Olá, meu nome é Yasmin. Eu tenho 13 anos, e sou de São Paulo. Eu tenho bulimia e sofro Bullying no colégio.

Na escola, as coisas nunca foram fáceis. Eu sempre fui zoada por ser mais baixinha, mais gordinha e também por não ser popular. Eu sempre fico no canto, quieta e lendo, para não ser notada. Me chamam de Vampira (sabe a do X-Men? Aquela que suga a vida da pessoa? Essa mesmo!). Eu sempre procurei ignorar, mas nem sempre dá certo.

Teve uma época em que uma turma popular fingiu ser minha amiga, só pra depois me chutar do grupo e me fazer de boba. Eu chorei tanto quando isso aconteceu. Você já sentiu como se todo o mundo fosse escuro? Sem cor, sabe? Como se toda a felicidade do mundo tivesse ido pro buraco? Era assim que eu me sentia. E então, quando eles fingiam ser meus amigos, eu via esperança em algum lugar. No fundo, bem no fundo, eu sabia que eles não gostavam de mim. Eu sabia que eles falavam mal de mim quando eu virava de costas, mas era muito mais fácil fingir que aquilo não existia.

Mas eles fizeram uma coisa errada. E foi muito errada mesmo. E eu não quis participar, e como o que eles fizeram foi muito errado mesmo, eu chamei a diretora. Eles ficaram sabendo que fui eu, e passaram a me ignorar. Eles e a sala inteira.

E aí começaram os apelidos e bolinhas de papel todos de novo.

“Baleia!”

“Vampira!”

E é assim até hoje.

Em casa, nada era muito fácil também. A maioria da atenção era pra minha irmã, sempre que ela fazia algo errado era minha culpa. Eu não culpo minha mãe por isso, ela sempre tentou equilibrar o máximo, mas meu pai não. Ele nunca fez qualquer esforço pra ficar perto de mim. Ele sempre ligou mais pro trabalho. Eu não consigo conversar com ele sem brigar. Ele está sempre dizendo que eu na faço nada bem o suficiente, que eu só ligo pro computador, e que se eu fosse como ele e minha mãe, eu seria melhor. Mas quem arruma a bagunça dele sou eu, quem vai consolar minha mãe quando ele chega irritado do trabalho e grita com ela sou eu, quem guarda a comida na geladeira depois que ele janta sou eu, quem agüenta a porcaria do celular dele tocando sou eu. Meu pai nunca ligou pra mim.

Eu não estava mais agüentando ser a esquisita. A gordinha. A ovelha negra da família. Simplesmente, eu não agüentava ser diferente. E então tudo começou a piorar. Eu descobri que seria mais fácil ser igual às outras, se eu vomitasse a comida depois do almoço.

“Só do almoço” – Eu pensava – “Mas se for só do almoço, eu emagreço pouco! Então eu não vou tomar café, e vou vomitar o almoço!”

E tudo começou a desencadear. Café da manhã, almoço, lanche, jantar. Qualquer coisa. Qualquer coisa que eu comia eu vomitava. Eu sentia necessidade de vomitar. Eu até podia não querer, mas eu precisava. Era como se fosse uma prisão.

Até que um dia, eu achei remédio pra emagrecer no armário. E comecei a tomar. E tomei. E vomitei. E tomei. E acabei parando no hospital.

Eu me recuperei do susto, mas ainda sim, continuei a vomitar.

Nesse tempo, acabei criando uma conta no Nyah, e conheci uma pessoa, que me fez parar pra pensar. Minha melhor amiga, a Nick! Ela está sempre me ajudando muito, me dando conselhos, tentando me fazer parar. Conheci também a Carolzinha, que direto passa lá nas MPs pra ver se eu ainda to viva, a True que vive brisando comigo, a Leneh que é super legal e divertida e fica no MSN comigo e a Nivea que me agüenta nos reviews e me responde todinhos!

Bom, essa é a minha história.