Capítulo II: Segundo tiro.

Vermelho.
Tudo estava vermelho ao redor de mim.
Eu não conseguia mover um só dedo do meu corpo. Por quê?
Ah, é verdade, eu tinha levado um tiro.
Que estranho, eu nunca tinha sido baleada, mas sabia que era para ser diferente.
Para começar deveria haver o SOM do tiro. E eu deveria sentir algo perfurando a minha pele.
Mas talvez a coisa tivesse sido tão rápida que eu não senti nem ouvi nada. Devo estar morta.
A cor da morte é vermelha. Vermelha?
- Senhor, ela vai ficar bem? – Uma voz falou tão distante que ressoou em todo o lugar.
Seria São Pedro? Estou na porta do céu? Mas porque aqui é tão vermelho? Não seria o Diabo? Seria?
Eu sei que não fui a melhor pessoa do mundo, mas eu sempre tentei agir certo... Ok, nem sempre, mas quem aqui nunca fez nada de errado que atire a primeira pedra.
De repente a minha visão começou a ficar melhor. Comecei a ver formas. Pessoas? Anjos? Demônios?
Ouvi um riso abafado. Aonde eu tinha ouvido esse riso antes?
O vermelho começou a tomar forma. Cabelo? Cabelo vermelho.
Foi como se um raio tivesse atravessado o meu corpo. De repente eu me lembrei de tudo.
O Consigliere!
Pisquei duas vezes e olhando para os lados eu percebi que estava na minha cama.
- Graças aos céus, ela acordou! – Falou a Criada enquanto segurava a minha mão.
- A senhora poderia nos dar licença? – Eu nunca havia ouvido o Consigliere falar e não pude impedir de sentir um calafrio (ou seria um frio na barriga?).
- Claro, claro! Se precisarem de mim é só tocar a campainha – A criada indicou o botão azul ao lado da cama e saiu rapidamente do quarto.

Olhei para o jovem ruivo sentado em uma cadeira ao lado da minha cama.
- Fraca – Falou ele quando nossos olhares se encontraram.
- Fraca? – Perguntei indignada.
- Muito fraca. Tão fraca que desmaiou só de perceber que alguém estava apontando uma arma á você.
Senti-me envergonha e com raiva. Então eu havia desmaiado!
- Me desculpa, mas eu não estava esperando que alguém apontasse uma arma para mim. – Eu estava com muita raiva. Ele parecia o meu pai falando.
- Nessa vida você vai encontrar muitas ocasiões em que armas serão apontadas á você. É melhor estar preparada. – Seu olhar era sério e brincalhão ao mesmo tempo. Como se ele estivesse se divertindo as minhas custas, mas ao mesmo tempo estivesse me alertando de algo realmente importante.
- O que você quer? – Perguntei – Meu pai não esta no momento.
- Estou aqui para ensinar você.
- Como assim? – Minha voz saiu rouca. Como assim ele iria me ensinar? Para começo de conversa, ele iria me ensinar O QUE?
- Como você já deve saber eu sou o Consigliere da família Yamanaka, o meu dever é cuidar para que as decisões do chefe sejam cumpridas corretamente. E pelo que eu sei, seu pai me ordenou para que eu ensine a você como deverá agir no nosso mundo.
Então ele sabia que eu era a nova chefe.
Mas por que papai iria querer que ele me ensinasse? Eu já sabia como a máfia trabalhava, afinal, eu sou a filha do Chefão da Família.
- Acho que você esta me subestimando. – Falei enquanto discretamente passava a mão por baixo do meu travesseiro.
- Acho que não estou. – Ele rio novamente. Aquele riso irônico.
Puxei minha arma e apontei para ele. Mas cadê a arma?
Um segundo ele estava me encarando, no outro estava segurando a minha arma...COMO?
- Você tem ainda muito que aprender. – Ele se levantou e apontou a arma para mim. Sua voz parecia rir de mim, mas seus olhos estavam sérios. Como se ele estivesse falando que poderia me matar a hora que quisesse.

Por fim o Consigliere largou a arma em cima da mesinha ao lado da cama e se dirigiu em direção a porta.

- Vejo você amanhã – Disse enquanto girava a maçaneta.
- Consigliere! Como assim amanhã?
- Gaara. – Ele falou quase num sussurro.
- O que? – Perguntei sem ter conseguido ouvir direito.
- Meu nome é Gaara.

E ele fechou a porta do meu quarto.
Eu sabia que o nome dele era Gaara, mas a forma que ele falou foi tão profunda que fez um calafrio passar por minha pele.
Olhei para o relógio ao meu lado. 03h45min da MANHÃ!
E a minha aula começa ás 8 horas! Vou ter apenas 5 horas de sono? Ou será menos que cinco? Minha cabeça esta doendo muito. Odeio desmaiar.
E é claro que não vou conseguir dormir. Afinal eu estava desmaiada até agora.
Mas que maravilha de noite que eu tive (ou seria madrugada?).
Acho que não poderia ficar pior. Espera, nunca mais na minha vida digo que não poderia ficar pior. Afinal, sempre fica.