Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 15
Dia D


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Eu fiquei doente, virose pós carnaval.
Boa leitura.



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PDV Esme

Carlisle continuava visitando os campos de batalha para ajudar, ele chegava arrasado sempre que precisava fazer uma amputação em algum jovem.

- Pena que não dá para recolocar com o veneno.

Ele me dizia ao relatar os casos. Emmet e Edward não tiveram muito sucesso nas primeiras investidas nas florestas, ao que parece às crianças migravam de forma muito aleatória, o que dificultava o rastreamento. E devo confessar que eles não eram muito bons em rastrear.

Mas o que mais me deixava aflita era o comportamento de Rose, parece que acompanhar a morte de Mishka e o desdenhoso comentário de Edward havia alterado alguma coisa em seu interior. Como prometeu não se envolvia mais nos resgates, estava mais introspectiva e distante.

O relacionamento entre ela e Edward ficou ainda pior, ela realmente se magoou e nós não sabíamos como lidar com isso. Acho que pela primeira vez ela entrou em contato com seus sentimentos maternais depois da transformação, e isso a fragilizou. Creio que a conversa entre ela e Emmet também não ajudou, ele confessou a Carlisle que eles discutiram e ele disse que ela não devia ter se envolvido tanto e que este comportamento poderia ter nos comprometido. Parece também que a palavra egoísta foi mencionada ou sugerida.

Edward acabou percebendo o que fez e até tentou se desculpar, mas as palavras já haviam sido ditas e o ressentimento se instalado.

FLASH BACK ON

Estávamos voltando para casa depois de decidirmos que iríamos nos mudar para a Polônia. Edward precisava levar os dois homens que estavam lá em casa e a mulher e as crianças da casa de Emmet até o porto e embarcá-los em um navio para os Estados Unidos. Carlisle e eu corríamos quase em velocidade humana, então Edward parou de correr e nos esperou. Ele argüiu o pai:

- Carlisle por que disse a Rose que o que ela fez foi heróico? O que ela fez afinal?

Eu ia responder, mas ele se antecipou:

- Ela acolheu as crianças órfãs. Emmet ficou preocupado que ela estivesse se envolvendo demais, pois ela deu banho nas crianças, as alimentou e as colocou para dormir no quarto de hóspedes. A menina amanheceu com febre e delirando, chamou-a de mãe muitas vezes.

Ela acalentou a menina, permaneceu com ela mais de oito horas, até que morresse. Aliás, ela tornou a morte menos assustadora e dolorosa para a pequena.

O que disse foi desnecessário e cruel Edward. Sua irmã pode ser difícil às vezes, mas tem qualidades. Hoje, agiu de forma heróica apesar das circunstâncias sombrias e do fato que estar aqui não ser uma decisão dela. E você transformou isso em um momento doloroso.

Você é gentil, justo e generoso filho. Sinto tanto orgulho da maneira honrada como se porta. Tente ser assim com ela também.

Ele baixou a cabeça, envergonhado, e disse:

- Ela estava pensando em como era bonita, ainda mais se comparada às humanas em tempos de guerra. Esme pensou em como era sentir uma criança morta nos braços, ela se lembrou, na verdade.

Senti as mãos de meu marido envolverem mais as minhas e seu olhar terno encontrar o meu. Meu filho continuou ainda constrangido:

- Então a imagem de uma menina ferida apareceu em flashes. Eu achei que ela estava se comparando a menina doente e fiquei irado. Então disse aquilo. Me desculpe pai.

Achei que Carlisle foi um pouco duro com ele, pois respondeu:

- Não é a mim que deve desculpas Edward. Desculpas sinceras. Sua irmã não é má, talvez ela só estivesse escondendo os pensamentos de você.

Senti que Edward estava nervoso e inquieto durante a viagem até a Polônia. Antes de chegarmos ele pediu desculpas para ela. Vi que de alguma forma a atitude do irmão a tocou, mas ela meneou a cabeça e agarrou ainda mais o braço de Emmet. Não disse uma palavra durante o resto do trajeto, nem olhou na direção dele.

FLASH BACK OFF

Desde então ela se fechou mais, está sempre calada e prefere ficar sozinha, percebi que suas crises de memória estavam mais freqüentes. Sabia, porque ela se afastava e voltava horas depois, então tomava banhos exageradamente demorados.

