Eu acordei um pouco atordoada, tinha dormido tarde e meu corpo inteiro só queria ficar na cama mais três horas, mas eu tinha que acordar, empurrei o lençol para longe, hoje era um dia de ficar mau humorada.

Saí atrasada e passei correndo pela porta, mas algo me fez voltar... lá estava meu amado skate com rodas verdes, a parte de baixo era preta e branca com uns desenhos de cartas de baralho e o curinga( o bad boy, que está mais para bad ass). Peguei o skate e fui deslizando nas ruas planas e arborizadas de Franklin, quando finalmente cheguei ao colégio todos olhavam para mim: não bastava ser da Austrália, ser anormalmente baixa, entrar um mês depois no colégio, mas claro, tinha que ser a única menina que andava de skate no colégio(tenho sérias dúvidas senão fui a única da cidade).

Quase me arrependi amargamente  de não ter ido a pé, mas algo me impediu: Nate estava subindo as escadas e falando com um outro menino, um loiro também, quando ele me viu chegar ele parou de falar e ficou olhando para mim( como o resto do colégio), eu coloquei o skate embaixo do braço e subi as escadas, quando estava passando ao seu lado ele falou numa voz tímida:

"Oi..."

CRUSH

Meu coração disparou, eu recuei, olhei nos olhos dele( tudo isso em milésimos de segundo):

"Oi!" eu subi correndo as escadas, ele deve ter pensado que eu era a maior piveta, mas isso fez todo o meu mau humor desaparecer. Entrei na sala e Rachel estava olhando alguma coisa no mural:

"Você anda de skate?! Que legal!" ela falou.

"Você não vai acreditar o quê aconteceu." eu estava eufórica

"O quÊ?"

"Nate falou comigo, ele disse oi, com aquele sorriso maravilhoso" eu estava nas nuvens.

" Até parece, baixinha!"

"Sério!"

"Mentira! Que... estranho!" ela estranhou.

" Nem me fale, eu estou vermelha até agora". Nessa hora o professor entrou e mandou todo mundo se sentar, eu me sentei atrás de Josh:

" E aí?"eu falei radiante.

" Nossa, toda feliz, até parece que ouviu meu solo de guitarra( ah, é... o Josh é um pequeno prodígio com a sua guitarra)"

" Eu estaria bem mais feliz se tivesse ouvido, Jo."o professor mandou calarmos a boca e foi falando todo nervosinho:

"Bem, a prova é daqui a uma semana..."bem, lá se vai o meu bom humor, eu chamei  Josh:

"Como assim?" falei inconsolada

"Isso que dizer oito dias no ïnferno,minha mãe vai tomar a minha guitarra e me trancar em casa..." falou baixo.

" Não têm jeito de eu me dar bem nessa prova..."

"Calma, Hayley, eu te ajudo." o professor nos olhou com uma cara estranha e paramos de conversar.

No intervalo eu corri para a biblioteca, tinha que ler um romance, fui até uma prateleira e estava com o livro na mão indo para a bancada enquanto eu esperava a mulher atender o rapaz. Eu fiquei pensando em Josh, era incrível como ele ficava todo vermelho quando falava comigo, mas eu tinha que deixar de ser idiota, Rachel já tinha dito que ele era apaixonado por uma Louise da nossa sala.

" Oi..." uma voz familiar atrás de mim.

" Oi." Ah, meu Deus. É Nate, o que eu falo pra ele? Nada! Deixa ele puxar assunto... Qual é o problema dele? Ah, não! Ele vai embora.

"Vou na secretaria, não sintam muita falta de mim." a bibliotecária falou, essa era a minha oportunidade de puxar assunto.

"Eu já não me agüento de tanta saudade..." eu falei baixo para Nate.

"Ela é minha mãe, sabia?" Claro... Eu só dou mancada, esse era o perfeito dia de ficar na cama o dia todo.  "Brincadeira, você devia ter visto sua cara..."ufa!

Na verdade ele deveria ter visto a cara dele, era injusto Deus dar tanta beleza a uma pessoa. Olhos verdes um pouco escondidos pelo cabelo loiro, um sorriso enorme e branco que contrastava com a camisa preta com um caveira, era impossível não sorrir na presença dele.

CRUSH

" Assim você me mata." falei tentando desviar daquele olhar magnético.

"Por falar nisso o meu nome é Nathan, mas eu prefiro Nate."

" O meu é Hayley, não têm apelido para esse nome."

" Posso te chamar de baixinha?"

"Não vai ser o primeiro."

A bibliotecária chegou e cortou todo o clima, eu entreguei o livro a ela.

"De onde você é?" Nate me perguntou ignorando a moça no balcão.

" Sidnei, Austrália."

"Não pode ficar aqui se não for pegar livro!" a bibliotecária encrencou com ele, ele pegou um livro na mesa e jogou no balcão e voltou a me olhar.

"Sério? Sempre quiz conhecer..." ele foi interrompido pelo sinal, era hora de voltar para a sala de aula. A bibliotecária nos entregou os livros e nós fomos em direção ao corredor, quando eu li o livro dele eu tive uma crise de riso, era O tabu da menstruação.

"Olha o livro que você pegou..." eu falei entre gargalhadas.

"Nossa, não vou ter mas nenhuma dúvida quando a minha chegar." ele falou interessado nas páginas ilustrativas. " Tudo para ficar perto de você".

CRUSH

Ele falou tão naturalmente que eu começei a gaguejar palavras sem sentido, ele percebeu.

"Olha, eu queria conversar mais com vocÊ" mudou de assunto.

"No próximo intervalo?"falei ainda atordoada.

"Não posso, mas na hora da saída? Pode ser?"

"Claro."

"Tá, eu te encontro na escada. Vou estar te esperando"

"Tudo bem."

Ele encostou seu rosto quente na minha bochecha e me deu um beijo, olhou nos meus olhos  e foi embora, assim... Do mesmo jeito que ele apareceu, de repente.

CRUSHCRUSH