Vitamin escrita por Ayemiss


Capítulo 9
Capítulo IX




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“Não há medo quando se espera ser traído.

O aterrorizante é quando a traição é inesperada!”

(Aizen - Bleach)

– Papa é verdade o que dizem? – Uma pequena garotinha de madeixas negras azuladas brincava com seus dedos indicadores batendo um contra o outro. – Mama morreu por minha causa? – Sentira seu rosto queimar dolorosamente e uma marca avermelhada mesclar-se com o pálido tom de seu rosto. Não entendera o motivo de seu pai ter lhe dado o tapa, apenas sabia que não deveria mencionar o nome de sua mãe na frente dele.

Acordara sentindo o vento bater levemente em sua face bagunçando levemente seus cabelos. Havia pegado no sono enquanto lia no terraço de sua escola. Não estava a fim de comparecer na sala, não conseguiria prestar atenção nos professores, mesmo que quisesse. Não naquele dia, mesmo que seu pai não comentasse ela sabia que fazia dez anos que sua mãe falecera.

Olhara para o céu azulado perdida em seus devaneios, mesmo que seu pai não falasse nada ela sabia que o mesmo a culpava pela morte da mãe, pois ela se culpava. Se não fosse por ela talvez sua mãe ainda estivesse viva, afinal a mulher apenas saíra aquele dia para comprar seu presente de aniversário. Sim, era irônico já que o dia da morte da mãe era o dia do nascimento de Hinata. O único dia que Hinata odiava. Depois da morte da mãe a garota simplesmente apagou seu aniversário, trocando-o pela data da tragédia. Além de Hanabi e Neji mais ninguém a parabenizava, a garota simplesmente não se incomodava com isso, apenas dava um pequeno sorriso para a irmã e para o primo em seguida trancava-se no quarto isolando-se de tudo e de todos.

– Você não aprende mesmo, não é? – Uma voz masculina tirara-a de seus devaneios, fazendo-a sobressaltar-se pelo susto que levara ao descobrir que não mais estava sozinha.

– Itachi? – Não entendia o porquê de aquele olhar sobre ela, parecia estar zangado com algo. E pelo jeito, até dormindo ela incomodava as pessoas que mais gostava.

– O que faria se alguém abusasse de você enquanto dormia? – Perguntara andando em direção da garota, pegara seu pulso firmemente assim levantando-a. Sim, estava com raiva, raiva do descuido da garota que nem ao menos iria notar algo se ele não tivesse chegado à hora que aqueles garotos imundos ousavam tocá-la com aquelas mãos.

– Ninguém iria se aproveitar de mim. – Soltara-se com certa dificuldade do moreno andando até a grade de proteção do terraço. – E caso algo acontecesse, eu sei me cuidar sozinha. – Completara firmemente, como se tivesse força suficiente para fazer tal coisa.

– Você ao menos sabe o que está dizendo? – Seu nervosismo era transmitido em sua voz.

– Sim. – Não, ela não sabia.

Em um movimento rápido segurara-a firmemente contra a grade de proteção pressionando levemente o corpo da garota, a mesma não entendendo o porquê de tudo aquilo.

– Não, você não sabe. Você não é forte o suficiente. – Sussurrara lentamente perto do ouvido da Hyuuga, assim fazendo com que a pele pálida arrepiasse involuntariamente com o hálito do garoto que batia contra a mesma, encolhera-se ao sentir um desconforto no peito.

Tentara soltar-se dos braços do garoto, porém nada adiantara, era como se não tivesse forças para isso, como se ficasse mais fraca em sua presença. Tentara novamente, porém como resposta sentira seu corpo ser pressionado um pouco mais forte contra a grade, tremera com a sensação que aquela proximidade lhe causara. Sabia que aquilo era perigoso, toda aquela aproximação não fazia bem algum a ela, muito menos a ele.

Não sabia ao certo o porquê de estar tão bravo com tudo aquilo, afinal, o que ela era para ele? Não era apenas uma amiga? Uma garota que conhecera algum tempo atrás e resolvera ajudar? Alguém estranho, desconhecido? Quem? Quem era ela? Quem era ela, para ele? E o que ela era para ele? Eram perguntas que rondavam os pensamentos do moreno sempre que a via assim, tão próxima dele.

Queria distanciar-se dela, ir para o mais longe possível, mas então por que seu corpo não o obedecia? Por que teimava em aproximar-se dela ainda mais, mesmo não podendo? Por que com ela? Por que com alguém que lembrava tanto Hana? Por que alguém que nem ao menos era parecida com Hana fazia-o lembrar da mesma? Não sabia nenhuma resposta, não sabia o que pensar ou como agir. Apenas sabia que era tarde demais, tarde demais para afastar-se.