Um dia quando estávamos apenas as duas ela saiu em uma corrida desabalada, eu a segui. Foi muito pior do que na primeira vez que presenciei, demorou exatamente duas horas, quarenta e sete minutos e cinqüenta e quatro segundos. Tentei de todas as formas fazer com que ela percebesse que era apenas uma memória, mas ela parecia em transe.

Seus olhos ficaram abertos e vidrados, mas perderam o brilho, era como se ela estivesse revivendo tudo. Me assustei com a intensidade dos gritos, era angustiante e muito assustador. Ela se debatia, revirava o corpo, tentava fechar as pernas, trincava os lábios, às vezes ela chorava e gemia. Mas então seu corpo começou a se debater tanto que ela parecia estar convulsionando, ela gritava e chorava. Olhou-me, e como se implorasse a mim, disse aos sussurros:

 - Por favor, tenha misericórdia. Me mate.

   Me mate, me mate. Por misericórdia.

Não vou negar, dadas as circunstâncias, uma parte de mim quis atendê-la e livrá-la daquele sofrimento, eu queria dar esta alívio a ela. Mas não podia, não queria perder minha filha, eu a amava. Então me encostei a ela e a consolei, ela recobrou a razão ainda atordoada, olhando seu corpo. Eu entendi que ela estava se certificando que tudo havia sido só uma recordação e disse:

- Está vestida filha, foi só uma lembrança. Eu estou aqui.

Ela enterrou o rosto em mim e chorou, chorou muito. Quando se acalmou, se levantou e saiu andando em direção a casa, ao chegarmos foi á sua suíte e encheu a banheira. Depois passou o resto do dia tomando banho, quando os meninos chegaram, ela ainda estava lá.

Com eles haviam três crianças, dois meninos e uma menina, eles tinham entre seis e dez anos. Ela não quis vê-los, sequer desceu, Edward iria fazer um comentário, mas eu o censurei com o olhar. Ele não imaginava nosso dia, não queria que ela se aborrecesse com nada mais hoje.

Quando as crianças dormiram, sem querer minha mente vagou para a angustiante tarde que tive. Só então imaginei que ela certamente se sentiria envergonhada se Edward visse como ela fica durante as memórias, então me concentrei em relembrar os detalhes da “Capela Cistina”.

Estávamos na Polônia há nove meses e neste tempo resgatamos oito crianças. A maioria delas nem chegou a ser percebida pelos vizinhos fazíamos tudo no maior sigilo.

Ela nem chegou a vê-las, passava todo o tempo se penteando diante do espelho ou escrevendo em um diário que comprou quando ainda estávamos na Suíça.

Assim que Emmet retornava, ela o chamava para caçar e eles sumiam por dias. Edward sempre fazia piadinhas com o irmão quando voltavam das ditas “caçadas”. Ela não esboçava reação parecia ter decidido que o irmão não existia ou não merecia sua atenção.

Emmet parecia querer compensá-la, por isso ficou ainda mais meloso com ela. Sempre a admirando com o olhar deslumbrado, beijando-a, elogiando sua beleza, sussurrando em seu ouvido, abraçando-a. Era o único momento em que parecia contente, apesar de ser meio constrangedor, eu gostava que ele fizesse isso. Gostaria de qualquer coisa que a deixasse menos infeliz. Pedi muitas vezes para que Carlisle reconsiderasse e voltássemos aos Estados Unidos, mas ele não a acompanhava diariamente e sempre achava que eu estava exagerando nos cuidados maternais.

Então recebemos a notícia que os japoneses atacaram Pearl Harbor. Emmet e Edward queriam varrer o oceano pacífico e afundar todos os navios japoneses que encontrassem (incluindo submarinos).

Carlisle teve muito trabalho para convencê-los a não ir, eles não gostaram muito quando ele disse que os vampiros não deveriam interferir na história humana, que não era correto. No fim eles tiveram que acatar a decisão do pai, eu e Rose ficamos aliviadas. Carlisle estava muito inclinado a concordar com a opinião dos filhos ultimamente, foi um alívio saber que eles não sairiam por aí destruindo frotas cheias de armas inflamáveis. Obviamente o fato de o fogo ser a única ameaça real aos vampiros, não passou pela cabeça de meus dois filhos, agora tão bélicos.

Por que os homens gostam tanto de batalhas? Benditos hormônios, achei que vampiros não os produzissem.

