A Luz dos Olhos Teus escrita por Sochim


Capítulo 9
Capítulo nove


Notas iniciais do capítulo

Bom, cá estava eu, postando minha primeira original no Nyah e no Anime Spirit, postando mais um cap de Os Outros (bem pobre por sinal) e pensando no que fazer com A Luz dos Olhos Teus que tem uma facilidade realmente incrível para entrar em hiatus. Bem, isso é em parte culpa de KonoHana, mas como eu percebi, em comentários (os quais acabei de ler) tanto aqui no Nyah quanto no Spirit, as pessoas estão gostando do casalzinho, então percebi que não preciso diminuir a participação deles, mas sim aumentar a participação de Naruto e Hinata...
Mas, espero que entendam que a proposta dessa fic não é atropelar as coisas e fazer os casais se apaixonarem num piscar de olhos. Precisa, sim, de um contexto por trás. E, tecnicamente, a Hinata é apaixonada pelo Neji, lembram??? (Que bom, pq eu às vezes esqueço)...
De qualquer forma, taí o capítulo 9.



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Naruto deixou o táxi mais cedo, na noite de sexta. Em casa, não encontrou nem Iruka nem o garoto, com quem não falara muito na semana que passou, por causa das horas extras que fizera para Sai. Mais valera a pena. Finalmente o custo do conserto do táxi estava pago e Naruto poderia conduzir melhor os seus horários. De vez em quando, pensava em tirar algumas horas do dia para procurar emprego, mas facilmente mudava de idéia, lembrando-se do tempo que levou até que precisasse implorar para Sai deixá-lo voltar para o antigo emprego. Não tinha mais nada para ele na cidade.

Mas tinha ao menos uma coisa: o Mangekyou. E isso ninguém tiraria dele. Tomou um banho rápido e saiu. Dessa vez evitou o elevador, preferiu as escadas e, se não voltasse tarde, provavelmente as encararia novamente. Foi caminhando para o bar de Sasuke, que não era muito longe, acompanhando com o olhar perdido a noite que esfriava cada vez mais. Mesmo assim, não se importou. Fechou-se ainda mais em seu sobretudo e apressou o passo. Já na entrada do Mangekyou, cumprimentou Genma e mais alguns homens que estavam por ali e subiu as escadas. Foi recepcionado como sempre por um cumprimentos animados do amigos.

- Boa noite. Vai querer alguma coisa? - Sasuke foi logo dizendo, formalmente, mas com um sorriso satisfeito no rosto.

- Não. Hoje não estou com vontade de beber nada. Eu vim pra tocar. - Naruto falou direto, o que deixou Sasuke um pouco desnorteado. - Posso?

O amigo não ofereceu resistência nenhuma e abriu um sorriso ainda maior.

- Claro que pode. Quando quiser.

Naruto passou os olhos por Sasuke e Lee e foi para a porta ao lado do palco, onde ficava uma espécie de camarim improvisado. Entrou, encontrando Sakura e Ino conversando sobre qualquer coisa sem importância.

- Boa noite! - Falou, dando um beijo no rosto de cada uma. - Será que essa noite terei a honra de ter as duas me acompanhando no palco?

- Vai tocar? - Ino perguntou animada.

- Vou. Estava sentindo falta disso, já. - Falou, tirando o sobretudo. - Não nasci para ficar naquele maldito taxi o tempo todo.

- Isso é ótimo, Naruto. - Sakura levantou, puxando Ino consigo. - Vamos logo, então.

Naruto sorriu. Sakura encarou-o admirada. Há muito tempo não via o olho de seu amigo de infância tão brilhante. Aqueles olhos azuis jamais mentiam... Naruto não estava pensando em mais nada, nem no tempo, nem no dinheiro, nem no táxi. Aqueles era o seu momento e precisava daquilo mais do que imaginava. Quando subiu no palco, anunciado por Sasuke e recebeu a atenção dos presentes, sentiu-se novamente vivo, como há muito tempo não se sentia. E logo já estava tocando, sentado ao piano, seu segundo instrumento preferido depois do saxofone.

"Isso... Era isso que eu sentia falta."

 

*

 

- Boa noite, Hinata.

- Boa noite Shizune. Durma bem.

- Você também.

