Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 13
Guerra




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Guerra

PDV Edward

Carlisle retornou do hospital com a cabeça fervilhando, foi difícil ficar perto dele. Ele tem uma linha de pensamento às vezes meio ilógica. Pode se concentrar em um assunto fixamente, como também pode começar pensando sobre ele e acessar tantas referências que já fazem parte de sua memória que fica complicado compreender ou acompanhar. Ele estava considerando todos os prós e os contras de ir à guerra, isto o incomodava há dias.

Esme, é claro, se angustiava com a postura reflexiva do marido, ela o conhecia o suficiente para perceber o motivo de sua contrição. Da mesma forma, temia que eu e Emmet o acompanhássemos, ela sabia que ele significava muito para nós.

Eu certamente não permitiria que ele fosse sozinho, precisava ter a certeza que vampiros nômades da Europa não estavam envolvidos nas pelejas. Muitas tragédias humanas têm explicação em disputas territoriais entre vampiros.

Os tais ditadores, podiam ser apenas títeres em suas mãos. Vampiros são persuasivos de várias formas, nem sempre coercitivos ou violentos.

Emmet não permitiria que fôssemos sem ele, não é de sua natureza ser imparcial ou se furtar de tomar posições. Ela se preocupava com a azedinha, tinha medo dos efeitos que a ausência de Emmet poderiam causar à ela.

Então eu vi a imagem se formar em sua mente, uma reunião, todos á mesa, rostos entristecidos e seu receio de olhar diretamente para a esposa. Ele passou por mim e sem me olhar disse:

- Vá buscar Emmet e Rosálie, sei que já sabe o que farei. Preciso de um tempo com Esme. Podemos nos reunir em uma hora.

Fiquei em uma praça por uma hora e fui á casa dos pombinhos. Apesar de estarem casados há três anos, eles se comportavam como recém casados (se me permitem a grosseria, no cio), me arrependo tanto de ter dado o maldito livro para o Emmet. Devia ter me dado conta de que ele seria capaz de se virar sozinho. E ela estava me surpreendendo, apesar de perceber que ela mesma se surpreendia e constrangia com suas reações, com o que era capaz de fazer com ele.

Me aproximei da casa e por mais incrível que possa parecer eles não faziam nada impróprio para menores de dezoito anos. Rose estava ajustando as cortinas do escritório (no momento em que me aproximei viu sua imagem refletida no vidro e começou a admiração narcisista) e ele estava lendo a coluna de esportes de um jornal de circulação estadual.

Rose, como sempre perceptiva, sentiu meu cheiro antes do marido, ela imediatamente abriu a porta para me receber. Nesses anos aprendemos a ser mais civilizados, por conta de nossos sentimentos pelo Emmet e por desejarmos que ele fosse plenamente feliz.

- Edward. Não que eu não aprecie suas visitas, mas o que faz aqui? Ela disse sendo educada.

Ao ouvir meu nome Emmet desceu as escadas e veio ter comigo:

- Edward, seja bem vindo. O que te traz aqui.

Vi que Rose queria ajeitar minha gravata, mas não sabia se eu permitiria a proximidade, ajeitei eu mesmo e ela me olhou de solsaio. Eu fui direto:

- Carlisle me pediu para chamá-los. Parece que teremos uma reunião familiar.

Emmet, como sempre prático disse:

- Então vamos.

Durante o percurso pude ver a mente de Rose formando hipóteses sobre o motivo da reunião, ela estava muito perto. Prestava mais atenção às notícias do que eu imaginava. Mas foi só começar a admirá-la para me decepcionar mais uma vez, seus pensamentos forma para a escassez da oferta de produtos de higiene e roupas durante a guerra. Em pouco tempo estávamos com Carlisle e Esme, era notável que ela havia chorado.

Assim que a viu Rose se sentou ao seu lado no sofá e segurou suas mãos, tinha que admitir que ela era muito carinhosa com Esme. Carlisle se levantou e com sua voz contida disse:

- Acho melhor que sentemos á mesa para essa conversa. Alguma serventia nossa sala de jantar deveria ter. Ele tentou fazer graça.

