E se Fosse Verdade escrita por EmyBS


Capítulo 19
Caçadores




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A noite não me trouxe bons sonhos. Rolei na cama diversas vezes e imagens de Carlos e Rodrigo se embaralhavam com gritos e perseguições. Acordei diversas vezes sem conseguir abrir os olhos me sentindo sufocada sem nenhuma razão aparente. Uma vontade desesperada de respirar sem conseguir. Uma queimação no peito e um desespero. Acordei num pulo da cama suada e com o coração acelerado.

Aquilo tudo estava muito errado.

Meu corpo tremia e eu sabia que ainda era um reflexo da noite mal dormida. A realidade parecia insana demais para minha mente. Precisava tirar aquela história a limpo. Precisava confrontar Rodrigo e descobrir a verdade. Eu tinha que saber até que ponto ele estava envolvido em toda aquela história e torcia para que ele não tivesse feito nada para prejudicar Carlos, eu não poderia perdoá-lo se fosse assim.

Bati na porta com a palma da mão não me importando com a pequena ardência que esse gesto brusco causou na minha pele sentivel. Eu estava irritada e muito nervosa. Mal tinha noção de como havia chego a casa dele, mas tinha vontade de socá-lo.

- Bella?

Rodrigo abriu a porta, confuso, e eu me dei conta que ainda era muito cedo. Maldita noite mal dormida que me tirou da cama de madrugada, mas agora não tinha mais volta. Eu já estava ali diante dos olhos verdes ainda sonolentos entrando sem qualquer cerimônia no apartamento. Não tinha tempo ou paciência para coisas sem importância como convites. Quem precisa de convites são vampiros e esse era justamente o motivo da minha visita vespertina.

- Precisamos conversar Rodrigo.

Sentenciei me sentando no sofá e fazendo um movimento para que ele também se sentasse. Rodrigo balançou a cabeça, ainda mais confuso, mas esboçou um sorriso e sentou na minha frente. Eu tinha certeza que ele não fazia idéia do motivo deu estar ali. Ele realmente não tinha como ter idéia. Eu esperava que ele não tivesse idéia. Só de imaginar que Rodrigo poderia estar tramando contra Carlos durante todo esse tempo fazia meu sangue ferver e o pior, eu burra tinha ido para cama com apenas para aliviar uma frustração sexual. Eu sou realmente lamentável.

- O que quer Bella? – o tom magoado me lembrou da maneira como sai daquele apartamento algumas horas atrás. Era assustador me dar conta da quantidade de coisas que haviam acontecido em menos de vinte e quatro horas. Deveria existir uma lei proibindo tanta agitação junta.

- O que você sabe sobre Carlos? – fui direta. Precisava de respostas claras e imediatas. Minha sanidade dependia disso.

- O que? – havia choque e descrença nos olhos verdes – Você veio até aqui para perguntar sobre o seu namoradinho?

- O que você quis dizer quando eu sai daqui?

Rodrigo me olhou com uma expressão realmente confusa.

Será que ele não lembrava? Ele tinha me feito ter uma maldita dor de cabeça e pesadelos e não se lembrava do que tinha dito algumas horas atrás. Eu realmente vou matá-lo se a conversa continuar nesse nível.

- Você o chamou de vampiro sugador de sangue. – disse séria cruzando os braços.

Rodrigo me encarou e um sorriso se formou em seus lábios vermelhos e perfeitos, o sorriso virou uma risada e a risada uma gargalhada e ele quase caiu no chão curvado de tanto rir na minha frente.

Talvez ele não soubesse de nada mesmo, mas não era mais animador estar com dor de cabeça, confusa, irritada e para piorar servir de palhaça para o cara com quem se dormiu algumas horas atrás. Está certo que ele era apenas um mero e gostoso substituto, mas ninguém gosta de ver um cara gato rindo da sua cara.

- Você não me respondeu Rodrigo. – mantive meu semblante sério e ele tentou se recompor um pouco.

- Um idiota veio perguntar sobre o seu namoradinho falando um bando de besteira.

