Skater Girl escrita por sisfics


Capítulo 10
Capítulo Nove: Rejeição.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/118788/chapter/10

Bella Pov

- Não mesmo. - gritei, levantando do sofá.
- Mas, Bê. - Rosalie levantou também.
- Olha, Rosalie, seu irmão está completamente louco. Se fosse você, voltaria agora para casa. Aliás, nem devia ter vindo. Edward é louco de te mandar aqui sozinha.
- Ele viria Bê, mas nossos pais não deixam.
- Porque eles tem juízo. Quer saber? Eu nunca mais olho na cara do seu irmão. - rosnei.
- Não diga isso. Ele gosta de você. - sussurrou me fazendo levantar o rosto, aquilo me deixava diferente.
- Gosta de mim? - abaixei o tom de voz.
- Muito.
- Como assim gosta de mim? - perguntei, cruzando os braços.
- Ah, isso você pergunta para ele.
- Olha, sinceramente, seu irmão acaba de ter a idéia mais idiota da vida dele que foi esse jantar. Eu não vou despencar daqui até o Central Park para conhecer os seus pais. Quero dizer, é como se ele estivesse me apresentando como namorada.
- E você não é? - não tive como responder.
- Eu odeio seu irmão. - conclui indo na direção do meu quarto.
- Bê, por favor, deixa de besteira, garota. - me seguiu.
- Não é besteira é que ele sabe que não sou o tipo de garota que seus pais querem ver. Onde eestava com a cabeça quando pensou isso? No dia que me atropelou, ele estava preocupado demais em descobrir meu nome no hospital e não viu como o pai de vocês olhava para mim. Como se eu fosse lixo. Não quero ver isso de novo, está bem? E aquela sua irmã mais nova? Ela me ameaçou em Los Angeles, disse que se me aproximasse do irmãozinho dela de novo, nós teríamos uma séria conversa. - imitei a voz de Alice o que fez Rosalie rir - Não ri não, porque você sabe muito bem que ela é capaz de fazer isso.
- Eu sei.
- Não sou o tipo de garota gentil, educada, que aguenta tudo calada. Se eu for na sua casa, não vou suportar cinco minutos. Você e ele são diferentes, mas sua irmã, seu pai e, provavelmente, sua mãe vão me fuzilar quando eu passar pela porta.

- Não os julgue, Bê. Está fazendo com eles a mesma coisa que fazem com você. - me deu lição de moral.
- Então, estamos todos quites. - zombei, sentando na cama.


Rosalie sentou na de Nessie de frente para mim e cruzou os braços. Esperava que eu dissesse mais alguma coisa, mas só fiquei pensando no que havia me dito. Eu com certeza não seria tão bem aceita naquela casa, mas teria os dois ao meu lado. E eu também sei me defender. A frase que ela havia dito martelava na minha cabeça até que abri os olhos de novo e a vi ainda na mesma posição me avaliando.


- Você é birrenta. - resmunguei.
- Não mais que você.
- Acha que vou ceder?
- Tenho certeza. Você gosta do meu irmão. - respondeu sorrindo.
- Acha mesmo que eu gosto dele?
- É evidente demais. O único problema de vocês dois é que não sabem como dizer um ao outro.
- Faz faculdade de que mesmo? - perguntei.
- Psicologia.
- Nota-se. - bufei.


Rosalie deu uma risada.

- Ontem depois que chegamos do campeonato, Edward te defendeu para o meu pai enquanto estavam no escritório discutindo. Disse que você era uma menina diferente e especial. Palavras dele, Bê. Não o desminta, okay?

Respirei fundo, ouvindo cada palavra.

- Promete que pelo menos vai pensar? - perguntou.
- Não. - suas feições desmoronaram - Já tomei minha decisão. Vou nesse jantar. - resmunguei vencida.


Rosalie deu um pulo de alegria e veio me abraçar.

- Own, Bê. Edward ficará tão feliz. Ele estava tão preocupado essa manhã enquanto me contava a idéia genial dele.

