GG: Por que não me contou que elas são minhas filhas ? – Ela finalmente olhou pra ele, assustada.

SS: Como sabe sobre isso ? – Ela resolveu ceder. Ele pegou um envelope branco do bolso e entregou à ela.

Sara olhou de Grissom para o envelope diversas vezes até que sua curiosidade a venceu. Abriu calmamente e retirou a foto que havia lá dentro. Olhou surpresa para a imagem tirada mais ou menos um ano atrás na ponte Golden Gate.

SS: Mas como... ? – Ela não terminou a pergunta, já que ele fez um sinal para que Sara virasse a foto e assim ela o fez. – “Agora já sabe de onde nos conhece ? Ass.: Carol e Maddy Sidle” – Ela o olhou perplexa, mas seus pensamentos estavam nas gêmeas.

GG: Não adianta mais esconder, Sara. – Ele olhava pra ela com as sobrancelhas erguidas.

Imediatamente ela saiu correndo na direção de Deus sabe onde. Só quando chegou à saída que resolveu ir para o carro. Lá decidiria o que achasse melhor.

GG: SARA ! – Ele gritava correndo atrás dela na rua. – Sara ! – Ele bateu no vidro do carro e, em um ato reflexo, ela o abriu. – Abra a porta, vamos conversar. – Ela suspirou e cedeu.

SS: Grissom, aqui não é o melhor lugar pra... – Ela foi interrompida por ele, que a puxou para um beijo.

Um beijo que nenhum deles dava há quase dezesseis anos. Claro que os dois saíram com outras pessoas nesse meio tempo. Sara jantou algumas vezes com Adam, seu ex-colega de faculdade. Já Grissom passou alguns momentos com Lady Heather. Todos os encontros foram somente isso, nenhum deles acabou em cama.

O beijo permanecia calmo, mas ao mesmo tempo ardente. Com o tempo ele foi se tornando mais urgente e Sara resolveu pará-lo.

SS: Não, Grissom. – Ela disse ainda ofegante.

GG: Por que não, Sara ? Me diz se esses anos todos você não sentiu falta de mim ? Porque eu se que eu senti ! – Ele aumentara seu tom de voz e já podia ver algumas lágrimas se formando nos olhos dela.

SS: Grissom olha, aqui não é... – Mais uma vez foi interrompida, mas dessa vez eram Carol e Maddy batendo na janela do carro, querendo entrar devido à chuva fraca que caía lá fora. – Você tem que ir. Se puder, passa na casa da Mel depois para conversarmos. – Ela disse já abrindo as portas. Ele assentiu, queria mesmo resolver isso.

CS: Oi mãe. Oi pai. – Ela disse quando entrou no carro, despertando a atenção dos pais. Grissom saiu silenciosamente, mas antes de entrar no prédio se virou e deu um meio sorriso.

SS: Muito bem... – Ela disse quando deu a partida no carro. – Quem teve a idéia de contar pro Grissom que ele é pai de vocês ? – Ela já se mostrava nervosa. Carol apenas apontou pra Maddy que olhava, inexpressiva, para a chuva que caía, ainda fina, lá fora. Maddy olhou para Sara e apenas deu de ombros e voltou a fitar as gotas que se formavam na janela do carro à medida que a chuva aumentava. Sara começava a ficar preocupada com a filha, mas resolveu não falar nada.

MS: Quando vamos ao hospital de novo ? – Ela perguntou sem olhar pra mãe.

SS: Amanhã, querida. – Maddy suspirou e assentiu. Queria muito ver Brian de novo, mas ela sabia que não podia ficar agindo assim o tempo todo. Por mais que ela não conseguisse evitar.

O caminho até o apartamento foi relativamente calmo. Sara e Carol conversavam animadamente sobre algo que Maddy não estava prestando atenção. Mas elas não tocaram em palavras como Brian ou hospital, justamente por saberem que Maddy ficaria ainda mais triste.

SS: O que querem comer hoje ? – Ela perguntou quando chegaram em casa.

CS: Qualquer coisa, mãe. – Ela estava muito feliz. Tinha recebido um buquê de flores há algumas horas.

MS: Faça o prato favorito do papai. – Ela tentou sorrir, mas não obteve muito sucesso.

SS: É uma ótima idéia, filha. Obrigada. – Nesse momento recebeu uma mensagem. E ela já tinha certeza de quem era.

MS: De nada. – Ela disse e seguiu para o quarto de hóspedes. Por alguma razão ela dormia sempre lá agora.

NA HORA DO JANTAR...

Grissom havia acabado de chegar e conversava com Carol que admitiu que biologia era sua matéria favorita. Ele ficou feliz em saber que ela, ao contrário de Maddy que gostava mais de física, gostava de insetos tanto quanto ele.