Ao acompanhá-lo não tivemos coragem de dizer nada, tudo estava em régio silêncio. Ele se acomodou na cabeceira, Esme se sentou à seu lado direito e eu do lado dela, Emmet se sentou à esquerda, sucedido por Rose. Ele começou seu discurso.

- Ontem a Alemanha e seus aliados invadiram a França, tenho receio de que ela e a Inglaterra não estejam preparadas para este novo tipo de guerra.

Acho que elas esperam vencê-los pelo cansaço. Mas Hitler tem estratégia para esmagá-los antes. A china não resistiu ao ataque japonês, mesmo tendo muitas artimanhas para fazê-los cansar.

Talvez a Inglaterra consiga impedir a invasão, mas mesmo assim ficará isolada, será a única contra a Alemanha na Europa.

Mas o que mais me preocupa na verdade é o que ouço ser planejado pelos alemães para os judeus. Dizem que os estão isolando em guetos e que alguns estão sendo transferidos para uma espécie de acampamento, chamados de campos.

Estou convencido de que devo ir a Europa para ajudar, primeiramente pelo fato de ser um inglês, apesar de me considerar um americano, já que minha família está aqui.

- Ir à guerra? Rose perguntou cabisbaixa.

Seus pensamentos gritavam: “Bem que eu desconfiava”.

- Rosálie, sei de seus receios quanto a isso, mas não podemos nos calar diante da opressão. Não pretendo interferir nos rumos da história humana, não que isso seja proibido, mas não é correto. Não irei liderar o exército, apenas pretendo usar minhas habilidades para aliviar o sofrimento daquelas pessoas. O que farão com os judeus é monstruoso, pesquisas médicas, genocídio, não podemos ficar inertes.

Além disso, é uma guerra humana, não nos oferece qualquer perigo.

- As armas humanas estão bem mais evoluídas, não são mais lanças e espadas. A maioria delas tem relação com o fogo, são incendiárias.

Ela retrucou olhando para as mãos. Senti Esme arfar de medo com as novas informações.

- Ainda assim pretendo ir. Carlisle se impôs.

- Então iremos também. Emmet disse resoluto.

- Todos? Esme perguntou chorosa olhando para mim e Edward.

- Preciso me certificar dos pensamentos dos outros Esme, será melhor para a segurança de Carlisle e de nosso segredo. Você pode compreender não é? Eu disse tentando aclamá-la.

Ela retirou a mão que estava sobre a de Carlisle e abaixou a cabeça para olhar o tampo da mesa, parecia estar decidida a não chorar ali. Mas em sua mente vi um traço de raiva pela atitude de Carlisle de alguma forma nos afastar de seus olhos maternais. Rosálie a olhou solidária, imagens retorcidas de agonia começaram a saltar em sua mente, mas ela se concentrou em repelí-las. Carlisle olhou tristonho para elas e considerou se não era um erro ir, então Emmet disse:

- Sim Esme, quando disse todos, eu falei nós cinco. Andei lendo sobre a situação, a perseguição dos alemães aos judeus começou em 33, eu nem era vampiro.

Ele tentou fazer graça. Emmet sempre será Emmet. Carlisle levantou a mão, mas ele também levantou a sua como se pedisse para concluir o pensamento.

- A única forma de ajudá-los é retirando-os de lá e os levando para países neutros. Então creio que devemos nos instalar na Suíça ou Suécia, e fazermos incursões pela Polônia e Alemanha. Os países europeus são próximos, cobrimos os territórios em pouco tempo e temos o instinto para nos ajudar a prever os movimentos dos soldados. Então nosso trabalho seria deslocar as pessoas aos países neutros, onde estejam em segurança.

