“Q, é o nosso último ano do colegial, se não formos as responsáveis pela maior humilhação do século, NÓS seremos a maior humilhação do século!” Santana falava enquanto seguia Quinn pelo corredor movimentado do colégio.

Quinn ainda não tinha se acostumado novamente com o espaço que as pessoas davam pra ela passar desde que tinha voltado às Cheerios, ela parecia confiante pra todos, mas ainda continuava com o espírito de looser que ela tinha adquirido quando estava grávida, mas ninguém precisava saber disso. Principalmente Santana. A latina já tinha repetido aquela frase algumas centenas de vezes desde o início do segundo semestre e a loira bufou ao ouvi-la terminar, como sempre fazia.

“Eu já disse pra ir atrás de outra pessoa pra te ajudar, Lopez. Não vou fazer nada assim contra ninguém. Afinal, há algum tempo atrás, caso você não se lembre, eu poderia ter sido ‘a escolhida’ para estar nessa situação” Quinn parou em frente ao próprio armário e abriu a porta do mesmo, omitindo o rosto de Santana de sua visão quando percebeu que ela iria começar a falar novamente.

“Deixa de drama, Q. Você sabe que nunca seria ‘a escolhida’. Já se humilhava bastante só por estar grávida” A loira bateu a porta do armário revoltada pelo mesmo não omitir a voz da outra Cheerio como omitia seu rosto.

“Você tem duas opções: dizer o que você quer rápido e detalhadamente, ou concluir que não consegue fazer isso e sumir da minha frente agora” A latina notou um olhar impaciente no rosto da loira e deu um sorriso diabólico como resposta, fazendo Quinn revirar os olhos já prevendo a escolha da outra.

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“Muito bem, crianças” Rachel suspirou, controlando-se para não protestar contra a forma que o Sr. Schue dizia ‘crianças’ com aquele tom de professor de jardim de infância. “Eu pensei em mais uma guerra de mash-ups, o que vocês acham?” A turma se mostrou empolgada e o Sr. Schue deu aquele sorriso convencido que sempre dava quando suas crianças se empolgavam com suas ideias. “Haha, sabia que vocês gostariam da ideia, afinal, é nossa guerra anual, certo?” Rachel encarou o nada agradecendo por ter desistido do Sr. Schuester dois anos antes. “Mas eu tenho uma surpresa pra vocês! Dessa vez, não será um ‘meninos VS meninas’, serão quartetos, e você poderão escolher o grupo em que ficarão.”

“Kurt estaria feliz se estivesse aqui” Escutaram Mercedes comentar de maneira triste, deixando todos os outros, antes animados, pra baixo também.

“Ah, meninos, não fiquem assim. Vocês sabem que Kurt só não está mais aqui porque foi para um lugar melhor” Rachel constatou que o Sr. Schue realmente não sabia dar conselhos. Fazer parecer que o garoto tinha morrido não era a melhor forma de melhorar o ânimo da turma. “De qualquer jeito, vocês têm o resto da aula pra decidirem os quartetos, e na próxima aula, quero pelo menos dois deles se apresentando aqui na frente, tudo bem? Agora tenho que ir.”

Todos observaram o professor saindo da sala apressadamente. Alguns se importaram o bastante pra pensar que ele deveria estar indo atrás da conselheira do colégio, agora que o casamento dela com o dentista charmoso não estava indo muito bem, outros apenas ignoraram a pressa dele e foram se juntar para formar logo os grupos.

Rachel estava pensando em quem chamar para completar seu grupo com Finn, que estava sentado ao seu lado, quando os tão conhecidos uniformes vermelhos aproximaram-se dela.

“Rápido, Q. Não posso respirar o ar da Aberração Berry por muito tempo” Rachel revirou os olhos ao ouvir a afirmação da latina e apertou a mão de Finn buscando apoio.

“Cala a boca, Lopez! Se quisermos que ela seja parte do nosso grupo, você vai ter que se controlar com esses apelidos e xingamentos” Quinn repreendeu a outra Cheerio, deixando Rachel confusa.

