Cão e Gato escrita por HannahHell


Capítulo 5
Capítulo 4: O Labirinto.




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Christopher mordia o lábio inferior numa tentativa bem sucedida de segurar a gargalhada que implorava para sair. Era quase poético ouvir o som dos seus passos ficar mais alto à medida que a música do baile ficava mais baixa.

Virava os corredores com facilidade, afinal passara vários dias estudando cada cantinho daquela escola. Era tão boa a sua facilidade para decorar mapas e se lembrar de coisas que a maioria das pessoas se esqueceriam facilmente.

Subiu vários lances de degraus e sorriu ainda mais ou ouvir os passos desritmados da jovem auror funcionarem como um tipo de eco aos passos dele.

Chegou ao andar que queria e fez uma curva excessivamente aberta para a direita, entrando num corredor que poucos alunos conheciam, mas ele tivera sorte de conversar com justamente um dos poucos que já passaram por lá.

Parou na frente de uma parede de aparência normal e inocente, mas sabia que, aquela parede, bem na frente da tapeçaria do trasgo dançando ballet era a parede mais importante de todas.

Respirou fundo e começou a pensar exatamente como queria que a sala precisa ficasse. Precisava de um labirinto, um labirinto que apenas ele soubesse a saída e que confundisse qualquer um que entrasse lá depois dele. Sim, era isso que queria. Um lugar em que pudesse conhecer de perto aquela cujo objetivo era o trancafiar em Azkaban.

Não que ela tivesse alguma chance de conseguir.

Uma porta se materializou bem na frente dele no exato momento em que os passos da auror ficavam mais próximos, ele entrou na sala e fechou a porta com um estrondo. Apenas para deixar bem claro onde ele estava. Olhou ao seu redor e, dessa vez, não pode segurar a gargalhada.

-//-

Tonks corria o mais rápido que o seu vestido e sapatos permitiam, mantendo-se perto das paredes e corrimãos das escadas para que não caísse. A última coisa que queria era que sua habilidade de ser completamente desastrada a atrapalhasse.

Ele estava ao alcance de suas mãos e ela o deixou fugir. Queria se bater apenas por não ter percebido antes e o pior era que, com certeza, Kingsley ficaria sabendo. E ele ficaria bravo.

A idéia de ver o superior bravo era um tanto difícil. O homem era sério, mas tinha uma paciência que Tonks realmente invejava, porém ela não queria ser a primeira pessoa a vê-lo bravo. Algo dentro da jovem dizia que não seria nada legal.

Virou o último corredor a tempo de ver Christopher entrar numa sala que a auror nunca havia visto em seu tempo de escola e bater a porta com força, como se dissesse para ela: “haha eu estou aqui, venha me pegar”.

Que ótimo. Ele, além de conseguir um convite para um baile na escola DELA ainda conhecia uma sala, na mesma escola em questão, que ela não fazia idéia que existia. Ela estudou sete anos naquele lugar e não sabia sobre aquela porta, mas ele sabia. A cada segundo que passava, mais ela odiava aquele ladrão.

Virou a maçaneta da porta e a abriu, entrando com tanta pressa que só reparou onde estava quando a porta se fechou e desapareceu.

Ao seu redor estavam paredes feitas de espelhos, o caminho seguia reto até encontrar uma bifurcação, ou pelo menos era isso que parecia, mas o excesso de reflexos dela mesma estava a confundindo.

-Isto se chama Labirinto de Espelhos – a voz de Christopher ressoou sarcasticamente em algum ponto à direita dela – se você tivesse ido a algum parque de diversões trouxa, saberia como lidar com um.

Que beleza. Mesmo tendo um pai trouxa, nunca foi num parque de diversões. Aliás ela nem sabia o que era um, mas o nome a fez querer ter ido a algum conhecer. Coisas que tenham ‘Diversões’ no nome devem ser no mínimo... Divertidas. Por que pai nunca a levou
a um? E, o mais importante, por que ela estava pensando nisso ao invés de tentar achar o ladrão.

