O Diário de um Semideus escrita por H Lounie


Capítulo 15
Três




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Jessica

Três. Quíron havia nos alertado sobre isso. Partimos em cinco e agora voltavam apenas três. A atmosfera do acampamento era sombria, o clima de perda era evidente. Depois de tudo se acalmar, nos restava novamente um enorme número de perdas... e mais nada.

Parecia incrível que depois de tudo que passamos, Lyra não pôde voltar conosco. Confesso que fiquei extremamente assustado ao ver quem foi o autor do golpe que tirou a vida da filha de Apolo. Sky se enganou e o engano dele custou a vida de uma pessoa, a pessoa que esteve tentando evitar a maldita guerra dos deuses desde que soube que ela podia acontecer.

Apolo foi incrível, o que ele fez foi tão... digno. Mesmo que por pouco tempo, mesmo que na hora da morte, ele mostrou que amava sua filha e parecia realmente mal por não fazer nada por ela, quem dera meu pai demonstrasse o amor dele por mim assim um dia, mas que não esperasse eu estar morrendo, que fizesse isso em um dia qualquer, mas acredito que o deus dos mares esteja ocupado demais para isso.

Felizmente tudo acabou bem na “guerra dos deuses”. Hefesto ficou realmente surpreso ao saber que Perséfone havia mandado um semideus roubar seu símbolo de poder, para construir uma espada para Hades. Nico deixou claro que a idéia toda fora de Perséfone, desde forjar a espada até roubar o martelo de Hefesto. Zeus não pareceu totalmente convencido e Deméter parecia prestes a incinerar Nico.

Agora todos nós voltamos ao acampamento, graças aos cães de Hécate, o que me lembra que temos um trato a cumprir futuramente. Ainda tinha o problema com o semideus traidor, ele provavelmente estaria no acampamento e como eu gostaria de dar uns tapas nele ou nela. Afinal, que tipo de pessoa trai os amigos assim? Que tipo de pessoa concorda em fazer parte de um jogo tão perigoso assim? Que pode acabar em tantas mortes de inocentes?

Enquanto descíamos a colina me pegava pensando que desperdicei tempo demais odiando a filha de Apolo e quanto havíamos nos tornado próximas nesses últimos dias. Eu podia descrever com perfeição o quanto ela lutou, o quando não queria falhar e quanto medo sentia. Fiquei realmente feliz quando ela e Nico ficaram juntos no central Park, era possível ver nos olhos dos dois o quanto eles se amavam; e agora Nico está sozinho, perdeu a pessoa que realmente importava para ele.

Ao meu lado ele andava no mais absoluto silêncio, uma tristeza de dar pena na expressão do rosto. Mais atrás, Will andava batendo os pés no chão, querendo parecer irritado, mas eu sabia que ele também estava triste.

– Jess, Nico, vocês voltaram. – Uma garota sorria enquanto andava em nossa direção. Annith. – Hã, está tudo bem Nico?

Nico não respondeu a garota que sorria para ele, querendo claramente ser notada, simplesmente a ignorou e continuou andando, indo para seu chalé.

– Ele só está triste, por causa de... bem, você sabe.

– Lyra, ah, sim. Jéssica... bem, deixa para lá. – Achei estranho, ela não parecia triste, era como se ela nem ligasse. Por um momento cheguei a pensar sobre Annith e sobre sua mãe Éris, mas aquilo não poderia ser verdade.

Assenti a fui para meu chalé. Só eu sabia o quanto aprendi com está missão, o quanto aprendi a valorizar as coisas e as pessoas, pois realmente não sabemos quando vai ser a última vez que vamos vê-las. Aprendi que os lugares em que estamos tem influência sobre nós, você não pode estar em um porta-aviões de guerra lutando com Phobos e Deimos e ficar tranqüilo, você não pode estar escalando uma escada de névoa em um monte e não sentir medo de altura, você não pode estar abrindo o rio styx e não sentir medo de falhar, mas acima de tudo eu aprendi que todos os nossos atos têm conseqüências e que as pessoas que magoamos ou ferimos podem ser exatamente aqueles de que mais vamos precisar um dia.

Eu não sei mais quanto tempo tenho de vida, posso morrer hoje, posso morrer amanhã, posso morrer em combate como Lyra, pois a vida de um semideus é tão estranha e desigual, mas de uma coisa eu sei, pode levar o tempo que for, eu sei que vou morrer e espero que seja como uma heroína.

A noite chegou e no mesmo clima de tristeza fizemos nossa última homenagem à Lyra. A mortalha dourada foi queimada e a fumaça do mesmo tom subiu ao céu.

– Adeus Lyra.


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