Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte escrita por H Lounie


Capítulo 14
A reunião dos deuses


Notas iniciais do capítulo

Basta se ter em mente que o que está sendo narrado por Leto neste capítulo aconteceu (em partes) antes que Lyra e Luke voltassem :)



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Leto

A reunião daquele dia mais uma vez havia sido complicada. Cada um querendo se destacar, tomar frente nas decisões. Porém um assunto deixou todos estranhamente quietos. Atento a tudo, o soberano dos céus revirou os olhos. Hera estava querendo jogar um jogo muito perigoso, um erro culminaria em muito sangue, muitas perdas.

– Sua decisão me parece um tanto equivocada rainha Hera, - Comentou Atena, escolhendo cautelosamente as palavras, uma vez que parecia prestes a pular sobre Hera a qualquer momento.

Unir as duas partes? Necessário, de certa forma, porém incrivelmente arriscado. Após a última guerra dos dois grupos, os deuses ficaram tão horrorizados com a tragédia acontecida com seus filhos que eles juraram que nunca aconteceria novamente. Os dois grupos foram separados. Os deuses dobraram os seus esforços, teceram a Névoa tão firme quanto puderam, para certificar-se que os inimigos não lembravam-se uns dos outros, nunca se encontrariam em suas buscas, de modo que conflitos poderiam ser evitados. Dos dias sombrios de 1864, a última vez que os dois grupos lutaram, pouco restava. No acampamento meio sangue a carvoeira 9, o centro de comando do chalé de Hefesto, era apenas um construção esquecida na floresta. Foi reaberta algumas vezes, geralmente como esconderijo em tempos de grande inquietação. Mas era perigoso de qualquer forma, o lugar agita memórias antigas, desperta antigas rixas. Mesmo quando os Titãs ameaçaram recentemente, o lugar não foi usado. Durante os anos sessenta as coisas ficaram um tanto arriscadas novamente, porém uma nova guerra civil foi evitada, ao menos até os dias de hoje.

– Imagino que a deusa da sabedoria tenha algo melhor a nos oferecer? - Contrapôs Hera, em tom de desafio. - Os fatos nos dizem que temos que mudar de estratégia. Os gigantes se erguerão. Cada um só pode ser morto por um deus e semideus trabalhando juntos. Aqueles semideuses devem ser os sete maiores da era. Enquanto essa rixa permanecer, eles serão divididos entre os dois lugares. Se permanecerem divididos, não venceremos. A antiga inimiga reinará soberana sobre nós! Os heróis devem se unir e encontrar os gigantes nos antigos campos de batalha. Com certeza será a missão mais perigosa, a viagem mais importante, nunca tentada pelos filhos dos deuses, mas sei que meus escolhidos não iram falhar.

– Pode ser que tenha razão Hera, - começou Atena. - Mas talvez não esteja se recordando bem sobre as vezes que os dois grupos se encontraram. É sempre uma tragédia, sempre temos que fazer o máximo possível para limpar a memória dos envolvidos. A rivalidade está sempre no caminho. Quando os gregos invadiram Tróia, queimaram até o chão, Enéias escapou, como bem sabem, fugiu para o lugar onde fundou a raça que se tornou Roma...

– Não coloque meu filho no meio Atena! - Intrometeu-se Afrodite. - Graças a ele os romanos ficaram cada vez mais poderosos, até começaram a idolatrar-nos, sob nomes diferentes e bem... personalidades levemente diferentes, mas...

– Levemente diferentes? - O comentário veio de Hera, em segundos sua forma tremeluzia e ela não mais exibia um vestido branco, mas sim uma roupa de guerra romana, coberta por pele de cabra.

– Juno, controle-se. - A voz do soberano dos céus fez todos silenciarem.

– Levemente diferente... Mais militares, mais conquista, expansão e disciplina... e mais unidos, isso a incomoda não Juno? Como Hera, como deusa da família você não se saiu tão bem, não é mesmo? Graças a meu filho nos tornamos mais unidos enquanto o império ...

– Já chega Afrodite! — Bradou Juno.

– Não, não chega! Meus filhos são sempre ridicularizados, sempre tachados de convencidos e fúteis!

– Pois eles são, você mesma é Afrodite. - Comentou Hefesto distraidamente. Afrodite lançou-lhe um olhar cortante.

– Alguns deles sim. Mas a hora de mostrar o contrário irá chegar, sabe muito bem disso Hefesto. Meus filhos podem ser poderosos, minha linhagem é única! Estou mais perto do inicio da criação do que qualquer um de vocês. Eu sou a primeira dos olimpianos e vocês...

– Cale-se Afrodite, antes de se vangloriar, aguarde o desenrolar da história. - Interrompeu Hera, que já havia voltado a sua forma grega.

– Então porque escolheu uma filha minha? Todos sabem que se o plano de Hera der certo minha filha Piper será a mediadora de ....

