Diario de um Semideus 2 - As Portas da Morte escrita por H Lounie


Capítulo 11
Pedido especial de Apolo


Notas iniciais do capítulo

Ei, nota: me perguntaram se o nome da personagem principal é 'Lira' ou 'laira'. Então, só para esclarecer, é 'Laira'. rs



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– Tem razão. – Disse rindo. – Que horas são?

– Temos mais ou menos duas horas até o por do sol, é melhor irmos. – Disse Nico

– Alguém tem um dracma? – Perguntei. – Acho que vamos precisar de uma carona.

– As bruxas cinzentas, claro. Mas elas não vão poder nos levar até a estátua, fica fora da área de prestação de serviços delas. – Annabeth parecia pensativa outra vez. E caramba, parece que lê pensamentos. Eu nem mesmo havia mencionado as bruxas, ainda.

– Mas andando até lá, chegaremos tarde demais. Se chegarmos.

Saindo do parque, procuramos por uma rua que fosse vazia, sem tanto movimento e cerca de meia hora depois, encontramos uma. Annabeth deixou um dracma na calçada, e segundos depois, um táxi que parecia feito de fumaça apareceu.

– SIRMÃ NINCEZTA, CIRZETAS, é, irmãs cinzentas, vamos lá. – Falou Luke, se atrapalhando com as palavras por causa da dislexia.

– Passagens? – A velha bruxa tirou a cabeça para fora, sua voz soou cansada e distante.

– Ira! Como vai? Queremos que nos deixe o mais perto possível da estátua da liberdade. - Saudei a bruxa como se fossemos velhas amigas.

– Certo, entrem. – Disse a velha.

– Vespa, tempestade, como estão? – Cumprimentei as outras duas, querendo apenas ser gentil.

As bruxas murmuraram algo e a que estava no volante acelerou.

‘Olá, aqui é Ganimedes, sommelier de Zeus, e quando saio para comprar vinho para o Senhor do Céus sempre ponho o cinto de segurança!’ disse a gravação no auto falante assim que disparamos pela rua. Depois, o interior do táxi virou um caos.

– Tempestade! Vire para a direita!

– Se me der o olho Vespa, talvez eu possa fazer isso.

– O que? Ela não está vendo? Sua idiota dê o maldito olho a ela! – Berrou Nico.

– Cadê a moeda? É minha vez de mordê-la!

– Não Ira! Você mordeu ela da última vez!

– Tempestade, cuidado com o ônibus! Vire à direita! Ira, você ficou com ele da última vez, é minha vez! SINAL VERMELHO!

– Freie Tempestade, freie! – Gritou Annabeth. – Vamos bater!

Tempestade subiu no meio fio e acelerou, desviando por pouco de uma mulher com um carinho de bebê.

– Vespa, dê o olho para ela – Implorei.

– Só se Ira me der o dente e a moeda.

– Você o usou ontem!

E a briga recomeçou. As três começaram a se estapear e aparentemente esqueceram de que tinham passageiros.

– Não querendo me intrometer, mas já me intrometendo, vamos morrer. – Falei.

– EI VOCÊS TRÊS, QUEREM PRESTAR ATENÇÃO NA RUA! – Berrou Luke.

– Tempestade, frei, vamos bater no caminhão de jornal! – Gritou Annabeth.

Nós quatro, totalmente espremidos no banco de trás, batíamos um no outro, enquanto na frente as bruxas continuavam discutindo. De repente, um olho voou para o banco de trás, caindo nas mãos de Nico, que instantaneamente o jogou para fora pela janela.

– NÃO! – Gritaram as bruxas.

– Droga Nicolas, o que você fez! – Se aquilo não fosse totalmente perigoso, eu estaria rindo, pois a cena foi realmente engraçada.

– Desçam! Vocês devem ir procurá-lo! – Gritou Ira. – Precisamos dele.

As irmãs pararam o carro e relutantes, descemos.

– Se eu fosse um olho arremessado por um carro, onde eu estaria? – Brinquei.

– Não acredito que teremos que procurar um maldito olho. – Resmungou Annabeth.

– Vamos lá Annabeth, vai ser divertido!

Luke ria como se aquilo fosse a maior piada, não resisti e comecei a rir também. Logo Annabeth e Nico se juntaram a nós.

– Parem de rir e comecem a procurar! – Berrou Tempestade de dentro do táxi.