- Genial? Eureca. - debochei.

Ela me soltou ainda rindo.

- Já foi no meu apartamento. Sabe onde é, então te esperamos lá amanhã às sete. Tudo bem? - assenti - Então, já que cumpri minha missão, leve-me até a porta, cunhada.


A olhei com uma sobrancelha erguida.

- Impressionante como vocês dois combinam na intolerância às brincadeiras. - resmungou, voltando para a sala sozinha.


Ainda estávamos no corredor, quando a porta abriu e Nessie entrou pulando com Emmett.

- Boa tarde. - Rose disse quando entramos no mesmo cômodo.

Emm que já estava sentando no sofá com o controle na mão, simplesmente, jogou tudo para o alto e caiu no chão de susto.

- Ops! Desculpa, não queria te assustar.

Ele pareceu irritado, mas quando levantou os olhos, quase precisou de babador.

- Você está bem? - Rosalie perguntou se aproximando para pegar sua bolsa em cima do sofá e ajudá-lo a se levantar.
- Er, cla-cla-ro. - se levantou num pulo - Só me desequilibrei. Er, Bella, não apresenta? - fez um sinal com a cabeça quando Rose ficou de costas para ele.
- Essa é a Rosalie. - rosnei.


Agora ele falava comigo, né?


- E esse cabeça-de-vento é o meu irmão mais velho, Rose.

Ela deu uma risada fraca e os dois se cumprimentaram. Depois buscou a bolsa, mas antes de ir até aporta, se agachou perto de Nessie.

- E essa deve ser a garotinha linda de quem meu irmão falou. Rennesme, certo? - a criança assentiu e cochichou:
- Quem é seu irmão?

- Edward. - Nessie arregalou os olhos.
- Você já está indo embora?
- Sim, porque pequena?
- Manda um beijo para ele? Diz que eu gosto muito dele e estou com saudades. - Rosalie fez que sim e beijou o alto da cabeça de Nessie.
- Te levo até lá embaixo. Não quero te deixar sozinha. - abri a porta.
- Não precisa. O táxi ainda está me esperando. - lembrou antes de me abraçar - Amanhã às sete. Não se esqueça. - e depois foi embora.
- A irmã do Edward é muito bonita. - Nessie falou correndo para o quarto.
- É mesmo. - Emmett disse para si mesmo.
- Não é para o seu bico, palhaço. - resmunguei indo para a cozinha para fazer o jantar.
- Não enche. - gritou antes de ligar a tv.


Não era ele que estava tão dócil até agora pouco? Homens.

Edward Pov

No dia seguinte.

Não consegui parar de balançar a perna para cima e para baixo. Rosalie me olhou impaciente de novo e soltou um pequeno rosnado, mas não dei muita atenção.


- Pode parar de tamborilar, Edward? - pediu.
- Não consigo. Elas tem vida própria. - apontei para a perna que não parava de balançar.


Num impulso desconhecido, ela segurou minha coxa, cravando as unhas perto do meu joelho.

- Ah. - segurei um gemido alto.
- Resolvi seu problema? - perguntou.
- Sempre com suas medidas socio-educativas, certo?
- Amém. - sussurrou.
- O que os dois estão fazendo aqui? - nossa mãe perguntou, estranhando nós dois parados no sofá da sala.
- Nada demais, mãe. Porque?
- Por nada, querida. Bem, o jantar já vai ser servido. É melhor lavarem as mãos.


Assim que ela saiu da sala, soltei a respiração que havia prendido desde o pequeno "carinho" de Rosalie.

- Onde ela está? - rosnei.

Rosalie deu de ombros, fazendo cara de desolada.

- Ela disse mesmo que viria, Rose?

Minha irmã se levantou e passou a mão por cima do vestido.

- Se me perguntar isso de novo, eu te mato.
- Vamos logo, crianças. - minha mãe apareceu de novo na sala, fomos lavar as mãos antes de ir para a mesa de jantar.