– Sua filha por quê? Não acho que seja capaz... – Disse Artemis, dando de ombros.

Porque é minha filha. Vê possibilidades muito mais vividamente que os outros. Vê o que poderia ser. Enxerga com o coração, não é como uma de suas caçadoras mal amadas.

– Veja como fala Afrodite!

– Minha filha pode ver o que poderá ser e nem por isso ela será... - Começou Apolo

– Cale-se Apolo, sabe que ela irá se voltar contra nós!

– Ela não irá...

– Já chega! - Berrou o soberano dos céus, enquanto um trovão ribombava acima dos tronos dos deuses.

– Sempre tão teatral irmão, - Comentou Poseidon, enquanto passava a mão distraidamente pela lateral de seu trono.

– Voltemos a questão principal, a troca de líderes. - Começou Zeus. - Hera isso é um tanto perigoso, os heróis envolvidos...

– Não me digam que estão falando de... Ah, não, com certeza não. Irão matá-lo assim que descobrirem quem ele é. Percy? Não podem mandá-lo para lá! Aqueles semideus não são... Isso é... Zeus, Hera só pode estar...

Zeus não ouvia mais a voz de Poseidon, ele estava preocupado com seus próprios pensamentos. As coisas se agitavam na terra, a antiga inimiga estava prestes a despertar, as portas da morte haviam sido abertas, uma nova passagem fora criada no mundo inferior, os monstros se regeneravam mais rapidamente, sim, a inimiga tinha uma relação mais do que amigável com o tártaro, o espírito do abismo. Os espíritos da tempestade vagavam livres pela terra desde a prisão de Tífon. E tinha aqueles semideuses que logo estariam de volta, aqueles perigosos semideus iriam voltar e isso Zeus sabia, não era nada bom. Havia algo absolutamente errado acontecendo. O soberano acreditava saber a resposta.

Você sabe,– Sussurrou uma voz suave e fria como a neve nos ouvidos do soberano, uma voz que só ele ouvia. - No fundo você sempre soube. Os deuses não devem se intrometer nas questões de seus filhos. Afaste-se enquanto é tempo. As coisas podem ser paradas se os deuses mantiverem-se distante do que diz respeito apenas aos semideuses. É hora de fechar as portas, no fundo você sempre soube lord dos céus– A voz parecia com os flocos de neve de uma noite de inverno. Elas pareciam tão verdadeiras, tão certas...

– Fechar as portas...— Disse o soberano em tom baixo. - Nossos filhos devem ser reconhecidos, não visitados. Isso não está certo.

– O que disse irmão? - Questionou Poseidon.

– Nos tornamos envolvidos demais nos negócios mortais, isso fez nossos inimigos se agitarem. Especialmente agora que concordamos em reclamar todos os nossos filhos, nos envolvemos demais no destino deles... Devemos nos retrair, assim podemos acalmar nossos inimigos.

– Pai, não está pensando mesmo em... - Hermes começou, porém foi interrompido por seu pai.

– Fechar o Olimpo? Sim. Nada sai dele, nada entra nele. Ninguém poderá entrar, ninguém poderá sair.

– Meu senhor, - intrometeu-se Hera.- Isso é completamente impossível, devemos trabalhar para unir os dois grupos...

– Hera, e por que essa idéia agora? - Disse Ares, em um tom arrogante.

– Antes de mais nada, veja como fala Ares. E depois, os dois grupos... vocês devem concordar comigo, as portas da morte serão fechadas pelos dois grupos unidos, eles as encontrarão e as fecharão.

– Ou a profecia pode significar que eles lutarão nas portas da morte, não sabemos se eles irão cooperar. Embora eu não dê a mínima.

– Como pode ser tão ignorante Ares? São seus filhos também - Comentou Deméter. O deus da guerra simplesmente deu de ombros.

– Eu realmente acho desnecessário isso tudo de fechar as portas do Olimpo, - Disse Apolo, que até agora parecia ocupado demais com sua música. — Eu acho que... Ah, minha pequena arqueira, que destino ingrato - E não disse mais nada, voltou a se concentrar no que fazia antes.

– Ah, como eu sinto falta de Phebo, às vezes. - Comentou uma Ártemis aborrecida. Os planos de Ártemis eram outros, então para ela pouco importava o que Zeus ordenava, ela apenas ia seguir suas regras, como sempre. - Ordenarei as minhas caçadoras que sigam um de nossos inimigos, Licaão, o rei dos lobos. Ele e sua matilha serão caçados até a morte. As mandarei segui-lo o quanto antes.

Zeus apenas assentiu ao comentário da filha. As conversas se formavam na sala do trono, todos parecendo ligeiramente desconfortáveis em relação a nova ordem de Zeus.

– Pai? - Começou Dionísio. - E quanto a mim?