Levou mais ou menos um minuto para que nós todos ficássemos calmos. Só então percebi o tamanho de nosso problema.

– Gente, talvez seja só a minha impressão, mas eu acho que aquele cachorro está com o olho na boca.

Luke e Nico caíram na gargalhada outra vez, mas Annabeth e eu ficamos realmente preocupadas.

– Calma, muita calma nessa hora. Lyra, você é bem persuasiva, converse com o cão. – Nico continuava rindo como nunca.

– Muito engraçado Nico. Annabeth, o que vamos fazer?

A loira já se aproximava do cão, sorrindo como uma boba.

–Aqui cãozinho, cãozinho lindo. Dá o olho pra mim, dá?

Luke parecia a prestes a deitar no chão e começar a rolar de tanto rir, Nico não estava diferente.

– Ei cãozinho, que tal trocar o olho por um belo filé de filho de Hermes, ou quem sabe um filho de Hades mal passado? – Olhei com cara feia para os dois que riam sem parar. – Façam alguma coisa!

– Aí cão, se você tem amor à vida, você me dá esse olho cara. – Ameaçou Nico entre gargalhadas.

– Isso aí, se não quiser sentir o corte da minha espada nova, é melhor dar logo esse olho. – Disse Luke.

– Chega de brincadeira, temos pouco tempo.

O cão era grande, mas não do tipo ‘cão infernal’. Ele rosnava alto cada vez que tentávamos nos aproximar.

– Espere, já sei. Eu vou pular sobre o cão e quando eu imobilizá-lo, Nico segura a boca e uma de vocês duas pega o olho. – Disse Luke.

Ele se aproximou do cão e saltou sobre ele. Por um momento achei que ele o matou, mas logo vi que o cão lutava. De uma forma estranha, Luke segurou as patas do animal. Nico se aproximou e segurou a boca.

– ahn, eu não vou pegar. – Disse a Annabeth.

– Nem eu.

– É você que quer o namorado de volta. – desafiei

– Isso não é desculpa. Eu aposto que você quer o seu também. – Droga. Annabeth é tão Annabeth.

Aproximei-me do cão, evitando ao máximo o olhar de Nico, ele tinha ouvido o que Annabeth havia dito e aquilo não em deixou nenhum pouco confortável.

– Anda logo, Sunshine. – disse Luke.

Tirei o olho e o arremessei no chão.

– Eca!

– Deixa de frescura garota! – Nico me olhou com um sorriso divertido nos lábios.

Luke empurrou o cão para longe e ele correu. No táxi, as bruxas faziam o maior escândalo, ainda brigando uma com a outra.

– Aqui está o olho. Ele foi meio que mordido por um...

Senti uma mão cobrir a minha boca e alguém sussurrar algo como ‘isso elas não precisam saber’. Era Nico, que ainda sorria. Ele baixou sua mão lentamente, fazendo ela percorrer o meu braço até parar em minha mão, então ele a soltou quando Luke se aproximou do táxi.

– Ok, será que podemos continuar agora?

– Acho que vocês podem continuar sozinhos daqui.

Vespa enfiou o olho em seu rosto e a briga recomeçou.

– Deixa, é melhor mesmo irmos sozinhos daqui. – Puxei Luke de perto do táxi, uma vez que ele parecia realmente disposto a usar a nova espada em uma das bruxas.

– Temos menos de uma hora até o por do sol.

– Eu sei, mas estamos perto.

Ele sorriu, mais calmo agora. Começamos a caminhada até a estátua, realmente não estávamos longe. A conversa até lá foi agradável, seguimos rindo do episódio do olho e fazendo piadas sobre isso.

Aos pés da estátua, outro problema.

– Ok, dinheiro para subir a gente não tem. Então, vamos voar? – Brincou Nico.

– Ótima idéia. Mas eu tenho uma melhor...

Luke nem teve tempo para falar sua idéia que com certeza se resumia a roubar dinheiro de turistas, pois algo realmente grande e barulhento apareceu ali.

Mitologicamente falando, leões gigantes são bem piores que bruxas cegas que dirigem. A fera movia-se com precisão enérgica em nossa direção. Enquanto eu olhava, ele hora parecia um leão gigante, hora um grande cão. A névoa e seus truques.

– O leão de Neméia? Ele está de volta? – Perguntei.

– Tem muita gente aqui, isso não é bom.

