You Have Me escrita por Nyh_Cah


Capítulo 35
Tell What Happened




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Alice
As lágrimas começaram a escorrer-me pelo rosto. Lembrar-me que fui pela segunda vez abandonada pela minha família era duro. Se a tua família não gostar de ti, quem gostará, não é? Numa família deveria existir amor, deviam cuidar todos uns dos outros e eu tenho uma família que nem sequer se importam se eu estou viva ou não. Eu posso desaparecer que ninguém se importa e esse pensamento assusta-me.
- O que se passou? – Perguntou a Rose pegando nas minhas mãos. Eu não deveria contar a ninguém, mas a Rose já estava a desconfiar, e eu compreendia. Era estranho, ela chegar a um Sábado à instituição e só estar cá eu.
- O resto das crianças foi redistribuído por outras instituições e orfanatos. – Comecei por explicar. Confusão dominou o seu rosto e eu percebia o porquê. – Estou sozinha porque ela me deixou aqui. – Respondi vagamente.
- Ela quem? A Ellen? – Perguntou a Rose ainda confusa.
- Sim, ela não queria mais trabalhar aqui, então livrou-se das outras crianças, mandando-as para outras instituições e orfanatos.
- Mas porque é que ela te deixou aqui? – Perguntou a Rose. – Ela deveria ter feito o que fez com as outras crianças.
- Pois deveria. – Suspirei. – Uma das razões, foi porque ela não conseguiu, ninguém me aceitou e eu não estava para adopção.
- O que queres dizer com isso? – Perguntou a Rose ainda mais confusa.
- Antes da Ellen se ir embora, ela explicou-me que eu não estava aqui como as outras crianças, eu estava aqui porque sou sobrinha dela e praticamente obrigaram-na a ficar com a minha guarda.
- O quê?
- Sim, ela é minha tia. – Respondi ainda olhando para baixo.
- E abandonou-te? – Perguntou a Rose ainda chocada com os factos. Afirmei com a cabeça, deixando mais algumas lágrimas caírem.
- Mas também, não sei porque é que fiquei assim, se os meus pais foram capaz de me abandonar, porque é que a minha tia não seria?
 - Alice, não digas isso.
- É verdade, Rose. Os pais deviam ser as primeiras pessoas a amarem-nos, se não nos amam, como é que achas que te vais sentir? Vais sentir que mais ninguém te vai amar, Rose. Eu senti isso a minha vida toda.
- Mas a partir de agora já não o vais sentir. Quero que saibas que te vou amar a minha e a tua vida toda. – Disse a Rose abraçando-me. – Se os teus pais não te amam, não quer dizer que mais ninguém te ame, Alice. Está bem? Há muita gente que te ama.
- Está bem, Rose. – Disse limpando as lágrimas que ainda estavam presente nas minhas bochechas.
- Quando é que ela se foi embora?
- Na segunda. – Respondi. – Por isso é que fui até à praia para desanuviar e acabei por os ver. – Expliquei.
- Não penses mais nisso, agora eu estou aqui para te ajudar.
- Obrigada, Rose. – Agradeci sorrindo fraco. – Rose, não podes contar a ninguém sobre isto. Ninguém pode saber que eu estou a viver sozinha. A Ellen vai me mandar dinheiro todos os meses, e eu também trabalho em part-time. Eu consigo virar-me sozinha. Estou melhor sem ela de qualquer maneira. Mas se os serviços sociais descobrirem, eles levam-me daqui. Eu não quero ir embora, Rose. – Expliquei-lhe.
- Tem calma, Alice. Eu não vou dizer nada a ninguém. Também não quero que te vás embora.
- Obrigada, Rose. – Agradeci-lhe sinceramente.
- Então, o que estavas a fazer antes de eu vir? – Perguntou ela mais animada.
- Estava a dormir. – Respondi.
- Então quer dizer que ainda não almoçaste?
- Quer.
- Então anda comer!
- Está bem. – Levantámo-nos as duas do sofá e fomos até à cozinha para eu comer qualquer coisa, visto que a Rose já tinha almoçado. Peguei em alguns ingredientes e fiz algo rápido para comer. – Não queres comer nada, Rose?
- Não, obrigada. – Respondeu ela sorrindo. Comi num instante e depois fui lavar a loiça. Enchi o lavatório com água e meti a loiça lá dentro. Arregacei as mangas do pijama e comecei a lavar. Lavei num instante, visto que a loiça não era muita. Limpei e meti tudo no sítio. – Alice… - Chamou a Rose hesitante.
- Sim? – Perguntei.
