A Luz dos Olhos Teus escrita por Sochim


Capítulo 15
Capítulo quinze


Notas iniciais do capítulo

Oie!!! :D

Desculpem a demora, mesmo, mas é que... Bem, vocês já conhecem todas as minhas desculpas, né? ^^

De qualquer forma, espero que gostem do capítulo.

Estou querendo caprichar no próximo. Acho que valerá a pena esperar :P Especialmente os ávidos por NaruHina *-* Incluindo-me nessa...

Se houver algum erro que o meu Word não detectou, por favor, me avisem que eu corrigirei.



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Hinata separou o dinheiro e o entregou ao taxista. Sempre ouvira falar que taxistas adoravam conversar com os clientes, embora poucas vezes ela tivesse dado tal liberdade a eles. Na verdade, apenas uma vez se viu conversando com algum taxista, um rapaz de cabelo louro e um olhar azul, maroto. Numa cidade grande como aquela, seria demais esperar encontrá-lo acidentalmente pela rua de novo, não seria? Bem, Hinata às vezes gostava de tentar acreditar no que sabia que jamais aconteceria.

Especialmente naquela tarde, em que precisava falar com alguém, precisava que alguém a ouvisse, que lhe desse algum conselho, dissesse que estava sendo boba em sequer cogitar a possibilidade de rejeitar a proposta de Neji. Ou que estava sendo tola ao pensar em aceitá-la. Ela ainda não sabia o que fazer, qual caminho tomar. Arrumar um emprego lhe daria muitas vantagens, independente de onde fosse. Mas pensar em trabalhar sob o olhar atento e repressor de Hiashi não lhe traria um avanço. Seria apenas mais um modo de tê-lo controlando seus passos, mais um modo de tê-lo como juiz de seus atos.

Não, ela não queria isso e não seria convencida do contrário.

Com a decisão tomada, Hinata não esperou o táxi desaparecer na esquina, e entrou em casa. A casa da família Hyuuga era grande e decorada de forma a parecer ainda maior, abrindo mão do conforto e das demonstrações de que ali vivia uma família, e dando espaço para a frieza do luxo. Nada naquela casa fazia com que Hinata se sentisse em um lar, nem mesmo as pessoas. As fotos escolhidas pelo pai para ficarem nos poucos porta-retratos da sala eram na maioria tirada por profissionais, em dias marcados para que as filhas se arrumassem e forçassem um sorriso para a câmera. Olhando para elas, Hinata apenas lembrava do mau humor que estava quando fora fotografada. Não era o tipo de lembrança que procurava nas raras vezes em que seu olhar caía sobre as fotos espalhadas pela sala.

Fechou os olhos por um instante e respirou fundo, começando a sentir uma sensação conhecida se apossar dela. Precisava sair dali ou acabaria sucumbindo à tristeza. Pegou seu celular na bolsa e logo o carro de Karin estava parado em frente à sua porta e as duas sumiram pelo resto do dia, não aparecendo para as aulas na faculdade.

*

Hanabi ouvira os dois carros chegarem e partirem de sua casa, mas não se mexeu da cama, onde tentava fazer Matsuri parar de chorar. Ela se recusara a comer o que Shizune preparara especialmente para ela, e chorava em silêncio, com a cabeça no colo de Hanabi, desde que chegara à casa da Hyuuga. Hanabi mexia em seus cabelos devagar, sem saber o que dizer. Tinha a impressão de ter gastado todas as suas melhores falas na tentativa vã de consolar Matsuri em algo que não havia consolo. A amiga estava passando por um momento difícil que, embora ela conseguisse disfarçar na maior parte das vezes, Matsuri freqüentemente desabava e parecia precisar daqueles longos minutos em silêncio pesaroso.

- Não entendo, simplesmente não entendo! – Matsuri dizia de vez em quando. – Por que ela o ama tanto? Por que ela o ama mais do que a mim? Hana… Por que minha mãe não me ama?

- Talvez ela não ame a si mesma, Matsu. É a única razão para permitir que isso tudo aconteça. – Hanabi disse, mas só depois parou para pensar se era a coisa certa a dizer naquele momento. Ficou apreensiva quando Matsuri se sentou na cama ao lado dela e a olhou de um jeito estranho. No entanto, Matsuri apenas deu de ombros e concordou com Hanabi.