Rodrigo disse ainda rindo e se dirigindo para a cozinha. Levantei seguindo-o preocupada, então Carlos estava certo. Alguém havia perguntado a Rodrigo sobre ele e pior essa pessoa então sabia sobre mim.

Será que eu estava em perigo?

- O que ele perguntou? – tentei aparentar indiferença sem muito sucesso. Estava nervosa. Alguém estava atrás de Carlos e eu estava na mira também, em que eu havia me metido agora? Carlos era gostoso, mas vinha um mega kit de confusões juntos e pior, desaparecia bem rápido.

- Bella! – Rodrigo riu da minha apreensão – Era só um doido, falando coisas imaginárias como ele ser um vampiro assassino.

Rodrigo riu ainda mais balançando a cabeça.

- Então porque me disse aquilo? – perguntei mantendo minha expressão séria, ele havia me assustado absurdamente e agora achava tudo uma grande piada?

Ele balançou o ombro desinteressado.

- Estava nervoso.

Suspirou passando a mão pelos cabelos negros. Eu já disse que ele tinha mãos grandes e quentes?

- Ainda estou nervoso.

- Desculpe! – murmurei sem graça.

- Não é sua culpa. – Rodrigo sorriu, um sorriso lindo como sempre, mas um sorriso triste também – Eu fui atrás de você não é.

- Mas eu me deixei... – não soube como completar.

- Seduzir? – ele me olhou irônico.

Céus! Porque aquele homem também tinha que ser tão lindo e perfeito?

- Esse louco que perguntou sobre o Carlos deixou nome? – achei melhor voltar para o assunto principal antes que eu cometesse outra loucura.

Uma deliciosa e quente loucura, mas esse não era o momento.

Certo. Carlos foi embora. Ainda estou pensando na noite com Rodrigo.

Isabella se soque.

Mordi o lábio inferior apreensiva com meus próprios pensamentos.

- Esse foi um fato interessante, ele não sabia o nome do cara, mas descreveu fisicamente. – Rodrigo preparava uma vitamina e parecia descontraído – Era um cara estranho tinha uma voz rouca parecendo um rosnado de cachorro.

Rodrigo riu como se lembrasse de uma piada.

Ergui uma sobrancelha confusa.

- O que foi?

Ele me encarou segurando o riso.

- É que se eu fosse acreditar nas porcarias que ele me falou eu diria que o cara parecia um lobisomem.

Uma nova gargalhada enchia o ambiente da cozinha enquanto toda a cor do meu rosto sumia, tive sorte de estar perto da cadeira, pois meu corpo não agüentou meu peso com as palavras dele. Podia parecer piada, mas até que fazia sentido vampiros serem caçados por lobisomens.

Tão insano quanto vampiros existirem era uma teoria dessas.

Se a primeira era verdade, então...

- Acreditando em vampiros?

Rodrigo segurou meu rosto com um semblante preocupado e eu tentei imaginar como estaria o meu depois daquela pequena informação.

- Não... – minha voz saiu rouca e um pouco falhada.

- Bella, acho que você deve estar lendo fantasia demais. – ele acariciou meu cabelo me abraçando – Vampiros não existem e nem lobisomens.

- Eu sei... – escondi meu rosto no peito dele e me arrependi.

O cheiro dele era inebriante para os meus sentidos.

Certo Bella, controle seus hormônios. Você não é mais uma adolescente para ficar assim. Ok. Isso não tem nada haver com ser adolescente ou não.

Me afastei rápido do Rodrigo tentando sorrir.

- Como era essa pessoa? – perguntei tentando parecer calma, indo me servir da vitamina que ele tinha preparado – Que perguntou por Carlos.

Rodrigo deu um soco na parede me assustando.

- Quer uma descrição completa? – ele parecia sarcástico e magoado – Forte, alto, cabelos negros compridos, barba por fazer, cara de louco, mais alguma coisa?

Olhei atônica para ele.

- Não precisava falar assim.