- O que é que tens no pulso? – Perguntou. Olhei para o meu pulso e lembrei-me que ele estava ligado. A ferida ainda deitava sangue quase todas as noites porque mal começava a fechar-se voltava a abrir. Eu tentava não mexer muito o pulso, mas bastava um pequeno movimento para estragar tudo. – Alice, diz-me que não fizeste isso outra vez! – Pediu a Rose com um olhar triste.
- Eu posso explicar, Rose. Eu não me tentei suicidar outra vez, juro! – Disse.
- Então porque é que fizeste isso?
- Rose, doía tanto. As imagens do Jasper a beijar a Helena não saiam da minha cabeça, o pensamento de estar sozinha outra vez, martelava na minha cabeça e saber que não te tinha para me ajudares… eu sentia-me horrível, Rose. Eu precisava de fugir daquela dor emocional, foi um acto instintivo, eu mal pensei nele, aconteceu. A dor física naquele momento era muito melhor que a emocional por isso de certa foram senti-me aliviada. Eu sei que foi um erro e podia ter corrido mal, eu sei disso e não pretendo repeti-lo, mas naquele momento foi a minha única alternativa. Compreende, Rose, por favor! – Supliquei. A Rose estava lavada em lágrimas. Os soluços deles eram violentos e ela mal os consegui conter.
- Descu… desculpa, Alice, eu não te devia ter julgado, ma… mas promete qu… que nunca mais fazes isso. – Pediu ela.
- Prometo, já o tinha prometido a mim própria. – Prometi-lhe. – Mas não fiques assim, já passou, estou um pouco melhor. – Disse-lhe. Ela limpou as lágrimas e chegou-se mais ao pé de mim.
- Deixa-me ver como está o corte. – Pediu ela. Eu estendi-lhe o pulso e tirei a ligadura. Ainda estava com mau aspecto, mesmo eu desinfectando-o todos os dias. – Alice, isto precisa de ponto urgentemente, senão vai começar a infectar.
- Eu não quero ir ao hospital, Rose.
- Mas tens de ir, Alice. Pelo teu bem.
- E se o teu pai estiver lá? Eu não quero que ele saiba. Eu não quero que mais ninguém saiba sobre isto.
- O turno do meu pai está a acabar. Ele vai para casa às quatro e meia. Por isso, ele não vai estar lá. Vai ser outro médico a atender-nos.
- Está bem. – Disse vencida.
- Vai-te vestir para irmos.
Sai da cozinha e fui até ao quarto para me vestir. A Rose tinha razão, o corte provavelmente precisaria de pontos para sarar. Vesti-me rapidamente e depois fui ter com a Rose à sala. Seguimos as duas para o carro dela e ela conduziu até ao hospital.
- Boa tarde. – Disse a senhora que estava na recepção das urgências.
- Boa tarde, a minha amiga cortou-se e provavelmente vai precisar de pontos. – Informou a Rose.
- Preciso do nome dela. – Pediu a senhora.
- Alice Brandon.
- Obrigada. Sentem-se um pouco na sala de espera, já vão ser chamadas.
- Obrigada. – Agradeceu a Rose. Fomos as duas para a sala de espera e sentámo-nos. Não estava muita gente para ser atendida, o que era bom, queria dizer que não era preciso esperar muito tempo. Ficámos na sala de espera, uns quinze minutos e depois chamaram-nos. Entrámos numa sala onde estava um médico já com mais idade. Ele não me fez muitas perguntas, suturou o meu pulso, pôs um penso e depois receitou-me uns analgésicos. Despedimo-nos do médico e saímos do consultório.
- Não vais comprar os analgésicos? – Perguntou a Rose quando saímos do hospital.
- Não. Não é preciso, se tiver dores consigo aguentar. – Respondi. Não queria ganhar dinheiro em medicamentos. Eu conseguiria aguentar a dor, não eram necessários analgésicos.
- Tens a certeza, Alice?
- Tenho, Rose. E ainda devo ter alguns lá na instituição se necessitar.
- Está bem.
Pusemo-nos as duas dentro do carro e a Rose dirigiu até à instituição. Na instituição, ficámos as duas a ver televisão e conversar uma com a outra. Não demos pelo tempo passar. Quando demos por nós já eram oito e meia da noite. A Rose pediu uma pizza para comermos, visto que estávamos com fome e nenhuma de nós queria ir fazer o jantar. A pizza chegou por volta das nove. Comemos e depois a Rose teve que ir para casa. Já estava tarde. Eu acabei por ir para a cama cedo, porque estava um pouco cansada. Mas estava feliz. Eu e a Rose, éramos amigas outra vez.


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Notas finais do capítulo

Oláa! Bem, a Alice contou o que se passou para a Rose mas o que será que se vai passar a seguir? Será que a Rose conseguirá manter segredo? E gostaram do capitulo? Espero que sim, fico à espera dos vossos comentários!
Beijinhos
S2