A Luz dos Olhos Teus escrita por Sochim


Capítulo 5
Capítulo cinco




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Naruto achou que a cena era uma das mais surreais que já presenciara na vida. Hinata estava no seu táxi, parecendo fora de si. Não teve tempo para pensar muito, pois o motorista do carro da frente veio furioso na direção dele.

- Que merda...? - Parou, olhando de Naruto para a garota. - Tinha que ser. Esses adolescentes são um bando de imprestáveis, vagabundos!

Naruto não deu atenção a ele. Hinata ficava cada vez mais pálida.

- O que ela bebeu? - Perguntou à Karin.

- O-O m-mes-mo q-que e-eu... C-Cerveja... Eu... Ela...

- Ela não está acostumada a beber tanto? - Perguntou o outro motorista.

- A-Acho que não.

- Leve a garota para a casa. - Sugeriu o motorista. - Você perdeu a noite, meu caro.

- Não! - Protestou Karin. - O pai dela...

- O pai vai ter que cuidar dela.

- Srta. Hyuuga... - Naruto segurou Hinata, antes que ela desmaiasse. Deitou-a no banco. - Onde ela mora?

- Do outro lado da cidade... - Respondeu Karin.

Os passageiros do outro carro apareceram ao lado de Karin.

- O que houve? - Perguntou uma garota de cabelos pretos, que parecia a mais sóbrea do grupo.

- A princesinha não aguentou! - Gritou outra garota, de cabelos laranjas, achando aquilo muito engraçado.

- Vou levá-la para a casa. - Anunciou Naruto, olhando para os quatro rapazes calados, que estavam parecendo muito assustados.

Os rapazes se entreolharam e, sem dizer muito, começaram a andar na direção de onde tinham vindo e sumiram na esquina. As duas meninas do outro carro pareciam imensamente desapontadas. Karin hesitou um momento e entrou no carro, para acompanhar Hinata.

- Você fica com as outras duas. - Disse o outro motorista. - Eu não vou arcar com esse prejuízo.

Naruto encarou-o irritado e entrou no carro, assim que as outras meninas decidiram que era melhor entrarem, do que ficar do lado de fora.

Naruto deixou Tayuya e Kin em suas casas. No caso de Tayuya, precisou descer do carro para ajudá-la a subir as escadas de casa. O cheiro de álcool deixou-o enjoado.

- Leve a gente para a minha casa. - Disse Karin.

- Tem certeza? - Naruto perguntou, olhando-a pelo retrovisor.

- Tenho. Moro perto da casa dela.

Naruto obedeceu. A mulher deitada no colo de Karin não parecia a mesma que conhecera no Mangekyou, segura, altiva, arrogante. Agora, toda a sua força de atração estava resumida a sua recém descoberta vulnerabilidade.

Chegaram à casa de Karin, no meio da madrugada. Ficava quase escondida entre as muitas árvores do lugar. Há alguns quilometros na estrada, outras casas igualmente grandes também escondiam-se atrás de árvores.

Naruto desceu do carro e ajudou uma cambaleante Karin a levar Hinata para dentro da casa. Dentro, parecia tão imponente quanto fora. Karin encostou-se na parede, tonta. Naruto colocou Hinata no sofá, olhando para a escada, imaginando como Karin faria para levar a amiga para cima.

Mas, quando Karin tentou andar, percebeu que ela também não conseguiria subir sozinha. Pegou-a gentilmente e a levava para outro sofá, quando um homem alto, de cabelos brancos e feições duras, apareceu.

- O que houve? Quem é você?

- Oi... - Colocou Karin no sofá e se voltou para o homem. - Meu nome é Naruto Uzumaki, sou motorista do taxi que está lá fora.

- O que aconteceu com elas?

- Beberam demais. - Respondeu, sem saber se se referia ao homem como senhor ou não. - A Srta. Hyuuga passou mal no meu carro.

- Certo. Pode deixar que eu cuido delas agora, Sr. Uzumaki.

- Precisa de ajuda? - Perguntou, apontando para a escada.

O homem hesitou um momento, mas aceitou a ajuda. Os dois apanharam as garotas e as levaram para cima, devagar. O homem apontou para uma porta à esquerda e pediu silêncio. O quarto deveria ser de Karin, com uma mistura de vermelho e preto para todos os lados que Naruto podia olhar. A cama de casal tinha um grosso edredom preto por cima, enquanto ao lado da janela um pequeno banco tinha o assento forrado de vermelho. Colocaram as meninas na cama, deitadas lado a lado, e sairam.