Meu pai já nos aguardava lá com as feições perdidas em algum lugar.

- Como foi na escola hoje, querido? - minha mãe perguntou, enquanto começavamos a nos servir.
- Normal, mãe. - menti.

A escola estava um inferno ultimamente. Depois da briga com Tanya e das mentiras que ela havia espalhado, poucas pessoas ainda falavam comigo. Isso só me mostrava os "grandes amigos" que eu tinha. Alice me olhou de rabo-de-olho e abaixou a cabeça. Nem ela e o namoradinho que eu antes pensava ser meu melhor amigo ficavam perto de mim. Como se eu tivesse uma doença contagiosa. Tanya havia espalhado tantas coisas que eu começava achar que essa era uma delas.


- Esava pensando: o Natal está perto, não é mesmo? Podíamos viajar, o que acham? - mamãe sugeriu.
- Passar as festas longe de casa, querida? Seria boa idéia? - meu pai se pronunciou pela primeira vez.
- Se todos quiserem. - deu de ombros.


No meio da conversa, a campainha tocou. Meu corpo inteiro reagiu, ficando tenso imediatamente.

- Campainha? - minha mãe se assustou - Eu atendo.

Rosalie deu um sorriso torto assim como eu. Esperava que a reação de Esme fosse boa. Não se ouvia nada da porta de onde estávamos. As dimensões do apartamento não permitiam. Meu pai já estava prestes a levantar da mesa e meu coração parar de uma hora para outra devido a demora, quando minha mãe apareceu com Bells logo atrás. As duas não estavam com as feições muito satisfeitas. Meu pai caiu sentado na cadeira e me observou irritado.


- Acho que alguém fez um convite para esse jantar e esqueceu de nos avisar. - mamãe rosnou.

Senti que os problemas estavam apenas começando.

Bella Pov

Esperei quase dez minutos antes de tocar a campainha. Vacilei várias vezes antes de tomar coragem. No último segundo, quando já estava ouvindo a porta ser aberta, virei de costas e tentei voltar ao elevador, mas não fui rápida o suficiente.


- Pois não? - uma mulher aparentando ter trinta anos sussurrou.

Ela me olhava com a expressão confusa e me avaliou dos pés a cabeça mais de uma vez. Avancei dois passos de volta para a porta e respirei fundo.

- Boa noite. - minha voz saiu rouca.
- Com deseja falar? - perguntou, já fechando um pouco a porta.


Pensei mais uma vez que não deveria ter vindo.


- Na verdade, Edward me convidou para o jantar. - as palavras saíram arranhando.


Olhei para o chão na inútil tentativa de não sentir seus olhos pegando fogo sobre mim.

- Convidou? - ela quase gaguejou.
- Sim.

O silêncio em seguida era cortante. Eu estava num funeral ou coisa parecida? Levantei a cabeça, a encarando por uns instantes. Tinha uma expressão fria. Era uma mulher muito bonita, reconheci alguns traços de Edward e Rosalie nela, mas seu olhar estava me dando medo. Até que tomou uma atitude que eu não esperava.


- Entre, por favor. - sussurrou, saindo da frente.


Arregalei os olhos. Pensei por um instante que ela me botaria dali para fora na base de tapas e pontapés. Mas ao contrário, foi extremamente educada, apesar daquele olhar que eu reconhecia muito bem. Entrei no apartamento que estava um pouco diferente do que eu lembrava. Alguns móveis em lugares diferentes.


- Vamos até a sala de jantar, tudo bem? - resmungou, dando um sorriso falso.

A segui para um cômodo da casa que eu não conhecia. Assim que aparecemos no ambiente, o pai de Edward, que estava se levantando, caiu sentado na cadeira e nem teve tempo de me avaliar, porque logo olhou irritado para o filho.

