Devaneios escrita por Nicole


Capítulo 8
Teardrops On My Guitar.


Notas iniciais do capítulo

É isso, acabou!

bEIJOS



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- Eu acho que a amo, Suze!  - Sam me disse, com um sorriso que ocupava seu rosto inteiro. O corredor estava lotado de adolescentes, pegando seus livros nos escaninhos ou simplesmente conversando à toa. Olhei no fundo dos olhos dele. Aqueles dois olhos brilhantes que me encaravam. Não consegui e tive que sorrir também. Mas, por dentro, eu queria jogá-lo contra uma parede e beijá-lo com todas as forças que eu tinha. Eu queria lhe mostrar que Bianca Louis não era uma boa companhia.

A menina, na realidade, fazia História comigo. Seus cabelos loiros e sedosos se destacavam no meio da bagunça que se instalava em minha cabeça. Ela tinha olhos azuis da cor do mar chamavam a atenção por onde passavam e os garotos suspiravam quando ela jogava os cabelos e dava olhares pelo canto dos olhos. Eu não tinha chance, na realidade.

- Nossa! Isso é muito bom, Sam! Parabéns.

Ele aumentou seu sorriso, se é que era possível. Meu coração palpitava de dor e raiva. Eu queria bater naquela idiota, mesmo ela não fazendo nada de errado comigo. Na realidade, ela ainda tentava fazer amizade comigo depois que começara a namorar com Sam o que foi há 3 dias.

- Obrigado, Sarah! Isso me deixa bem feliz vindo de você.

- Claro que deixa. – Disse, enquanto balançava a cabeça discordando ao mesmo tempo. – Então... Quando vai contar pra ela?

Essa não era a pergunta que eu queria fazer, mas foi a mais sensata naquele momento. Sam não podia se conter de felicidade pelo que vi. Depois de anos de amizade e convivência, eu fui percebendo alguns traços e gestos que ele fazia quando ria. Uma de suas sobrancelhas quase se levantava como se estivesse em um meio termo e eu amava isso. Suas covinhas apareciam e ele parecia mais bebê do que de costume.

- Não sei ainda. Talvez na hora certa.

Terminei de pegar meus livros do meu escaninho e ele me acompanhou enquanto detalhava cada momento de seu último encontro com Bianca. Quando entrei na minha aula de Geometria, dei Graças à Deus. Ele se sentou ao meu lado na carteira, mas a professora não o deixou terminar sua história. Agradeci mentalmente à ela e me afundei em alguns exercícios.

- Ela me mandou uma mensagem, Sarah! Uma mensagem!

Me mostrou o celular, ou melhor, esfregou na minha cara enquanto eu tentava ler a bendita mensagem. Finalmente, consegui pegar o celular de sua mão e ler o que estava escrito.

“Que tal nos encontrarmos no parque hoje às 3:00? P.S: Eu te amo, Samy!”

Aquela mensagem me atingiu. Na realidade, a última frase me dava vontade de me matar. Respirei fundo e disse, sussurrando:

- Nossa! Ela é tão fofa!

Eu estava tonta. Meu coração estava se espremendo sozinho, se matando. Coloquei a mão em meu peito, como se aquilo me protegesse de alguma maneira. Mas, minha estratégia não adiantou muito e eu tive que levantar minha mão o mais rápido que pude.

- Er... Sra. Butcher?

- Sim, Srta. Wesley?

- Posso ir à enfermaria? Não me sinto muito bem. Acho que estou meio tonta, sabe?

A Sra. Butcher sempre fora muito chegada à mim por ser sua aluna prodígio e não hesitou um minuto sequer em assentir e me desejar melhoras. Sorri de leve e saí da sala. Mais um minuto ali dentro e eu começava a chorar ali mesmo.

Quando saí pelo corredor, minha voz acabou e as lágrimas vieram com força total. Tentei me conter por mias alguns segundos para conseguir olhar as horas. Faltavam 35 minutos para que Sam viesse atrás de mim, apesar de ter uma leve suspeita de que ele não faria isso. Essa declaração me fez soluçar.

Corri para o banheiro. A enfermaria era do outro lado da escola, mas eu não me importava de alguém perceber que eu não havia ido tomar algum remédio. Me tranquei em um Box e comecei a chorar em plenos soluços. Meu coração estava despedaçado e eu não conseguir colocar as peças no lugar.

Peguei meu celular, trêmula, e mandei uma mensagem para Penny, minha melhor amiga:

“Preciso de você. Estou no banheiro perto do laboratório. Não me agüento em pé!”

Depois de alguns minutos, ouvi a voz de Penny no banheiro.

- Sarah? Onde você está?

- Aqui.

Abri o Box e vê-la ali, me lembrou de tudo. Corri até ela e a abracei fortemente. Ela retribuiu enquanto tentava acabar com meus soluços desesperados.

- O que foi? O que houve?

- Eles se amam, Penny! Eles se amam! Como posso lutar com isso?

- Como sabe disso? Ele ou ela te falaram?

- Os dois! Ele me falou há 50 minutos e ela falou por mensagem de telefone! Ai meu deus! Eu quero morrer!