- Obrigada... - Disse Karin, num fio de voz.

- Vamos. - Disse o homem, com a mão no ombro de Naruto, como um gesto de autoridade sobre ele. - Obrigado por trazê-las até aqui.

- Não tem problema. - Disse Naruto, sincero, descendo a escada a frente do homem. - Elas vão ficar bem.

- Quanto eu te devo?

- Não é necessário, senhor. - Disse, olhando para o homem, que não pareceu muito feliz com a recusa. - Eu... Bem... Acho que cinquênta está bom, senhor. - Corrigiu, percebendo que era melhor não bancar o voluntarioso, embora não soubesse porque. Se fosse justo consigo mesmo, teria pedido quase cem pela corrida da noite.

- Acho que você merece mais do que isso, rapaz. - Disse o homem, desaparecendo de vista atrás de uma porta. Quando voltou, entregou a ele mais algumas notas, além do valor pedido.

Naruto apanhou-as sem contar. Agradeceu ao homem e desejou melhoras para as garotas. Quando voltou para o carro, o dinheiro que recebera estava um pouco acima do que estava no marcador. Olhando para a frente do carro, amaçado, Naruto agradeceu o fato dos ricos gostarem tanto de ostentar suas condições financeiras e pagar mais do que deviam pelas coisas.

Por um momento, Naruto esquecera que batera o carro e teria que pagar a Sai pelo imprevisto. Que ótima forma de voltar ao trabalho.

*

O dia de sábado amanheceu devagar ou assim pareceu a Konohamaru. Tinha voltado tarde para a casa. Estava tentando se acostumar à nova escola, mas os colegas não pareciam muito receptivos às suas investidas de tentar fazer amizades, pois, por mais que tivesse condições financeiras tão boas quanto as dos demais, não era mais segredo para ninguém que tivesse crescido e ainda vivesse no subúrbio da cidade.

Um grupo em especial enchia-o a paciência, chamando-o sempre de "novo rico". Era o grupo de Hanabi Hyuuga, a mais nova herdeira dos Hyuugas, e, como Konohamaru gostava de lembrá-la, a última na linha de sucessão da herança dos Hotéis Hyuuga. A menina não gostava de quase nada e não era o tipo de pessoa com quem Konohamaru estava acostumado a lidar. No entanto, não conseguia parar de compará-la com Moegi. Hanabi era consideravelmente mais mimada e chata. Em contra partida, era proporcionalmente mais bonita.

- Konohamaru... - Chamou Iruka. - Está na hora de acordar...

- Só mais cinco minutinhos, mãe. - Caçoou o garoto.

- LEVANTA. - Respondeu Iruka, rindo.

Konohamaru afastou as cobertas, com preguiça. O sol ainda estava coberto por uma névoa densa, que anunciava o dia frio que estava por vir. Levantou, trocou de roupa e foi tomar café. Naruto estava sentado na mesa, parecendo muito cansado e distraído. Ele chegara pouco depois de Konohamaru e estava de mau humor. A semana não tinha sido muito boa para ele. Sai não ficara nada feliz com a notícia de que ele batera o carro em seu primeiro dia, além de obrigá-lo a lavar o banco do carro insistentemente, até que o cheiro de vômito saisse. O resto da semana fora bastante exaustivo para ele.

- Bom dia.

- Dia. Como está a escola?

- Um porre. E o emprego novo?

- Um porre. - Respondeu Naruto com um sorriso. - Literalmente.

Naruto contara a eles, no início da semana, o que acontecera com Hinata. Iruka limitou-se a afirmar que "ricos são assim mesmo". Konohamaru, mostrou-se muito mais interessado:

- A irmã dela, Hanabi, estuda na minha escola. Garota insuportável. Sério! Metida. E me odeia! - Konohmaru exclamou, como se fosse a primeira vez que soubesse de alguém que o odiasse. - Ela venera a irmã. Diz que essa tal Hinata é linda, que é inteligente, que vai herdar os hotéis da família e vai mandar os pobres para longe da cidade.

- A srta. Hyuuga é mesmo muito bonita, mas duvido que seja capaz de administrar um hotel como o Hyuuga. Não depois do que vi ontem. E suspeito que ela não se atreva a mexer com os pobres...

- Por quê?

- Porque ela esteve no Mangekyou, gostou do lugar, amou a música e não quis que Sasuke vendesse para os Sabaku.

Depois disso, Konohamaru fechou a cara. Sabia que Naruto tinha conhecido a Hyuuga no dia em que não o deixara ir com ele no bar. Soubera, também, que seu tio estava lá e que ele tocara com Iruka, assim como Naruto.