“Vo-vocês querem fazer a tarefa comigo e Finn?”

“Você não sabe contar, Berry?” Disse Santana como se ela fosse a pessoa mais estúpida do mundo e Rachel notou que ela falou seu sobrenome com muita dificuldade, se esforçando pra não colocar algum apelido ofensivo no lugar deste. “É um quarteto. Quatro pessoas o compõem. Eu, Britt, Q e você. Nada de namorados com a estatura dez mil vezes maior que a comum.”

Finn encarou a Cheerio e Rachel estranhou mais ainda a situação. Santana tinha tido a oportunidade perfeita para xingá-la e, mesmo assim, se segurou e xingou Finn. Não que xingar Finn era algo bom, mas ela nunca tinha sido poupada de um xingamento antes e isso a fez pensar na ideia de ficar uma semana inteira sem ser obrigada a ouvir os mais diversos nomes depreciativos que a latina insistia em lhe chamar.

A ideia de uma trégua parecia saborosa demais para Rachel Berry recusar, mas ela sabia que tinha algo a mais naquilo tudo.

“O que quer dizer ‘estatura’?” Perguntou Brittany, dispersando Rachel de suas constatações.

Todos na sala pararam o que estavam fazendo para encarar a loira que olhava para Santana com sua expressão avoada de sempre.

“Altura, Britt. Significa altura.” Disse Quinn antes de se voltar para Rachel, fazendo a outra loira fazer cara de quem finalmente entendia algo. “Então, o que você acha de ser parte do nosso grupo?”

Rachel observou o sorriso perfeito da loira, era obviamente um sorriso forçado, pois ela nunca sorriria daquele jeito para Rachel Berry, mas parecia tão real que prendeu sua atenção por alguns instantes antes de se virar para Finn e olhá-lo de forma apreensiva.

A reação dele foi apenas sorrir de forma encorajadora e se levantar, soltando sua mão da dela.

“Se Santana conseguir controlar a língua, acho que não me importo de compartar o talento da minha estrela dourada brilhante” Rachel sorriu de volta pra ele quando ele terminou de falar, ignorando o seu erro ao falar ‘compartilhar’. Seu sorriso o encorajou a fazer desengonçadamente seu caminho em direção a Sam, Puck e Artie, do outro lado da sala.

“‘Estrela dourada brilhante’. É sério, ou ele ta só brincando? Sinceramente, se isso for sério, eu preferiria ‘Aberração’” Disse a latina sentando-se no lugar antes ocupado pelo quarterback à direita de Rachel.

“Como é óbvio que não somos a mesma pessoa, Santana. A sua opinião não é muito importante, não acha?” Rachel olhou vitoriosamente para a Cheerio, que revirou os olhos bufando e cruzando os braços em frente ao corpo.

“Você tem sorte que estou em período de trégua, Berry, ou você sairia daqui chorando como um bebê com a minha resposta” Rachel riu sarcasticamente da afirmação de Santana, mas logo a confusão voltou a sua mente.

“Afinal, qual é a razão pra essa trégua repentina?”

“As regionais estão chegando e precisamos ser ótimos, além de bons e abaixo de nada” Disse Quinn, que Rachel reparava estar sentada à sua esquerda agora, o que a fez procurar por Brittany e se arrepender logo após achá-la.

A loira estava sentada numa fileira atrás da dela, na cadeira atrás da de Quinn, mais precisamente, tentando equilibrar um lápis no nariz. Os olhos de Santana seguiram os de Rachel, assim como os de Quinn. A diva viu a loira ao seu lado balançar a cabeça ao tentar se desconcentrar do que Brittany tentava fazer e continuou a falar, enquanto Santana ainda olhava Brittany com uma expressão preocupada. “Nós poderíamos te ajudar a escolher o que você cantará no seu solo, se é que você ainda não escolheu, e você poderia ajudar Santana e eu com algumas notas mais agudas.”

