E se Fosse Verdade escrita por EmyBS


Capítulo 16
Frustrações




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Carlos me fazia ir a loucura, mas ao mesmo tempo me deixava insatisfeita. Era incompleto, interminável. Ele ainda me tratava como uma rara boneca de porcelana. Eu sabia que ele podia me quebrar muito mais fácil que uma criança quebraria a tal boneca de porcelana, mas a criança nunca deixava de brincar, porém Carlos estipulava limites cada vez mais rigorosos. Quanto mais ele mesmo queria, mais ele se mantinha afastado e distante dos meus braços e carinhos.

Quando eu finalmente conseguia segura-lo era igualmente frustrante para meu corpo e minha mente não senti-lo por inteiro. Eu ansiava por aquilo, por tocá-lo, por saber como seria. Eu desejava não ter tantos limites e restrições e o pior de tudo era quando ele simplesmente desaparecia no meio por não conseguir se controlar.

Resumidamente eu me sentia confusa e muito frustrada.

Era uma relação incompleta.

Eu pensava nisso jogada na cama da Bia enquanto ela e Gabi acompanhavam algum programa aleatório na televisão. Suspirei irritada me virando de lado e chamando a atenção das duas.

- Você vai nos contar o que está acontecendo? – Gabi perguntou ainda olhando para o televisor.

- Não é nada... – respondi brincando com um dos bichos de pelúcia da cama da Bia.

- Imagina se fosse alguma coisa. – Bia sorriu se sentando no chão e me encarando – Acho que você deveria se abrir com a gente.

- Vocês têm visto os meninos? – perguntei aleatória, sem querer saber a resposta, mas ao mesmo tempo querendo saber se elas estavam atravessando o mesmo problema que o meu.

- Tiago as vezes me liga. – Gabi respondeu fazendo uma careta – Mas nunca mais ficamos, somos só amigos.

- Sei... – respondi encarando o teto, talvez elas estivessem pior que eu.

- Nicolas está normal, digamos assim... – Bia me olhou pensativa – Mas não tentamos nada intimo para ser sincera.

- Não tentaram? – Me sentei na cama curiosa.

- Não, acho que ambos temos medo. – Bia olhou para o lado e Gabi apenas lançou um olhar intrigado para nós duas.

- Como você está com o Carlos, Bella? – Gabi perguntou depois de alguns minutos de silencio onde apenas a televisão era ouvida.

- Está estranho! – respondi impaciente.

- Estranho como? – Bia me encarou e Gabi também pareceu interessada.

- É frustrante! – continuei sem saber como falar realmente.

- Como assim é frustrante ter um gato daqueles ao seu lado? – Gabi se sentou também de tão espantada.

- É que é tudo tão parado. – olhei para as duas, desesperada.

- Como assim parado? – quis saber Gabi.

- Eu quero algo mais íntimo, mas não rola. – Me joguei na cama desanimada.

- Sei como é... – Bia respondeu compreensiva e Gabi apenas deu de ombros resmungando algo incompreensivo.

- Acho que ta ficando tarde. – me levantei sonolenta – Eu vou indo.

- Você sempre foge da gente. – Gabriela sorriu vindo se despedir.

- Pode ser... – me encaminhei para a porta mandando dois beijinhos para as duas.

Estava me sentindo tão confusa que não tinha animo nem para falar com minhas amigas, talvez fosse realmente melhor voltar para casa e ficar jogada num canto esperando até Carlos me encontrar e depois sumir sem explicar nada.

Era exatamente isso que eu iria fazer se o meu celular não tocasse e eu atendesse sem olhar para ver quem estava me ligando.

- Bells! – ouvir a voz grave de Rodrigo me fez estremecer.

- Olá! – respondi sem emoção, mas sentindo o meu coração bater.

O que ele queria agora? Já tinha se passado algum tempo desde o encontro com o Carlos em frente ao meu prédio e eu podia jurar que Rodrigo tinha desistido de mim. Era uma sensação estranha ouvir a voz dele e pensar que ele não desistiu, que ainda me queria.

Céus! Eu estava perdida!

- Eu queria te levar para jantar. – ele parecia animado e isso me chamou a atenção.

- Algum motivo especial? – perguntei ainda sem querer mostrar interesse.

- Fui promovido! – Rodrigo respondeu feliz – E não consigo imaginar outra pessoa para comemorar isso comigo que você, Bella!

- Rodrigo... – comecei cautelosa – Eu não sei...

- Por favor, você me encontra lá se quiser! – ele parecia uma criança manhosa.

Eu ri me sentindo leve e acabei concordando, levei algum tempo para ir em casa trocar de roupa e me dirigir novamente para o restaurante indicado. Era um lugar movimentado e de muito bom gosto.

- Você está linda Bella! – Rodrigo me deu aquele sorriso contagiante e me abraçou.

Era bom sentir um corpo quente para variar, o coração dele batia acelerado e olhar buscava o meu tão insistente que não conseguia mantê-los.

- Parabéns! – corei vendo o olhar dele percorrer meu corpo.

- Senti sua falta! – ele sussurrou no meu ouvido me enlaçando pela cintura e me encaminhando para uma das mesas.

Era bom conversar com Rodrigo. Saber das novidades, saber que ele não iria sumir da minha frente e nem que estaria se controlando para não me atacar, esses pensamentos, por mais simples que parecessem, me atacavam, quase me obrigando a fazer comparações. Porém era impossível não notar como era mais relaxante e menos tenso estar com Rodrigo.

Estava tão perdida em meus próprios pensamentos que nem percebi que ele não falava mais e me encarava com um brilho radiante nos olhos verdes.

- O que foi? – perguntei confusa e encarando minha mão em cima da mesa.

- Você é linda demais!

Eu não pude falar mais nada, pois em instantes uma das mãos dele me puxava pela cintura e a outra me guiava pela nuca para encontrar os lábios dele.

Lábios macios, quentes, fortes, não demorou muito para sentir sua língua invadir minha boca e minhas mãos foram parar nos cabelos negros e revoltos dele. Não havia medo, receio, desculpas. Era um beijo livre e eu podia sentir o coração dele batendo contra o meu, as mãos quentes passeando pelo meu corpo, os dentes dele mordendo meu lábio de maneira possessiva.

Encarei aqueles olhos verdes maravilhada.

Mais um beijo, mais calmo que o primeiro, cheio de exploração de ambos era tão bom.

Não havia frustração somente descoberta, deliciosas descobertas.

Um corpo forte contra o meu, mãos, olhares, não estávamos mais no restaurante, não me importava. Fazia tanto tempo que eu não sentia tudo completamente e eu queria aproveitar. Sentir todas as reações, ter todos os sentidos.

Sem medo.

Sem sumiços.

E se fosse possível sem arrependimentos.


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