Broken Hearts escrita por mariporto


Capítulo 8
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

Bom, me pediram pra escrever um epílogo e eu tentei. Eu realmente espero que gostem, demorei pra postar por causa da revisão que eu tive que fazer.



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Quinn acendeu o abajur pela quarta vez na madrugada de sexta, pensando ter escutado seu alerta de mensagens. Ficou alguns minutos encarando o celular insatisfeita por não ter nada ali, nada que lhe interessasse, no caso. Olhou no relógio ao lado do abajur e fez algumas contas. Tinham quase quatro dias que não conseguia dormir mais de duas horas por noite e, em algumas horas, seria uma semana sem notícias de Rachel. A diva podia ser irritante algumas vezes, mas com certeza, ouvi-la falando sobre milhares de coisas ao mesmo tempo era muito melhor do que não ouvi-la, não vê-la e não saber o que se passa com ela.

A loira apagou o abajur mais uma vez e acabou cochilando com o celular ao seu lado, depois de um tempo.

Sua própria voz ecoava nos alto-falantes. Todos a encaravam sem acreditar no que tinham acabado de ouvir, mas quem acreditaria? Nem ela mesma acreditava que tinha dito aquilo, ou ela não tinha dito? Se ela não tivesse dito, o silêncio seria algo normal, eles esperavam que ela falasse algo. Virou para o lado novamente e viu Sam com a mesma cara do resto.

Ela tinha falado.

Tinha acabado de se declarar para Rachel na frente de todo o colégio. Alunos, professores e até alguns pais, todos ali. Rachel não estava, mas ela sentia, ou melhor, desejava que a morena tivesse escutado. Aquela “cena” não foi para os seus colegas de classe, mas sim para a diva. A única coisa que queria era que Rachel Berry a escutasse, somente e apenas isso.

Todos ainda estavam petrificados olhando pra ela quando ela sentiu uma mão a puxando pra fora do palco. Assim que terminou de ser arrastada para uma coxia improvisada atrás do palco, a loira se focou latina a sua frente falando desesperadamente.

“Você é louca? Só pode ser, e muito! Eu tento te ajudar editando uma porcaria de um vídeo pra você virar pra escola inteira e falar que ama uma aberração?!”

“Eu te falei pra não cortar a merda do vídeo, Lopez!” Santana franziu as sobrancelhas com o tom da outra.

“Eu estaria orgulhosa por ser a ouvinte do seu primeiro palavrão, Fabray, mas não consigo sentir orgulho depois do que você...”

“Só cala a boca, Santana. Por favor” Quinn interrompeu assim que a outra Cheerio começou a falar com aquele tom debochado de sempre. A latina notou que a loira estava com os olhos marejados.

“Q, não precisa chorar. Falar um palavrão não vai te fazer ir pro inferno.”

“Cala a boca!” Santana abaixou a cabeça, obedecendo dessa vez.

O silêncio permaneceu entre elas, enquanto Quinn tentava limpar algumas lágrimas que escorriam involuntariamente de seus olhos. Sam estava fazendo algum tipo de discurso de agradecimento no palco, com uma voz perturbada.

“Se eu te perguntar uma coisa, você promete não fazer piadas idiotas e responder seriamente, S?” A latina voltou seu olhar ao rosto da loira, curiosa. “Antes que você diga que não, lembre-se do que você me disse ainda pouco. Aquilo de sermos... amigas.”

“Não” Santana sorriu ao responder, fazendo a musculatura de Quinn ficar tensa. “Não farei nenhuma piada idiota” A garota completou e a Head Cheerleader sorriu aliviada em resposta.

“Eu sei que errei com ela, mas você acha que ela vai me perdoar, Sant?” A expressão de medo da loira não afetou o sorriso da latina.

“Claro que ela vai, seria muito estúpida se não desse uma chance à Quinn Fabray, ainda mais depois do que você acabou de fazer.”

O celular tremeu ao seu lado na cama e Quinn abriu os olhos, assustada. Um calafrio percorreu seu corpo quando, ainda sonolenta, viu o nome de Rachel na tela. O celular continuava tremendo em sua mão, e ela finalmente percebeu ser uma ligação. Abriu o aparelho o mais rápido que pôde e tentou controlar o tom desesperado em sua voz.

“Rachel?” Silêncio. “Rachel, eu sei que é você, seu nome apareceu aqui” O barulho do outro lado da linha dava a entender que a morena tinha dado um tapa na própria testa. “Por favor, para com esse masoquismo e fala comigo, Rach!”

Eu...” A diva disse de forma hesitante. “Desculpe, Quinn. Eu não deveria ter ligado. São quase quatro da manhã, eu devo ter te acordado e não sei o que dizer.

