Perspectiva escrita por mamita


Capítulo 1
A véspera




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PDV Rosálie

Amanhã me casarei! Na hora mais segura do dia para minha espécie me tornarei uma mulher casada e honrada. Serei de fato uma Cullen, já que apesar de chegar à família primeiro, sinto que o Emmet se adaptou melhor. Posso sentir a satisfação do Carlisle nas pequenas conquistas dele, o olhar maternal de Esme e a crescente camaradagem entre ele e o Edward. Agora para todos os efeitos sou “Rosálie Lílian Hale”, sobrinha da piedosa “Sra. Cullen”, casada com o respeitável “Dr. Cullen”, que cria o brilhante irmão mais novo “Edward” e um prodigioso filho adotivo “Emmet”.

Não foi fácil me adaptar a esta minha condição, o fato de ser vampira não me permite esquecer o motivo pelo qual Carlisle precisou me transformar, a fatídica noite que me roubou a vida. Às vezes minha mente me transporta para aquele martírio e é tudo tão nítido que pareço estar novamente em Rochester. Tudo piora quando Emmet não está, mas por outro lado hoje não tem o telepata para invadir minha mente. Sinto que a noite vai ser longa!

Meu noivo, Carlisle e Edward saíram para uma despedida de solteiro (apenas alguns ursos, foi o que prometeram) e voltarão a tempo (outra promessa). No quarto ao final do corredor Esme está terminando meu vestido, que fiz questão de não ser branco por que não ouso ostentar uma honra que já não me pertence, perolado como acordamos. Apesar de nossas habilidades vampirescas, não sei como ela pode realizar tantas atividades ao mesmo tempo, por que (apesar de parecer ser um segredo) sei que eles irão nos dar uma casa de presente, creio que ela deve estar reformando e decorando tudo.

De repente um som faz minha respiração parar, do quarto de Esme ouço uma música tocar no rádio, era a mesma que preenchia a modesta sala da casa de minha amiga Vera.

Lembro-me que era a trilha de um filme e nessa cena Ginger Rogers e Fred Astaire dançavam no salão. Gostava do filme, acho que é a voz de Frank Sinatra.

Heaven, I'm in Heaven,

(Paraíso, eu estou no paraíso)


And my heart beats so that I can hardly speak;
(E meu coração bate tanto que eu mal posso falar)

And I seem to find the happiness I seek
(E eu pareço encontrar a felicidade que eu procurei)

When we're out together dancing, cheek to cheek

(Quando nós estamos juntos lá fora dançando de rostos colados)

Mas não foi o paraíso o lugar para onde fui transportada aquela noite. È tão real que para mim estou no tapete brincando com o pequeno Henry, suas covinhas me enternecem, penso nos filhos que terei. O marido dela chega me tirando de meus devaneios maternais e percebo, para a minha surpresa, que já anoiteceu. Despeço-me e os surpreendo em um momento de muita ternura. Está começando, posso sentir minha turva e nublada memória humana se esgueirando sorrateira.

Sem que minha mente comande, meu corpo cai no chão, minhas mãos enlaçam meus joelhos, meus olhos fecham e meus dentes trincam. Imediatamente as lembranças me assaltam violentas, não fosse o cheiro de Esme e o som de sua respiração, juraria estar novamente na gelada noite de abril de 1933.

PDV Esme

Pérolas, é isso, faltam pérolas nesta barra. Rose é tão linda, será a noiva mais deslumbrante de que já se ouviu falar. Só não consigo entender por que o vestido não pode ser branco, Edward disse que era melhor não insistir, deve ter lido o motivo em sua mente.

No fundo sinto pena da Rosálie, tudo foi muito brutal. Edward me disse que não consegue saber com clareza, vê que ela está preocupada com o clima prejudicar a festa de casamento, Royce e um grupo de amigos, um grampo arrancado do cabelo, dor, risadas, roupas sendo arrancadas, olhares obscenos, mais dores e então ela já está longe de seu alcance, ela correu.

