A noite foi uma tortura, ficava repetindo as palavras de minha irmã na cabeça, imaginando quais tipos de barbaridade estariam fazendo com elas.

 Logo depois de acordar, tomei um banho e fui para a cozinha. A casa estava vazia, já que Charlie teve que ir para casa cuidar de alguns assuntos escolares, às vezes ficava pensando se teria chance na faculdade (como Charlie), se meus pais não tivessem se separado e eu não precisasse cuidar de minhas irmãs.

 "Mas você não precisa mais agora, não é? Já que aquele desg#**ado do meu pai as tomou de mim!”, pensei.

 Ficar sozinha era tão estranho, uma casa inteira, sem um sopro de vida a não ser você mesmo, comecei a pensar que logo ficaria louca. Mas eu já tinha uma idéia na cabeça, então poderia conversar com alguém, por mais que eu não quisesse precisar dessa conversa.

 __ Alô? Eu gostaria de fazer uma denuncia.__ Liguei para a delegacia, esperando algum resultado.

 Alguns minutos passaram e logo dois policiais estavam à minha porta.

 __ Oi, sejam bem-vindos.__ Cumprimentei.

 __ Olá! Sou o policial Steve e este é meu companheiro, John.

 __ Prazer.__ Todos nós dissemos depois das apresentações.

 __ Srtª. Sophie, você fez uma denuncia, alegando que seu pai pediu a guarda provisória de suas irmãs, mas, pelo que me parece, elas estão em cárcere privado, sendo torturadas, é isso?__ Steve falou como se fosse algo corriqueiro, o que não me deixou surpresa, em uma profissão como essa se via de tudo.

 __ S-sim.__ O efeito dessas palavras foram como uma flechada no estomago, tive a vontade de vomitar o café da manhã.

 __ O que te dá essas suspeitas, Sophie? __ John era mais gentil.

 Encaminhei-os em silencio até o telefone, onde apartei o botão “play” e ouvi as palavras de Rose novamente.

 __Meu Deus! Sophie, a Srtª está pálida!__ John me guiou até o sofá e me trouxe um copo d’água.

 __ Obrigada. Mas e então? O que farão a respeito?__ Estava angustiada.

 __ Pelo o que você nos contou pelo telefone, John e eu descobrimos que seu pai tem uma ficha criminal bem grandinha, assim digamos.__ Steve disse cauteloso.

 __ Como assim?__ Estava muito preocupada.

 __Bem, digamos que eu pai trabalha com ramos bem suspeitos...

 __ O que? Está dizendo que meu pai trabalha com “garotas de programa”__ Fiz aspas quando falei as duas ultimas palavras.

 __É...__ Steve disse coçando a nuca, constrangido.

 __ Oh, meu Deus. Meu Deus. Meu Deus. Meu Deus!__ Levantei e fiquei andando um lado para o outro.

 __ Olha... Não se preocupe por...__ Eu o interrompi.

 __Como assim não me preocupar?__ Estava começando a chorar.__ Elas são minhas irmãs! Imagina se ele estiver as prostituindo?!__ Comecei a soluçar, por fim me dei por vencida e sentei no sofá, desamparada.

__ Fique tranqüila, nós daremos nossa palavra, que faremos tudo o possível para resgatar suas irmãs!

 __ Obrigada, John.__ Nos despedimos e eu abri a porta, eles se foram, e eu voltei a ficar ali, sentada no sofá, sozinha.