Estou começando a odiar os meus sonhos, sério. 

Annabeth disse que era normal, mas ainda assim eu não gosto. Eu sonho com o futuro, com o que acontece enquanto eu durmo, coisas sem sentido que no final acabam conseguindo ter nexo.

O de mais recente foi muito estranho.

Eu nunca tinha sentido tanta dor na minha vida, um peso enorme estava sobre as minhas costas. Sabem aquela expressão “Isso pesa mais de uma tonelada”?

 Era exatamente isso que eu estava pensando, no sentido literal.

Estava apoiada em um de meus joelhos, quanto tentei me ajeitar percebi uma coisa estranha. Meu cabelo estava loiro e cacheado.

 .Mais a cena mudou. 

Uma enorme biblioteca estava a minha frente. Cheia de livros antigos e novos...

Coisas que me atraiam.

Sorri para o nada.

-Olá. - disse um voz feminina atrás de mim. 

Ao me virar, me vi cara a cara com uma mulher.Cabelos negros, terninho de executiva, vários livros na mão. E a coisa que me chamou a minha atenção foram seus olhos.

Cinzentos.

Por Merlin! Por que a maioria da pessoas que eu estava conhecendo tinha olhos cinzentos?

-Talvez porque você esteja conhecendo a sua família. - disse a mulher em tom calmo.

-Mas como...

-Talvez por que eu seja a sua mãe? - propôs a mulher. 

Foi ai que a ficha caiu.

-Mãe? - será que aquela era a palavra apropriada para se referir a um deusa? Provavelmente não. -  Palas Athena? - apressei em me corrigir.

Ela assentiu solenemente. 

-Já te avisaram que os sonhos dos semi-deuses são mais do que sonhos? Sempre significam alguma coisa. Como esse. 

-Já comentaram. Mesmo assim, os sonhos não me param de me surpreender. - comentei. 

A imagem oscilou e piscou em preto e branco.

-Maldito transmissor. - disse Athena, dando uma batida em um rádio em uma das estantes.

-Como disse? - perguntei.

-Hefesto me emprestou seu transmissor de sinal para eu poder falar com você. E isso me lembra - ela estalou os dedos e um embrulho surgiu em suas mãos e o estendeu para mim. - Aqui está, é seu. Sabe que suas barreiras mágicas não a protegem de tudo.

Peguei o embrulho, cuidadosa. Se Athena entrara em um sonho meu para me entregar aquilo, deveria ser importante.

Ao abrir, vi que só tratava-se que um bracelete de prata. Um belo bracelete, diga-se passagem. Era de prata com uma coruja com um elmo grego na cabeça. Coloquei em meu pulso.Como aquilo me protegeria? Essa era a questão.

-Aperte a coruja. - incentivou ela. Ao apertar da coruja, um disco se abriu e foi se expandindo até virar um enorme  escudo de prata com uma coruja entalha nela e tocar as tiras que agora prendia o escudo em meu braço, aquilo se transformou novamente em um bracelete.

-Obrigada. 

E o sonho se desfez.

Eu estava de volta a minha cama no Chalé. Como Hermione dormindo calmamente acima de mim e Annabeth na cama do lado. O bracelete estava em meu pulso.
Nós partimos de manhã.

Parecia que só o Leo estava realmente determinado em achar o Argo II, Clarisse teve a ideia maluca de ir em todas as atrações para “ver melhor”...

Mas a grande decisão que tínhamos a tomar era: onde começávamos? Eram tantos lugares, tantos parques...

-Por que não saímos do obvio? - sugeri, enquanto nos reuníamos no topo da colina.

-O que você quer disser? - perguntou Nico.-Por que não vamos... Na Universal ou no Buch Gardens? Lugares que normalmente ficariam em 2º plano.

-Faz sentido. - disse Clarisse. - A melhor estratégia é surpreender o adversário. Ele ou ela pensa que reviremos a Disney antes de qualquer coisa. 

-Decidindo a estratégia? - disse uma voz atrás de mim.

-Eu estou tentando dar um jeito de não sermos mortos, Harry. Como sempre. - respondi.

-Os seus métodos funcionam a 7 anos, Lyra, confio em você.

Enrubesci.-Ei Percy! Segura essa! - berrou Ron da base da colina.-Aquamenti!

Um jato de água voou na direção de Annabeth, que estava ao lado de Percy.

-BAIXA! - berrei, alertando todos.Todos fizeram, menos o Percy. E a água foi com tudo nele.Depois que voltei a olhar ele estava seco, depois olhou para mim e deu de ombros.

-Vantagens de ser filho de Poseidon.

Argos já tinha nos deixado na estação de trem de New York, quando a confusão começou.

-EU JÁ DISSE, BAFO DE CADÁVER, NÓS VAMOS PARA O BUCH GARDENS! - berrava Clarisse.

-Mas eu nem falei que eu era contra... - choramingava Nico.

-Clarisse, CALA A BOCA! - berrei. - Sério, as vezes eu me pergunto se você é realmente mais velha do que eu. Eu decido aonde nós vamos e PRONTO! Alguém contra?

Ninguém se manifestou, nem mesmo a Clarisse.

-Ok, como nós atravessamos a costa Leste dos EUA? Ideias? 

-Podemos aparatar. - disse Ron.

-NÃO! Não volto a fazer aquilo de jeito nenhum! - disse Thalia.

Leo levantou a mão.

-Que foi Leo? - perguntou Piper.

-O que é “aparatar”?

-É mais ou menos como se tele transportar para lá em um 5 segundos ou mais. - explicou Hermione. - É um feitiço bem útil. 

-Legal! - disse Leo. - Podemos ir em um segundo pra lá! Quem é a favor de irmos assim?

Todos pareceram concordar menos a Thalia, como eu esperava.

-Ok, lá vamos nós. - eu disse, arrastando o grupo para uma área mais escondida. A estação que ninguém ia, ou seja, onde ficavam os trens para o interior do Kansas. Conhece aquela música dos The Beatles “Strawberry Fields Forever”? Então, o Kansas era assim, só que eram campos de trigo para todo lado, não morangos. Era um nada, resumindo.

-Todos prontos? - perguntei. - Só um aviso, como para alguns de vocês nunca fizeram isso, na 1ª vez a sensação não é das melhores...

Clarisse engoliu seco.

-Bem... Lá vamos nós. - disse ela.

Um puxão no estômago e a sensação de os pulmões estarem sendo achatados estava de volta.Meus pés voltaram ao chão.

Lutei para que os meus pulmões voltassem a se inflar por um tempo, mas depois disse:

-Gente, bem vindos ao Islands of...

-Lyra abaixa!

Alguém me puxou a tempo de evitar que um espinho do tamanho de uma adaga se crava-se em meu peito.Caramba, nem tínhamos chegado direito e alguma coisa já queira arranjar briga.

Apertei a coruja em meu bracelete e...

Bem, agora é matar ou morrer.