Rosalie estava de um lado da mesa e sorria feliz da vida ao lado da mais nova que mal acreditava estar me vendo de novo. Edward se sentava sozinho do outro lado e deu um sorriso enorme ao me ver, mas logo o desfez quando a mãe rosnou:


- Acho que alguém fez um convite para esse jantar e esqueceu de nos avisar. - o pai dele negou com a cabeça e deu um sorrisinho amargo.
- É claro. - Rosalie se pronunciou - Fui eu.


Alice parou de olhar para mim por um instante e encarou a irmã incrédula.

- Esqueci de avisar? - fez uma careta - Sério, mãe? Desculpa?
- Mentirosa. - Alice rosnou.
- Mal-amada. - consegui entender o que Rosalie sibilou.


Edward tossiu, alertando as irmãs da cara feia que o pai fazia.


- Er... Vou lá dentro pedir mais um prato para você. - a mãe dele sussurrou sem olhar nos meus olhos.


Edward se levantou.

- Bem, er,acho que não preciso apresentá-la para ninguém aqui, certo? Mas, de qualquer forma: família, essa é a Bella.
- Minha casa virou um antro. - pensei ter ouvido de Alice.
- Cale a maldita boca. - Rosalie rosnou.


Será que elas pensavam que eu não podia ouvir nada daquilo? Edward tossiu de novo numa tentativa de chamar a atenção das duas.

- Tem xarope no armário. - Alice debochou.
- Seja bem-vinda, Isabella. - Carlisle disse ao se levantar da cadeira, me olhou, mas logo desviou para outro ponto da mesa.
- Nos desculpe pela recepção um pouco atrapalhada. Foi realmente uma surpresa.
- Desagradável. - Alice comentou.
- E me desculpe também por não estarmos preparados para recebê-la. - rosnou, cortando a filha.


Alice lançou um olhar raivoso para ele.

- Ao lado de Edward. - a mãe dele disse para a empregada ao entrar na sala.


A senhora de uniforme arrumou mais um lugar na mesa com prato, talheres e copos.


- Mais alguma coisa, senhora? - perguntou.
- Não, obrigada, Anne. - a mulher que parecia ser um pouco mais velha que ela saiu da sala sorrindo para Alice.


A mãe dele veio para o lado do esposo e me avaliou de novo de cima até embaixo. Eu estava nua por um acaso?

- Acho que não me apresentei, certo? - resmungou - Esme, mãe dos três. - murmurou sorrindo, esticou a mão na minha direção e eu a segurei um pouco apreensiva.
- Isabella, certo?
- Pode me chamar de... - ia dizer "Bê", mas era melhor não - Bella. - sussurrei.
- Condiz com a pessoa. - tentou ser agradável - Por favor, sente-se. - indicou a cadeira ao lado de Edward.


Tentei não cair enquanto andava, mas acabei esbarrando na cadeira de Edward e soltei um gemido.


- Está bem? - ele perguntou segurando meu braço e colocando uma mão no meu rosto, isso chamou a atenção de Esme.

Alice soltou uma risada baixa.

- Pata. - murmurou.

Senti vontade de respondê-la ou, simplesmente, voar em seu pescoço, mas me controlei.

- Estou sim. - rosnei, olhando para ela.
Ele puxou a cadeira para que eu sentasse. Aliás, nunca tinham feito isso para mim.


- Sirva sua amiga, querido. - a mãe dele ordenou ao se sentar na outra cabeceira da mesa.
- Mais que isso, mãe. Já lhe disse. - ele murmurou, enruguei o cenho confusa.
- Era só o que faltava. - Alice rosnou um pouco antes de jogar os talheres dentro do prato com força - Acho que perdi a fome.
- Pelo menos, continue de boca calada. - Rose sussurrou.
- Paz na mesa, por favor? - Carlisle rosnou.


Me ajeitei diferente na cadeira. Tudo aquilo por minha causa. Onde estava com a cabeça quando toquei aquela campainha? Melhor ainda, onde o porteiro estava com a cabeça quando não me barrou na portaria? Eu tenho cara de marginal, apesar de não ser, será que ele não percebeu? Esme me olhou e parecia um pouco mais conformada.