Esme parou de controlar o choro e passou a escutar Emmet com atenção, a idéia não parecia tão tentadora para Rose. Carlisle estava relutante em nos expor tanto, ele tinha planejado se oferecer como médico voluntário em front. Ajudar a diminuir as baixas com suas habilidades médicas. Emmet prosseguiu:

- Podemos chegar como pessoas com interesse em explorar a indústria da guerra, mas nosso álibi só será convincente se formos como família. Eu e Rose podemos ficar em uma cidade como recém casados e vocês em outra com a mesma história de sempre, o médico e sua esposa que cuidam do irmão mais novo. Deixamos Esme e Rose para receber as pessoas até acharmos lugar para onde enviá-las e resgatamos quem pudermos.

Tive um pouco de inveja de Emmet, queria ser eu o autor de um plano tão bem elaborado. Esme parecia um pouco mais animada e Carlisle não podia negar que se sentiria melhor se pudesse estar ao seu lado.

- Creio que tenha razão Emmet, seria muito difícil deixá-los aqui (ele olhou para Esme com ternura, acho que queria dizer como seria difícil não estar com ela). E prefiro saber onde estão, do que ter a notícia que dois vampiros novos saíram sem autorização para se lançar em uma guerra de proporções mundiais.

Vou providenciar nossa mudança e identidades que comprovem nossa “história”.

- Mas eu não quero ir. Rose protestou.

Não consigo crer como essa criatura é tão egoísta. Como ela simplesmente não queria ajudar a pessoas inocentes que estavam sofrendo? Será que não se lembra do que Carlisle relatou sobre a China?

Eu fiquei nervoso e provavelmente começaríamos mais uma de nossas brigas, mas Carlisle me impediu se levantando da cabeceira e colocando sua mão em meu peito me impedindo de reagir.

- Fale Rosálie. Ela disse com sua intransponível tranqüilidade.

- Não acho que devamos ir, os Estados Unidos é um país neutro não? Podemos ficar aqui e organizar a distribuição das pessoas que chegarem. Estaríamos ajudando de toda a forma e não precisaríamos nos mudar. Eu gosto da península Olympic, é bom viver aqui, é tranqüilo e há tanta nebulosidade que podemos sair quase todos os dias.

- Como eles chegarão aqui, dondoquinha? Eu perguntei com a voz alterada pela raiva.

Ela me olhou com o mesmo sentimento, sua mente foi invadida por imagens suas com os vestidos novos que Esme fazia para ela. Me pareceu que estava tentando camuflar seus reais pensamentos. Carlisle resolveu se pronunciar.

- Não é má idéia Edward. Precisamos de muitos lugares para mandá-los, eles podem ficar aqui.

- Talvez pai, seja melhor ficar aqui.

Notei que ela usou a palavra pai, essa mulher era o ardil em pessoa. Estava tentando amolecer o Carlisle com seu ataque de doçura repentino. Ele a olhou enternecido e ela soube que tinha ganhado sua atenção. Por isso sorriu vitoriosa para mim e disse:

- O fato é que eu desconfio que logo os Estados unidos entrarão na guerra, não tardará. Os países aliados não estão dando conta do eixo. Se isso acontecer mandarão os soldados e os médicos que puderem. Então é aqui que precisarão de médicos, para recuperar os que voltarem.

Além do mais, precisarão de professores nas universidades e o senhor poderá compartilhar o conhecimento que vem acumulando ao longo dos séculos. Imagine as muitas vidas que seriam salvas se o senhor pudesse ensinar a uma dúzia de médicos. Edward mesmo parece se interessar muito por medicina.

Ela tinha realmente lançado sua teia de intrigas. Maldita loira!

Carlisle agora vacilava. Qual será sua decisão?


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Notas finais do capítulo

Descaulpem a demora, quando fui postar o site estava fora de operação. Então tive que viajar e só voltei hoje.
Para compensar, um capítulo hoje e outro no domingo.
Por favor comentem, é só um minutinho e não custa nada. Não podem imaginar a alegria que a opinião de vocês trazem para quem escreve.
Obrigado pela compreensão. Bjs:)