Hinata saiu da cozinha, deixando a moça para trás, com o cansaço de um dia puxado de trabalho. A herdeira subiu para o seu quarto, mas as vozes animadas de Hanabi e suas amigas chamaram a sua atenção. Fazia tempo desde a última vez que levara suas amigas em casa, para passar a noite. Agora, na maioria das vezes, era hinata que passava a noite fora, na casa de Karin, ou de alguma outra amiga mais próxima. Nem se lembrava de porque não as levava mais para dormir em sua casa... Embora talvez fosse melhor não lembrar, mesmo.

Por algum motivo, Hinata não conseguiu conter a curiosidade e se aproximou da porta do quarto da irmã. Bateu e abriu um pouco. Havia seis meninas no quarto: Hanabi, Matsuri, Nagaki, Saaki, Mizuki e Yumi. Estavam sentadas no chão em frente à cama, no quarto que era todo revestido em rosa, violeta e roxo, do jeito que Hanabi gostava. A combinação das cores poderia ser um pouco exagerada, mas combinava com o jeito da menina e, depois de um tempo, já acostumada a ele, Hinata não se importava mais com as extravagâncias do quarto.

- Oi, meninas. Precisam de alguma coisa? - Perguntou, gentilmente.

- Não. - Respondeu Matsuri, sorrindo.

- Não precisa se preocupar. - Hanabi garantiu. - A sua promessa sobre esse fim de semana está de pé?

- Claro, é uma promessa! - Hinata riu, um pouco sem jeito, pois sequer se lembrava da tal promessa até segundos atrás. - Mas se formos fazer alguma coisa, terá que ser durante a manhã ou a tarde. A noite, eu já tinha compromisso...

- É, eu lembro... No tal bar com o... - Hanabi parou, mas Hinata ainda assim lhe lançou um olhar de censura.

- Boa noite meninas.

- Boa noite. - Responderam todas quase juntas.

Hinata fechou a porta e foi para o seu quarto. Não se lembrava daquelas meninas nas outras vezes que Hanabi trouxera alguém para a sua casa. Mas isso não importava. Arrumou-se para dormir e deitou na cama. A escuridão de seu quarto lhe deixava nervosa às vezes. Não conseguia entender porque, mas parecia que algo sempre estava errado, quando apagava as luzes e tentava dormir. Era mais como se algo estivesse faltando. Algo ou... Alguém.

 

*

 

- Mais uma e eu estou fora. - Udon avisou, já cansado de perder para Moegi no video-game.

A menina apenas riu e continuou apertando os botões com uma rapidez imprecionante. Estavam jogando Guitar Hero, há quase três horas e aquele barulho, que Moegi chamava de música estava começando a encher a paciência de Udon. Konohamaru, que antes dividia com Moegi o gosto por rock, não se importava com a música, mas começava a entender porque Iruka não gostava daquilo. Algumas das bandas que tinham naquele jogo, especialmente os guitarristas, nunca tiveram aulas de música e inventavam seqüências quase impossíveis de reproduzir. A melodia por vezes se perdia com um solo de guitarra mal colocado e um vocalista que não cantava nada. Não era a mesma coisa que o jazz e o blues que estava aprendendo com seu tio, Iruka e Naruto. Era mais uma... Bagunça generalizada. De uma época sem revoluções significativas.

"Acho que o tal do Orochimaru tem razão. O mundo precisa urgentemente de revoluções. Principalmente na música..."

- Só mais essa, vai. - Pediu, começando a sentir a cabeça doer com as cores passando na tela.

- Beleza, só deixa eu ganhar dele. - Moegi riu, embora Udon não achasse a menos graça.

Assim que os dois terminaram o jogo, Moegi saiu do quarto para beber água na cozinha e deixou Konohamaru e Udon sozinhos.

- E aí, quando a gente vai atrás do Ichiraku de novo? - Perguntou de uma vez, aproveitando que a garota estava fora.

- Você ainda quer ir? - Udon perguntou cauteloso.

- Claro. - Deu de ombros. - Quero saber tudo o que puder desses caras. E entender de uma vez por todas porque todo mundo gosta tanto deles.

Udon sorriu, guardando os controles de Moegi em uma caixa de sapato já toda arrebentada e remendada.

