Amor por Compaixão escrita por CarolFernandes


Capítulo 9
Capitulo 7 – Manto Protetor




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No jantar, Emmett estava falando sobre um caso que aconteceu no hospital. Eu quase pude ouvir um ‘clique’ na minha cabeça. Lembrei que deveria ter entregado o telefone de um médico para Esme. Fui até minha bolsa e peguei o cartão.

Quando passei pela porta do quarto de Edward, meu coração apertou. Ele não tinha descido para jantar, na verdade, estava aparentemente dentro do quarto desde a nossa aproximação no jardim. Eu tinha medo que ações explosivas como aquela piorassem a saúde dele e o convívio com os familiares.

Eu nunca tinha achado que aquilo tudo era certo. Nunca.

“O médico que atendeu o Edward, pediu para eu te entregar.” Falei a Esme. Minha voz tremeu quando mencionei o nome dele e ela percebeu que algo estava errado.

“Aconteceu alguma coisa?” Perguntou discretamente.

“Mais tarde eu te conto.” Sussurrei. Ninguém a mesa pareceu notar nossa conversa, mas pude perceber que Alice ficou intrigada com a preocupação no rosto de Esme.

Precisávamos ser mais discretas.

Quando eu já estava me preparando para dormir, Esme adentrou o quarto, nervosa e preocupada.

“Passei no quarto de Edward agora pouco. Ele esta tão para baixo. O que aconteceu?” Eu já imaginava que Edward estaria assim. Acenei para ela se sentar ao meu lado, na cama.

“Hoje nós fomos plantar uma árvore...” Sorri com a lembrança.

“Plantar uma árvore?” Franziu o cenho. “Que coisa peculiar.”

“É, mas eu vi ali uma oportunidade para me aproximar mais do Edward. Eu pensei que podíamos nos tornar amigos.” Fui sincera. “Eu não sei como, mas quando eu me dei conta estava...”

“Estava?” Incentivou-me a continuar.

“Estava quase o beijando.” Corei levemente. “Na verdade, ele foi quem se aproximou.”

“Bella, isso é incrível!” Saudou, sorrindo gigantescamente.

“É, talvez, mas...” Antes que eu terminasse de falar, uma batida na porta me interrompeu.

“Bella?” Era a voz de Edward. Olhei chocada para Esme. Ela deu uma risadinha e disse para eu atender.

Não parecia tão difícil abrir a porta – o ato era fácil e bobo -, mas aquilo significava várias coisas para mim. Se ele estava no meio da noite, querendo falar comigo, o que seria? Poderia ser algo positivo ou negativo. Na verdade, positivo ou negativo para quem? Para Esme? Ou para a minha consciência?

Talvez, se ele se afastasse ainda mais, eu não me sentiria tão mal em mentir para ele. Mas eu também não sei se suportaria a ideia de não ter feito o que era ‘ordenado’.

Ou seja, metade de mim queria que ao abrir aquela porta ele me beijasse e a outra metade queria que ele dissesse que nunca mais falaria comigo.

Com certeza Esme torcia pela primeira opção, pois estava dando pulinhos na cama e me apressando para atendê-lo. Abri a porta e dei de cara com Edward, que olhou rapidamente para mim até perceber sua mãe ali. Ele olhou para ela com certa confusão.

“Edward.” Esme sorriu, se aproximando. Ela até pareceu normal... Uma ótima atriz. “Você sabia que semana que vem a Bella vai para a escola?”

“Não. Isso... Isso é ótimo.” Edward respondeu e sua voz parecia perfeitamente bem.

“Eu tenho que ir.” Esme bateu na própria testa, como se tivesse algo muito importante a se fazer, e passou por Edward, que acabou entrando no quarto sem perceber. Ela me olhou demoradamente, como se me lembrasse da sua frase anterior.

Bella vai para a escola.

Meus olhos seguiram-na até o fim do corredor, sem nem lembrar que Edward estava bem ao meu lado.

“Oi.” Ele disse calmamente.

“Oi.” Eu não estava tão calma assim. Minhas mãos suavam e eu não sabia para onde olhar ou o que dizer.

“Posso conversar com você?” Assenti e ele entrou ainda mais no quarto, sentando na poltrona branca que havia ali. “Bella, eu queria pedir desculpas por ter saído correndo do jardim.” Sentei na cama, de cabeça baixa, ainda muito nervosa e ansiosa.

Porque tudo isso estava me afetando tanto?

“Tudo bem.” Mordi os lábios, remexendo na ponta da colcha da cama.

“Não esta tudo bem, certo?” Assenti.

Estava confusa demais sobre meus sentimentos. Era tudo tão novo para mim, tudo mesmo. Resolvi desabafar com Edward.

