Fugindo da Fama escrita por meglois


Capítulo 8
Multidão


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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Sakura

_Mas como foi que você chegou até aqui, Saky? – perguntou Ino, deitada de bruços na cama, balançando os pés como uma criança curiosa. – Há uma hora atrás eu me lamentava por você estar tão longe, pensando se você ainda lembrava de mim, e agora você está aqui na minha frente, usando um chapéu horroroso, e com o Sasuke de companhia!

Suspirei desanimadamente, e demorei algum tempo relatando à Ino tudo o que havia acontecido nos últimos tempos. Tudo o que eu falei à Sasuke, contei à ela, só que com muito mais palavras e mais detalhes, afinal, ela era minha amiga, não é?

_Sasuke e você estão muito amiguinhos, não? Hm... Está certo, Sasuke é mesmo um pedaço de mal-caminho... – disse Ino, com a maior malícia possível.

_Ino!

_Sim, me desculpe... Digo: Sasuke é o mal-caminho inteiro! – debochou ela, fazendo cara maliciosa. Senti uma certa irritação ao ouvir Ino falando dele assim. Argh.

_Nós não temos nada, ok?

_Sei. Ainda... E guarde minhas palavras!

_Argh. Você e sua mente poluída... Nunca muda, né?

_Hehehe. Minha mente está sempre aberta à novas ideias! – riu Ino, tirando a franja do rosto com um sopro irritado.

_Eu é que não quero conhecer a sua mente! Guarde-a para você, Ino-porca...

_Pode deixar comigo! – ela fez sinal positivo com o polegar. – Mas que bom que foi o Sasuke quem te ajudou...

_É... – suspirei, a imagem do Sasuke me veio à cabeça. Sasuke sorrindo... Sasuke passando a mão no cabelo... Sasuke sendo iluminado pelo sol... Sasuke sendo o Sasuke...

_SAKURA! – gritou Ino, despertando-me dos meus devaneios. – Sakura, acorda! Está sonhando acordada, é? Pensando em quê? No Sasuke, por acaso?

_Ino! – falei. Minha cara já deveria estar em tom escarlate. – Sai pra lá!

_Sei, sei... Mas se você acha que vai escapar de mim a partir de agora, está muito enganada, mocinha!

_Ui. Tá parecendo a minha mãe.  – falei. Ino soltou uma risada, mas logo voltou ao semblante sério.

_Mas é sério, Saky. Você é minha amiga, não quero perder a amizade de novo. Quem mais vai dividir marshmallows e fazer compras comigo?

_Eu sei. – falei, olhando para os meus sapatos. Tão feios, coitados. Preciso de sapatos novos também.

_Hein, o que você ia fazer hoje mesmo?

_Comprar uma peruca, um óculos, e roupas normais. Saí de casa sem nada, lembra?

_Oh, é mesmo. Bem, eu vou com vocês! Há-há! Adoro fazer compras, e além disso... eu sei o lugar perfeito para tudo o que você precisa! – disse Ino, com os olhos brilhando.

_É? Onde?

_A loja de disfarces do Sai. Lá tem de tudo! Tudo mesmo!

_E quem é Sai? – perguntei. Hora de usar a malícia a meu favor!

_Sai... Ah, Sai... – suspirou Ino, apoiando a cabeça na palma da mão, e olhando para o teto com o olhar sonhador. – O dono da loja e meu futuro namorado, o problema é que ele ainda não sabe disso! Hahahaha! Vivo indo na loja dele só para vê-lo...

_Ai, que fofo! Tá apaixonada! – falei, com uma vozinha melosa. Ino pegou o travesseiro e jogou em mim, com força. Não consegui conter o riso.

_Olha quem fala! Eu acho que você já está é começando a gostar do Sasuke! Mas sim, eu gosto mesmo do Sai. Sei lá, não dá para explicar...

Eu fiquei em silêncio. Estar apaixonada... Nunca fiquei apaixonada antes. Quero dizer, nada além de uma quedinha por um ou outro. Então, não sei como é estar apaixonada, mas não pode ser eu goste assim do Sasuke em tão pouco tempo. É impossível! Ou será que não é?

_Nossa, olha a hora! – exclamou Ino, de repente, olhando para o relógio-despertador ao lado da caixinha de músicas. – Temos que descer logo, passamos quase uma hora aqui conversando.

