Soldados da Dor escrita por Natii_C


Capítulo 14
Capítulo 14 - Apaixonada


Notas iniciais do capítulo

Galera, desculpa a demoro
falta de inspiraaçãao :S



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Todo aquele jeito que Jacob falou, as palavras bem pensadas, nada de filosofia barata... Tudo me fez pensar o quanto eu andava sendo injusta com as pessoas ao meu redor. Não que eu deixaria de desconfiar delas, mas poderia começar a saber amá-las. Desde que cheguei, apenas julguei muitos que estavam ali pelo que pareciam ser ou senão pelo modo que me tratavam. Algumas pessoas me tratavam mal - ou melhor, tratavam mal a Bella - simplesmente porque tinham inveja ou qualquer sentimento ruim. Um ótimo exemplo disso era Jéssica Stanley, a garotinha mimada, filha do cara mais rico da cidade de Forks.

Olhei fundo nos olhos negros de Jacob. Estavam rasos, cheios de lágrima. Passei uma das mãos cuidadosamente pelo seu rosto até atingir a região dos olhos, fazendo secar suas lágrimas.

-Jacob, não sei o que Bella está pensando nesse momento - mentira! Sabia sim, mas não queria deixá-lo numa situação pior. Vê-lo chorar cortava meu coração - Mas saiba que da minha parte, eu, Renesmee, achei um ato de coragem você ter se declarado! Eu não sei muito sobre vocês, humanos, mas o pouco que acabei de aprender com o que você falou, vou levar pra vida toda. Nós, almas, não temos sentimentos tão brutos e intensos como vocês e apesar de não compreendê-los muito bem, acredite, você é um homem e tanto. Se fosse qualquer outro, como Edward, não teria coragem. Jacob, você foi homem de verdade, porque homem de verdade é aquele que diz o que sente, mesmo que isso não seja o que o outro espere dele.

Jacob pulou, literalmente, em cima de mim, me envolvendo novamente no seu abraço apertado. Era tão bom sentir o calor que emanava dele. Me dava prazer para seguir em frente, tomar um rumo novo. Nunca tinha sentido isso antes. Tê-lo perto de mim me dava segurança, me dava paz, me fazia sentir segura, como se nada mais importasse a não ser nós dois.

O que é que eu estava pensando? Não podia sentir isso por Jacob. Ele era apenas um humano e eu não podia me apaixonar por ele, seria uma traição para com a minha espécie.

-Desculpe. - sussurrei enquanto tentava sair dos braços de Jacob. Era difícil. Meu corpo resistia a atração. Não estava certo sentir isso.

-Não, por favor. Não me deixe.

-Jacob, eu que te peço por favor. É só que não dá. Fica longe de mim! Sai daqui! Sai!

Meus berros podiam ser ouvidos de qualquer distância.

*********************************************************************

Mais um dia que chegava ao fim e, mais uma vez, como sempre fazia, voltei para o cubículo. Ou melhor, pensei que ia pra lá quando Billy me puxou pelo braço.

-O que foi? - perguntei.

-Vamos para fora.

-Como assim, para fora? Você não vai...

-Não, não é nada do que você está pensando. É apenas o enterro de Edward.

O nome de Edward flutuou ao meu redor. Pega de surpresa, a palavra espalmou em mim. A dor insuportável por dentro. Era Bella. A dor não me pertencia dessa vez e sim a ela. A dor a consumia. Bella não era tão forte assim, eu sabia disso e não resistiria por muito mais tempo. Só que a situação que ela fosse mais forte e entender que teria que seguir adiante dali pra frente, que Edward seria, então, apenas uma lembrança na sua história ...

-Sim. Vamos lá. - disse.

Percorri o corredor escuro e esguio com todo cuidado possível, os olhos vendados. O motivo para isso? Simples. Não quererem que eu soubesse o caminho que levava para o fim da caverna. Mas e se estivesse enxergando seria mesmo capaz de decorar o caminho?! Nem conseguia ver nada a minha frente, a não ser escuridão.

Vez ou outra, meus pés resvalavam nas pedras pontudas. Queria chorar ou pelo menos gritar de dor, mas continuava a caminha em frente.

Finalmente, depois do que me pareceu uma eternidade, saimos dos túneis cavernosos. Lá fora, o vento soprava mais forte do que quando eu havia chegado ali - nem gosto de lembrar disso. A neve era mais espessa e, consequentemente, mais pesada do que antes, dificultando a caminhada.

Todos dividiam o mesmo espaço agora. Como já estava acostumada aos olhares curiosos e comentários indecentes, não liguei muito para os que estavam ali. Embry e Jacob ficavam um de cada lado de mim.

Ao fundo, perto de uma montanha enorme, estava um barco feito de madeira. Olhando assim, lembrei-me do que Billy tinha dito no dia em que Edward me atacara.  Talvez fosse aquele o único meio de chegar ao continente para pegar mantimentos. Por isso, também, é que me lembrei de que ele dissera que tinha perdido um deles.

-Todos sabemos que perdemos um de nós e que Edward era um rapaz e tanto, sempre disposto a nos ajudar em nossas guerras, bom-caráter, muito educado e tudo o mais. Poderia passar horas e horas falando dos defeitos e elogios de Edward...

Billy continuou com o seu discurso. Vendo-o falar daquela forma, parecia ainda mais velho. Victória e James, os pais de Edward, choravam muito, um tentando consolar o outro.

-É culpa dela! Culpa dessa vagabunda! Foi por ela que meu Edward morreu! - Jessica começou a me ameaçar, seu rosto ficando vermelho de raiva. Ela se aproximou a passos largo. Deixei que ela fizesse o que tanto queria: me bater. Sua reação era esperada por mim há tempos. Tinha pena dela só de pensar que o dia dela chegaria e ai ninguém poderia salvá-la de mim.

-Jéssica! Pare já com isso! Eu não vou mais falar com você, garota! Ela não tem culpa de nada.

-Ah, então quer dizer que você também é mais um idiotinha que caiu nas garras dessa ai, Embry? Só falta me dizer que você, Jacob, está do lado de Embry?

-E se estivesse? Você tem alguma coisa a ver? Não. Fica numa boa, Jéssica. Aqui ninguém deve satisfação da vida pra você. Ok? Entendeu ou quer que eu desenhe?  - Jacob me defendendo? Uau! Ele realmente amava Bella. Jéssica não falou mais nada dali em diante. O enterro foi como se esperava: todos - pelo menos quase todos - choravam. De repente, também senti uma vontade louca de chorar. Edward podia ser o cara mais ignorante e repugnante que habitou esse planeta, mas no fundo, bem no fundo mesmo, sabia que essa raiva que ele sentia por mim, uma alma, tinha uma justificativa. Nós (almas) tínhamos exterminado quase todos da sua espécie, com muita dor e aflição.


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