Ela me abraçou. Me puxou pela cintura e fomos andando pelos corredores aos tropeços. Entramos no estacionamento e ela abriu a porta de seu carro para mim. Me sentei no banco e esfreguei o rosto. Ela se sentou no banco do motorista e ligou o carro.

Em poucos segundos, já estávamos na porta de sua casa. Abriu a porta com a chave e eu corri para o sofá das lembranças e choro. Era o nosso sofá de amizade. Quando precisávamos chorar, era o único lugar que podíamos gritar e soluçar a vontade.

Dois minutos depois, ela apareceu com um pote de sorvete enorme na mão e duas colheres. Peguei uma e taquei uma colherada na boca.

- Amiga, não fica assim! Ele é um idiota de não querer ficar com você! Onde já se viu! Você é linda!

- Mas isso não adiantou nada, Penny!

- É porque você...

Meu celular tocou nessa hora. Olhei no visor e vi que era minha mãe. O que ela queira num momento tão crucial?

- Mãe? O que foi?

Mamãe soluçava ao telefone e ouvi a voz de outra pessoa. Minha tia Lu.

- Sarah, por que não vem aqui pra casa, hein? Precisamos conversar!

- Ok, mas por que? O que houve?

- Venha para casa! Agora!

Desligou o telefone.

- Tenho que ir, Penny. Minha mãe está chorando e eu não tenho idéia do que seja. Pode deixar. Eu vou a pé.

Me despedi de minha amiga e andei até a porta. A abri e comecei a ir em direção à minha casa, no outro quarteirão. Peguei a chave de casa e avistei a cena. Mamãe estava jogada no sofá chorando descontroladamente no colo de vovó e minha tia chorava igualmente. O que estava acontecendo?

- O que está acontecendo?

Minha tia me olhou com pena.

- É seu pai.

Já se sentiu despedaçada? Por um amor? Por uma perda? Já pensou os dois juntos? Eu me sentia assim. Soube naquele dia que meu pai havia morrido num acidente de carro. Não fui à escola a partir daquele dia e não diz questão também.

Eu passava o dia inteiro em meu quarto, sem fazer nada além de olhar para o teto com um olhar perdido. Fiquei assim durante o dia até que expliquei para Penny o que havia acontecido. Não falei com Sam de jeito nenhum. Ele me ligou, foi em minha casa, bateu em meu quarto, mas não o atendi.

Eu não queria falar com ele ou olhar para seu rosto de maneira alguma. Suas lembranças me assombravam constantemente. Então, mamãe disse que nos mudaríamos.

Eu não queria sair de minha cidade, mas era necessário. Penny e eu choramos o dia todo depois da notícia de minha mãe e no dia de minha despedida também.

Eu fiquei um tempo me despedindo de meu quarto antes de descer as escadas. Abri a porta e encontrei Sam parado do outro lado. Meu coração deu um pulo e eu soube que, apesar de tudo, eu ainda o amava.

- Sam? O que faz aqui?

Soou bem mais rude do que eu havia imaginado, mas ele nem ligou. Ou pelo menos, pareceu não ter ligado.

- Sarah, temos que conversar.

- Não, não temos! Não temos nada para conversar mais!

- Sim, temos. Por favor.

Olhei no fundo de seus olhos verdes. Ele me encarou também e eu quis matá-lo por ter dado um sorriso. Assenti e o segui. Fomos para meu jardim secreto e ficamos em silêncio por um tempo.

- Olha Sarah... Eu sei que fui rude com você todo esse tempo com essa história da Bianca e que você sofreu bastante com isso, mas... Por que não me falou? Eu poderia ter pensado melhor nas minhas escolhas e...

- Eu não queria isso! Se eu tivesse te falado alguma coisa, você mudaria de idéia rapidamente e só ficaria comigo porque eu lhe havia dito que eu te amava! Eu não queria isso para nós dois!

- Mas agora é tarde demais!

- Por que seria? VOCÊ AINDA TEM SUA VIDA!

- NÃO SEM VOCÊ NELA!

Aquela exclamação me deixou abalada e dei um passo para trás. As informações iam e vinham em minha cabeça e eu não conseguia organizá-las.

- O que?

- Sarah, eu... Eu te amo! E essa é uma das únicas certezas que eu tenho nessa vida. Me desculpe por nunca ter lhe dito. Eu... Fui tão estúpido! Tentei de todas as formas acabar com esse amor para não te magoar ou para que você não se distanciasse de mim!

Minha cabeça doía. Sam havia acabado de se declarar pra mim?

- Você me ama?

- Amo.

Ele foi se aproximando até que eu pude sentir sua respiração em mim. Eu olhava para seus olhos e boca em um movimento insano. Me aproximei e colei nossos corpos. Nossas bocas se roçaram. O beijo foi aprofundado e eu não conseguia mais respirar. Nos separamos depois de um tempo.

- Eu te amo, Sam.

Aquelas palavras soaram perfeitas em minha boca de repente e eu soube que ali, era onde eu devia estar.


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