_Uma hora? Tudo isso?

_É, é! Vamos logo! E não se esqueça de colocar o chapéu, os óculos, e ajeitar essa sua blusa feia aí.

Fiz o que ela dizia com um sorriso no rosto, enquanto Ino ficava ajeitando o cabelo em um espelha grande atrás da porta.

Quando terminei, Ino abriu a porta, e saímos, uma logo após a outra.

Sasuke

Ok, eu admito! Quando Sakura e Ino subiram as escadas, dizendo que iam conversar, cheguei a me preocupar pensando que Sakura não conseguiria convencer Ino sobre a identidade dela. Digo isso por que sei que a Ino é dura na queda e não se deixa enganar facilmente. Na verdade, ela não aceita nada facilmente. Mas acho que esse deve ser o jeito dela mesmo. Sei lá.

Durante todo o tempo que tentava prestar atenção na programa idiota que passava na TV, minha cabeça estava nas duas garotas em um quarto no piso de cima.

Mas quando eu vi as duas descendo as escadas, se tratando como irmãs, esqueci de qualquer preocupação. Pareciam se conhecer a vida toda.

Meus olhos voaram para Sakura, que sorria alegremente, pulando os degraus. Lindamente adorável. A felicidade dela era visível. Quando ela retribuiu o meu olhar, me senti quente, e não consegui segurar um sorriso.

_Sasuke! – gritou Ino, que já havia descido as escadas.

_O que foi, Ino?

_Eu vi o jeito que olhou para ela, Sasuke pervertido... – sussurrou maliciosamente, me deixando quase corado. Mas pelo menos Sakura não ouviu o que ela disse. – Eu vou fazer compras com vocês!

Olhei para Sakura, como se estivesse perguntando se era mesmo verdade. E torçendo para que não fosse, também.

_É, ela vai com a gente.

_Isso! – falou Ino, feliz. – Onde estão a Hinata e o Naruto?

_Agora a pouco eles foram para a cozinha. Hinata queria comer geléia de kiwi com suco de uva. – respondi.

_Que alívio, então. – disse Ino.

_Alívio? Como kiwi com suco de uva pode ser um alívio? – perguntou Sakura.

_Desejos de grávida. – explicou Ino. – Semana passada ela estava com vontade de comer biscoitos com camarão e refrigerante light de morango. Mas até que está mais tranquilo ultimamente. No começo da gravidez eram coisas bem mais bizarras... Posso até dizer que já cozinhei de tudo!

_Eu imagino. – disse Sakura.

_Então, vamos deixar os futuros papais fazendo as vontades do bebê, enquanto nós vamos fazer compras!

_Ino! São só perucas! – argumentou Sakura.

_Mas serão perucas com estilo, ok? Ou acha que eu vou deixar você comprar um montinho de cabelo qualquer? Claro que não!

Ino sempre foi teatral. E parecia ter aceitado bem o negócio de Sakura passar uma semana como uma pessoa normal. Quer dizer, isso se Ino não der com a língua nos dentes antes das seis da tarde.

_Vou falar com a Hinata e depois nós já poderemos ir. Não saiam daí! – avisou Ino, logo desaparecendo atrás da porta da cozinha.

Sakura olhou para mim, com um sorriso satisfeito no rosto.

_Até que ela aceitou bem, não acha? – perguntou.

_É. Achei que ela não iria acreditar. – confessei.

_Eu também já estava achando que não. Mas ela pareceu acreditar quando eu respondi às respostas dela corretamente. É tão bom poder ter uma amiga de verdade de volta...

Eu fiquei observando-a, enquanto Ino não voltava. Depois de saber que na realidade, ela era uma mulher linda, comecei a prestar mais atenção quando ela usava o chapéu e os óculos, e se olhar bem, até mesmo assim, ela conseguia conservar essa beleza. O que me preocupa, é eu pensar tanto nisso.

Ino apareceu algum tempo depois, e puxou Sakura pela mão para fora de casa. Eu saí logo atrás delas, e assim que olhei para o meu carro, lá estava Ino, sentada em cima do porta-malas. Argh.

_Ino, saia de cima do meu carro. – mandei, olhando furiosamente para ela.

_Ai, Sasuke! Você é tão chato às vezes! – reclamou ela. Pelo menos saiu de cima do porta-malas, que felizmente ainda estava intacto. – Podemos ir logo? Eu estou ansiosa para mostrar para a Saky uma peruca roxa maravilhosa que eu encontrei da loja do Sai na semana passada!

