela dor do tiro quanto a em meu coração

Consegui me apoiar com o braço direito e ter uma visão melhor da minha amiga, enquanto Jake verificava seus batimentos

- Ela não vai agüentar... – Jacob concluiu triste e veio verificar os meus

- Sai! – Ordenei para que ele saísse, eu estava bem!

Me aproximei da minha amiga, que me encarou profundamente já quase sem vida.

- Adeus Ciss – Ela sorriu para mim, se despedindo

- Não! – Exclamei e me aproximei deitando minha cabeça sobre seu peito

Ela tossiu me assustando

- Clarissa se você quiser me matar mais rápido fala – E riu

Me sentei assustada, a menina quase morrendo a minha frente fazendo piada da própria desgraça

- Lucy eu vou cuidar de você – Coloquei sua cabeça em meu colo e pedi para que Jacob encontrasse um telefone para chamar socorro – Vamos sair dessa

- Clarissa, uma bala atravessou meu peito e você ainda acha que eu vou sair dessa viva? – Sua voz foi enfraquecendo a cada palavra – Foi bom ter conhecido você, minha amiga – Uma lágrima escapou de seus olhos verdes

- Shiu Lucy! Eu não vou te perder! Não menos um em minha vida não! – Uma tontura tomou posse do meu corpo

- Seja feliz... Eu te amo – Sua mão pequena e bem machucada acariciou minha bochecha

Sua mão tombou ao seu lado e sua respiração falhou

- Volta pra mim Lucy! Não! – Eu desesperada tentava reanima-la pressionando seu peito – Não morre! Eu preciso de você!

Quando ela suspirou pela última vez meu coração não queria se despedir, queria partir junto com ela... tirar a minha tristeza, que era viver. E ver se pelo menos eu conseguia encontrar o caminho para encontrar meus pais e nunca mais perde-los de vista.

- Eu também te amo, minha amiga – Passei minhas mãos tremulas por seu rosto fechado para sempre, olhos que eu nunca mais poderia encarar e encontrar conforto.

Eu podia ver duas Lucys em meu colo, se mexiam e estavam borradas. O Equilíbrio faltou em meu corpo e eu cai para o lado, respirando com dificuldade.

- Clarissa! – Conheci a voz de Jacob ao fundo – Você ficara bem meu anjo

Senti sendo carregada para fora dali, mas não conseguia distinguir onde estávamos indo. Fechei os olhos e deixei com que o efeito das lágrimas me levassem para um lugar melhor.

Alguns dias depois...

Aos poucos abri os olhos, e não reconheci o lugar que estava. Mas conclui que era um hospital pelo quarto neutro e pelos aparelhos a que eu estava ligada que emitiam um bipe irritante.

Vasculhei o lugar, as únicas cores que alegravam o lugar eram as flores e presentes em uma mesa mais distante dali, e um buque de lírios ao meu lado que tinham um maravilhoso cheiro. Tombei a cabeça para o lado e vi os curativos de uma horrível noite, a um tempo atrás.

Falando nisso nem sabia a quanto tempo estava desligada. Minha mão direita acariciou meu ombro sobre os curativos, o que chamou a minha atenção para as duas cicatrizes em meu braço.

Mais quantas vezes era necessário a morte vir me visitar para que eu pudesse enfim ter paz na minha vida? Mais quantas pessoas podiam ser tiradas de mim?

Depois de tudo era pra eu estar tão triste... Mas a vida não vai sossegar enquanto eu não me mostrar forte. Então resolvi apagar tudo, não pensar, para poupar mais sofrimento mais tarde.

Não era possível esquecer da minha amiga, nem de meus pais... vê-los ir embora são coisas que ficarão gravadas em minha memória pelo resto de meus dias. Mas eu posso tentar substituir essas dolorosas lembranças pelas poucas coisas boas que eu tive oportunidade de passar com eles, tentar com isso, ser feliz... ao menos tentar colocar a tristeza de lado.

- Adorei seu modo de pensar –Edward entrou no quarto me assustando – Estou muito feliz por você estar aqui conosco

- Pena que eu não possa concordar – Suspirei com indiferença

- Nossa cadê toda aquela filosofia de vida que circulava aqui – Ele cutucou levemente minha cabeça com seu dedo indicador – Até agora de pouco

- Está por aí

- Bom vim conversar com Carlisle e ganhei uma surpresa de ver minha irmã acordando – Beijou minha testa – Bella precisa de mim

- Ta bom – Coloquei um sorriso sem emoção em meu rosto

- Quando der eu volto

Antes que a porta se fechasse Carlisle e Jacob entraram no quarto, sérios e cabisbaixos.

- O que são essas caras? Por favor que não tenha a minha pessoa no meio da confusão – Levantei minhas mãos

- Está melhor minha filha? – Carlisle colocou-se a meu lado esquerdo da cama

- Sim... Mas o que são essas caras ninguém me respondeu ainda – Voltei ao assunto

- Bom... Logo o filho de Bella irá nascer, e ela terá de ser transformada... – Carlisle pegou minha mão e a beijou

- E que mal tem isso? – Indaguei, enquanto Jacob sentou-se em uma cadeira do lado oposto de Carlisle e alisava meu cabelo, segurando um sorriso

- Bella será uma recém criada sedenta de sangue humano, mais forte que todos nós juntos e descontrolada... E para ajudar não sabemos a como irá ser a criança, se humana ou se vampira.

Parei e pensei um pouco, espera ai... Eles não... Não pode ser.

- Não podemos ter você uma humana frágil debaixo do mesmo teto que uma recém criada, e Bella precisará muito da nossa ajuda para ser controlada – Concluiu tristemente apertando minha mão – Jacob a manterá segura... longe de nós.

Juro que se Carlisle fosse humano teria visto algumas lágrimas correr por seu rosto perfeito.

- Tudo bem... – Fechei meus olhos, não queria que a despedida mais tarde fosse tão difícil

Ele falou mais algumas coisas, sobre que não me deixaria sem nada, eu teria algumas ações em meu nome e uma mesada para que eu pudesse seguir minha vida. Longe dali. Voltaria para as estradas, e encontraria um novo lar.

O que mais eu tenho a perder. Meus pais, minha melhor amiga, minha família adotiva... A única pessoa que me restou foi Jacob.

Abri os olhos e percebi que Carlisle já havia saído, e Jake me encarava profundamente... Com um sorriso no rosto ainda alisando meus cabelos.

- Jacob – Minha voz falhou

- Sim meu anjo

- Me promete uma coisa? – Me estiquei um pouco e peguei sua mão, a apertei bem forte

- Tudo o que você quiser – Depositou um beijo em minha mão

- Nunca me deixe... por favor – Uma lágrima escorreu pelo canto de meu olho – Você é a única pessoa que restou em minha vida

- Prometo – A mão que alisava meus cabelos desceu para meu rosto, e logo em seguida ele me deu um selinho.

Depois disso as enfermeiras entraram no quarto para minha medicação, e meus últimos momentos acordada ali eu passei aproveitando, a única pessoa que a vida não tirou de mim.