Foi então que tudo se complicou, estávamos com duas meninas em casa, elas eram irmãs, a mais velha tinha cinco anos e a menor pouco mais de um. Foi Carlisle quem as achou, um soldado alemão havia violado e matado a mãe delas que tentava se esconder em um celeiro. Assim que chegaram lhe demos novos nomes, nomes hebraicos eram muito marcados, por isso eu as chamava de Sofia e Sylvie, eram nomes comuns na Bélgica, país de onde alegávamos ter vindo.

Elas tinham os cabelos negros e encaracolados e a pele branquinha, o nariz um pouco protuberante, inegavelmente característico dos judeus. Carlisle havia saído para comprar mantimentos para as meninas em outro país, a velocidade nos ajuda nessas horas, principalmente se achar comida não é fácil.

Emmet e Edward estavam tentando arrumar um lar para elas com uns humanos na Holanda. O dinheiro compra até paternidade em tempos de guerra.

Rose estava no andar superior, em seu quarto e eu estava na sala olhando-as brincar. Fui interrompida por um toque urgente na porta, um homem fardado com uma enorme suástica em seu braço. Em velocidade vampiresca eu levei as meninas para o sótão e as escondi, depois voltei para atendê-lo:

- Boa tarde! Ele me cumprimentou em alemão.

- Boa Tarde. Em que posso ajudá-lo? Respondi em sua língua, ele pareceu surpreso.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa Sofia, a menor das crianças, começou a chorar. Ele olhou para cima na direção do som e sem que eu o convidasse entrou e começou a subir as escadas. Sabia que se as encontrasse no sótão a história de que eram minhas filhas não iria surtir nenhum efeito, mas não podia correr na frente de um humano. Foi quando ela me surpreendeu, estava no corredor, próxima à porta de seu quarto (como se tivesse saído de lá) com a bebê no colo, consolando-a:

- Tudo bem amor, mamãe está aqui.

A bebezinha chorava no colo de Rose e a maior estava agarrada à barra do vestido dela, parecia um pouco assustada. Não era para menos, ela foi transportada em velocidade inacreditável duas vezes em menos de três minutos. Rose me olhou e disse:

- Esme, acho que ela teve outro pesadelo. Acordou chorando e acredito que queira você. Essa menina gosta mais de você do que de mim, estou começando a ficar com ciúmes.

Não podia acreditar no que ela estava fazendo, mas parecia estar dando certo, pois o soldado estava mudo até então. Ela me passou a menina, que se acalmou no meu colo, depois olhou para a maior e disse:

- Então filha, quer que a mamãe termine de ler o livro agora?

- Pode ser o da pata Jemima? A menina pareceu entender perfeitamente a situação.

- Claro amor, a mamãe lê esse para você. Ela continuou o teatro.

Ela olhou para o homem, e fingiu perceber sua presença só naquele momento.

- Desculpe-me a falta de educação. Inga Peltzier, prazer.

Eu entrei no teatro e disse:

- O choro da bebê nos interrompeu, também não me apresentei.

Rose continuou as apresentações:

- Essa é minha cunhada, esposa de meu irmão Arno, seu nome é Esme. Deve conhecê-lo, ele é médico, o Dr. Hübner.

Meu marido é belga, mas sou alemã, nasci em Nuremberg. Tenho outro irmão, o Wagner, mas ele ainda é solteiro, está no exército.

Ela falou com desenvoltura toda à história que contamos ao chegar. Acho que a parte de Edward estar no exército foi para que ele simpatizasse conosco. Ele olhou as meninas, então ela disse:

- Essas são minhas filhas: Sylvie, a ávida leitora de Miss. Potter; e a pequena traidora que prefere a tia à própria mãe, é a Sofia.

Ela disse sorrindo e esfregando a ponta do nariz na bochecha da bebê, que devolveu o sorriso para Rose.

- Capitão Von Treitller. Podemos conversar lá embaixo?

- Claro. Respondemos ao mesmo tempo.

Tentei colocar as meninas no quarto, mas ele me impediu e fez sinal para que as levássemos. Ao chegarmos à sala ele ficou na frente da porta e disse:

- Quer mesmo que eu acredite que essas meninas são suas filhas?

Ela o olhou impassível e respondeu:

- Acreditando o senhor ou não, elas são.

Rose passou a menina maior para trás de seu corpo e eu aproximei mais a bebezinha de mim. Ele se aproximou e tomou a menina de meus braços. Eu ia reagir, mas olhei a pequena Sylvie de apenas cinco anos e entendi que ela já havia visto muitos acontecimentos extraordinários por um dia.

