Ela concordou com a cabeça, e ali, ao pôr do sol, me beijou novamente selando o que seria o começo de um relacionamento perfeito. Ou quase.

Era um novo dia no Acampamento Meio-Sangue. Se era estranho acordar, sabendo que não iria me encontrar com eles e ficar à beira mar falando besteiras e fumando? Era. Mas eu estava mais feliz deste jeito. Sabendo que iria vê-la e iria relembrar de como era ficar ao seu lado.

Depois de colocar o costumeiro calção jeans e a camiseta laranja do Acampamento, eu fui à caminho da praia. Era um domingo ensolarado, faltava uma semana para deixarmos aquele lugar e eu me sentia menos pronto do que nunca para deixar tudo para trás. Os campos de morangos, o lago, e principalmente meus amigos.

Encontrei Thalia no caminho. Ela estava como o de costume, vestindo sua regata preta e um shorts colado, tirando furtivamente um maço de cigarros do bolso. Eu cheguei por trás dela e lhe dei um susto.

- Percy! - ela gritou, e logo em seguida começou a rir.

- Você nunca vai parar com isso, não é mesmo? - falei, e ela me mostrou o dedo do meio voltando sua atenção para os cigarros.

- Não, você sabe que é bom. - ela disse, dando os ombros.

Peguei um cigarro do maço e acendemos, sentados em um dos bancos de madeira espalhados pelo Acampamento. Tragamos o cigarro quase ao mesmo tempo, e fitamos o céu anormalmente claro.

- Você não está mais bravo comigo, certo? - ela perguntou.

- Não Tha. - disse, sinceramente. - Eu jamais conseguiria se você quer saber. Você é como uma irmã pra mim, não dá pra ficar bravo... Mas não se aproveite disso.

Ela riu, e me fitou com os olhos azuis. Estavam da cor do céu. Eu sabia que tinha que sair dali e ir de encontro à Annabeth, mas naquele momento, tudo o que eu queria era curtir o que eu tinha à minha volta.

- Vai lá. Ela ta te esperando. E sei que vocês querem ficar juntos, então vai lá.

Eu sorri de lado para ela e me levantei. Thalia estendeu a mão.

- Me da o cigarro. Ou ela vai te enforcar com seus próprios cabelos. - ela disse, me arrancando uma gargalhada.

Entreguei a ela o cigarro e continuei meu caminho. Por toda a trajetória, eu encontrei meus amigos. Grover voltou a falar comigo assim como Nico - mesmo que o fizesse timidamente como sempre - e Rachel voltou à me olhar na cara. Os amigos que fiz naquele meio tempo continuavam comigo, e eu nunca tinha me sentindo tão... feliz na minha vida de semideus.

 Quando finalmente cheguei ao meu destino, vi Annabeth sentada na praia. Aquela praia me trazia tantas lembranças... Tanto boas quanto ruins, mas era certamente o meu local favorito. Cheguei por trás dela, e tapei seus olhos com a mão. Ela abriu um sorriso lindo.

- Quem é? - ela cantou.

- Adivinha.

- Cabeça de Algas?

Eu tirei as mãos e sorri para ela. Sentei-me ao seu lado na areia fofa e a evolvi no meu abraço. Era tão bom poder voltar à ser eu mesmo. Não que não tivesse gostado do meu período... Perturbado, por falta de palavras mais bonitas. Mas Annabeth, mesmo que me fizesse perder a cabeça todas as vezes em que brigavamos, era a única pessoa que conseguia colocar em mim a sensação de que tudo ia ficar bem no fim.

- Sabia que eu te amo? - falei de repente, sem conseguir conter as palavras.

Ela riu suavemente, e deu um sorriso satisfeito.

- Também te amo. Sabia que essa é a milésima vez que me diz isso?

- Temos que recuperar o tempo perdido, certo?

Outra risada. Era como música para os meus ouvidos. Despojei vários beijos em sua bochecha, fazendo seu sorriso se alargar ainda mais.

- Eu te amo, muito. Mais do que qualquer outra coisa.

- Que bom que sente o mesmo que eu Cabeça de Algas.

- Temos uma conexão sabidinha.

Fizemos um silêncio repentino, apenas fitando o mar demoradamente. Estava sereno. Eu sabia que meu pai estava provavelmente aliviado com a mudança dos acontecimentos.

E isso me lembrava que tinha muito o que explicar à ele.

E Athena estava óbviamente tentando me fulminar depois de tantas filhas suas caírem nas minhas armadilhas.

Mas eu não ligava. Não precisava de mais nenhuma daquelas garotas - tentava sentir-me envergonhado por isso, mas não conseguia - eu já tinha quem eu precisava.

- No que está pensando? - Anne me perguntou.

- No que vou dizer para meu pai quando o ver novamente.

Ela fez uma careta.

- Você sabe que não foi exatamente um cavalheiro nessas últimas semanas, não sabe?

- Sei. - disse, com um suspiro. - Mas vou concertar as coisas. Prometo.

Ela assentiu, ainda sem olhar-me nos olhos. Podia sentir a tensão no ar. A pergunta não tardaria a vir...

- Com quantas garotas Percy? - ela perguntou, mais friamente do que o esperado.

Engoli em seco. Rápida e direta, essa era Annabeth. Eu não queria começar a brigar de novo, não queria dar aquela resposta. Mas se não desse... As coisas iriam de mal à pior.

Pensei por um minuto. Eu realmente sabia a resposta para dar à ela? Uma garota por noite? Duas por dia? Eu não me lembrava. Na maioria das vezes estava chapado, ou bêbado.

- Eu... Eu não sei.

- Muitas? - ela disse, sem mudanças no tom de voz.

- Aahn... Bom... Algumas.

Ela assentiu novamente, olhando para o mar sem expressão alguma. Eu suspirei. Não queria brigar de novo. Não queria mesmo.

- Eu não estava no meu normal, sabia? Eu estava tentando compensar o fato de não ter você ao meu lado. Sei que palavras não vão justificar nada, mas você sabe que é verdade, e...

Antes que pudesse dizer mais alguma besteira, meus lábios foram tomados pelos mais doces de todo o mundo. Seus braços enlaçaram meu pescoço e eu a puxei para meu colo, tentando compensar todas as coisas ruins que tinha feito.

O beijo foi moderadamente feroz e suave. A controversa de nossos atos me encantaria eternamente. O calor que me tomava todas as vezes que me empolgava abrigaram-se em mim de um jeito diferente... Bem no coração. Eu a amava e isso nunca seria diferente.

No sseparamos ofegando.

- Cala a boca, ok Cabeça de Algas? Não me diga mais nada.

- Adoro sua delicadeza.

- Adoro sua falta de neurônios.

Sorrimos um para o outro.

Era assim que seria enquanto nós ficassemos realmente juntos: Uma maravilha.