“Pensei que iria ser fácil sair de Forks, mas não esta sendo. Vocês são bons demais comigo e talvez esse seja o problema.” Senti ele apertar a minha mão, como se me entendesse. “Eu não estou acostumada a ser amada e cuidada. Mesmo com Charlie, ele sempre fora um pouco afastado. E agora, eu tenho várias pessoas preocupadas comigo.” Passei minha outra mão pelo cabelo, chorosa.

“Shh.” Ele sentou na cama ao meu lado, e me abraçou. Eu coloquei minha cabeça enfiada no seu pescoço e o seu cheiro me acalmou. Ele fazia um cafuné em mim e eu tentei não soluçar ou dormir. “Eu entendo você, em termos.”

“Entende?” Sussurrei.

“Sim.” Suspirou. “É claro que todo mundo se preocupava comigo, mas eu sempre fui muito sério, forte e independente. Acho que aprendi a andar assim que saí da barriga da minha mãe.” Dei uma risada. “É sério, sempre fui precoce. Às vezes penso que a vida queria adiantar as coisas, e agora, estou vivendo como um velho.” Eu pensei em contradizê-lo, mas ainda tinham algumas lágrimas no meu rosto que me impediram disso. “Depois da doença, todos parecem muito preocupados e eles realmente estão. Às vezes eu penso em como reagiria a um dos meus irmãos doentes e... Seria exatamente igual.”

Consegui me afastar um pouco, o suficiente para olhar em seus olhos. Eu ainda estava um pouco fragilizada – na verdade, meu momento de fragilidade tinha sido um pouco bobo, mas quem disse que eu era uma garota que suporta tudo? Sabe, às vezes eu sentia meu peito apertar, como qualquer pessoa humana.

“Eles te amam muito.” Constatei. Ele sorriu.

“Eu também os amo muito.” Ele secou as últimas lágrimas do meu rosto e se afastou. “Até amanhã.”

“Obrigada.” Sorri, mostrando que estava bem, e ele sorriu de volta.

“Sempre que precisar, você sabe onde eu estou.”

“Eu sei.” Concordei.

Quando ele saiu, me joguei na cama tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Eu não cheguei a uma conclusão.

Minha noite foi agitada, recheada de breves sonhos com os olhos profundos dele. Era tão estranho acordar depois de tudo. Ao mesmo tempo em que eu estava feliz por nossa aproximação, também estava sentindo uma culpa esmagadora pelo motivo em que estávamos nos aproximando.

Eu não queria enganar Edward.

Por causa de todos esses sonhos, acordei mais tarde que o normal e ainda assim estava com sono. Com certeza devia ter olheiras e o rosto inchado, mas não me preocupei em mascarar isso. Não me preocupei até dar de cara com Edward na mesa. Esme estava ao lado dele, comendo um sorvete de pistache e Edward comia um sorvete de chocolate.

“Quer sorvete, Bella?” Esme ofereceu e eu aceitei. “Acordou tarde, hein.” Olhei para o relógio, eram mais de nove horas da manhã.

“Perdi a noção do tempo.” Tentei brincar, mas falhei miseravelmente. Minha voz estava carregada de sono e o sorvete gelado não ajudou muito. “Porque vocês comem sorvete em pleno inverno?” Na verdade, era outono, mas estava tão frio quanto o inverno.

“Sorvete é a única coisa que eu consigo comer realmente. Mesmo no frio.” Edward respondeu.

Quando nossos olhos se encontraram e ele abaixou a cabeça, eu pude jurar que corou. Prestando bastante atenção, Edward estava bem menos pálido e sem olheiras.

Pelo menos para alguém a noite tinha sido boa...

“Ah, tenho uma coisa a dizer para você.” Esme se dirigiu a Edward. “Marquei uma consulta com um médico que o Doutor Knight indicou.” Edward franziu o cenho, mas antes que ele dissesse qualquer coisa, ela completou. “O consultório dele é aqui em Cambridge e algo me diz que vai ser interessante. Só vamos ouvi-lo, Edward.” Prestei bastante atenção na conversa, já que estava curiosa.

Edward pareceu ponderar sobre ir ou não, depois olhou para mim por um tempo, depois para Esme e assentiu.

“Se Bella puder ir...” Deu de ombros, como se não se importasse, mas seus olhos astutos se viraram para mim, confirmando que, sim, ele se importava.

“Tanto faz.” Dei de ombros também.

Íamos agir como dois bobos por quanto tempo?

