até que a Morte nos Separe escrita por Rayani


Capítulo 2
Nosso fim?


Notas iniciais do capítulo

Parte final.
Espero que gostem.



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Assim que acordei no dia seguinte, vi Bella sentada na beira da cama de cabeça baixa e de costas para mim. Não puxei conversa, somente me levante e rumei ao banheiro para tomar um banho e me arrumar.

Quando voltei para o quarto ela já não estava lá, fui até a cozinha e a encontrei dando café da manhã a Théo. Seu olhar permaneceu baixo, ela continuava sem me olhar, e eu também não faria nada, já havia aceitado fazer uma coisa um tanto constrangedora.

Assim que terminamos o café e nos preparávamos para sair, eu me aproximei dela pronto para começar a encenação. Bella permaneceu parada e então eu a peguei em meus braços. Foi muita amis estranho do que eu imaginava que seria, até que ouvi palmas e gargalhadas vindas de Théo.

- O papai está carregando a mamãe no colo. Êeeee !

Olhei para ela que olhava o nosso filho com um leve sorriso triste no rosto, a carreguei até o portão de entrada de nossa casa, e quando a coloquei no chão recebi um “obrigada” sussurrado baixo por ela enquanto nosso filho ainda festejava a cena dos pais.

Fui para o escritório onde tratava dos casos e por vários momentos do dia meu pensamento voltava para o que aconteceu pela manhã. Sai de meus desvaneios quando minha secretária Jane anunciou que minah esposa estava aguardando em uma ligação.

- Aconteceu alguma coisa com o Théo?

Perguntei assim que atendi o telefone.

- Não está tudo bem. Eu só queria te pedir mais uma coisa...

a linha ficou em silencio por alguns segundos até que ela continuou.

- não comente com ele sobre o divorcio ainda. Espere passar esse prazo que te pedi de trinta dias...por favor.

- Eu não vou falar nada com ele por agora.

Bella suspirou e encerrou a ligação com um obrigada. Na verdade eu não concordava muito com isso, não deixar a casa agora enquanto ele esta passando por testes tudo bem, mais não começar a prepará-lo para o que vai vir a acontecer e ainda o fazer pensar que somos um casal feliz a carregando todos os dias para fora de casa é outra.

No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção em Bella. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, seu rosto já não me parecia tão jovial, seu cabelo estava sem brilho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado. E assim os dias foram passando.

No décimo dia, quando eu a levantei, senti uma intimidade maior com o corpo dela, diferente do primeiro dia, agora eu já estava novamente familiarizado com suas delicadas curvas. Bella havia dedicado 10 anos da vida dela a mim, dia após dia, sem interrupção.

No décimo quinto dia, a mesma coisa. Eu evitava comentar sobre esses momentos com Bella para Tânia, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la, e muitas vezes partíamos assim do nosso quarto à porta da casa, sempre com a comemoração de Théo. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.

Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mais não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse - Todos os meus vestidos estão grandes para mim. - Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.

A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso... ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração... Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos. Bella deu um pequeno grito de susto com minha atitude, já que eu só a tocava para carregá-la até o portão.

- Eu não quero te ver sofrer Bella. Apesar de tudo o que está acontecendo, você sempre será especial para mim. Você me deu o melhor da vida que foi o nosso filho.

Nossos olhos se prenderam por alguns minutos.

- Vamos nos atrasar Edward.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse - Pai, está na hora de você carregar a mamãe. - Para ele, ver seu pai carregando sua mãe todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Bella abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de idéia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.

No último dia, eu acordei cedo demais, me sentia angustiado, fiquei observando ela dormi ao meu lado, reparei que seu corpo estava a cada dia mais magro, isso me deixou verdadeiramente triste.

Quando chegou a hora de carregá-la para fora a segurei firme em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu mesmo assim fiz questão de fazer o que era o nosso ritual á trinta dias e me vi pensando alto demais.

- Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo.

Eu não consegui dirigir para o trabalho, fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de idéia. Subi as escadas e bati na porta do quarto. A assim que Tânia abriu a porta e eu disse a ela:

- Desculpe, Tânia. Eu não quero mais me divorciar.

Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa.

- Você está com febre?

Eu tirei sua mão da minha testa e repeti :

- Desculpe, Tânia, eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei Bella no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.

Tânia então percebeu que era sério, me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar. Nunca quis tanto que as horas voassem e ir para casa, para minha esposa, minha Bella. Minha família.

Passei na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para ela. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi:

"Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".

Quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, comecei a chamar por Bella. Com era terça-feira, Théo estaria na aula de Judô. Fui direto para o nosso quarto onde encontrei Bella deitada na cama, provavelmente estava dormindo. Reparei também que havia vários papeis e uma pasta cheia deles ao seu lado na cama.

Comecei a chamar por ela de um jeito carinhoso e suave ainda sem tocá-la. Como ela não respondia e nem dava sinais eu a balancei levemente, porém foi neste percebi o quanto sua temperatura estava baixa. Um desespero tomou conta de mim e a virei, constatando o que meu coração e minha mente não aceitava em acreditar.

Minha Bella, minha esposa, meu amor estava morta.

Sentindo uma dor rasgante e insuportável puxei seu coro para os meus braços e chorei como nunca havia chorado em toda minha vida. Gritei de dor pela perda, de dor por ter feito ela sofrer por tanto tempo, de não ter dado o devido valor a mulher que todos os dias nos últimos dez anos estava disposta para mim.

Pedi a Deus que me levasse em seu lugar, mesmo sabendo que agora de nada adiantava.

Bella estava morta, e eu também me sentia assim.

[...]

não tive mais forças para nada, nem mesmo para chorar. A minha única preocupação era com Théo. Minha irmã Alice cuidou de tudo referente ao velório para mim.

Alguns dias depois, estava em nosso quarto olhando para o nada, até que uma pasta em cima da mesa de canto, a mesma onde Bella escreveu a carta me pedindo o prazo de trinta dias para conceder o divorcio me chamou atenção.

Ao abrir a pasta e começar uma analise minuciosa naqueles papéis, que na verdade eram exames médicos, descobri que minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Tânia para perceber que havia algo errado com Bella. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã.

Aquilo só me fez ter ainda mais certeza do quão egoísta e mesquinho eu agia com ela. Enquanto eu me esbaldava e fazia planos de a trocar por outra, Bella se preocupava comigo, com nosso filho, e aos olhos dele eu ainda era o marido apaixonado e carinhoso que prezava por sua família.

Definitivamente eu iria para o inferno.


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Notas finais do capítulo

Bjus