- A gente combina um dia, mas... Só a gente... Da última vez...

- Da última vez o quê?

- Nada, incherida. - Retrucou Konohamaru, livrando Udon de ter que responder. - Coisa nossa.

- Aff... Que coisa. Por que esse segredinho agora? Vai, fala pra mim.

- Não. - Konohamaru respondeu, categórico e, num gesto automático, olhou no relógio. - Puts, melhor eu ir. Já está tarde.

- Não. - Moegi disse rápido, fazendo Udon olhá-la espantado. - Amanhã é sábado, pelo amor... Fica.

- Não dá. Eu tenho mesmo que ir...

- Eu também... - Udon disse, também olhando no relógio. - Mas, como ninguém vai pedir para eu ficar, eu vou nessa. - Alfinetou um pouco.

Moegi o encarou com uma profunda expressão ressentida, mas ele não se importou. Estava na cara, desde que Konohamaru começara a estudar em outro colégio e até mesmo antes disso, que Udon estava sempre sobrando entre os três. O garoto não sabia dos sentimentos de Konohamaru, mas sabia que Moegi estava bem longe de perder as esperanças. Decidiu que era hora de deixá-los.

- A gente se fala na escola. - Falou novamente, olhando para Moegi. - Tchau, Kono..

- Eu vou com você. - Konohamaru interrompeu distraído.

Moegi tentou pedir a ajuda de Udon, mas não havia muito o que fazer. Os dois garotos sairam da casa da garota e começaram a descer os três andares de escada até a rua.

- Por que não ficou mais um pouco? - Udon perguntou, quando chegavam ao segundo andar. Konohamaru apenas deu de ombros. - A Moegi queria que ficasse...

- Eu sei.

- Então...

- Eu não quis ficar. Só isso.

- Você... Você sabe que ela está sentindo a sua falta, né? - Konohamaru não respondeu. Udon continuou. - Isso não é nenhum crime, mas... Você não pode nem dar uma chance a ela?

- Seria errado. Só faria as coisas piorarem.

- Mas assim não está ajudando, também. Você podia pelo menos conversar com ela.

- Talvez um dia eu faça isso.

- Acabou de perder uma ótima oportunidade.

Konohamaru riu.

- De preferência num dia em que eu não esteja no mesmo quarto que ela. Isso facilitaria as coisas.

Udon não tocou mais no assunto, pois sabia que o amigo estava certo.

- Que dia estará livre? - Perguntou de repente.

- Não tenho planos para esse fim de semana, nem para os próximos, na verdade.

- Nesse fim de semana, então?

- Pode ser.

- Então fechou...

- Fechou...

 

*

 

- Sério, o que vocês vêem nele? - Hanabi perguntou, cortando o assunto Konohamaru, que se repetia mais uma vez na voz daquelas meninas.

- Não sei... - Começou Saaki, passando a mão pelo cabelo. - Ele tem um jeito meio largado, meio sem ligar para nada.

Hanabi revirou os olhos. Já tinha ouvido aquilo de Matsuri.

- Ele é legal. - Nagaki interrompeu. - Se parar para conversar com ele...

- E o que ele fala? - Matsuri perguntou, seguindo a recomendação de Hanabi e fingindo completo desinteresse e até rejeição pelo garoto.

- Não fala muito na verdade. - Nagaki confessou, um pouco sem jeito. - Mas não são as mesmas besteiras que os meninos da escola falam. Eles só pensam em viagens, carros, a faculdade que os pais vão pagar para eles.

- Não só os meninos... - Yumi observou.

- Nisso eu concordo. - Hanabi falou. A menina estava agora deitada na própria cama, ao lado de Matsuri, que estava de barriga para baixo observando as outras meninas. Hanabi fitava o teto, desinteressada.

- E fora isso? - Matsuri perguntou. - O que mais gostam nele?

- Ele é bonitinho! - Mizuki falou logo. Saaki e Nagaki concordaram com a cabeça.

Hanabi virou a cabeça para Matsuri, entediada e a garota entendeu o recado.

- E você, Yumi?

- Eu? Ah...

- O quê?

- E-Eu n-não acho o K-Konohamaru tudo isso.