O leão estava se aproximando cada vez mais.

– Alguém aqui tem um Héracles? Ou ao menos a força dele?

– Acho que já chega de piadas Nico. Temos que abria a boca dele, então eu posso me virar com as flechas. – Falei.

– Tive uma idéia. Quando eu der o sinal, seja rápida Lyra.

Luke me explicou resumidamente seu plano. Eu achei um tanto perigoso, mas concordei.

Ele correu até o leão, depois puxou a espada que trouxe com ele do acampamento e a levantou. As pessoas começaram a perceber algo errado, então começaram a deixar o lugar. Assim que o leão se aproximou de Luke, rosnou alto, abrindo a enorme boca. Em um movimento rápido, Luke colocou a espada de modo a segurar a boca do leão aberta.

– Agora Lyra.

Puxei a linha do arco que ganhei de Nick e uma flecha apareceu. Lancei-a na direção da boca do leão, acertando-a em cheio. Em seguida lancei outra e outra, e mais uma, até o leão cair e desaparecer em poeira. No lugar onde ele estava, ficou apenas um casaco.

– Isso foi...

– Pegue o casaco e vamos Lyra, não temos muito tempo. – Gritou Annabeth.

– Mas como vamos entrar? – Perguntei.

– Apenas me sigam e façam como eu fizer. – Disse Luke.

Seguir o filho do deus dos ladrões foi fácil. Parecia que Luke sabia exatamente para onde ir e não ser pego, em pouco tempo, tínhamos subido.

Lá em cima, uma mulher se destacava entre os turistas. Seus longos cabelos negros flutuavam com o vento e seu vestido branco fora feito unicamente para ela, pois lhe caía perfeitamente bem. Toda vez que eu olhava para Leto conseguia imaginar novos motivos para Zeus ter se apaixonado por ela. Ela era linda, uma mistura do que meu pai tem de melhor e do que Ártemis tem de mais bonito.

– É bom vê-la novamente Lyra.

Ela não sorria como fez da última vez, não parecia que era realmente bom me ver outra vez. Será que ela sabia algo sobre a mulher de terra?

– É lindo, não acha? – Continuou ela. – Seu pai e sua tia fazem um lindo trabalho.

– Sim, é lindo. – Concordei.

– Tenho observado você desde que voltou. Vocês dois.

Ele correu o olhar de mim para Luke.

– Podem nos deixar a sós por um minuto? – Pedi aos outros. Senti que mais do que nunca precisava de um bom conselho de Leto.

Os outros assentiram e foram parar distante de nós. Olhei para Leto várias vezes, sem ter certeza do que dizer.

– Eu não sei o que está acontecendo. – Admiti.

– Eu sei que não. Acho que você não tem noção da gravidade da situação. Lyra, aquela que te trouxe de volta... Ela sempre foi uma grande inimiga dos deuses. Se aliar a ela pode significar o fim de tudo que conhece. A raiva que sente do seu pai, essa raiva realmente não existe, ela nunca existiu, isso foi algo injetado em você por ela. Ela precisa de você, ela precisa usá-la, precisa de você e Luke e ajudá-la é...

– Queimar minha própria casa.

– Exatamente. Lyra, você sabe que seu pai sempre te adorou e nunca escondeu isso. Sua pequena arqueira, seu maior orgulho.

– Não parece, ele nunca... Eu nunca tive ele por perto e nunca...

– Você deve entender o quão difícil é para ele, como é para qualquer deus, se separar de um filho. Eu mesma sou prova disso, veja, esse é o único momento que tenho com meus filhos. Ele deve obedecer as ordens de Zeus.

– Eu não sei o que fazer agora. – Disse depois de um longo silêncio.

– É hora de escolher um lado para lutar.

– É aí que está, se eu não escolher o lado da mulher de terra, eu vou morrer... Outra vez.

Leto sorriu, passando as mãos por meus cabelos.

– Mulher de terra, um bom nome. Sabe, ela chegou tremendamente perto da primeira vez que tentou. Ficou furiosa depois da primeira guerra com os titãs. Ela criou os sete. Mesmo adormecida ela é perigosa e se ela despertar será o fim. O fim de tudo.

– Quem é ela?

– Eu tenho absoluta certeza de que você já sabe quem é.