SS: O jantar está pronto. – Ela apareceu na sala e todos a olharam.

GG: Não é mais vegetariana, Sara ? – Ele perguntou surpreso ao ver Sara colocar um pedaço de carne em seu prato.

SS: Eu só resolvi equilibrar desde alguns anos atrás. – Ela deu de ombros.

CS: Você era vegetariana ? – Ela ergueu uma sobrancelha.

MS: Mesmo ? – Ela perguntou irônica e Sara sabia que ela soltaria alguma coisa. – Mais uma coisa para a lista de: “Coisas que não sabemos sobre Sara Sidle”. – Um sorriso irônico escapava por seus lábios. – O que mais tem a esconder ? Nós realmente somos suas filhas ? Nós realmente somos filhas dele ? – Ela apontou para o pai. – Porque, do jeito que está agora, só o que faltava era que Greg fosse nosso pai. – Ela disse e arregalou os olhos. – Ele não é, certo ? Porque eu não posso ser irmã do meu namorado ! – Ela tinha as sobrancelhas erguidas e um pouco de raiva no olhar.

GG: Namorado ?! – Ele estava surpreso e irritado ao mesmo tempo. “Depois conversamos”, Sara sussurrou pra ele.

SS: Maddy, não faça isso. Por favor. Você só está assim por causa do Brian. – Grissom franziu as sobrancelhas à menção do nome já conhecido.

MS: Tem razão. – Ela respirou fundo. – Me desculpem. – Ela olhou pra Carol e Sara, mas parou o olhar em Grissom.

SS: Tudo bem filha. É normal que você esteja assim. Mas ele vai acordar, você vai ver. – Maddy sorriu com o otimismo da mãe.

CS: Enfim... – Ela disse. Sempre foi muito boa em amenizar climas ruins. – Acho que todos nós queremos saber o que realmente se passou pela sua cabeça quando nos escondeu do mundo. – Sara sorriu e abaixou a cabeça envergonhada.

MS: Você não precisa contar por que se separaram. Afinal, todo mundo sabe que ser traída não é bom. – E lá estava a Maddy irônica de novo. “Maddy !”, Carol repreendeu em um tom relativamente baixo.

SS: Eu não sabia que estava grávida. – Ela começou ignorando o comentário da filha. – Quando eu fiz aquela promessa... – Ela olhou pra Grissom. – De que você nunca mais me veria... Eu não queria cumpri-la. – Ela suspirou e olhou para as filhas. – Mas, acreditem, ele não me deu escolha... Seu pai... Ele me machucou muito. – As gêmeas olharam feio para o pai que olhou para Sara com um pedido de desculpas no olhar. – A verdade é que eu nem pensava em você. – Ela olhou pra Grissom com um pequeno sorriso se formando em seu rosto. – Só quando as meninas perguntavam.

MS: Por que não conta que você o matou ? – Ela fez um rápido movimento com as sobrancelhas e sorriu. Sara riu e Grissom sorriu ao ouvir aquele som que há muito tempo não ouvia.

GG: Como assim, honey ? – Sara e as meninas olharam pra ele com um ponto de interrogação no rosto. – Força do hábito. – Ele sorriu envergonhado.

SS: Bom... – Ela parecia envergonhada em admitir aquilo. – Para evitar qualquer briga, eu dizia às meninas que você... Bom, eu dizia a elas que você estava, você sabe...

CS: Morto. – Ela completou vendo que a mãe não falaria. Grissom ergueu as sobrancelhas.

GG: Sara... – Ela a repreendeu.

SS: Foi para o bem delas, você tem que entender. – Ela levantou as mãos se rendendo.

CS: É, não dê uma de Maddy na hora do jantar, papai. – Maddy revirou os olhos e Grissom relaxou ao ouvir a última palavra dita pela filha.

O resto do jantar correu tranquilamente. Maddy e Carol falavam da escola e Sara comentava que, apesar de se meterem em algumas confusões, elas eram boas alunas e tiravam excelentes notas. Mas Sara precisava mesmo conversar com Grissom, então quando o jantar acabou ela mandou as filhas para o quarto e foi para a sala acompanhada por ele.

SS: Você sabe que eu não queria te deixar, certo ?

GG: E você sabe que eu não queria te trair... certo ? – Ele não olhava pra ela, mas podia sentir seu olhar sobre ele.

SS: Sinceramente ? Isso eu não tenho como saber. – Ele olhou pra ela.

GG: Sara... – Sua voz transbordava sua dor. – Você tem que acreditar em mim quando eu digo que te amo e sempre te amei.

SS: Você me dizia isso dezesseis anos atrás também... Mas aí você me traiu e eu não sabia se acreditava em você ou não. Grissom, até hoje eu não sei se o que você dizia que sentia por mim era verdade...