- Fui informado de que escondiam crianças judias nessa casa, creio que a informação procede. Vou levar as meninas, fiquem agradecidas por eu não levá-las também. Só vou poupá-las por que estou de bom humor.

Ele disse de forma autoritária e saiu andando com Sofia berrando em seu colo.

- Não vai levar minha filha a lugar algum.

Ela disse o seguindo e ele se virou bloqueando a porta com seu corpo. Segurei Sylvie quando ela passou por mim na esperança de que Rose fizesse algo que o deixasse inconsciente. Mas ele se virou e disse:

- Você é loira, tem traços finos. É visivelmente uma ariana. Ele disse, deixando claro seu discurso higienista.

- Elas se parecem com meu marido. Ela disse apontando para uma foto de Emmet sobre o console.

Ele andou, segurando a menina de forma desleixada. Se aproximou da foto e disse:

- Não é porque seu marido tem os cabelos escuros que vou acreditar que essas judiazinhas são suas filhas.

Dizendo isso apertou o braço de Sofia, que gritou em protesto. Ela colocou a mão sobre o cordão de ouro que tinha e disse:

- É ouro 24, pode ficar com ele, pode ficar com o que quiser. Mas, por favor, não machuque a minha menininha.

Ele andou em direção a porta, saiu e deu a menina a um soldado que o esperava:

- Deixe-a nua, vamos ver se ela gosta do frio. Ele ordenou.

- Por favor, devolva minha filha.

Ela o seguiu e implorou, tentando alcançar a criança. Eu pude perceber um verdadeiro desespero em sua voz.

Ele fechou novamente a porta, deixando a menina do lado de fora e ela dentro de casa. Mesmo assim podíamos ouvir os gritos de Sofia, Sylvie tremia em meus braços.  

Ele a olhou de modo obsceno e disse enquanto passava suas mãos sobre os seios:

- Está piorando a situação Sra. Peltzier, não vai ajudar duvidando de meu compromisso com o Reich. Não pode me comprar, não sou um ladrãozinho qualquer, sou um oficial, me respeite.

Molhou os lábios com a língua, numa atitude nojenta. E disse:

- Poderíamos resolver isso de outra forma. Você é muito bonita, um orgulho para a raça. È só você me acompanhar até um dos quartos e me mostrar como fez essas meninas com seu marido e tudo se resolve.

Aproveitei a distração do homem e saí da sala. Rose era muito hábil, podia cuidar dele sozinha se não houvesse testemunhas.

Deixei Sylvie na cozinha e pedi para que ela não saísse de debaixo da mesa. Depois fui até a frente da casa e chamei o soldado, fingindo que seu superior o esperava no quintal para nos executar, obviamente pedi que trouxesse a menina. Ao ficar longe dos olhares curiosos, eu bati em sua nuca, deixando-o inconsciente e peguei Sofia. Corri para dentro de casa pelos fundos, peguei a maior debaixo da mesa e ia subir as escadas quando a vi.

Ele era um humano com pouco mais de um metro e oitenta, corpo musculoso e devia pesar mais ou menos 90 Kg. Para nós seria como matar uma mosca, mas ela estava acuada entre ele e a parede. Ele esfregava o rosto na região dos seios sobre o tecido, estava com uma perna entre as delas, com uma mão tentava alisar suas coxas suspendendo o vestido, com a outra tentava abrir as calças.

Então eu olhei os olhos de minha filha, ela estava paralisada de pânico. Naquele momento ela não se lembrava que era vampira e podia matá-lo facilmente, para ela ele era um agressor, assim como Royce e seus comparsas. Então ele disse algo que fez com que a caçadora assumisse seu lugar em mim:

- Você não é mãe delas. A mãe delas não era tão bonita e gritou muito mais quando eu resolvi o problema desta mesma forma. Apesar de que, para ser sincero, vocês me parecem todas iguais. Quando abrem as pernas, todas têm um buraco no meio.

Levei as meninas para um quarto e pedi para que ficassem lá, Sofia ainda chorava. Eu a enrolei em um lençol e a deitei na cama o mais rápido que pude. Peguei uma toalha e desci as escadas. Ele estava tão concentrado que sequer se deu conta do choro no andar superior, muito menos de minha aproximação.

Enrolei uma ponta da toalha em uma mão me aproximei. Passei a toalha por seu pescoço, peguei a outra ponta com a mão livre e o estrangulei um pouco (não podia fazer barulho). Só queria que ele ficasse inconsciente, não era hora dele morrer ainda. Carreguei-o até o porão, voltei e pedi que Rose fosse ver as meninas. Ela ainda estava em pé próxima a parede.