- Bem, ouvi falar um pouco de você nesses últimos dias. - comentou.
- Todos nós ouvimos graças ao papai e Edward gritando no escritório. - Alice sussurrou.

Carlisle a olhou torto, mas preferiu ignorar a malcriação da filha. Aquela garota me dava nos nervos.


- Você é skatista. É diferente para uma garota. - estava nervosa ao tentar puxar assunto.
- Fui... - engoli em seco - Um pouco influenciada pelos amigos do meu irmão. - comentei.
- Tem um irmão? - Carlisle perguntou, tentando ser educado.


Edward pôs o prato com comida na minha frente e sorriu me encorajando.

- Sim, tenho um irmão mais velho e uma irmã mais nova.
- Todos moram juntos? Vocês e seus pais? - Esme perguntou antes de tomar um pouco d'água.
- Sim. Moramos com meu pai.
- Seus pais são separados? - Carlisle perguntou.


Edward tossiu. Sabia que eu não gostava de relembrar aquele assunto, mas eu responderia seu pai.

- Não. Minha mãe morreu no parto da minha irmã. - menti de novo.
- Nos desculpe, não imaginávamos. - a mãe dele disse mais que depressa.
- Tudo bem, faz muito tempo. - dei de ombros e peguei o talher.

A salada parecia boa, mas eu estava sem coragem de me mexer na cadeira.

- Ela sabe usar os talheres. Veja só. - Alice comentou com Rosalie.
- Alice, quieta, por favor? - Carlisle rosnou.


Ele dava o mesmo olhar para todos ali naquela mesa, exceto a esposa. Um misto de desprezo e ódio.

- Ops. Pensei alto. - ela debochou.
- Então, sem pensar por alguns minutos. - Esme rosnou, a garota deu de ombros e voltou a me encarar desgostosa - Você venceu um campeonato de... skate essa semana que passou, certo? - apenas assenti nervosa para Esme - Parabéns. Nunca vi de verdade alguém praticando tal esporte, mas... - parou um instante para pensar - Isso é um esporte?
- Er, sim. Bem, somos considerados atletas. Ainda é uma classificação um pouco inexata.


Quando na minha vida eu pensei que estaria numa mesa de jantar numa cobertura no Central Park e dizendo que aquilo era uma classificação inexata? Nunca. O que estava acontecendo comigo? Eu não falo desse jeito. Não frequento esses lugares. Eu estava tentando agradar alguém com aquilo tudo?


- Entendo. - ela respondeu sorrindo - É um pouco perigoso, não acha?
- Já disse isso a ela, mãe. - Edward comentou com um sorriso torto - Mas ela parece ser feita de pedra. Já tomou vários tombos e ainda assim não desisti.
- Consigo imaginar. - Carlisle começou - Me lembro da quantidade de cicatrizes que você tinha na perna quando foi ao hospital depois do atropelamento.
- É apenas o início, ela tem outras pelos braços e as costas. - Edward lembrou.
- Realmente, feita de pedra. - Esme sorriu.
- Talvez você e papai entendessem um pouco sobre skate e sobre toda essa 'cultura' que vem por trás se fossem ver Bê descendo a rampa. - Rosalie animou.


Esme manteve o rosto sereno, mas Carlisle enrugou o cenho fazendo uma careta.


- Er ou não. Esquece. - deu de ombros.
- Todos estão enlouquecendo. - Alice murmurou.


Evitei olhar para ela, antes que o ódio subisse e eu começasse a ver vermelho. Edward respirou fundo já perdendo a paciência.