- Não? - Hanabi esticou o pescoço para a menina, mas teve que se virar para enxergá-la perfeitamente. - Graças a Deus! Não sou mais a única voz da razão aqui!

Yumi riu, um pouco sem jeito. Mizuki lançou-lhe um olhar malicioso.

- A Yumi não vale. Ela já gosta de outro!

- Mizuki!

- Não mente, Yumi.

- Sério? - Nagaki se interessou. - De quem?

- E-Eu... De ninguém, oras...

- Ninguém fica assim por "ninguém", Yumi. - Saaki riu.

- Hanabi... - Mizuki chamou, aparentemente mudando de assunto. - Exatamente qual a sua relação com o Kiumaru?

- O Kiumaru? Nenhuma. Somos só amigos.

- M-Mas ele quer ser mais que seu amigo. - Yumi falou baixinho.

- Ah, mas... - Hanabi olhou para a menina e viu seu rosto ficar vermelho aos poucos. - Você gosta dele, Yumi?

- N-Não, eu...

- Gosta. - Mizuki falou, taxativa.

- Mizuki!

- Tudo bem, Yumi. - Hanabi sentou na cama, com um sorriso sincero nos lábios. - Eu não sei o que você viu nele, mas se gosta dele, isso é legal. Ele merece alguém que goste dele de verdade.

Yumi ainda estava muito vermelha, mas sorriu. Hanabi ficou feliz pela idéia de convidar as amigas para passar a noite em sua casa, pois só assim conseguia descobrir o que elas realmente pensavam e sentiam. Só tinha sido uma pena ter que convidar Nagaki e Saaki para ir também, a pedido de Matsuri. Mas, como no momento em que chamou Yumi e Mizuki, as outras duas estavam juntas, não teve como não fazer o que a amiga queria.

- Você podia dar uma forcinha para ela, né? - Mizuki falou, deixando Yumi mais sem graça ainda.

- Eu? Ah... - Hanabi olhou para a menina tímida, que lembrava sua irmã mais velha há alguns anos. Não podia negar que sempre tivera simpatia pela pequena e por isso andava com ela nos intervalos. Mas, seria prudente bancar a cupido para mais uma pessoa? Matsuri e Inari já estavam dando trabalho demais. Mas Yumi era tão frágil... - Eu não sei fazer isso...

- Ah, pára. Se você, que é você não consegue isso, então pobre de nós. - Saaki insentivou.

Hanabi ficou um pouco sem jeito. Matsuri sentou na cama também.

- Ah, pensa nisso, Hana! - Falou, recebendo um olhar assustado de volta. - Pela Yumi!

- Pela Yumi! - Repetiram Mizuki, Saaki e Nagaki.

Hanabi encarou Yumi, que já não tinha onde enfiar a cara.

- Okay. - Disse por fim. Vencida. - Se você quiser, Yumi... Eu ajudo.

 

*

 

No sábado, Hinata aproveitou que Hanabi estava com as amigas para ficar em casa, tentando resolver alguns trabalhos de faculdade que começavam a aparecer. Não tinha jeito, ainda que tivesse mudado muito desde os tempos de colégio, ainda que odiasse o curso, uma coisa Hinata não conseguia mudar em si mesma: sua mania de sempre fazer o que precisava ser feito.

Mesmo assim, abandonou todas as obrigações quando Karin ligou para a sua casa e saiu, dando satisfação apenas para Hanabi, que continuava com as amigas em casa.

- Para onde é?

- Siga por ali. - Hinata indicou um caminho à direita.

- Pensei que esse bar fosse mais perto. - Karin reclamou.

- Mas vale a pena, juro para você!

- Não jure, querida. Por que se não for, farei você pagar até a morte.

- Ai, credo! - Hinata riu.

- Estou falando sério!

As duas seguiram viangem por mais alguns minutos e logo Hinata avistou o Mangekyou no centro. Karin parou o carro bem em frente ao bar e as duas sairam.

- Bem escondido isso aqui, heim?

- É. Mas...

- Não jure de novo, já avisei.

- Não era isso que eu ia dizer, mas deixa para lá. Vamos subir logo.

Karin não teve coragem de dizer à Hinata o quanto se imprecionou com o lugar. Tudo no Mangekyou era absolutamente lindo. A música não lhe agradava muito, mas Hinata também já lhe avisara sobre isso, antes, então não poderia reclamar. De qualquer forma, estava aberta a novos ares.