GG: Era verdade, Sara, sempre foi ! Por favor, acredite em mim !

SS: Eu não sei se posso fazer isso. Quer dizer, eu... – Ela foi interrompida por ele que chegou mais perto e a beijou. E então ela resolveu ceder.

NO DIA SEGUINTE...

Maddy e Carol estavam na cozinha. Elas já sabiam que o pai tinha passado a noite lá, não foi preciso ninguém dizer a elas. Elas sabiam que a mãe não era tão forte a ponto de resistir. Porque elas sabiam que Sara queria. Elas sabiam que ela ainda o amava.

SS: Eu e o seu pai conversamos e eu resolvi que vou voltar ao Laboratório de Las Vegas. – Maddy olhou para a mãe imediatamente e Carol sorriu.

MS e CS: Isso quer dizer que vamos ficar ? – Sara sorriu e assentiu.

MS: Like the past never happened before. – Ela cantou, fazendo uma pequena alteração na letra da música, fazendo Carol e a mãe rirem. Saiu da cozinha, encontrando com o pai no caminho da sala. – Bom dia, pai.

GG: Bom dia, filha. – Ele sorriu.

E assim os dias foram passando...

UM MÊS DEPOIS...

Maddy foi ao hospital como de costume para visitar Brian. Passou pela recepção e seguiu para o quarto dele, encontrando o médico lá.

MS: Alguma coisa errada, doutor ? – Ela perguntou alarmada.

DR: Não, Maddy, é que eu não pude vir aqui mais cedo então estou vindo agora. – Ele sorriu ao vê-la suspirar aliviada. – Bom, vou deixá-los a sós.

Como de costume, ela puxou a poltrona para mais perto dele e quando pegou sua mão pôde senti-lo mexer os dedos. Ela chamaria o médico, mas da última vez ele disse que era apenas um reflexo.

MS: Que saudades, meu amor. Eu ficaria muito feliz se você acordasse antes do dia vinte e seis. A Carol vai ter o Nate, mas eu não vou ter ninguém para comemorar meu aniversário. – Ela acariciou o rosto dele. – Vou cantar aquela do Switchfoot que você gosta. Que tal ? – Ela sorriu e começou a cantar.

Switchfoot – Dare You To Move

http://www.youtube.com/watch?v=kSyMsT2zzJM

Welcome to the planet

Bem vindo ao planeta
Welcome to existence

Bem vindo à existência
Everyone's here

Todos estão aqui
Everyone's here

Todos estão aqui
Everybody's watching you now

Todos estão te assistindo agora
Everybody waits for you now

Todos esperam por você agora
What happens next ?

O que acontece depois ?
What happens next ?

O que acontece depois ?

I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to lift yourself up off the floor

Eu te desafio a se erguer do chão
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
Like today never happened

Como se o hoje nunca tivesse acontecido
Today never happened before

O hoje nunca aconteceu antes

Welcome to the fallout

Bem vindo ao efeito colateral
Welcome to resistance

Bem vindo à resistência
The tension is here

A tensão está aqui
Tension is here

Tensão está aqui
Between who you are and who you could be

Entre quem você é e quem você poderia ser
Between how it is and how it should be

Entre como é e como deveria ser

I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to lift yourself up off the floor

Eu te desafio a se erguer do chão
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
Like today never happened

Como se o hoje nunca tivesse acontecido
Today never happened

O hoje nunca aconteceu

Maybe redemption has stories to tell

Talvez a redenção tenha histórias para contar
Maybe forgiveness is right where you fell

Talvez o perdão esteja justo onde você caiu
Where can you run to escape from yourself ?

Pra onde você vai corer para escaper de você mesmo ?
Where you gonna go ?

Aonde você vai ?
Where you gonna go ?

Aonde você vai ?
Salvation is here

Salvação está aqui

I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to lift yourself up off the floor

Eu te desafio a se erguer do chão

I dare you to move

Eu te desafio a se mover
I dare you to move

Eu te desafio a se mover
Like today never happened

Como se o hoje nunca tivesse acontecido
Today never happened

O hoje nunca aconteceu
Today never happened

O hoje nunca aconteceu
Today never happened before

O hoje nunca aconteceu antes

Ela cantava de olhos fechados. Sempre fazia isso para se concentrar. Mas, mesmo de olhos fechados, ela sabia que tinha alguém a observando. Ela não ligava mais para isso. Já tinha perdido a conta de quantas vezes ela estava cantando e um dos médicos ou enfermeiras entrava no quarto. Mas dessa vez não era alguém que ela esperava.

BS: Maddy... – Ele sussurrou e ela se levantou.

MS: Oh, meu Deus ! – Ela exclamou feliz e surpresa ao mesmo tempo.