Alguma coisa fez meu instinto mais primitivo assumir o controle, não sei se o fato dele ter matado a mãe das meninas, ou porque ele sabia o tempo todo que não eram filhas de Rose e só ficou para violentá-la.

Só sei que via o mundo vermelho, o veneno queimava a minha garganta e uma inquietação misturada com adrenalina não me deixava parar no lugar. Uma parte de meu cérebro tentava racionalizar e me mandava deixá-lo ainda vivo em algum lugar na floresta ou em uma estrada junto com o soldado do quintal. Mas outra se sobrepunha a essa e exigia que eu matasse, não apenas que bebesse o sangue, mas matasse com requintes de crueldade.

Ah! O soldado no quintal, me lembrei dele. Subi, peguei o corpo inerte do homem no quintal, depois voltei e o deixei na cozinha. Amordacei-o capitão com uma tira de meu vestido, não queria chamar atenção, não deveria fazer barulho.

Estapeei-o para que recobrasse a razão, ele ficou um pouco atordoado no início, mas logo se colocou de pé.

Me escondi em uma parte sombreada do porão e deixei ele tentar encontrar a saída. O jogo estava começando, não pude fazer Royce pagar, mas esse ia sentir a minha fúria.

Me aproximei por trás, e peguei uma de suas mãos, seu pele protestou a frieza da minha. Eu girei sua mão e ele instintivamente virou o corpo, então vi seus olhos, estavam cheios de pavor. Eu disse:

- Isso é para nunca mais você esfregar suas mãos sujas em minha filha.

Dito isso eu quebrei dedo por dedo de suas duas mãos, ele se debatia tentando se soltar e urrava de dor, mas a mordaça abafava o som. Ele tentou correr, assim que livrou suas mãos das minhas, então eu tive que impedir. Impulsionei meu corpo e pulei caindo em sua frente, ele se assustou com meu gesto e enfim percebeu que eu não era normal. Suspendi a perna e a baixei bem no meio de sua canela, pude ouvir a tíbia se partir, dessa vez acho que deu para ouvir o grito.

- Não vai a lugar nenhum. Eu o informei.

Arrastei-o de volta para o fundo do porão. E me sentei para observar sua dor, depois resolvi conversar:

- Como é lutar com uma pessoa que não se assusta com esse símbolo em seu braço? Com alguém que pode se defender?

Quer dizer que todas as mulheres têm um buraco no meio, não é? Sua mãe não lhe ensinou bons modos, não?

Ele me olhava como um menino quando está em frente ao bicho papão. Edward tem razão, todos os valentões são no fundo covardes.

- Bom, como diz o ditado: “Comigo o buraco é mais embaixo”. Acho que tem outra coisa que eu não gostaria que você usasse novamente.

Me aproximei e abri suas calças, ele tremeu ao perceber o que faria. Primeiro eu esmaguei e depois eu arranquei seu sexo, o monstro dentro de mim celebrava de alegria. Mas então eu senti o cheiro de sangue, e antes que pudesse me controlar, meus lábios estavam em sua jugular. A parte racional de meu cérebro, apresentou a imagem de Carlisle entristecido depois de minha primeira caçada, o desastre de minha primeira caçada. Sentindo uma dor excruciante eu deixei o homem, mas já era tarde demais, minutos depois ele se contorcia com outra dor, a dor do veneno transformando seu corpo. Por isso terminei o que comecei e logo não havia uma gota sequer em seu corpo.

Quando tudo acabou, não havia mais regozijo, ou alegria. Estava profundamente envergonhada por ter me alimentado com sangue humano e aterrorizada com a crueldade do que fiz. Empurrei o corpo sem vida para longe de mim, minhas mãos estavam sujas de sangue. Eu chorei, agora eu era quem estava apavorada. Do que eu era capaz em um momento de fúria?

Só então me lembrei de Rose, ia subir, mas fui interrompida pela voz de Carlisle chamando meu nome.


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Notas finais do capítulo

Muitíssimo obrigado a todos que acompanham e comentam: Inês TMM, Nandinha Sweet (minha priemira leitora), e IsabellaSCullen (a mais recente). Meu agradecimento especial a fofíssima Nyh_ Cah que me recomendou, muito obrigado mesmo amiga. Estou comovida com sua delicadeza.
Até próximo domingo.