E se Fosse Verdade escrita por EmyBS


Capítulo 1
Capítulo1 Vampiros não existem




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Peguei meu livro predileto e joguei na bolsa, a maioria das pessoas pegaria seu mp3 ou qualquer outro negocio de reprodução de música portátil para colocar na bolsa numa situação dessas, mas eu não me considerava normal, na verdade eu me achava bem normal, todas as minhas amigas que tinham problemas e eu às vezes me perguntava como eu podia ser amiga delas. Elas não liam nada e eu devorava vários livros por mês, mas mesmo eu com toda a minha leitura sofria com as reclamações. Minha mãe odiava meus livros dizendo que não eram úteis. São realmente muito úteis os livros de auto-ajuda que ela raramente lia.

Fechei a mala que estava em cima da cama e dei uma olhada no meu quarto, parecia todo no lugar. Não gostava de deixar as coisas fora do lugar quando eu iria passar algum tempo fora, minha mãe tinha a péssima mania de fazer arrumações durante esses períodos e se eu não deixasse as coisas no seu devido lugar tinha a chance de nunca mais encontrá-las, mas tudo parecia em ordem. Meu lap preto estava em cima da minha mesa de pedra no canto do quarto, junto com alguns livros e ursos de pelúcia. Minha cama estava arrumada, assim como meu guarda-roupa e meus sapatos. Eu tinha arrumado todos os meus livros no lugar na estante que ficava próxima da minha cama ainda está manhã.

Eu tinha uma necessidade por livros e eles ficavam espalhados por todo o quarto e principalmente na cama, mas agora tudo estava no lugar. Suspirei pesadamente pegando a minha bolsa e colocando a mala no chão. Eu sempre ficava tensa quando iria fazer algo diferente e decididamente hoje eu estaria fazendo algo muito diferente. Em poucas horas eu estaria entrando no meu escritório com o pensamento em sair o mais cedo possível para ir ao aeroporto. Eu não era fã de voar, mas existiam destinos que não se podia ir de ônibus, mas isso não tirava o calafrio que eu sentia. Não era medo de andar de avião como a maioria pensava, mas apenas receio com algo que não estou acostumada. Respirei fundo e entrei no taxi. Quando mais cedo começar, mais cedo termina.

Chegamos cedo ao aeroporto para realizar o check-in e até o momento tudo estava ocorrendo de maneira tranquila. Eramos um grupo grande, dezoito pessoas no total e era a primeira viagem internacional para alguns, inclusiva para mim. Na verdade eu já havia cruzado a fronteira de carro. Essa era a primeira vez que eu fazia de avião e estava apreensiva, iamos para Punta del Este. Eu não estava muito empolgada. Era uma região de praia e eu não tinha o corpo perfeito, mas para me animar com isso o clima tinha ajudado pelo que parecia teríamos os quinze dias de tempo nublado e estávamos na baixa temporada. Se eu tivesse muita sorte não ia precisar passar pelo maldito deste do biquíni, apesar deu ter comprado dois para a viagem.

Estávamos todos na sala de embarque aguardando o nosso vôo que só deveria sair dali a uma hora. Eu nunca fui muito falante e não conhecia a maior parte das pessoas que estavam no grupo. Eu tinha aceitado viajar com a minha amiga num momento de impulso bem típico meu e agora me via no meio de um grupo de desconhecidos. Eu mencionei que não fazia amizades rapidamente? Lembrei do livro que estava na bolsa e peguei-o abrindo aleatoriamente num capitulo do meio. Eu já tinha terminado aquele livro, mas adorava ficar relendo a toda hora e como eu já sabia o final conseguia ser interrompida pelas pessoas sem tentar voar no pescoço delas ou ignorá-las solenemente.

- O que você está lendo? - eu já estava lendo fazia alguns minutos quando a minha amiga veio se sentar ao meu lado.

- Crepúsculo. - ela me encarou séria como se não soubesse do que eu falava e eu sorri, era difícil ter amigas incultas.

- é um best-seller! - ela continuava me encarando como se eu fosse uma alienígena e não ela.

- Vai sair um filme no final do ano e tudo! - ela arrancou o livro da minha mão e começou a ler a contra capa.

- "De três coisas eu estava convicta. Primeira, Edward era um vampiro..." - ela me olhou incrédula. - Claro que tinha que ter vampiros no meio!

- Eu não leio só sobre vampiros... Eu leio sobre dragões, bruxos, fantasmas, elfos, duendes...

- Sei... - seu olhar continuava me desafiando como se eu estivesse cometendo algum crime.

- Eu gosto desses livros, posso? - ela começava a me irritar.

- Claro! - ela ria do meu principio de irritação e eu voltei a me concentrar no livro.

- Mas, você sabe que vampiros não existem né? - minha amiga me encarava séria agora.

- Juraaaaaa. - respondi sarcástica, era obvio que vampiros não existiam.

- As vezes eu acho que você está esperando encontrar com um no meio da rua. - encarei-a descrente.

- As vezes eu acho que você está esperando um príncipe encantado no cavalo branco. - ela riu.

- Ok, mas venha falar com o pessoal. Você me prometeu tentar ser sociável. - ela me puxava da cadeira enquanto eu guardava o livro.