-Inteligente – ela elogiou – quem te contou sobre essa sala?

-Um amigo que fiz no Beco Diagonal semana passada - ele contou, sua voz estava próxima o suficiente para estar atrás da parede do lado dela.

Se algum dia ela encontrasse quem contou para ele sobre a porta desconhecida... Bem, ela diria somente que deixaria o mundo com menos um bruxo. Fechou os olhos e tirou os pensamentos assassinos da cabeça. Pensaria nisso depois – onde você está?

-Eu? Estou aqui – e, por cima da parede à direita dela o chapéu dele passou e caiu aos pés dela – a pergunta certa é: como VOCÊ vai chegar AQUI? – e deu uma gargalhada – talvez nós possamos jogar um jogo antes.

Ela sorriu, se continuasse o fazendo falar, eventualmente a voz dele a guiaria até ele – que jogo tem em mente?

-O jogo da verdade – ela podia praticamente ver o sorriso que ele estava dando – eu te faço uma pergunta e você responde falando a verdade. Então você faz o mesmo comigo.

-Como sabe que eu não vou mentir?

-Pela mesma razão que você sabe que eu não vou mentir. A graça do jogo é justamente essa – ele riu – e também por que encantei os espelhos para que, cada vez que alguém mentir perto do um, ele se quebra. E eu não quero lidar sete anos de azar ou ferimentos indesejados.

-Feito – ela caminhou até o final do corredor e virou à direita, mas deu de cara com um espelho.

-Errou o caminho, auror?

-Cale a boca – ela tateou a parede até achar o caminho certo e começou a segui-lo, procurando pelo ladrão.

-Então eu começo – ele anunciou e a auror pode ouvir o eco dos passos dele e, no segundo seguinte todos os espelhos ao alcance da visão dela estavam com o reflexo do ladrão, mas, por mais que ela tentasse, não conseguia distinguir o real do reflexo – se eu transformasse o chão da sala do diretor dessa escola numa cama elástica super sensível, você acharia isso engraçado?

-Eu... – a imagem de Dumbledore quicando por sua sala apareceu na mente de Tonks e ela teve de se segurar para não rir.

-Sem mentir – Chris cantarolou.

-Acharia.

Ele apenas sorriu e com apenas dois passos ele desapareceu – sua vez.

-Qual é a próxima coisa que você pretende roubar?

-Essa é uma pergunta difícil... Eu tenho uma lista bem grande, mas acho que a próxima coisa que eu vou roubar será... – ele deu uma risada alta - um quadro famoso de um trouxa famoso que está guardado num museu famoso.

Nada quebrou e Tonks percebeu que ele estava falando a verdade, de um jeito simples e que não a ajudava em nada. Especialmente por que ela não tinha jurisdição nos crimes trouxas – sua vez – murmurou enquanto caminhava a procura dele.

-Você pretende armar uma armadilha para mim? – ele perguntou debochado.

-É claro – ela rolou os olhos e sorriu quando chegou num lugar onde os vários reflexos dele estavam – é a única maneira de se prender alguém como você.

Ele riu e desapareceu – você deveria saber que pessoas como eu não existem. Eu sou único. E sendo assim, golpes padrões não funcionarão – os passos deles se distanciavam demais para o gosto dela – agora me agracie com sua pergunta.

-Minha pergunta precisará ser respondida com detalhes. Como você rouba um lugar? Desde a entrada até a saída – Tonks questionou com um sorriso de lado. Tinha pego ele, agora ele iria mentir e os espelhos ao seu redor iriam quebrar.

-Isso levará um tempo para responder, mas lá vamos nós – ele começou e logo Tonks achou mais uma região cheia de reflexos – vou te contar a versão generalizada, por que nem todo roubo é igual, não é mesmo? – ele riu e continuou andando, mas Tonks seguiu seu reflexo o máximo que pode, mantendo as dezenas de cópias dele ao alcance de sua visão.

