Eu era apenas um garoto, tinha mais ou menos uns 11 anos na época. Minha mãe havia morrido e meu pai não havia nem chorado durante o enterro. Ainda no enterro, ele ainda fazia questão de me falar para que eu me esforçasse nos estudos e que eu não derramasse nenhuma lágrima durante no enterro. Eu odiava isso.

O enterro acontecia em uma tarde nublada, que combinava bem com o jeito da minha família. Mas o que eu não esperava era conhece-la naquele mesmo dia.

Eu tinha saído do enterro e me sentava em um balanço com a mesma expressão séria que eu tinha.

Mayumi: Você está bem garoto?

Akio: Quem é você?! – me assustava ao ver que ela estava perto de mim.

Mayumi: Ei, ei! Não precisa gritar também!

Akio: Ora, sua..!

Mayumi: Você é da família Mawari, não é?Me diz, como é ter uma família rica?

Akio: como sabe que sou da família Mawari?! Ninguém da minha idade conversa comigo pra saber!

Mayumi: Eu sou da sua classe no colégio! Você que não percebeu!

Akio: Ah, ter uma família rica é normal!Só que você e seus pais não tem muito tempo!

Mayumi: Seus pais não brincam com você?

Akio: Haha! Minha mãe morreu e meu pai só quer me ver sendo um dos melhores alunos! Amor de família? Pura ilusão!

Mayumi: Você não brinca com ninguém?! Só fica estudando?!

Akio: Pára de gritar! Quem liga pra amigos?! To nem aí!

Mayumi: Vem brincar então! É divertido!! – puxava o garoto.

Naquele dia nublado, quando vi aquele monte de crianças com roupas normais... sem ternos, gravatas, fiquei com medo. Era um mundo muito diferente do que eu conhecia. Mas aquele dia foi a primeira vez que eu tinha brincado e dado um leve sorriso de felicidade. Mesmo que ela nunca entenda o quanto aquelas palavras foram boas para me fazer entender que eu uma criança que tinha o direito de ser feliz, e não de ficar trancada em uma casa, só estudando.

Passou-se o tempo,já estávamos na 8ª série, mas meu pai insistia em falar que eu deveria me esforçar. As vezes acho que foi dessa forma que minha mãe acabou morrendo. Eu pensei em fazer o que ele me pedia para depois faze-lo ver o quanto é doloroso querer mais do que uma pessoa é capaz. Mas para isso eu deveria fazer sacrifícios, um deles era abrir mão da felicidade que eu tinha conquistado e daquela que eu mais admirava e respeitava até aquele momento: Mayumi.

Mayumi: Akio, o que está lendo?

Akio: Um livro que fala de vingança.

Mayumi: Ai, ai! Não lê esse livro! – tirava o livro das mão de Akio.

Akio: MAYUMI!

Mayumi: Pra quê ficar lendo esse tipo de coisa? Vai ser melhor pra você ler algo mais feliz, vamos dá o sorrizo de “felicidade 100%”!

Akio: Clã a aboca, sua desgraçada!!

Mayumi: é que as vezes eu olho pra você e vejo só tristeza.

Akio: Cala a boca! Sou apenas sério! Não sou como você que vive rindo de tudo!

Mayumi: O que ta acontecendo? Ta mais sério ultimamente...

Akio: Vou parar de andar com o pessoal. Recebi o convite para ser o presidente do grêmio estudantil.

Mayumi: grêmio..? Mas...!

Akio: Também não quero que fale mais comigo, entendeu, Mayumi?! Eu não quero mais te ver! – saía dando as costas para Mayumi.

Mayumi: Akio! SEU IDIOTA! AKIO!

Desse jeito que acabou a minha amizade com a Mayumi. Acho que ela nunca compreeendeu o fato de eu ter ido embora. Claro que foi por quê eu queria vingar a morte de minha mãe. Eu queria muito que ela entendesse isso.

Akio: O passado, né? Quer mesmo falar sobre isso?

Mayumi: eu fui infantil ao ter brigado com você, afinal, o grêmio..

Akio: Lembra de quando nos conhecemos?

Mayumi: Ah, lembro sim... Não mudamos nada até hoje. Você sempre foi sério e eu estava sempre brigando com você.

Akio: Acha que foi por isso que não continuamos amigos?

Mayumi: E não era?

Akio: Não, não foi. Eu que quis que você não falasse mais comigo, entende?

Mayumi: No fundo eu já sabia que isso ia acontecer... Você sempre foi fechado, calado...

Akio: Tudo que eu mais queria era seguir em frente sozinho.

Mayumi: Por quê me diz... o que mais falta para que você seja feliz?! Amigos, eu sei que você tem!

Akio: Eu quero as desculpas de meu pai.

Mayumi: seu pai...?

Akio: Meu pai sempre queria que eu desse o meu máximo. Você mesma lembra disso. Por isso mesmo eu resolvi fazer o que ele me pedia para faze-lo ficar tão desesperado para me pedir desculpas...

Mayumi: akio, pare com esse ódio..

Akio: Ele tem que pagar caro!! Por tudo que me fez! Por o que fez com a minha mãe!!

Mayumi: Akio, pare!! – o segurava pelo braço.

Akio: Eu tenho que vinga-la!! Eu tenho!

Mayumi: Pára! Você não era assim! Eu sei que não era! Seja lá o que o seu pai diz.. pare antes que esse ódio tome conta de você!!!

Sim, quem diria que eu. Um filho de família rica guardasse tanto ódio...? E quem diria que eu choraria novamente nos braços de uma garota que apara mim foi como uma mãe?

É a vida. E eu, o presidente do grêmio, fui derrotado pelas grandes tristezas que a minha própria mãe sentia.

Era a solidão de uma pessoa rica em dinheiro.

CONTINUA....