“Eu precisava ouvir sua voz, então não se preocupe com a hora, Rach. Isso não é problema pra mim desde que você faltou na terça e...”

Desculpe, eu...

“Pare de se desculpar, eu que errei, eu que te devo desculpas” A linha ficou silenciosa novamente. “Não posso fazer isso por telefone, Rachel. Você acha que pode me encontrar?”

Quinn, são quatro da manhã.

“Eu sei, mas não posso esperar nem mais um minuto. Acha que consegue sair e me esperar no parque da esquina da sua casa?”

Quinn, eu não posso sair assim de casa, meus pais vão me matar! E se eu for sequestrada? Eu não sei pular janelas também, seria desastroso tentar!” O tom de desespero na voz da morena fez a loira rir. “Não é algo engraçado, ou você acha a morte engraçada, Fabray?” A risada de Quinn parou ao ouvir seu sobrenome. “O que houve?

“Fabray? Achei que tínhamos parado com os sobrenomes.”

Eu só...

“Já entendi, Rachel. É por isso que preciso conversar, pessoalmente” A Cheerio suspirou tensa. Pouco tempo depois, Rachel começou a rir do outro lado da linha e Quinn arqueou uma sobrancelha. “Eu disse algo engraçado, Rachel? Isso é algum tipo de vingança por alguns minutos atrás?”

Não, é só que...” A diva parecia tentar abafar a risada. Completou, assim que conseguiu. “É só que eu te imaginei agora, sabe? Pulando a sua janela e vindo até o parque aqui da esquina como naqueles filmes e...

“Qual a parte engraçada?”

Me deixa terminar!” Rachel riu mais ainda. “Eu imaginei você fazendo isso tudo de pijama!” A morena continuou rindo e, apesar da imagem não empolgar tanto Quinn, sua risada a contagiou.

“Eu me vestiria adequadamente antes, certo Rachel?” A loira disse quando as risadas se acalmaram. “Você não pode tentar sair pelos fundos?”

O quê? Ir ao parque agora? Impossível, Quinn.

“Rach, por favor... Eu preciso falar com você direito.”

Só algumas horas. Você pode vir aqui em casa de manhã, Quinn.

“Não vou conseguir dormir” A Cheerio sussurrou, mas no instante seguinte torceu para que não tivesse falado alto o suficiente a ponto da morena escutada-la. Ao ouvir um ‘oh’ do outro lado da linha, ela percebeu ser tarde demais.

Eu canto pra você.

O coração da loira parou. Pensou nos motivos da diva se importar de cantar pra ela, mas principalmente, pensou em como seria ótimo adormecer ouvindo-a outra cantar e em como já tinha sonhado com isso antes.

“Vo-você cantaria pra mim? Mesmo depois do-”

Qual música você quer que eu cante, Quinn?” Rachel perguntou séria, sem deixa transparecer o quão estava maravilhada com a oportunidade de cantar para Quinn dormir.

“O qu-que você quiser.”

Ok, se não te agradar me deixe saber, tudo bem? Eu sinceramente amo essa música” A loira murmurou um ‘uhum’ enquanto se ajeitava embaixo das cobertas, ainda sem acreditar que a música acapella que começou a seguir era cantada por Rachel Berry, e para ela. I am outside, and I’ve been waiting for the sun with my wide eyes I’ve seen worlds that don’t belong. My mouth is dry with words I cannot verbalize... Tell me why we live like this. Keep me safe inside your arms, like towers towers over me, yeah. ‘Cause we are broken, what must we do to restore our innocence and all the promise we adored? Give us life again ‘cause we just wanna be whole... Lock the doors ‘cause I’d like to capture this voice. It came to me tonight so everyone will have a choice and under red lights I’ll show myself it wasn’t forged. We’re at war, we live like this. Keep me safe inside your arms, like towers towers over me, yeah. ‘Cause we are broken, what must we do to restore our innocence and all the promise we adored? Give us life again ‘cause we just wanna be whole... Tower over me... Tower over me... And I’ll take the truth at any cost. ‘Cause we are broken, what must we do to restore our innocence and all the promise we adored? Give us life again ‘cause we just wanna be whole...

**

A campainha dos Berry tocou às 09:33. Quinn estava apreensiva do lado de fora quando viu os olhos cor de chocolate que não via há uma semana.

“Achei que você viria mais tarde” A menina sorriu pra ela da porta.

“Eu te disse que não aguentaria esperar muito” Ela sorriu em resposta. “A gente realmente precisa conversar, Rach.”

A diva não fez comentário algum, apenas concordou com a cabeça e voltou pra dentro. Falou algo com algum dos pais e voltou à porta segurando um casaco. A loira que a esperava franziu as sobrancelhas, considerando a falta do frio.

“Antes que você pergunte, é só prevenção.”