- Você estuda, Bella? - Carlisle perguntou, mas sem mesmo querer saber.
- Estudo. Em casa. - completei.
- E no que pretende se formar? - Rosalie perguntou.
- Em vagabundagem. Está na cara, não? - Alice disse para si mesma.
Respirei fundo para não responder.
- Poderia tentar ser um pouco mais educada? - Edward perguntou.
- Talvez. Se vocês dois não estivessem me forçando a ficar na mesma mesa que ela. - apontou para ele e Rosalie.
- Crian... - Esme tentou chamar a atenção.
- Papai e mamãe nunca se importaram se saíssemos da mesa. Se está incomodada, então sáia.


Apoiei a mão na coxa de Edward. Ele precisava se acalmar.

- Acho melhor não. Não quero perder o show.
- A única pessoa que está fazendo show aqui é você. - Edward rosnou.

Apertei ainda mais forte sua coxa, mas ele parecia não perceber. Que diabos ele pensava estar fazendo?

- Isso é o que veremos.
- Não me obriguem a ser indelicado na frente de visitas, está bem? - Carlisle disse com uma voz baixa, porém muito firme.
- Desculpa, pai? - os dois pediram.

Era claro que Carlisle era a última palavra dessa família. Todos, exceto Esme, abaixavam a cabeça quando se dirigiam a ele. Era uma relação estranha para se ter com os pais. Não que a minha fosse assim tão normal. Eu sabia que no fundo meu pai guardava um rancor enorme de mim, mas que estava adormecido por causa do tempo.


Ainda assim, abaixei a cabeça também e esperei que alguém falasse comigo.


- Bella?! - Rosalie chamou, olhei na sua direção ainda remexendo na comida - Em que pretende se formar? - perguntou como se nada tivesse acontecido.


Seus grandes olhos verdes como os de Edward e Esme me acalmaram tanto que cheguei a dar um sorriso.


- Ainda não pensei sobre isso. - sussurrei - Talvez jornalismo. Gosto de escrever.


Nunca tinha pensado naquele assunto. Não sabia se concluiría os estudos e do jeito que tinha faltas na escola e provas atrasadas. Já era um milagre eu ter diposição de estudar em casa com os livros, mas aquela pergunta despertou alguma coisa em mim. Um dia o skate ia acabar, eu precisava me identificar com alguma outra coisa além dele. Mas não era assunto para se pensar agora.


- Que coisa. Trabalho com moda, mas na sua idade, eu pensava em fazer jornalismo. - Esme comentou sorrindo - Foi um pouco antes de conhecer Carlisle. Mas, então, você estuda em casa e só?
- Não eu também trabalho para ajudar em casa. Faço entregas e trabalho numa oficina de um amigo.
- Sério? - ela se assustou - Não são trabalhos comuns para uma garota.


Se ela soubesse que antes meu trabalho era assaltar, com certeza eu não entraria pela porta do apartamento.

- Pelo visto, você não é o tipo de menina-
- Normal? - Alice cortou.
- Cale a boca. - Edward rosnou.
- Bom, mas er, continuando. E seu pai trabalha em que?
- Ele é policial. - continuei envergonhada.
- Casa de ferreiro, espeto é de pau.


Essa eu não aguentei. Me apoiei na mesa e a encarei de frente.

- Isso é algum tipo de insinuação? - rosnei.

Edward Pov

- Isso é algum tipo de insinuação? - soltou, sem poder se segurar.


Apertei sua mão junto da minha embaixo da mesa.

- Não estou insinuando. Estou sendo bem direta. É tão difícil de notar? - Alice rosnou.
- Sua prepotência e arrogância me enojam garota. - Bella rosnou se levantando.
- Agora, chega. - meu pai gritou, batendo na mesa com tanta força que todos os copos derramaram um pouco de água sobre a mesa.
- Alice vai agora para o seu quarto.
- O que eu fiz dessa vez? - ela gritou.
- Você ultrapassou todos os limites. Vá para o seu quarto agora.
- Ah, eu ultrapassei os limites? - esperniou - Esses dois trazem esse projeto de marginal para dentro da minha casa e eu tenho que sair? Isso é ótimo realmente. Pra mim vocês estão todos loucos.