Deve sentir vergonha, eu sentiria. Meu corpo desnudo visto por tantos homens, minhas vergonhas expostas, minha virtude arruinada, a desonra, saber que Edward pode ver isto, que o Carlisle viu seu corpo.

O Emmet é um bálsamo para todos nós, foi a primeira vez que ela conseguiu se concentrar em algo que não fosse ódio e vingança. Correr toda aquela distância, pondo seu autocontrole à prova, com tanto sangue derramado, foi suficiente para que o Carlisle aceitasse transformá-lo.

Desconfio que ele só concordou por culpa, ele seria capaz de fazer qualquer coisa para diminuir o sofrimento de Rose. Depois que ela despertou para esta nova vida e ele percebeu o quanto preferia a morte, o quanto odiava ser vampira, meu marido se martiriza de culpa, é muito doloroso, para os dois, aliás, para mim também. Quando os noivinhos começaram a trocar olhares, ele só faltou soltar fogos de satisfação.

È impossível não notar as mudanças, ela permite que o Emmet a toque, mesmo que seja segurar na mão, ou um discreto abraço, nunca permitiu que tocássemos nela; já aceita ficar sozinha, antes tinha muito medo; Conversa mais conosco; as corridas para longe do telepata (como ela chama Edward) diminuíram, o que me dá esperança que esteja superando a violência; agora sorri com mais freqüência; até se entusiasmou com o enxoval.

Devo confessar que sou grata por Carlisle tê-lo transformado, é impossível não gostar do Emmet, ele parece um exterminador com todos aqueles músculos, mas no fundo é como um meninão. Os músculos nos deram um pouco de trabalho em seu tempo de recém criado, mas tem se adaptado a dieta “vegetariana” melhor do que esperávamos. O Edward está amando ter um companheiro, diz que seus dias estão mais divertidos, mesmo que algumas vezes perca a mão nas quedas de braço. Ele é tão divertido que até o Carlisle ri de suas brincadeiras, sem falar que faz tudo para me agradar, até me chama de mãe quando estamos sós.

Plaft

O que foi isso?

- Rose? Você está bem?

Me apressei em ir vê-la, abri a porta do quarto com medo. Ela estava no chão, o corpo em posição fetal, os olhos fechados, dentes trincados e tive a impressão que chorava.

Não sei o que fazer, será que devo me aproximar? Possivelmente deve estar lembrando. Hoje não precisa correr, Edward não está em casa.

Resolvi seguir meus instintos, me deitei a seu lado e a aproximei, no início ela não se mexeu, depois se aconchegou em meu colo. Eu passei a niná-la, era a única coisa em que consegui pensar.

- Tudo bem, shhh, vai ficar tudo bem.

- Não se preocupe, eu estou aqui com você, shhh.

- São lembranças, não é de verdade, shhh.

- Você não está sozinha, shhh.

Ela tremia em meus braços, às vezes gemia, outras gritava e para mim passaram-se horas até sua respiração normalizar e seu corpo relaxar. Então ela abriu os olhos, que agora eram de um caramelo dourado, e me disse:

- Muito obrigado!

Eu a abracei mais forte e respondi:

- Sempre que precisar estarei aqui, não está sozinha. Pode contar comigo.

Só então me dei conta de como sua guarda estava baixa, ela me deixou tocá-la, não só isso, estava em meu colo. Resolvi me arriscar mais e dizer o que só me permitia em pensamento. Sustentei meu olhar no dela e disse numa voz muito terna.

- Rose, eu te amo como a uma filha, não te abandonarei ou te deixarei só, não permitirei que te machuquem novamente. É pra isso que servem as mães, para amar e proteger. Entende?

Você é a minha menininha, e farei o que for preciso para que se sinta amada, segura e feliz. Estou aqui meu amor, sempre estarei.

E então o silêncio.


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Notas finais do capítulo

E então será que Rose é capaz de retribuir o afeto de Esme?

Nos vemos no próximo capítulo.