Corremos para aparecer nas fotos que o pessoal tirava no salão, rimos das brincadeiras idiotas dos poucos meninos do grupo e em pouco tempo estávamos embarcando. Ainda tínhamos uma longa viagem pela frente no avião e para minha sorte eu estava isolada do grupo e poderia ler meu livro descansadamente sem ninguém interrompendo ou me lembrando que vampiros não existem. Eu não sabia de onde elas tiraram a idéia que eu achava que vampiros existiam. Eu gostava de ler sobre vampiros e apenas isso. Se fosse para acreditar em tudo que eu lia o mundo ia virar um verdadeiro circo dos horrores e eu preferia escolher acreditar em papai Noel ou coelhinho da páscoa.

Chegamos no meio da madrugada e estava muito frio, me agarrei no casaco feliz por ter lembrado de trazer um bem quentinho na mão, tinha que agradecer a minha mãe por me lembrar na verdade. Íamos de van até o hotel e eu acabei ficando no banco da frente com outra garota muito falante do lado que não parava de perguntar coisas para o motorista que parecia entusiasmado em apresentar a sua cidade apesar de ser 3h da madrugada.

Eu fiquei escutando tentando assimilar o espanhol rápido dele e olhando a paisagem pela janela. Pelo que eu sabia nosso hotel ficava bem perto da praia e do rio da prata e não demorou muito o motorista nos indicou onde ficava o rio, mas não dava para ver quase nada estava muito escuro e meus olhos ficavam embaçados. Continuei olhando para as margens do rio quando vi um grupo de três turistas sentados conversando. - “Esses europeus são ridículos! " - era obvio que eram europeus, pois eram muito brancos, com certeza iam ficar que nem pimentão no sol e estavam usando roupas bem leves apesar de todo o frio que estava fazendo. Soltei uma baforada só para me certificar que estava fazendo fumacinha realmente.

O hotel era bem confortável e eu fiquei no quarto com minha amiga mais duas meninas que eu já conhecia então não teria muito problema com isso. A cidade parecia vazia com alguns visitantes aleatórios como nós e em obras. Existia obra para todos os lados da cidade, era absurdo e várias lojas e restaurantes estavam fechados para obras. Eu já desconfiava do motivo quando um vendedor nos informou que o governo não permitia obras durante a alta temporada então todos corriam para se arrumar na baixa. Eu sorri ao imaginar aquela cidade lotada de turistas, era uma imagem que eu não gostaria de ver ao vivo.

Passamos o dia conhecendo a cidade e já tínhamos percorrido praticamente todos os pontos turísticos. Tiramos milhares de fotos em todos os ângulos diferentes, inclusive de um grupo de leões marinhos que estavam próximos ao porto. O único lugar que não tinha muito sentido de irmos era a Casapueblo, pois com o tempo tão nublado como estava não íamos conseguir ver o por do sol de maneira satisfatória e nítida como todos dizíamos que deveríamos ver quando fossemos lá.

Esse primeiro dia tinha sido muito divertido e estávamos começando a nos acostumar uns com os outros e cada um era mais louco que o outro e sempre acabávamos rindo de alguma palhaçada que alguém fazia no meio do caminho. Eu estava morta de cansaço, pois não tínhamos dormido muito chegando de madrugada, mas eu não podia deixar de me animar de sair com o pessoal para conhecer a vida noturna de Punta. Eu queria muito conhecer os drinks e os lugares, então fui uma das primeiras a começar a me arrumar. Demorou um pouco mais que o previsto, mas estávamos todos indo em direção ao pub que nos haviam indicado mais cedo. Éramos doze mulheres solteiras e cariocas no Uruguai, ninguém nem achava que ia chamar a atenção. A guerra suja, como elas diziam só estava liberada no dia seguinte, por isso tínhamos sido proibidas de vestir qualquer roupa considerada provocante, eu particularmente tinha sido proibida de colocar decote para não chamar ainda mais atenção para o que eu já tinha em excesso na opinião delas pelo menos. Eu particularmente gostava do tamanho avantajado deles, já tinha me acostumado.

Já passava da meia noite quando entramos no pub que tocava musica local e tinha meia dúzia de pessoas perdidas sentadas nas mesas conversando. Passei o olho no local para ver se achava algo interessante e deixei meu olhar cair numa das mesas mais ao fundo do pub numa área reservada e escura. Eu não podia ter certeza absoluta, mas os três rapazes sentados naquela mesa me pareciam os mesmos europeus metidos da noite em que chegamos e como naquele dia apesar do frio congelante lá de fora, eles não tinham casacos.

Éramos a mesa mais barulhenta pelo número de pessoas envolvidas e acabávamos chamando atenção. Já tínhamos nos servido de alguns drinks locais quando convenceram o pessoal do bar a tocar outro tipo de música e o pessoal foi pra pista dançar. Eu permaneci na minha cadeira olhando animada pro pessoal, mas meu olhar acabou caindo na mesa do irritante grupo de europeus. Estava escuro e eu não podia ver direto, mas apesar de branquelos eles pareciam bonitos. Fiquei tentando ver melhor seus rostos quando um deles me encarou de volta. Eu tinha dito que pareciam bonitos? Aquele garoto era muito mais que bonito. Desviei o olhar para os meus amigos e pedi outro drink, mas quando voltei a olhar para a mesa, que agora me parecia bem interessante, eles não estavam mais lá.


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