Senti a mão de Bella escorrer pela minha e um vulto passar por trás de mim. Não consegui assimilar tudo ao mesmo tempo. Alice ainda gritava quando ela saiu pela sala.

- Bella. - chamei.

Quando me levantei, acabei derrubando a cadeira, mas não perdi tempo em levantá-la. Bella girava com um pouco de dificuldade a chave na maçaneta e parecia bem irritada.


- O que você está fazendo?
- Indo embora. - rosnou.
- Não faz isso. - conseguiu abrir a porta e foi até o elevador.
- Tentei, okay? - murmurou, enquanto apertava o botão.
- Bella, calma, vamos voltar lá para dentro. Alice vai para o quarto dela e eu juro que não vai mais nos atrapalhar.
- Ela não está atrapalhando nada.
- Para com isso. Eu sei que ela falou demais, mas você pode voltar e eu tenho certeza que vai ocorrer tudo na mais perfeita ordem. - tentei a acalmar, mas eu mesmo estava uma pilha de nervos.
- Entra por favor, Edward. - rosnou, apertando o botão duas ou três vezes seguidas.
- Olha, ignora a minha irmã. Ela não importa. O - o que importa essa noite somos nós dois, entendeu?
- E o que "nós dois" diz pra você? - gritou com as mãos na cintura.


Não soube responder.

- Hein, Edward, o que "nós dois" diz para você? Sinceramente, não diz nada para mim, agora entra na sua casa e me deixa sozinha.
- Mas Bella-
- Ninguém aqui estava preparado para me receber. Ninguém aqui quer realmente me receber.
- Não se importe com o que meu pai disse.
- Ele está certo. - sussurrou, a olhei com uma sobrancelha erguida.
- O que disse?
- Que ele tem razão. - rosnou - Nem devia ter vindo.
- Mas, Bella-
- Sem "mas" é hora de acabar com a farsa. Não era para eu estar aqui.


O elevador chegou no andar e, antes que a porta abrisse por inteira, ela pulou assustada para dentro. Tentei segui-la, mas me impediu com a mão.

- Tchau Edward. - rosnou enquanto a porta se fechava.

Bella Pov

- E porque você está triste? - perguntou se aconchegando no meu colo.


Sequei uma lágrima que teimava em escapar e a segurei no meu colo como se fosse um bebê.

- E quem disse que estou triste? - tentei esboçar um sorriso, mas foi quase impossível.

Nessie fechou os olhos de cansaço e descansou uma de suas mãos sobre minha boca. Assim como ela fazia quando era ainda menor e mamava.

- Então puquê que cê tá cholando, Bells? - murmurou com sono.
- Porque eu estava com saudades de ficar com você. Minha irmãzinha linda.

Deitei na minha cama e a puxei para meu lado. Quando eu era menor, mamãe costumava dar tapinhas de leve nas minhas costas e cantarolar algumas canções de ninar.

Fiz o mesmo com Nessie essa noite. Logo ela dormiu e pude respirar em paz. Não tive a intenção de acordá-la quando cheguei em casa, nem quis chegar tão tarde. Mas depois de sair da casa de Edward, precisei esparecer e respirar. Não que eu estivesse preocupada com rejeição. Eu já a sofria dentro de casa quando topava com meu irmão no corredor e até mesmo com meu pai, mas saber que causaria problemas futuros para ele, me deixou irritada. Não queria estragar tudo dando um tapa na cara daquela irmã estúpida dele, por isso preferi sair sem responder ninguém. Aquilo estava ferindo meu orgulho, mas o pior de tudo era saber que tinha posto Edward contra a parede de uma forma ridícula.


"- Hein, Edward, o que "nós dois" diz pra você? Sinceramente, não diz nada para mim, agora entra na sua casa e me deixa sozinha, okay?
- Mas Bella..."


Fechei os olhos, torcendo para dormir logo e sentir os batimentos calmos de Nessie me ajudou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!