- Droga Bella! – ele passou a mão pelo cabelo nervoso – Você passa a noite comigo, acorda mais arrependida do que qualquer coisa, sai correndo, me acorda de madrugada e começa a falar sobre o seu namoradinho? O que você quer de mim!

- Eu não me arrependi. – a minha voz saiu tão suave que parecia estranha.

Rodrigo me lançou um olhar descrente.

- Ele foi embora. – me sentei no banco alto tomando um gole da vitamina – Disse que estavam procurando por ele.

Ele me lançou um olhar furioso, mas se sentou na minha frente também tomando a vitamina.

- Então você acha que o cara que me perguntou sobre o seu namoradinho está perseguindo ele?

- Carlos não é meu namoradinho. – encarei os olhos verdes dele desolada.

Ouvir ele falar daquele jeito me deixava desconfortável.

- Certo... – ele resmungou.

- E sim, eu acho que esse cara deve ter alguma coisa haver com o que Carlos me disse.

Eu passei a evitar ao máximo olhar naqueles olhos verdes tão penetrantes. Malditas esmeraldas que me atraiam tanto, adornadas por sobrancelhas grossas e negras num rosto de expressões fortes que indicavam que ele já era um homem e não um menino.

Precisava me manter afastada.

Mas Rodrigo era tão intenso que o simples fato de estar no mesmo ambiente que ele já me deixava quente. Eu podia sentir cada fibra do meu corpo se agitando. Fechei os olhos e respirei fundo. Péssima idéia. O cheiro inebriante dele invadiu minha mente e fiquei tonta.

- O que você quer de mim? – Rodrigo repetiu a pergunta segurando o meu queixo me fazendo encarar aqueles penetrantes olhos verdes.

Os olhos dele eram tão vivos, tão intensos, tão brilhantes.

Isabella você está ficando louca?

- Eu não sei... – minha voz mal saiu dos meus lábios.

Meu rosto fui puxado com violência sem que me desse tempo de qualquer reação, senti os lábios quentes sobre os meus, a língua pedindo passagem, meu corpo inteiro foi tomado pelos braços fortes e quentes dele, coração disparo, o meu, o dele, o gosto da vitamina misturado ao nosso, minhas mãos entre os fios de cabelo dele, as mãos dele na minha pele.

Rodrigo conseguia me fazer desligar tudo.

Tão rápido como começou ele terminou.

- Não... – ele disse sem fôlego, a voz rouca.

- Não o que? – eu também sentia meu ar faltar.

Rodrigo era intenso demais.

- Eu não quero assim.

Os olhos verdes estavam tão magoados que pareciam me quebrar ao meio.

- Eu não quero ser apenas um substituto – Rodrigo passou a mão pelo cabelo olhando para o teto, parecia derrotado – Eu não quero você pela metade Bella.

- Rodrigo...

Eu tentei, mas simplesmente não sabia o que dizer. A verdade nua e crua era aquela, eu queria dele, o calor que não conseguia com Carlos. Era insano e insensato. Era errado. Eu sabia, mas não conseguia evitar. Tinha a sensação de que um drogado me entenderia. Eu estava viciada no calor de Rodrigo e também no frio intenso de Carlos. Eu estava totalmente ferrada.

- Você não sabe o que quer Bella.

Os olhos verdes me acusavam de forma tão violenta que a sensação era de levar um tapa no rosto.

- Eu...

- Você não sabe... – ele balançou a cabeça desolado – Mas eu sei o que eu quero.

Abaixei meus olhos quebrada.

Eu realmente não sabia o que eu queria ou sabia e não poderia ter. Era injusto com Carlos, com Rodrigo e comigo mesma.

Meu rosto foi agarrado novamente, meus olhos dentro do verde que me engolia, meu lábio inferior foi mordido de uma forma tão provocante que fez meu corpo inteiro estremecer. Minhas pernas falharam, meu coração disparou.

- Eu quero você, Bella. – um calafrio percorreu minha espinha – Mas não metade, eu quero você inteira. – ele falava próximo ao meu ouvido, a voz sedutoramente sussurrada.