- Ela não era assim. O que esse homem fez com ela, Hana? Como ele pode controlá-la dessa forma? – Matsuri pôs a mão no rosto, numa tentativa infrutífera de impedir um soluço e novas lágrimas. – Sabe o que ela me disse depois que ele saiu? Que não queria que eu visse aquilo, que não queria que aquilo se tornasse um problema meu. Disse que ele não teria perdido o controle comigo, se eu não tivesse me metido… Me diz, Hana, como eu poderia não me meter, vendo aquele homem tratar minha mãe como um saco de pancada? A culpa do que aconteceu é minha, por ter tentado ajudá-la? Por que Hanabi? Isso não é justo. Não é.

O final da frase de Matsuri se perdeu entre soluços e uma nova onda de lágrimas que lavava seu rosto machucado. Porém Hanabi não precisava ouvir mais nada. Sabia que suas palavras sequer seriam ouvidas também. Então apenas abraçou a amiga e a ouviu chorar e murmurar pelo tempo que Matsuri precisasse fazê-lo, ou suportasse.

*

Konohamaru estava indo para a casa de Moegi, quando a encontrou no meio da rua, com a expressão contrariada, o que, porém, não estranhou. Essa era sua expressão preferida. A menina podia usar aquela expressão mesmo que estivesse animada com alguma coisa de que gostasse muito, apenas para “manter sua fama de menina má”. E ela sabia ser bastante convincente com a maioria dos colegas do colégio, menos com os amigos, que eram os únicos a perceber quando aquela expressão era de chateação verdadeira, ou era apenas charme. Um charme peculiar e único de Moegi, mas ainda sim charme.

E a expressão daquele momento, era o segundo tipo.

Ele parou no meio do caminho e esperou que ela chegasse mais perto. Moegi estava com uma calça jeans surrada, com a barra desfiada pelo arrastar do sapato, e uma camiseta de banda pequena, que fazia lembrar que debaixo dela havia uma cintura pequena e pronta para um abraço mais íntimo. Apenas Moegi conseguia ficar bonita com aquele tipo de roupa. Em qualquer outra garota pareceria desleixo. Konohamaru a observou e sorriu, mesmo quando o olhar dela pareceu pouco convidativo a brincadeiras e simpatia. Como não conseguia tirar o sorriso do rosto, tentou agradá-la apenas mantendo-se calado enquanto ela começava a se auto-explicar:

- Recebi uma mensagem do Udon, pedindo para ir na casa dele… Você recebeu também?

Konohamaru pegou o celular do bolso e percebeu que a mensagem de que ela falava acabava de chegar.

- Sim. O que ele quer? – Perguntou sem esperar resposta, afinal, não havia nenhuma indicação sobre qual seria o assunto que o amigo queria tratar com eles.

- É o que eu quero saber. Acabamos de chegar da escola! O que ele tem para dizer agora que não podia ter me dito há menos de uma hora, quando nos despedimos bem aqui? – Moegi apontou para o chão, debaixo de onde estavam.

- Esse seu amigo não bate bem da cabeça, Moegi.

- Há! Agora ele é meu amigo, né? – Moegi deixou um sorriso surgir em seu rosto, desfazendo a expressão emburrada. Os dois começaram a caminhar para a casa de Udon.

- Meu é que não seria. Não tenho amigos malucos.

- Ah, é? Então para que estamos indo para lá? Eu só sou amiga dele, por sua causa! – Moegi parou por um instante, instigando Konohamaru a parar também.

- Ah, mas não custa nada ir até lá dessa vez, né? – Ele continuou num tom levemente sério e levemente irônico ao mesmo tempo. - Se o assunto não for tão importante assim, nós não falamos mais com ele. Combinado?

Moegi riu, voltando a andar e dando de ombros de forma teatral.

- Já que não tem outro jeito…

Konohamaru nem precisou pensar antes de passar o braço pelo ombro dela e seguiram juntos o resto do caminho, em silêncio.

Enquando andavam, Konohamaru pensava na familiaridade daquele gesto, na facilidade de conviver com alguém que conhecia há tanto tempo e nas horas sempre agradáveis que passava com Moegi, mesmo que na maior parte do tempo ela parecesse mal-humorada. Mas, claro, esse traço de sua personalidade não apenas era previsível, quanto era contornável com um pouco de paciência. Ali, naquele exato momento, ela estava sorrindo com ele e brincando, e era ótimo vê-la dessa forma.

No entanto… Ainda não era o bastante.