- Ele está lá. - Hinata indicou com a cabeça um homem que estava sentado no balcão, assistindo à apresentação realmente interessado.

- Vai falar com ele.

- N-Não... - Hinata começou, mas a um olhar de Karin, respirou fundo.

- Sem gaguejar, mulher. Ele é só um taxista. Seu primo gato está esperando você... Vai lá e faça o que sabe fazer.

Hinata riu. Karin estava certa. Era só um taxista. Que tocava e cantava bem, tinha olhos azuis marotos e um sorriso de menino. Não se comparava a Neji... Mas mesmo assim... A menina tímida dentro dela não dava as caras há muito tempo. Não apareceria agora também. Hinata olhou para Karin como que pedindo para que a acompanhasse e foi na direção de Naruto.

- Oi. - Cumprimentou com a voz clara, mas num tom quase normal.

- Oi. Você veio. - Naruto sorriu.

- Claro que vim. - Ela sorriu de volta. - Essa é minha amiga Karin.

- Nós já nos conhecemos... - Karin sorriu, sem demonstrar estar sem jeito pelas circusntância em que os dois se conheceram. - Então você é o Naruto?

- Sou eu. - Naruto, ao contrário delas, já não se sentia tão confiante quanto antes. As duas mulheres a sua frente eram extremamente bonitas e pareciam querer deixar claro a diferença entre os mundos em que viviam. Mas isso nunca o assustou antes. Sorriu ainda mais e encarou-as, com toda a simpatia e charme que possuía e que sabia que derretia qualquer coração de gelo, como aqueles dois.

- Quer dizer que o senhor Uzumaki tem mesmo uma péssima memória.

- Nem tanto, senhorita Hyuuga. Eu me lembrei da promessa.

- Pelo menos... - Hinata sorriu.

Elas se afastaram pouco depois e sentaram em uma mesa mais distante do balcão, onde poderiam conversar mais à vontade.

- Bonitinho... - Karin comentou, sem olhar para Naruto.

- Mesmo? Nem reparei... - Hinata ironizou.

- Hina, Hina... Quais são suas intenções com o loirinho? - Karin perguntou, apertando os olhos para ela.

- Nenhuma! Juro! - Hinata levantou a mão numa jura divertida, mas Karin abaixou sua mão rapidamente.

- Pára de jurar mulher!

 

- Deixe eu entender... Desde quando você fala com a Hyuuga? - Sasuke perguntou, sentando-se ao lado de Naruto, no balcão.

- Desde que nos conhecemos e você me deixou sozinho com ela naquela varanda... Depois disso nos encontramos três vezes... Na primeira ela estava bêbada, na segunda declarou seu amor ao Mangekyou e agora...

- A herdeira dos Hyuuga declarando amor pelo meu bar? - Sasuke ergueu uma sobrancelha, incrédulo.

- Não é tão espantoso assim, é?

- Não é espantoso, é incrível!

Naruto sorriu para o Uchiha e virou-se para aplaudir os colegas que saiam agora do palco.

- Vai tocar hoje?

Naruto lançou um rápido olhar para a mesa em que estavam Hinata e Karin e levantou-se.

- Vou.

Sozinho, Naruto subiu no palco, recebendo o aplauso de alguns clientes que estiveram no Mangekyou na noite anterior e tiveram um verdadeiro show do rapaz, que apresentou cerca de sete músicas, que estavam entre suas preferidas. Dessa vez, ele escolhera uma música mais simples, mas que deixava as pessoas realmente envolvidas com a melodia.

Sentou-se novamente no piano e puxou o microfone um pouco mais para si.

- "Georgia in my mind" - Anunciou e todos se calaram.

 

"Boa escolha", pensou Hinata.

Durante toda a música, as pessoas apenas ouviram. Era fascinante ouvir Naruto tocar. Ele parecia tão concentrado, tão envolvido com o que tocava, que provavelmente mais nada existia em sua mente. Era esse tipo de sentimento que Hinata admirava em um músico, fosse ele quem fosse. A capacidade de se entregar ao que está tocando, desligar-se do mundo e só prestar atenção às notas, aos acordes, ao toque suave da mão no instrumento.