“Nunca se sabe quando pode nevar, certo?” Rachel riu, sendo rapidamente acompanhada por Quinn, mas logo as risadas cessaram e elas caminharam em silêncio.

Ao chegarem ao parque, sentaram-se em um banco e a loira pensava no que falar enquanto observava duas meninas pequenas correndo de um lado pro outro.

“Você não se sente mal?” A pergunta da diva ecoou em sua mente enquanto ela tentava entender a que a garota se referia.

“Desculpe?”

“Olhando as crianças...”

“Oh, sim, as crianças” Quinn sacudiu a cabeça, tentando apagar o resto dos pensamentos em sua mente. “Elas me lembram dela o tempo todo, e sim, isso me deixa um pouco mal, mas aí eu penso que eu não seria uma boa mãe.”

“É claro que você seria, Quinn” Rachel pegou em sua mão e elas trocaram um olhar por um tempo, até voltarem à realidade.

“Não por amor, Rach” A loira sorriu pra si mesma. “Eu quis dizer que eu não poderia dar tudo que ela quisesse ou precisasse, eu não cuidaria dela tão bem quanto a...” A morena abaixou a cabeça, esperando ouvir o nome da própria mãe. “... pessoa que a adotou, sabe?”

O silêncio voltou a tomar conta, até que Rachel criou coragem pra perguntar a questão que rondava sua cabeça.

“Como foi o colégio essa semana?”

“Você sabe... alguns recebendo cartas de faculdades, mas a maioria não, por motivos óbvios.”

“Não perguntei sobre isso...” Quinn balançou a cabeça, entendendo o que a diva quis dizer.

“Você já deve ter sentido o cheiro de uva do meu xampu, certo?” Rachel acenou afirmativamente, com um olhar desentendido. “Não é do meu xampu...”

Os olhos da diva focaram-se nos de Quinn novamente, entendendo que a quantidade de banhos de raspadinhas que ela tinha tomado era grande, bem grande. Mais instantes de silêncio até que ela criou coragem para uma nova pergunta que a rondava por muito mais tempo que a que havia acabado de fazer.

“Por que você ajudou a Santana?”

A loira olhou para as próprias mãos, envergonhada.

“Eu só queria que ela saísse do meu pé, Rach. Desculpe por isso, deveria ter me preocupado com você também, eu errei em não pensar nos seus sentimentos.”

“Eu acho que seu erro foi se apaixonar por mim” A garota sussurrou mais como uma constatação do que algo a ser questionado.

“Rachel” Quinn puxou seu queixo, fazendo-a olhar em seus olhos. “Eu ter me apaixonado não foi um erro, foi a melhor coisa que me aconteceu no meio dessa loucura.”

“Tem certeza, Quinn?”

“Absoluta, meu amor.”

Rachel se aproximou mais do rosto da outra e selou seus lábios, sorrindo.

“Acabar com a sua popularidade na escola e a sua reputação na cidade foi algo bom?” A diva sorriu arqueando as sobrancelhas.

“Bom pode não ser, mas se eu não tivesse motivos excelentes nunca teria coragem de fazer o que fiz. E mais, pra que eu precisaria de popularidade e reputação em Ohio, se em alguns meses eu estarei em NY?” O sorriso de Rachel transformou-se em uma expressão surpresa.

“Você vai pra New York? Como assim?!”

“Eu tentei te falar a semana toda, minha carta chegou segunda. A princípio, eu não queria ir, mas minha mãe insistiu que era uma ótima oportunidade e blábláblá.”

“Meu Deus!”

“O que houve, Rach?” A loira perguntou preocupada enquanto Rachel procurava desesperadamente por algo no casaco que havia trazido.

“Não era só por prevenção, eu tinha algo pra te mostrar, mas precisava me acertar com você antes, saber como ficaríamos.”

A morena sorriu ao finalmente encontrar um papel em um dos bolsos. Quinn continuou sem entender e a outra estendeu o papel para que ela lesse, e foi o que ela fez.

“Então...”

“Estamos destinadas a ficar juntas, Q. Não adianta tentar fugir de mim, se fossemos sem nos falarmos, nós nos entenderíamos na faculdade, ou nos esbarraríamos pela cidade, é o destino falando mais alto, sabe?”

A Cheerio encarou a diva com uma expressão chocada por alguns instantes. Então, sua expressão se aliviou e ela selou seus lábios nos da outra novamente.

“Nunca fugiria de você. Sabe por quê?” Rachel balançou a cabeça sorrindo bobamente, ainda anestesiada pelo beijo. “Porque eu te amo.”

“Eu também te amo, Quinn.”


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Notas finais do capítulo

Só mais uma observação, a música que a Rachel canta é We Are Broken, do Paramore, caso alguém não tenha identificado.



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