*

Hanabi acordou com a cabeça doendo. Parecia que fora ela quem estivera chorando por tanto tempo. Levantou, mas não viu Matsuri. Espreguiçou-se devagar e calçou os sapatos, jogados debaixo da cama. Matsuri não estava no banheiro, nem no quarto de Hinata, onde gostava de ir, pegar roupas emprestadas sem pedir, coisa que não parecia irritar Hinata, sempre amável com todos, especialmente com as amigas da irmã. E Hinata tinha roupas lindas! Hanabi desceu até a sala e foi até a cozinha, imaginando que Matsuri tinha finalmente cedido à fome e à comida deliciosa de Shizune. No entanto, chegou lá e viu apenas Sora abrindo a porta dos fundos e entrando na cozinha. Ele olhou para ela assustado, mas logo sorriu de leve, fazendo um gesto com a cabeça, como a cumprimentá-la.

- Viu a Shizune por aí? – perguntou a ele.

- Não, senhorita Hyuuga.

- E Matsuri?

- Também não.

Hanabi olhou em volta, impaciente. Agradeceu com um murmúrio baixo ao motorista e saiu da cozinha, começando a gritar pela amiga. Mas não ouviu resposta. Subiu, revistando novamente seu quarto o da irmã e, subitamente, seu olhar correu para o quarto de Hiashi. Foi até lá e encontrou quem estava procurando, fazendo o que imaginou que estaria fazendo: Matsuri lia as cartas trocadas pelos pais na juventude. Cartas que Hiashi guardava no armário, onde nem mesmo as filhas podiam mexer. Cartas que falavam de um passado que ele achava pertencer apenas a ele e a mais ninguém, como se as filhas não fizessem parte daquilo que ele construíra com a mulher.

- Mat… - Hanabi começou, mas quando deu por si, estava arrancando as cartas das mãos de Matsuri e juntando-as sem jeito. – O que está fazendo aqui?

Matsuri, aturdida pela chegada da amiga e do modo como ela parecia irritada agora, demorou para responder, o que irritou ainda mais a Hyuuga.

- O que está fazendo aqui? – Hanabi perguntou, levantando mais a voz. – Quem deixou você entrar aqui?

- Desculpe, Hana… Mas elas estavam aqui… - apontou para cima da cama. – e eu não resisti…

- Matsuri, meu pai sempre deixa essas cartas no armário dele e a porta do quarto fechada!

- Eu não abri nada! – defendeu-se Matsuri.

- Não mente pra mim, Matsuri! Quando nós chegamos, o quarto dele estava fechado!

- Tá, Hana, eu abri a porta do quarto dele. Estava entediada e sempre quis saber como era. Mas eu juro que não peguei essas cartas! Eu nem sabia que elas existiam! Por que eu abriria o armário dele? Eu juro que…

- E porque você estava lendo? – Hanabi estava exasperada pelo atrevimento de Matsuri. – Quem te deu esse direito?

- Hana…

Matsuri tentou acalmar a Hyuuga, mas logo percebeu que seria em vão. Calou-se e apenas viu a amiga virar-se com raiva e continuar a guardar as cartas na caixa. Hanabi mexia sem muito cuidado nas cartas, mas quando chegou à carta que arrancara das mãos de Matsuri, percebeu-a rasgada. Olhando para ela, parou. Uma nova onda de emoções estranhas, a invadiram. Ela se sentou devagar na cama, olhando para a carta, para o local onde ela rasgara e ficou assim por longos segundos. Matsuri não sabia o que fazer. Acabou escolhendo a pior delas:

- Você não devia tê-la arrancado da minha mão… - disse, desastrosamente.

- Sai daqui, Matsuri. – Hanabi disse apenas, com uma espécie diferente de calma. – Sai Daqui! – Repetiu com mais força.

Matsuri saiu, um tanto orgulhosa e ressentida, mas não disse nada. Foi para o quarto de Hanabi e deitou na cama, esperando.

A Hyuuga continuou no quarto do pai, olhando para a carta. Depois, desviou o olhar para a caixa com as outras cartas. Sem conseguir se conter, começou a ler:

Olá, meu amor. Como vai? Estudando muito para as provas? Aposto que sim. Espero que não esteja apenas trancado no quarto, enfiado nos livros. Aposto que está. Mas gostaria que você saísse um pouco com os rapazes da faculdade, para se divertir um pouco, ou mesmo para conversar sobre coisas sérias, que sei que é o que você realmente gosta. Não vou te encher, dizendo o quanto acho uma perda de tempo essas suas conversas intermináveis sobre negócios, pois estou orgulhosa e ansiosa por ter um homem de negócios ao meu lado. Prometo que suportarei todas as suas conversas chatas, se você achar que pode aguentar as minhas brincadeiras fora de hora e infantis. Acha que consegue? Aposto que sim!