– Você não consegue se soltar, certo? – Dissera enquanto encarava os olhos perolados da garota. – Você não disse que conseguiria se virar sozinha? – Falara enquanto prendia-a mais entre a grade, assim fazendo com que ela não conseguisse completar o chute que iria dar no moreno. – Você... Não é forte. – Suavizara o tom de sua voz, não queria machucá-la, não queria fazê-la odiá-lo. Queria apenas que não fosse tão descuidada como era e que não se machucasse mais, queria poder protegê-la, mantê-la segura.

Ela nada pronunciara, sabia que ele não lhe faria mal algum, sabia que apenas estava falando aquilo para o seu bem, sabia que não era forte e que não poderia defender-se sozinha. Mas, por que ele tinha que mostrar tudo o que ela já sabia? Por que ele tinha que ficar tão próximo? Por que ele fazia aquilo? Por que ele fazia seu coração bater diferente, tão acelerado?

Sentia seu hálito mesclar-se com o dela causando uma sensação que jamais pensara que sentiria novamente. Queria abraçá-la, queria saber que gosto sentiria ao beijá-la, se a pele dela era tão macia quanto parecia. Suava frio e ao mesmo tempo quente, estava tão próximo, apenas um pouco mais.

Uma pulsação forte fora sentida em seu peito, assim fazendo-o aproximarem-se um pouco mais seus lábios. Embriagava-se ao sentir seus hálitos quentes mesclarem-se, aproximara-se um pouco mais observando os lábios rosados da garota, conforme se aproximava fechava seus olhos lentamente.

Estava tão perdida em seus devaneios que apenas notara a aproximação perigosa do Uchiha tarde demais. Assustada, e com o coração acelerado, batera levemente a cabeça na grade, assim fazendo um pequeno barulho, enquanto fechava seus olhos fortemente. Com o pequeno barulho o Uchiha notara o que estava prestes a fazer, corando levemente afastara seu rosto do dela olhando para uma direção qualquer do pátio da escola.

– Temari? – Pronunciara o nome surpreso quando vira a garota loira praticamente arrastar-se ao chão para poder caminhar. Soltara a Hyuuga correndo em direção à garota que caíra no meio da calçada tossindo com certa dificuldade.

Quando Hinata ouvira-o pronunciar aquele nome abrira rapidamente os olhos para em seguida olhar na mesma direção dele, espantara-se ao ver a garota tentando manter-se em pé enquanto escorava-se com certa dificuldade nas grades de fora do colégio.

* * *

Abrira lentamente os olhos demorando a se acostumar com a claridade daquele local. Seus olhos ardiam, seu corpo todo clamava por anestesias, sentia dores que mal a deixavam respirar ao mexer-se tentando sentar no leito ao qual se encontrava.

Não lembrava como havia parado naquele local, nem ao menos se lembrava de quando pararam de agredi-la. Tremera ao lembrar-se de todos os risos que escutara enquanto tentava não ser morta por todos aqueles bastões e chutes desferidos em seu corpo.

Ainda podia ouvi-los em sua mente, podia senti-los, as risadas histéricas, o som que os bastões provocavam, em seus ossos, ao chocarem-se contra seu corpo. O cheiro de sangue impregnava-se novamente em suas narinas junto ao odor de algo pútrido, provavelmente algum esgoto por perto.

Abaixara a cabeça olhando para seus braços que, apesar das talas, não paravam em momento algum de tremer, pressionara o máximo que a dor deixava os lados de sua cabeça, seus dedos sobre a faixa franca que se encontrava em volta da mesma. Arregalara seus olhos ao lembrar-se da imagem que vira antes de apagar completamente, Tayuya estava lá entre todos rindo enquanto via o sangue de Temari jorrar pela terra.

Imagens de Konan e Tayuya junto dela invadiram sua mente, estavam juntas há anos, sempre rindo e divertindo-se uma com a outra. Não conseguia acreditar que aquilo era possível, que ela havia fingido ser amiga apenas para se aproximar e conseguir armar uma emboscada sem que Yahiko interferisse. As palavras proferidas pela mesma ainda estavam vividas em sua mente.