Ao chegar no consultório médico, Esme foi na frente falar com a secretária do médico e eu e Edward andamos juntos até que um cara que parecia amigo dele se aproximou. Eles pararam para conversar e eu resolvi dar privacidade aos dois. Eles demoram um pouco, e em determinado momento eu olhei para trás e vi Edward com o famoso brilho triste no olhar.

“Algum problema?” Esme perguntou quando ele se aproximou.

“Não.” Era mentira, claro. Eu conhecia Edward o suficiente para saber isso e ele sabia que eu sabia.

Um homem de cabelos escuros com fios grisalhos se aproximou, sorriu e nos levou até a sua sala. Edward continuava bastante cabisbaixo e pensativo.

“Meu nome é Doutor Darwin e eu pratico medicina paliativa. Algum de vocês sabe o que é?” Perguntou simpático. Eu e Esme negamos, mas tive a impressão de que Edward sabia, pois fez uma careta. Estávamos todos nervosos, mas nada se comparava a ele.

“Não sabemos, o que é?” Esme perguntou curiosa.

"Paliativo vem do latim e significa manto protetor. É uma prática pouco conhecida e exercida, mas muito importante. Ela é aplicada nos pacientes que já não respondem a tratamentos, ou seja..." Explicou.

"Pacientes sem esperança.” Edward interrompeu com um tom doloroso. Esme respirou fundo, mas Edward continuava sendo o campeão em nervosismo.

"Fique calmo." Sussurrei para ele. Ninguém pareceu perceber quando eu enlacei minha mão na dele e apertei forte.

"Então..." O médico tossiu, tentando recuperar o raciocínio. “A medicina paliativa traz melhor qualidade de vida, ameniza sintomas e dor e inclusive ajuda também os familiares do doente.”

“Digamos que você é o médico...” Esme tentou terminar a frase com uma palavra que não ferisse os sentimentos do doutor.

“Se sou o médico da morte?” Perguntou risonho, mas o clima continuava tenso. “Alguns dizem que sim, mas eu prefiro dizer que sou o médico da vida.” Quando continuou a falar, falava diretamente com Edward. “Não posso fazer um milagre e acabar com a doença, mas posso fazer com que a doença não acabe com você.”

Edward respirou fundo e eu pude simplesmente respirar – só tinha percebido no momento que estava segurando a respiração. Houve algo como um sorriso tímido em seu rosto até que ele disse que queria tentar. Eu estava obviamente feliz – medicina paliativa parecia ser algo interessantíssimo – mas me senti confusa e surpresa com a reação de Edward. Ele pareia tão disposto a fugir de hospitais, que eu pensei que recusaria.

“Ótimo.” Esme sorriu, parecendo animada. Peguei-me sorrindo também.

Retirei vagarosamente minha mão da mão de Edward, quando imaginei que ele já não precisava tanto do meu apoio. Porém, antes que eu realmente retirasse a mão, ele já a tinha pegado de volta. Deu-me outro sorriso tímido e passou a olhar para algo na mesa do médico, talvez com vergonha de me encarar.

“O senhor trabalha nesse hospital mesmo?” Eu pude ouvir Esme perguntar, apesar de não estar prestando atenção.

“Na verdade, eu gosto de trabalhar na zona de conforto do paciente. Posso me encontrar com ele na sua casa?” Perguntou escrevendo algumas coisas. Esme assentiu.

Então, Edward não teria que ir para um hospital ou qualquer coisa assim. Estaríamos mais perto um do outro e isso seria bom.

Quando saímos do consultório – já com nossas mãos separadas – demos de cara com uma garota loira que olhou Edward de cima baixo, como se ele fosse comestível. Ele não pareceu perceber, mas eu percebi. O maldito sentimento que apertava meu peito estava de volta.

Era o ciúmes.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é pequenininho, mas importante. Eu sei, esperar até terça-feira por outro capítulo será horrível, então tentarei postar antes. Dois dias antes ou sei lá o quê. Mas não é uma promessa. Xingue e culpe os meus professores, ok? Eu ainda vou me matricular em um curso de inglês, então, imagine como as coisas ficarão...

Medicina paliativa é muuuuuuuuuuuuuuuuito legal. Estudei bastante sobre, mas vocês só verão mesmo em OPDA porque a maioria do tratamento é com o Edward, claro.

Só pra avisar... Já postei o primeiro capítulo de OPDA. Quero saber a opinião de vocês!!

Ontem eu escrevi a cena do primeiro beijo deles. Se eu não me engano, é daqui a dois capítulos e ficou bastante especial. Mas, não se preocupem, terão muitos momentos fofinhos até lá... muitos.

Cáh

Eu amo as reviews de vocês! Muito obrigada mesmo! :D

Alguma recomendação?? Me ajude a divulgar a história...