Bem, as coisas por aqui estão bastante calmas, se quer saber. Hizashi está apaixonado! Você achou que não aconteceria, mas aconteceu. Ele me parece feliz. Eu a conheci, no fim de semana. É uma moça muito educada, gentil e delicada. Não sei como ela conseguiu se apaixonar por um maluco como ele, mas eu também não sei como pude me apaixonar por um cara sossegado como você, o que me leva a crer que não sei de muitas coisas.

Respondendo à pergunta que você me fez na última carta que me enviou e que eu recebi com um sorriso no rosto, daquele que você não admite, mas te deixa derretido…Minhas aulas de música estão fluindo perfeitamente bem. O professor Hiruzen pergunta de você até hoje e diz que você foi uma grande perda para o hall de alunos dele. Chego a ficar com ciúme dessa preferência dele por você, mas que posso fazer se não sou a pessoa com mais moral para falar sobre ter preferência pela sua séria pessoa?

Ontem eu cheguei da aula realmente animada! Não sei o que aconteceu comigo ontem, mas eu estava inspirada, realmente dedicada ao que estava fazendo. Chorei ao cantar a nossa música. Lembra-se? “Atrás da porta”, dos Lendários. E consegui colocar um sorriso no rosto do Hiruzen. Acho que o deixei emocionado!

Sabe, as coisas estão perfeitamente boas para mim, mas falta alguma coisa. Falta o cheiro do seu perfume, o toque da sua mão, seu muxoxo de desânimo quando falo em ir ao circo, sua voz cantando rouca ao meu ouvido…

Falta muito para acabar essa faculdade? Você dá mais atenção aos livros do que a mim. Se algum dia eu trocá-lo pela música, não poderá reclamar, fique ciente…

Como se eu fosse capaz de cumprir essa ameaça boba. Você sabe que não consigo, não é? Aposto que sabe.

Aliás, aposto em nós dois, mais do que em qualquer coisa.

Vou esperar por você e talvez até encontre um lugar para seus livros na minha vida.

Com muitas saudades, Hisana.

Hanabi engoliu o choro. A saudade que sentia da mãe, e de ter uma família, agora tomava-a de assalto. Sentia como se tivesse acabado de ler a carta de uma pessoa estranha, destinada a alguém estranhamente familiar. Alguém que também se mantinha distante dela, não por causa dos livros, mas por causa dos negócios. Quando pensou nisso, não conseguiu mais se conter. Chorou, como não chorava há anos. Como não chorava desde que era pequena e viu sua mãe morrer. E, quando sentiu as mãos de alguém abraçá-la de modo a consolá-la, deixou-se ficar naquele abraço, soluçando cegamente…

*

Konohamaru e Moegi chegaram na casa de Udon e foram convidados por ele a entrar. Por um momento, ficaram parados na entrada, olhando com surpresa e curiosidade para as muitas caixas de papelão espalhadas pela sala, marcadas com canetinha preta e vermelha. Algumas diziam “frágil”, outras indicavam a qual cômodo pertenciam os objetos contidos ali dentro. Moegi levou menos tempo que Konohamaru para assimilar todas aquelas coisas e voltou-se para Udon, falando num tom instintivamente bravo, simplesmente sabendo que o garoto merecia.

- O que está acontecendo aqui?

Udon olhou para ela, mas não respondeu, esperando que Konohamaru também se virasse para ele, contendo em seus olhos a mesma pergunta que ela verbalizara antes.

- Foi por isso… Para mostrar e explicar isso, que chamei vocês aqui.

- Então comece.

Udon fez um sinal para que eles o seguissem até o quarto deles, quando a mãe apareceu na porta da cozinha, com um ar de pesar. Moegi trocou um olhar com Konohamaru, que viu nela a mesma apreensão que ele sentia, sem saber porquê.