_Ahn? Peruca roxa? Na loja do Sai? – perguntei. A loja do Sai parecia a casa da mãe Joana, qualquer canto que você olhasse, estava entupido de coisas sobre dirfarces e afins.

_Lá mesmo! Não é uma loja incrível? – perguntou Ino, se atirando no banco de trás do carro.

_Com certeza. – falei, irônico. Sakura sorria olhando toda a nossa discussão, e entrou calmamente, se sentando no banco da frente, ao lado do banco do motorista.

Eu dei a volta e sentei em frente ao volante. Coloquei a chave na ignição, girei, e logo ouvimos o barulho do motor começando a agir. Segundos depois, estávamos correndo pelas ruas, na direção da loja de disfarces do Sai, aquele braquelo falso.

Sakura

Eu estava muito feliz. Me sentia quase como uma criança, sorrindo por causa de qualquer coisa!

_Vai demorar muito, Sasuke? – perguntou Ino, cutucando Sasuke com o dedo indicador. Sasuke bufou.

_Ino, fica quieta e espera. Depois você briga com o Sai, foi ele que abriu uma loja do outro lado do mundo... – respondeu Sasuke.

_Hunf.

_Quanto tempo, mais ou menos, ainda vai demorar? – perguntei.

_Acho que uns quinze minutos. Até que estamos perto... – informou Sasuke, olhando para mim e dando um sorriso tranquilo, que não sei por que, me deixou quente por dentro.

Notei que Ino estava olhando para uma das janelas, com os olhos arregalados, como se estivesse tentando ver melhor algo do lado de fora.

_O que tem aí, Ino? – perguntei.

_Vem ver! Estão fazendo a maior muvuca lá fora! Olha só quanta gente! Por quê será? – ela apontou para algum lugar do lado de fora do carro.

Olhei em volta, e acabei reconhecendo o local. Karin morava por ali.

_Isso não é bom... – murmurei.

_O quê não é bom? – perguntou Sasuke. A maioria das pessoas não identificaria o leve tom de preocupação em sua voz, mas eu identifiquei. Háhá! Era incrível como em tão pouco tempo, eu sentia como se Sasuke já fizesse parte da minha vida há anos. E eu não ficava nada feliz em pensar que logo ele poderia sair dela.

_A Karin mora por aqui. Mais exatamente naquele prédio ali. – falei, apontando para um prédio enome e luxuoso, que se entendia ao longe por cima dos outros prédios, por ter uma tamanho excepcionalmente maior que os prédios ao redor.

_Karin? Quem é Karin? – quis saber Sasuke. 

_É aquela coisa do cabelo vermelho? Que sempre aparece do seu lado nas fotos? – perguntou Ino.

_Essa mesma.

_Hm. – resmungou Ino, voltando novamente sua atenção para a multidão do lado de fora do carro. – Que estranho, não acham? Olha, Saky... Vem cá ver!

Passei para o banco de trás, e fiquei ao lado de Ino. Nós duas grudamos nossos rostos na janela, olhando para um grande grupo de pessoas em círculo, e o barulho era audível de longe.

_Estão todos comprando jornais. – notou ela. – O que será que publicaram de tão interessante?

Ninguém respondeu, mas todos ficamos olhando para a multidão que se dissipava aos poucos, dando lugar a uma pequena banca de jornais.

_Ino, vai lá comprar um desses jornais. – mandou Sasuke, olhando fixamente para a banquinha. – É bom sabermos o que diz lá, talvez seja alguma coisa sobre Sakura. Talvez possa nos ajudar.

_Só se você me der dinheiro, porque eu não tenho nada aqui!

_Se vira, mulher. Sua vez de fazer um sacrifício pelo grupo. – insistiu Sasuke.

_Nem vem! Eu não trouxe dinheiro para comprar jornal e...

Eu, vendo que daquela discussão não sairia boa coisa, como a grande boa samaritana que sou, peguei algumas notas que eu havia colocado no bolso de trás da calça, e joguei-as na cara da Ino.

_Oh. – disse ela, pegando as notas.

_Compra o jornal logo de uma vez. Vai, vai, vai! – falei.

_Claro, claro, é pra já! – disse Ino, saindo do carro com as notas na mão.