- Eu quero seu corpo, sua alma, seus pensamentos, seu coração.

Rodrigo pousou a mão quente e firme no meu coração que estava disparado.

Fechei meus olhos.

Ele me tinha inteira.

- Eu não quero só seu corpo Bella.

Sua mão percorreu meus lábios entreabertos suavemente.

- Eu quero muito mais que isso.

Sua testa encostou-se à minha e ele me abraçou.

Um abraço forte, carinhoso, desesperado, mas firme e tranqüilo.

- Eu vou fazer de tudo para te ter.

- Você me tem.

Foi tudo o que eu consegui dizer.

Ele me tinha realmente, eu estava entregue aos braços dele.

E eu queria.

Eu queria muito ele.

Cada toque, cada beijo, cada contato.

Era quase uma necessidade física.

Ele riu.

- Eu quero seu coração Bella. – a voz dele era tão doce, tão suave.

Ele tocou novamente no meu coração.

- E eu sei que ele tem dono.

O tom se tornou amargo, um lamento triste.

- Mas eu vou lutar por ele.

- Rodrigo...

- Shhhh... – ele colocou um dedo sobre meus lábios. – Não fala nada.

Encarei o verde me derretendo inteira.

Ele estava certo.

Eu amava Carlos, de uma maneira estranha eu amava. O simples fato deu estar ali era por amar Carlos, de alguma maneira eu queria tentar encontrar uma resposta para a partida de Carlos, Rodrigo era pele, era toque, era tudo aquilo que Carlos não podia me dar no momento.

Suspirei dando dois passos para trás saindo do abraço.

Rodrigo estava certo, eu estava apenas usando-o para ter algo que eu não podia ter de Carlos.

Aquilo era tão errado.

Balancei a cabeça encarando o chão, sentindo lágrimas brotarem em meus olhos.

Eu estava tão perdida.

- Bella...

- Você está certo... – minha voz saiu embargada pelas lágrimas – Eu estou usando você apenas...

Eu não conseguia olhar nos olhos dele, mas o senti recuar até se encostar à parede.

- Bella...

- Não, não... Você está certo... – continuei olhando para o chão a minha frente – Eu estou apenas descontando em você aquilo que não tenho com Carlos... Me desculpe...

- Bella... – Rodrigo se aproximou tocando levemente minha mão, mas recuei.

- Bella, eu te amo... – foi um sussurro fraco, mas ele parecia gritar na minha mente.

Lágrimas e mais lágrimas corriam pelo meu rosto e sai desesperada pela porta. Eu não podia ficar ali, eu não podia enfrentar aqueles sentimentos, eu não queria enfrentar, eu não tinha pensado em nada disso, eu não sabia o que fazer. Tudo parecia um redemoinho em minha mente e doía. Eu queria me sentir inteira, viva e feliz, mas tudo o que encontrava era incompleto, imperfeito. Quando eu tinha perdido o rumo da minha vida daquela maneira? Quando eu me deixei afundar a ponto de não saber mais como voltar a superfície?

Sentia meu coração disparado.

Minha boca seca.

Meu rosto inchado pelas lágrimas.

Me joguei contra meu carro me abraçando, sentindo muito frio, uma dor enorme no meu peito.

Eu soluçava desesperada por ter uma inspiração naquela bagunça que se encontrava minha vida.

Queria entender meus sentimentos, queria voltar atrás e beijar Rodrigo e dizer que o amava também e queria sentir Carlos e queria saber aonde ele estava e queria Carlos e também queria Rodrigo e eu na verdade não sabia o que eu queria, porque eu não poderia querer os dois, mas eu não sabia quem eu queria realmente.

- Isabella Swan?

Uma voz rouca parecendo um rosnado disse atrás de mim, me fazendo virar rápido, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa minha boca foi tampada por um pano umedecido e me senti mole.

Tudo o que eu consegui ver era um homem forte me segurando, cabelos negros compridos, barba por fazer e um rosnado que lembrava muito um cachorro.

Depois tudo ficou escuro.


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