Sentaram-se no chão, encostados na cama de Udon, que se sentou diante deles, de costas para a janela. Ele não esperou mais para começar a falar:

- Vocês sabem que minha mãe perdeu o emprego há um tempo. Ela tentou de tudo para conseguir manter essa casa, mas a situação começou a ficar complicada. Eu disse a ela que arrumaria um emprego, mas ela não quer que eu interrompa meus estudos…

- Vocês estão se mudando? – Konohamaru perguntou, tendo cuidado para não perguntar o que realmente queria saber, “vocês foram despejados?”.

- Estamos. – Udon falou, mas algo na sua expressão deixou claro que faltava dizer mais alguma coisa. – Estamos indo para Londres.

Moegi recostou-se ainda mais à cama, ao ouvir aquele absurdo, enquanto Konohamaru o olhava, como se esperasse que o amigo dissesse em seguida que era uma piada. Como isso não aconteceu, ele sentiu a necessidade de falar.

- O que vão fazer lá? – A pergunta de repente lhe pareceu idiota.

- Uma amiga da minha mãe trabalha numa empresa daqui, que tem uma filial lá na Inglaterra, em Londres. Minha mãe sempre sonhou em ir pra lá… Na verdade, nós dois sonhamos com isso…

- Pensei que você gostasse daqui. – Moegi falou, em seu costumeiro tom zangado.

- Eu gosto, mas não posso ficar longe da minha mãe, ou ficar chateado por ela ter encontrado um trabalho, ainda que seja longe daqui.

- Ela não queria que você interrompesse seus estudos, mas tudo bem te afastar dos amigos, né? – Ela continuou, irritada.

- Moegi, se fosse seu pai, você deixaria ele ir e ficaria aqui, só para ficar comigo e com o Konohamaru? – Udon perguntou, começando a ficar impaciente.

- Teria! – Moegi respondeu, mas pelo olhar que Konohamaru e Udon trocaram, ambos sabiam que não era verdade. Ela e o pai eram muitos ligados para conseguirem viver separados. Ela percebeu a troca de olhares e abrandou a voz. – Udon… - Chamou, num tom suplicante.

Eram raras as vezes em que Moegi deixava sua armadura de lado e demonstrava o carinho que verdadeiramente sentia pelo amigo. Konohamaru achava graça do esforço que ela fazia para achar motivos para provocá-lo. Udon, jamais sendo capaz de brigar com ela de verdade ou de levantar a voz para qualquer pessoa, não se sentia insultado pelas provocações dela. A relação deles era mais simples do que parecia.

- Quando você vai? – Konohamaru perguntou, depois de um tempo.

- Mês que vem.

- Já? – Moegi voltou a ficar irritada e, dessa vez, Konohamaru sentiu-se inclinado a compartilhar da irritação dela.

- E desde quando sabe que está indo para lá?

- Há dois meses. – Udon falou, sabendo que ouviria reclamações eloquentes.

- E por que não disse antes? – Moegi aumentou a voz novamente. – O que estava esperando? Chegarmos no aeroporto? Chegar em Londres e ligar pra gente, dizendo que tinha se mudado?

- Não…

- Devia ter dito antes, Udon. – Konohamaru interveio. – Eu gostaria de ter sabido antes que meu melhor amigo iria embora.

- Eu vou continuar sendo amigo de vocês, vou continuar falando com vocês pela internet…

- Como se fosse a mesma coisa! – Moegi cortou a tentativa vã dele de explicar.

Udon suspirou e aumentou a voz, embora não houvesse irritação na voz dele.

- Eu não consegui contar antes. Queria aproveitar com vocês o tempo, sem ficar com aquela sensação de que estava perdendo algo importante. Não queria que vocês sentissem o que eu sinto toda vez que penso que vou pra longe, que não vou mais vê-los todos os dias, que não vou mais morar a alguns quarteirões de vocês, que não vou conversar com a Moegi todos os dias no colégio, ou com o Konohamaru toda noite, no telefone. Ouvir você, Moegi, falar sobre o quanto odeia quando eu fico falando da mesma coisa por horas. Ou ouvir você, Konohamaru, reclamar da chance que teve de ir para um colégio bacana, importante, que vai abrir as portas para você. Eu vou sentir muita falta disso, vocês não imaginam o quanto!

Konohamaru, Moegi e Udon ficaram em silêncio, sem querer que a saudade chegasse antes do tempo… Com algum esforço, em especial de Moegi, mudaram subitamente o rumo da conversa, para formular novos planos de sair pela cidade, em busca do Ichiraku, um projeto que, de repente, parecia mais interessante para a garota do que antes.


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Notas finais do capítulo

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