– Antes que as portas sejam fechadas, você voltará para cá. Seu castigo está suspenso... por enquanto. Pode começar a se despedir do acampamento.

O sorriso de triunfo no rosto do deus do vinho era claramente visível.

– Justiça seja feita.

– E quanto aos heróis da profecia? - Comentou Hermes - Há uma possibilidade de tudo isso dar errado e todos acabarmos morrendo e ser o fim do mundo que conhecemos e os gigan...

– Ok mensageiro, todos já entenderam - Bradou o deus da guerra, visivelmente irritado. - É melhor que um dos meus filhos esteja entre eles.

– Não conte com isso Ares, - comentou Atena, tamborilando os dedos na lateral de seu trono.

– Alguém pediu sua opinião Atena? Creio que não.

– A verdade é que os filhos do deus mais belo do Olimpo deveriam ter grande parte nisso, — comentou Apolo. — Vou até fazer um poema sobre isso. ‘Heróis do Olimpo irão...’

– Não estamos discutindo isso, não agora. - Zeus interrompeu meu filho, não estando nenhum pouco interessado em seu poema

– Certo, depois que minha arqueira voltar, ela será grande outra vez. Eu sei que será. E outra, ouvi dizer por aí que Midas voltou. Talvez eu o visite para ver como vão as orelhas de burro. — Concluiu Apolo, pensativo.

– Ei, mande lembranças ao filho dele, Lityerses, grande guerreiro, o ceifador de homens. - Disse Ares em um comentário um tanto inútil.

– E Medeia tem um novo shopping, talvez eu devesse passar lá e...

– É melhor que não esteja falando sério, - Atena interrompeu o comentário de Afrodite sobre o shopping de Medeia, a vilã grega. - Esses são só os primeiros que nossa inimiga irá trazer, ela provavelmente trará de volta a vida todos aqueles que morreram odiando os deuses. Incluindo Luke Castellan. – Ela lançou um discreto olhar a Hermes, que apenas sacudiu a cabeça.

O senhor dos céus assentiu.

– Preparem-se, de agora em diante as portas estarão fechadas. Não há muito tempo, o inimigo desperta. Declaro essa reunião encerrada.

O soberano dos céus desapareceu em névoa.

– Eu não posso mesmo visitar o shopping? - Uma Afrodite todo sorrisos dirigiu-se a Atena.

– Você só pode estar brincando. - Concluiu Atena, desaparecendo em seguida. Muitos planos, pouco tempo para colocá-los em pratica.

– Depois não quer ser chamada de fútil, - Hefesto revirou os olhos, desaparecendo da sala.

Ares piscou um olho para Afrodite, sumindo assim como o irmão Hefesto.

– Se você fosse minha filha eu lhe ensinaria algumas coisas Afrodite. - Começou Deméter. - Sabe o que lhe faria muito bem? Trabalhar na lavoura por um tempo e está tão magra... precisando comer mais cereais. E outra: deus da guerra? Não! Se não for deus dos médicos ou dos advogados, nem olhe, guerra não é garantia de um bom futuro. - Com um sorriso, a deusa da agricultura deixou a sala, deixando um cheiro de trigo no lugar.

Um a um, os deuses saíram, até restar apenas Hera. Assumindo sua forma romana, a deusa andou por entre os tronos, enquanto uma voz fria como a neve sussurrava algumas palavras em seu ouvido. Hera sentia-se extremamente tentada a seguir o que a voz dizia. Depois disso, a deusa sumiu.

Longe dali, a princesa do gelo ria para si mesma.

– Vejamos, quem agora? Hm, Éolo? - começou ela. - Muito trabalho não é mesmo? Com os espíritos da tempestade soltos... sim, eu imagino. - A voz fria e suave soava decidida na mente de Éolo. - Foram os semideuses mestre dos ventos. Todo esse trabalho é culpa dos semideuses. Tenho um idéia, por que não ordena que todos sejam mortos?

Antes mesmo de Lyra e Luke voltarem os deuses já sabiam o que iria acontecer. Apolo alimentava esperanças, Hermes fazia o mesmo. Afrodite estava decidida a mostrar a todos os poderes de seus filhos e Hera apenas esperava que seus heróis não falhassem.

Parecia-me incrível como em tão pouco tempo as coisas haviam mudado, o Olimpo continuava fechado e Hera continuava sumida, porém Jason, Piper e Leo estavam tentando encontrá-la, assim como Annabeth, Lyra, Luke e Nico estavam tentando resgatar Percy e encontrar o amuleto de Hera. A pequena filha de Apolo não contava com a grande pedra que o destino colocou em seu caminho, mas mesmo assim, tenho grande esperança de que ela vai contornar a situação. Apolo deu a ela algo grande, algo que vai ajudar. Sejamos esperançosos, as coisas irão se arrumar.


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