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  - Traidor! - Encarava Crowley, encostado na parede do castelo, com repulsa - Sempre te achei um covarde... Mas nunca pensei que fosse um desertor!

  - Enxergue os fatos, Azazel! - O outro demônio fitava os olhos amarelos a certa distância, com desgosto - Será que não percebe? Lucífer é um cretino, bem pior do que eu! Ele só está usando os demônios...

  -'Tá, 'tá, eu já ouvi tudo isso aí antes! - Sua voz mostrava o quanto estava frustrado - Você não se cansa de proferir essas calúnias? É graças a Lucífer que somos o que somos.

  - E o que nós somos, afinal? Monstros? Assim como ele? 

  - Não ouse falar mal do meu mestre! - Murmurou entre dentes.

  - Azazel, não compreende? Por Deus! - Bufou, irritado.

  - DEUS? - Gargalhou - Um demônio falando em Deus? Pensei que você fosse ateu...

  - Eu fui... Quando era tolo. Crer na existência de Deus é uma questão de lógica: Independente de se acreditar ou não, Deus ainda existe. - Sorriu irônico, andando lentamente ao encontro do outro - Não se pode mudar a verdade: porque a verdade é única, não relativa. Além disso, se eu acreditar n'Ele e, mais tarde, vier a saber que Ele é mesmo real, saio beneficiado. Se não, tanto faz: Ele não existe! Mas se eu não acreditar n'Ele, e Deus existir... Aí, eu 'tô ferrado! 

  - Entendo... - Riu - Foi bom rever você, Crowley: me diverti muito! É, mas infelizmente você vai voltar ao Inferno. 

  - Eu gostaria de dizer o mesmo, mas... estaria mentindo! - Suspirou - Vamos acabar logo com isso, ok?

  - Se é assim que você quer... - Azazel partiu pra cima do mesmo, que esquivou-se no último minuto - ... Pra mim está ótimo! 

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  - Alice? - Lucífer a mirava, incrédulo. Seus olhos já não eram os mesmos - Miguel? - Seu tom era furioso - Quem? Como? O que fez com Bella e Gordon?

  - Bella? Gordon? - Dean não acreditava no que ouvira - Quer dizer que eles...

  - Depois que você os mandou para o inferno, sim, Dean. - O arcanjo usava sua habitual voz indiferente. Voltou-se para o Diabo - Irmão, precisamos conversar. 

  - Não me chame de irmão. - Levou suas mãos a cabeça, bagunçando os cabelos castanhos nervoso - Alice, saía.

  - Lucífer, por favor... - Disse, ignorando a ordem, e caminhando em sua direção.

  - VOCÊ ME ESCUTOU: SE AFASTE DE MIM! - Gritou, exaltado.

  - ME ESCUTA VOCÊ! - Respondeu em igual tom, pondo-se frente a frente com o marido - Eu não aguento mais... - Deixou que as lágrimas banhassem seu rosto.

  - Alice, não... Não... PARA DE CHORAR! - Estava confuso e desesperado. Vê-la naquele estado só fazia com que ele se sentisse pior - MIGUEL, SEU DESGRAÇADO: ISSO TUDO É SUA CULPA! - Encarava o irmão com ira.

  - Ouça sua esposa, Lucífer! - Miguel estava ao lado de Dean, que assistia a tudo imóvel - A menina tem razão... Todos estamos exaustos: chega!

   - NÃO! - Respirou, tentando se recompor. Prosseguiu, ofegante - Isso... só acaba... quando... EU... disser que... basta!

  - ISSO É LOUCURA! - Foi a vez deste perder o controle - PARE DE AGIR COMO UM MALDITO DESERTOR E VOLTE A SER MEU IRMÃO! - Desabafou.

  - É tarde de mais... - Voltou seu olhar para o nada.

  - Não, não é! Se você falasse com o Papai, eu tenho certeza que Ele te perdoaria e...

  - E QUEM DISSE QUE EU QUERO O PERDÃO DAQUELE QUE TANTO ME FEZ SOFRER? - Seus berros não cessavam - Eu estou farto, Miguel: FARTO! Nosso Pai nos afastou, fez com que você e os outros me desprezassem... SE EU SOU UM MONSTRO É POR CAUSA DELE! - Uma tempestade se formava no céu, que ficava escuro a cada palavra dita.

  - Lucífer... - Mais uma vez, Alice tentava interferir.

  - CALA A BOCA! - Seus olhos estavam negros. Embora suas palavras a assustassem, Alice permanecia ali, ao seu lado.

  De repente, a chuva começou a cair, inundando o lugar. Grandes poças d'água se formavam ao lado de fora, onde ambos os exércitos se enfrentavam. Não demorou para que a lama se misturasse ao suor e ao sangue das criaturas.

  Satanás respirava pesadamente. Não queria ter gritado com Alice, mas não sabia o que estava acontecendo... Parecia que perdera o controle do corpo. Subitamente, caí de joelhos no chão. Suas mãos na cabeça, estancando um sangramento.

  Alice o mira preocupada, enquanto Miguel o analisa, frio. 

  - O que está acontecendo com ele, Miguel? - Dean encontrava-se aflito.

  - Acho que é o Sam: estão disputando o controle. Como naquele dia... - Respondeu, pouco alterado.

  - É, mas isso não aconteceu! - Apontou para o rapaz, que se contorcia de dor. 

  - LUCÍFER! SAMMY! - A garota gritava, desesperada. Não sabia se ambos ficariam bem, e aquilo a consumia.

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