Comecei a pensar em tudo que havia passado até ali. Quando matei Píton e a terra tentou me engolir. Quando falei pela primeira vez com a mulher adormecida que parecia feita de terra. Quando matamos o gigante e...

– Gaia! Nós estamos ajudando Gaia!

Leto assentiu. Na mesma hora comecei a chorar, o que eu estava fazendo? Eu estava condenando toda a humanidade, era muito egoísmo de minha parte. Muito.

– Ela é a única que tem poder de abrir portas nas partes mais profundas da terra. Foi assim que ela os trouxe de volta. É assim que ela está fazendo para trazer os monstros de volta tão depressa. Ela está abrindo as portas da morte. A vingança dos sete está prestes a começar.

– Eu... Eu não quero fazer parte disso. Eu não quero ajudá-la.

– Você não precisa Lyra. Você é uma menina esperta. Ela quer usá-la porque acha que pode, no momento ela confia em você. Você provou isso nessa semana que esteve sendo observada, você fez o que ela pediu, você está tentando reconquistar seus antigos amigos. Ela acha que poderá usar você a qualquer momento, deixar que você mesma leve os semideuses à ruína.

– Não posso fazer isso, simplesmente não posso. Eu, meus irmãos, nós somos...

– Eu acredito em você.

– Mas se eu não fizer, vou morrer. E se eu morrer, ela poderá trazer outro, outro que realmente possa fazer isso.

– É aí que está a questão. Você deve continuar agora, mas acho que você já escolheu um lado para lutar, não é mesmo?

– Sim, eu já escolhi.

Meu reflexo no espelho de Cassandra tinha razão. Era hora de mostrar lealdade a quem devo a vida. E eu não devia a Gaia.

– Continue mentindo, é importante agora. Deixe que ela continue confiando em você, por hora, deixe tudo como está. Ela vai procurá-la em breve e você ouvirá tudo com atenção. Lyra, vamos trabalhar juntas outra vez.

Ela me abraçou e chamou os outros.

– Acho que vocês têm algo a procurar. O amuleto de Hera esteve muito bem guardado por muito tempo, e recentemente, sumiu, junto com a deusa. Ele tem parte do poder da deusa guardado nele, e será útil para os deuses em uma guerra, pois serve para manter a família unida. Os inimigos querem mantê-lo longe, porque isso lhes convém.

– Onde podemos encontrá-lo? O que é esse amuleto?

– Isso eu não posso dizer. Mas sei de pessoas que podem, entretanto, isso será realmente perigoso.

– Se esse é o único jeito...

Leto entregou um pedaço de papel a Luke.

– Sei onde fica.

– Mas é claro que sabe. – Leto sorriu. – É um bom lugar para começar a procurar.

Nos despedimos de Leto e voltamos para baixo. Eu mal podia esperar a hora de poder conversar com Luke à sós e contar a ele tudo que Leto me disse.

– Que lugar é esse Luke? – Perguntei quando chegamos no parque aos pés da estátua.

– Colorado Springs.

– Já estive nessa cidade. É onde fica o monte Pikes peak, onde fica Eólia. Isso fica bem longe daqui. Vamos levar dias sem um transporte adequado.

Começava a me perguntar como iríamos ir para tão longe quando um carro estacionado em um lugar proibido chamou minha atenção. Era um maserati Spyder vermelho conversível. Eu reconhecia muito bem aquele carro. Era o carro do meu pai.

Corri até o carro, mas não havia ninguém dentro dele, apenas um bilhete preso ao volante.

‘Lyra,

É bom ter você de volta. Não posso ir vê-la, as regras de Zeus são claras, estou fazendo isso às escondidas. Pode me fazer um grande favor? Leve meu carro até meu templo, em Yuma, no Arizona (Main Street, no histórico Norte's End, o centro de arte), até as 4 horas da manhã, sem atrasos. Lembre-se, o dia não pode esperar. Confio em você.

Com amor,

Papai’

Obviamente, o templo de meu pai ficava no lugar mais ensolarado do mundo e em um centro de arte. Mas ele estava me pedindo para dirigir seu carro, sozinha? Eu devia apenas levá-lo ao seu templo, mas poderia muito bem unir o útil ao agradável, contando que esse agradável não passasse das 4 da manhã.

– Ei pessoal, acho que temos um jeito de chegar rápido a Colorado Springs.

Como a ninfa oráculo disse, às vezes precisamos voar para encontrar o que queremos.


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