Rachel tentou retribuir o sorriso sereno que a loira lhe dava, mas tudo que conseguiu foi fazer a loira quase gargalhar de sua expressão.

“Nossa Berry, você precisa aprender a sorrir urgentemente! Esse seu sorriso falso não convence nem cego” Quinn riu mais uma vez, deixando Rachel impressionada com a maneira que ela ria. Não era a risada debochada que a diva estava acostumada a escutar das Cheerios, ou de qualquer um naquele colégio, incluindo Finn. Não, aquela definitivamente não era uma risada debochada. A Head Cheerleader ria da maneira que você ri quando alguém lhe conta uma piada. Uma engraçada, no caso.

O sinal tocou, terminando a aula e fazendo todos se levantarem de seus lugares e irem embora, menos Rachel e Quinn.

“O que você ainda está fazendo aqui?” Rachel perguntou depois que as luzes da sala foram apagadas.

“Não sei” A loira fez um biquinho enquanto parecia pensar sobre algo. Rachel repreendeu-se ao se notar encarando os lábios da outra e forçou-se a encarar o chão. “Na verdade, eu sei, mas um ‘não sei’ pareceu soar melhor naquele momento” Rachel voltou seus olhos para a Cheerio e sorriu.

“Qual o motivo então?”

“Santana quer que eu a ajude a te humilhar” A morena baixou os olhos para o chão novamente.

“Mas é claro!” Ela sussurou. ‘Por que mais elas me pediriam ajuda ou me ajudariam?’, completou em pensamento.

“Estou aqui porque não quero fazer isso” A loira completou, ignorando o sussurro da outra.

Rachel voltou seus olhos para a Cheerio, constatando que aqueles movimentos para encarar o chão e olhá-la seguidos iriam deixá-la tonta em algum momento.

“Sabe, Rachel? Estou cansada disso! Esses tipos de ‘brincadeira’ só machucam as outras pessoas e não nos levam a lugar nenhum” A loira balançava a cabeça frustrada, enquanto a morena tentava descobrir se havia mesmo escutado seu nome no início da frase. “Mas eu não vou mais fazer isso com você, Rachel. Você já sofreu demais na mão da S, e até na minha! Você pode ser irritante, mas isso não quer dizer que você tenha que pagar o mico do sécu...”

“Quinn?” Rachel a interrompeu, atônita.

“Sim?”

“Vo-você me chamou de ‘Rachel’?... Duas vezes?”

“Sim, algum problema?” A loira fez uma expressão preocupada e a diva balançou a cabeça negativamente.

“Acho que só não estou acostumada.”

**

O sinal do colégio já tinha tocado duas vezes além da em que todos deixaram a sala, menos as garotas. Isso significava que as duas já tinham perdido três aulas no escuro e, milagrosamente, Rachel Berry estava calada.

“Tenho que dizer que prefiro você falando, Berry. Só não deixe que isso saia daqui, tudo bem?” Rachel riu com a última parte da frase.

“Isso quer dizer que você quer que eu quebre o silêncio?” Quinn balançou a cabeça afirmativamente, lembrando que nas últimas sete vezes em que tentou fazer aquilo ela pareceu ser alguém que fala muito mais que Rachel no dia-a-dia. “Muito bem, sobre o que meu monólogo será?” Rachel ajeitou-se na cadeira sorrindo como uma criança quando diversos assuntos de seu interesse surgiram em sua cabeça.

“Sobre o que você quiser” A Cheerio respondeu sorrindo. “Meu treino é só em uma hora e meia, de qualquer jeito.”

Foi a desculpa perfeita que a diva precisava pra começar a falar de outras divas, as que participaram de seus musicais favoritos da Broadway. E depois, ao se lembrar que Quinn amava bacon, começou um segundo discurso, mas esse era sobre como os pobres porquinhos são mortos para que a loira possa comer seu querido e nojento, aos olhos de Rachel, bacon. Quinn se esforçou ao máximo pra ignorar esse discurso e só prestar atenção na parte da produção da carne.