Por isso Hinata não admitia quando Hanabi dizia que ela não entendia de música. Não era esse o problema. Como competir com aquilo? Hinata sabia tocar piano, mas não era a mesma coisa. Nunca seria. Há muito tempo perdera a vontade de tocar. Restara apenas a vontade de ouvir. E isso ela jamais esqueceria como fazer.

Mas havia mais que melodia naquela música. Havia a voz de Naruto, que agora estava mais audível, sem ninguém cantando ao fundo, sem nenhum outro instrumento além do piano para atrapalhar. E a voz saia suave e grave, alternadamente, nos momentos certos. Ela jamais se arrependeria de ter ido ao Mangekyou naquele dia, pois estava vendo e ouvindo o que há muito tempo pensara que havia sumido: a verdadeira e mais pura paixão pela música.

 

*

- A gente se encontra amanhã, então... - Udon ia dizendo, quando viu que Konohamaru não ouvia mais.

O garoto olhava para um senhor que atravessava a rua, a caminho do Mangekyou. Com um sorriso, Konohamaru apressou Udon para que alcançasse o homem, antes que ele entrasse no bar.

- Boa noite, professor.

- Ah... Boa noite Konohamaru! - Jiraya disse, entre surpreso e contente. - Como vai?

- Bem. Esse é meu amigo Udon.

- Oi.

Jiraya desviou sua atenção para o som que saía do alto do prédio em que ficava o Mangekyou. A música fez o professor alargar o sorriso, assim como Udon, que a conhecia bem. Konohamaru também conhecia, mas por mais que gostasse dela, não se comparava àqueles dois.

- Vão subir?

- Claro. - Konohamaru respondeu rápido. - Preciso mesmo falar com meu tio... - Mentiu.

 

*

 

Assim que terminou, Naruto não esperou pelos aplausos para descer do palco, mesmo assim, houveram muitos clientes que foram cumprimentá-lo. Mais um deles, que entrara discretamente nos minutos finais da música, camuflado pelas atenções totalemente voltadas para o músico, parecia particularmente feliz com a cena. Naruto ainda lutava para encarar as pessoas no rosto, quando viu seu antigo mestre parado na entrada. Desviou-se de algumas pessoas e cumprimentou-o logo com um abraço. Jiraya retribuiu o abraço com um sorriso aberto.

Konohamaru e Udon passaram ao lado deles e logo receberam um olhar não muito contente de Asuma. O garoto Sarutobi apenas deu de ombros.

 

- Quem é o cara? - Karin perguntou.

Hinata não respondeu imediatamente. Conhecia aquele homem. Fora seu professor no Colégio Satélite... Mas de onde Naruto o conhecia? De qualquer forma, parte do mistério de como o rapaz conseguia tocar daquele jeito já estava resolvido. Qualquer um com um verdadeiro talento, que passasse pelas mãos de Jiraya, poderia fazer qualquer coisa na música.

- Hinata?

- Ele é professor de música... - Respondeu simplesmente e levantou-se. - Já volto. - Hinata atravessou o bar, até onde estavam Naruto e Jiraya. - Professor? - Chamou cautelosa, não tinha certeza de que Jiraya a reconheceria depois de tanto tempo.

- Meu Deus. - Jiraya exclamou. - Senhorita Hyuuga! É você mesmo?

- Como vai professor? - Hinata sorriu, recebendo um abraço do antigo professor.

- Que mundo pequeno esse! - Comentou Jiraya olhando de Naruto para Hinata, com olhos de saudade. - E parece que foi ontem que eu dei aula para vocês dois.

- Que tal matar a saudade dos velhos tempos? - Naruto sugeriu, animado.

- Por mim... Toca com a gente, moça?

Hinata paralisou com a pergunta. Como assim tocar com eles? Há muito tempo não tocava absolutamente nada... Mas... Quantas vezes elas poderia tocar com Jiraya? Sorriu, com o rosto um pouco corado.

- Claro.

Dessa vez foram outro olhos azuis, que não os de Naruto, que brilharam...


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem... Sinceramente... Se não, sabem o que fazer nos reviews.

Ray Charles - Georgia in my mind
http://www.youtube.com/watch?v=Thls_tMuFkc