O garoto não contara a Naruto e Iruka que ele e seus amigos encontraram um dos lendários, mas agora, sentia uma coceira para contar a eles.

- Quando você vai voltar ao Mangekyou?

- Não sei. - Naruto deu de ombros. - Sai está disposto a me fazer pagar pelo prejuízo...

- Que saco, heim?

- É.

- Tinha que ser a Hyuuga! Ela deve ser um pesadêlo, igual o pequinês da irmã dela...

- Pequinês? - Iruka riu.

- É. É o novo apelido dela. Foi a Moegi que deu. Eu adorei.

Naruto e Iruka se olharam.

- Se ela for igual à irmã, não se parece muito com um pequinês.

- E não se parece. Ela é bonita, até! - Admitiu Konohamaru. - Mas quando fala, parece um latido...

Os três ficaram em silêncio.

- Naruto...

- Quê?

- Lembra quando eu te perguntei sobre o Ichiraku e os Três Lendários?

- Lembro.

- No dia, quando eu perguntei sobre o bar, você não lembrou logo... Mas, depois, despejou um monte de informação sobre ele...

- Isso é uma pergunta ou um comentário? - Naruto sorriu. Iruka ria.

- Um comentário. Mas... Achei estranho, sabe?

Konohamaru não estava realmente preocupado com aquilo. Moegi é que ficava insistindo com ele sobre isso o tempo todo. O que o garoto queria era chegar ao assunto e poder dizer, de boca cheia: "Eu conheci um lendário e vocês não!"

- Desculpe... - Disse Naruto. - Eu não estava com a cabeça naquilo quando você perguntou. Mas, se quiser saber mais alguma coisa, é só perguntar. Iruka conhece essa história melhor que eu.

- Por que o interesse por isso, Konohamaru? - Interrompeu Iruka. - Naruto me contou que você e seus amigos foram atrás do bar uma vez.

- É. Não achamos o bar.

- Quem diria! - Caçoou Iruka.

- É. Mas...

- Mas?

Konohamaru olhou para os dois. Estudando se eles estavam prontos para ouvir.

- Tem uma coisa que não contei a vocês.

- O que é?

- Nós conhecemos um deles!

- Um deles? - Perguntou Naruto.

- Um dos Três.

Iruka e Naruto se entreolharam.

- É?

- É!

- Quem?

- Orochimaru!

Naruto se mexeu na cadeira, encostando-se.

- Como sabe que era ele?

- Uma foto. O vô do Udon o conheceu há muito tempo.

- Legal. - Disse Iruka sem emoção.

- O Orochimaru é um pouco... - Naruto apertou os olhos. - Chato!

- Ele não é chato. - Discordou Iruka. - Ele é...

- Chato! - Insistiu Naruto.

- Não... Ele é metódico. Perfeccionista. Arrogante.

- Resumindo, é chato!

Konohamaru olhava de um para o outro. Não podia acreditar que eles conhecessem o homem e falassem dele com tanta banalidade. Embora, ele não pudesse discordar que Orochimaru fosse realmente chato.

- Vocês conhecem ele?

- Se conhecemos? - Iruka levantou uma sobrancelha. - Não posso dizer que conheço. Para isso, eu teria que ser amigo dele, não é?

- Como se houvesse muito que conhecer... - Murmurou Naruto.

- É. Mas ele é um músico e tanto!

- Um pouco esquentadinho, não acha? - Intrometeu-se Konohamaru, disposto a não ficar de fora da discussão, disfarçando o profundo desapontamento. - Quando o vimos, ele estava tocando em um bar. Quando viu que ninguém estava ouvindo, levantou e foi embora. Só assim perceberam que ele estava lá.

- Ah, com certeza! - Iruka riu. - Ele é muito temperamental, especialmente em matéria de música.

- Eu que sei... - Naruto murmurou de novo, cada vez menos interessado no assunto.

- E aquele cabelo? - Konohamaru alisou um grande cabelo que não existia nele. - É horrível!

- É a marca registrada dele! - Defendeu Iruka.

- Se os outros dois forem iguais a ele, nem vou gastar meu tempo procurando!

- Os outros são melhores. - Disse Naruto levantando-se.

- Vocês os conhecem?

A resposta, no entanto, não veio. Ou, ao menos, não em forma de palavras.

Os dois apenas riram.

Naruto saiu em seguida e Iruka foi para o interior da casa.

Konohamaru os odiou!


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