_Problema resolvido. Como vocês conseguem brigar com tão pouco?

_Eu acabei de perder o emprego, lembra? – disse Sasuke. – Não posso me dar ao luxo de ficar gastando dinheiro à toa.

_Você se demitiu. É diferente. – eu sorri para ele. – Além disso, você não é pobre. E qualquer coisa é só passarmos em um banco que eu arranjo dinheiro para vocês pagarem seja lá o que for.

Ele pareceu querer discutir, mas o olhei de modo que o fez ficar quieto. Ficamos apenas nos encarando, em silêncio. Eu apreciava os traços muito bem feitos do rosto dele, que combinavam perfeitamente com os olhos, o cabelo, a boca, o nariz... ai, ai...

Essa é uma daquelas horas em que eu gostaria de saber no que os outros estão pensando. Quando dizem que os olhos são o espelho da alma, significa que podemos entender a pessoa só de olhar nos olhos, ou algo parecido. O problema é quando os olhos em questão não deixam transparecer nada. Os olhos dele são exatamente assim, como dois buracos sem fundo, ainda que lindos. Mas, às vezes, até Sasuke baixa a guarda e alguma coisa aparece.

De repente, a porta se abre bruscamente. Ino entra sorridente, com um exemplar do jornal em uma mão, e um pacote de doces da outra.

_Docinhos para nós, testuda. – Ino estendeu o pacote para mim, deixando o jornal cair no chão do carro. – Sasuke vai ficar sem. Ele não gosta de doces mesmo.

Sasuke e eu nem nos olhávamos direito. Também, depois de toda aquela sessão de encaramento, era meio constragedor. Mas Ino estava ocupada demais para perceber isso, felizmente.

_ Karin estava lá, sabia? Com um jornal na mão rindo como uma vadia retardada... Se bem que ela já parece uma vadia de qualquer jeito, né? Rindo, então... – comentou Ino, xingando Karin enquanto pegava uma bala do pacote.

_Que estranho. – falei. – Normalmente ela não fica andando por aí assim...

_Por que é que ela está sempre grudada com você nas fotos, hein? – Ino disse, desembrulhando a bala e jogando-a na boca. – Ela sempre queima o filme... Quanto será que ela paga para o fotógrafo deixar ela entrar na foto?

_Karin finge ser minha amiga. – falei. – Mas na verdade, só quer se aproveitar da minha fama para aumentar a dela. Karin não contenta apenas com a fama de ser uma vocalista substituta de uma banda quase desconhecida.

_Hm. Não fui com a cara dela. – disse Ino. – Fica com aquele nariz torto empinado, como se fosse melhor que todo mundo. E as roupas, então? Ui, que coisas são aquelas?, parecem mais pedaços de pano costurados!

_Ela gosta de... hm... “chamar a atenção”, como ela mesma diz.

_Só se for da parte sob as cuecas dos homens. Dava para ver na cara deles a ereção... – dizia Ino, me fazendo ficar sem graça. Afinal, Sasuke ainda estava no carro.

_Ino, é melhor parar de falar sobre isso... – aconselhei, esperando que ela entendesse o que eu quis dizer.

_Ahn? Mas por que? – ah, Ino e seu raciocíno lerdo.

_Sasuke está no carro, sabe... – lembrei-a.

_Oh. – disse ela, entendendo a burrada que tinha feito. Mas pareceu nem ligar, dando de ombros. – Foi mal, Sasuke, esqueci que estava aí.

Bem, pelo menos depois de tudo que ela falou, tenho certeza absoluta de que Ino não mudou em nada. Talvez tenha ficado mais... mente poluída? Algo assim.

Vi Sasuke fazer uma expressão irritada, soltar um resmungo e parar o carro não muito longe da multidão de pessoas que compravam jornal ou paravam para observar Karin.

Parar tão perto de onde Karin estava me deixava nervosa. Eu sabia que se ela me reconhecesse, não hesitaria em contar uma grande mentira para as câmeras, espalhando uma impressão errada de mim. Mas o que eu poderia fazer?

Agora, só me restava torçer para que aquela ruiva feia ficasse bem longe de mim.


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Notas finais do capítulo

Cap. 8!
Dedico esse capítulo para Sofia_Lovato_s2, se ela tiver gostado, claro. Obrigada pela recomendação, fiquei tãão feliz!


Espero reviews! XD