– Não acredito que vocês pensaram que éramos realmente amigas. – Havia desdém em suas palavras. – Você não faz ideia do ódio que eu sentia em vê-las tão perto sem poder arrancar seus dentes um por um. Realmente desagradável. – Fizera uma pausa enquanto observava a loira ensanguentada no chão tentando levantar-se, rira ao presenciar o esforço em vão da loira. – Você está tão patética, mas não se preocupe... logo Konan fará companhia para você. – Um sorriso diabólico moldara-se em sua face. – Acabem logo com ela. – Voltara junto ao grupo que observavam rindo da situação.

– Konan... – Levantara-se o mais rápido que pode sentindo todos os cortes e hematomas protestarem com o movimento.

Trocara de roupa com certa dificuldade tentando manter-se equilibrada o suficiente para não ir ao chão. Apesar de não ter quebrado suas pernas, com as pancadas, ambas fraquejavam involuntariamente. Retirara a faixa que estava em volta de sua cabeça, escondendo a mesma com o capuz de seu casaco.

Com certa dificuldade tentara andar o mais normal que pôde. Por sorte uma ambulância acabara de chegar ao local com uma pessoa gravemente ferida em um acidente de carro, assim conseguira passar despercebida pelas enfermeiras e médicos apressados.

Tinha que avisar Itachi, tinha que salvar Konan de alguma forma. Por mais que seu corpo doesse ao ponto de tossir sangue enquanto tentava manter-se de pé segurando-se nas paredes, apenas cinco minutos de caminhada para chegar ao colégio.

Suava frio tentando ao máximo manter seu equilíbrio e sua consciência. Estava em frente ao prédio da escola quando suas pernas não aguentaram mais, assim levando-a direto ao chão, um gemido seguido de um palavrão foi proferido pela loira após o impacto de seu corpo com o gélido e duro chão.

Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe... Não tinha mais forças para mover um único músculo.

“Konan... Konan... Konan... Droga”, pensara movendo um de seus braços para frente agarrando-se ao chão, em seguida, mexera lentamente uma de suas pernas conseguindo enfim arrastar-se com dificuldade pelo chão.

– Quem é você? – Sua voz era uma mescla de raiva e angustia. – Por que me ajudou? – Indagara observando a garota deitada logo a sua frente. Não tinha forças suficientes para levantar-se e ir até ela, então apenas ficara ali, sentada no chão escorada na parede daquele local.

– Konan, e de nada... – Lhe respondera deixando um grande sorriso formar-se em seus lábios. – Digamos apenas que eu estava entediada. – Levantara indo em direção da loira, assim parando em sua frente. – Então...

– Temari. – Dissera já sabendo o motivo da garota ter parado de falar.

– Então, Temari... Eu acho que isso é seu. – Levara sua mão direita fechada para frente, um pouco mais perto da loira, assim abrindo-a deixando um colar cair frente aos olhos de Temari. Balançara-o levemente para os lados dando um grande sorriso ao ver a expressão abobalhada da garota ali presente.

– Obrigada. – Um alívio percorrera todo seu corpo naquele momento. Iria pegá-lo se a outra não tivesse afastado o mesmo.

– Você... Quer vir comigo? –Um leve sorriso moldava-se nos lábios cortados de Konan.

– Sim... – Não sabia o motivo de ter aceitado o convite daquela estranha, apenas sabia que devia muito a ela e poderia confiar na mesma sempre que precisasse. Um enorme sorriso estampara os lábios de Konan que deixara um pequeno riso escapar-lhe por entre os lábios.

– Vamos? – Indagara estendendo a mão para Temari que a segurara sendo puxada com cuidado até conseguir ficar de pé.

Um pequeno, quase imperceptível, sorriso formara-se no canto dos lábios de Temari quando a mesma pegara seu colar de volta, sabia que aquela garota era diferente, sabia que confiaria sua vida a ela e ela também. Acabariam, com o tempo, tornando-se companheiras, amigas que apenas com um olhar, um sorriso saberia o que cada uma estaria pensando.

– Konan... Não morra... Konan... – Lágrimas de desespero e dor percorriam sua face pálida enquanto arrastava-se pela rua tentando alcançar a entrada do prédio.


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Notas finais do capítulo

Nhaaam, eu sei, eu sei que vocês querem me espancar até a morte ou me torturarem lentamente pela demora absurda em postar ç_ç
Sinto muito por isso, mas apesar da demora, que espero que não ocorra mais, não abandonarei a fic, creio que ainda terá mais um ou dois capítulos no máximo e tentarei postar na semana que vem >—>
Aceito dicas e criticas são muito bem vindas
E lembrem-se, comentários movem o mundo *-*
Kissus no kokoro



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