-Certo, conte o esqueleto dos seus roubos, as coisas que você sempre faz, etc – Tonks retorquiu querendo deixar bem claro que ele não iria a enganar. De novo.

-Okay, Okay – ele ergueu as mãos como se estivesse se rendendo, mas logo começou a rir – Bem, como eu entro é a parte mais legal. Eu vou no horário de visitação. Se for um museu bruxo, eu apenas entro no armário do zelador e espero. Se for um museu bruxo eu altero as câmeras e entro no armário do zelador. Eventualmente um zelador aparece, eu o faço desmaiar, visto a roupa dele e finjo ser um zelador . Então eu chego o mais perto possível da coisa que eu quero e a pego para mim, guardo a coisa no lixo e saio da lá antes que os guardas reparem a falta do objeto em questão. Volto para o armário troco de roupa com o zelador novamente, pego minha nova aquisição e uso os dutos de ar para sair do museu. Uma vez fora, eu aparato. Simples, fácil, rápido e limpo. Os guardas não fazem idéia do que aconteceu. Um bando de panacas – ele contou com a maior cara de pau, como se dar de bandeja a maneira como ele rouba fosse algo que ele não ligava a mínima em fazer.

-Você tem idéia que você acabou de confessar seus crimes para uma oficial da lei que está a um passo de te prender?

-Primeiro, é a minha vez de perguntar. Segundo, gostaria muito de ver essa oficial da lei tentar – ele deu uma risada debochada e começou a correr, fazendo todos seus reflexos desaparecerem.

-Pergunte então! – ela desafiou tentando decidir qual caminho da encruzilhada ela seguiria.

-Você sabe em que sala você está? – a voz dele soou em algum ponto, não muito distante à esquerda dela, ela começou a caminhar naquela direção, mas não via sinal dele.

-Não – ela respondeu sinceramente – Não faço a mínima idéia de onde estou. Onde estamos?

-A ironia da vida, eu sei mais sobre a sua escola do que você mesma – ele debochou – tem certeza de que esta será a sua pergunta?

-Tenho. Onde estou?

Ele riu e ela pode ouvir os passos dele – Você está na Sala Precisa.

Ela ficou surpresa por não ter pensado nisso antes, já havia ouvido falar milhões de vezes sobre a Sala Precisa no seu tempo de escola, mas nunca imaginou que ela existia, nem como ela funciona.

-Você quer saber como sair daqui? – ela se surpreendeu com a pergunta dele, mas decidiu não perder a oportunidade.

-Quero. Como eu saio daqui?

-Isso é óbvio – ele debochou – precise de uma saída – e dizendo isso ela ouviu um barulho de uma porta sendo fechada.

-Christopher? Você está aqui? - era óbvio que ele não estava. Ele a enganou e fugiu. De novo.

Respirando fundo e tentando controlar a vontade de tentar usar uma maldição imperdoável naquele moleque, ela se viu imaginando e desejando uma saída. Tinha essa necessidade tão forte que, quando abriu os olhos, viu uma porta bem na sua frente – não tenho nada a perder mesmo – ela deu de ombros e abriu a porta.

Estava no corredor deserto de antes. A tapeçaria do Trasgo estava lá e não havia sinal de Christopher em lugar nenhum. Ela havia falhado e com certeza, Kingsley não ficaria nada feliz com isso. Ela estremeceu com a idéia, mas logo se viu pensando no que colocar e o que omitir no seu relatório. Talvez, com muita sorte, ela conseguiria apenas um belo sermão do superior.


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Notas finais do capítulo

desculpe a demora, mas eu estava com um tremendo bloqueio para essa fic, por sorte ele deu uma melhorada e consegui postar esse cap *-*
espero que gostem e não se esqueçam das reviews



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