Eu sentia um mesmo sempre sentimento estranho quando seus lábios tocavam os meus. Um sentimento estranho mais gostoso, como se houve milhões de borboletas em meu estomago, como se uma forte corrente elétrica percorresse minha espinha.

Ele se sentou encostado em uma arvore e eu junto.

Sentei-me ao seu lado e apoiei-me em seu peito.

- Você sabe o porque de mim falar hoje para vocês que eu sou lobisomem? – perguntou ele, olhando intensamente para mim.

- Porque estamos perto de uma noite de lua cheia. – respondi, brincado com o anel no dedo dele.

- Exato. – disse ele. – E eu acho que... acho que não vou ficar com vocês quando isso acontecer.

- Por quê? – perguntei, surpresa.

- Hermione, meu instinto é muito forte. – disse ele nunca deixando de olhar para mim, tentando achar um sinal de falha em minha expressão decidida. – Porque você acha que na maioria de noites eu insisti para que eu ficasse de vigia? E nessas noites que nem eram de lua cheia e eu arranquei arvores... Não vou ficar perto de vocês.

- Eu vou te seguir. – sussurrei.

- Não vai não! – repreendeu ele.

Eu ri, passando a mão em seu cabelo.

- Ok. – respondi.

- Eu fiz tanta coisa de mal. – disse ele, deixado seu olhar vagar para o nada. – Tenho vergonha.

- Não tenha. – disse eu. – Will, até Rony admitiu que você é o homem mais corajoso que nós comecemos. Matar sua família por nós... Vamos esquecer isso, ok?

Ele assentiu pensativo.

Coloquei meu braço direito sobre o esquerdo dele e senti algo pulsar.

- Will, seu braço esta... – comecei eu, mas ele me cortou.

- Esta se mexendo, eu sei. – disse ele, puxando as roupas que cobriam o braço.

Tapei minha boca com as mãos.

A Marca Negra estava contornada de roxo escuro mesclado com vermelho.

- Isso deve estar doendo muito. – disse ele, passando meus dedos pelo desenho em sua pele.

- Muito. – concordou ele. – Mas já faz um tempo que esta assim, já estou quase me acostumando.

- Você sente essa dor todo dia e toda hora?

Ele assentiu, cobrindo o braço com o pano das blusas novamente.

Fiquei pasma. O que mais eu teria que desvendar sobre ele?

Nós passamos o dia inteira lá, no meio da floresta, rindo e chorando juntos.

Foi um tempo especial. Ele me contou sobre seu irmão e, baseado no que ele me disse, os dois eram muito parecidos na aparência mais eram mais do que diferentes em gostos e pensamentos.

Will era o bagunceiro e Ryan era o encrenqueiro.

E a noite caiu.

- É bom nós irmos embora. – disse Will se levantando.

E noite estava escura, quase como o breu. Will era somente um borram de sombra em minha frente.

Aceitei a ajuda para levantar e, de mãos dadas, caminhamos até Harry e Ron.

- Tem certeza que sou eu? – perguntou ele, enquanto caminhávamos. 

- Sim. Eu gosto muito de você. – respondi.

- Eu acho – começou ele. – que você deve dar uma chance para as pessoas mais próximas de você.

- Como quem? – perguntei.

Por que ele sempre se nega a admitir para si que eu gosto dele?~

- Como o Ron. – respondeu, o olhar vago.

- Will, por favor...

- Hermione, você tem de pelo menos admitir que ele gosta, muito, de você.

Eu ri.

- Isso é preocupação ou ciúme?

- Um pouco dos dois. – ele parou de andar e se virou para mim. – Eu não quero que você se machuque...

- Pare de dizer isso. – repreendi-o, séria. – Parece que você vai morrer a qualquer segundo. Me deixa assustada. Dumbledore falou alguma coisa sobre seu destino que você omitiu?

Ele hesitou. Abriu e fechou a boca varias vezes, mas nada saia.

- Eu só não quero deixar você magoada, só isso. – disse, agarrando minha mão com força e delicadeza e continuando nossa caminhada.

Aquilo era realmente estranho.

Eu que pensei que todos os segredos desse jovem Comensal tinham sido revelados... estava errada.

- Graças a Deus eu achei vocês! – disse Ron, quando chegamos na área do acampamento.

- O que aconteceu? – perguntei. – Cadê o Harry?

- Sei lá. Ele disse alguma coisa sobre luz prateada ou... ou um patrono e saiu correndo. Não deu para mim ir atrás.

- Por onde ele foi? – disse Will.

Ron apontou o dedo para dentre a mata escura, e eu senti a mão de Will deixar a minha.

Ele saiu correndo e quando dei por mim estava eu e Ron, também, correndo atrás dele.

De repente ele parou e olhou para o nada a sua frente. Eu e Ron paramos com ele.

- Não... – sussurrou ele, ofegante. – Não, por aqui não.

- Porque? – disse Ron. – Foi pra cá que Harry correu... espera, tem alguma coisa se mexendo aqui...

- Não tem não. Venham por aqui. – disse Will, e voltou a correr.

Ele cortou a área e nós saímos em uma outra parte recortada pelas arvores, mas... eu tinha a sensação que já estive aqui antes.

Will foi até o pequeno lago congelado que demarcava o centro da área.

- A não... – ofegou ele, e começou a despir as roupas.

- O quê... aaaah cara, porque esta fazendo isso? – disse Ron, enojado.

- Harry pulou no lago. – disse Will.

- Pulou? – repeti, vendo o recorte em circulo no rio onde Harry pulara.

Mas Will não me respondeu, pois pulou na pequena rachadura do lago somente de roupa de baixo.

Foram um dos momentos mais demorados de minha vida.

Em baixo d’água:   (Narrador on)

William pulou na água gelada. Seu maxilar se contraiu com o choque da água fria tomando seu corpo. Ele não era capaz de se mexer direito pois seus membros estavam dormentes, então avistou as costas nuas de seu amigo, que jazia imóvel. Não, algo se mexia... um coisa dourada... o medalhão de Salazar Slytherin.

Mas porque ele esta agindo assim?, pensou William e sua responde veio quando ele olhou para o chão rochoso abaixo dele. A espada de Gryffindor estava depositada sob o chão de pedra.

Então fora por isso que Snape estava no caminho deles. Ron quase o vira, mas William conseguiu desviá-los do caminho do professor.

Depois de segurar Harry com a força que ainda não lhe tinha sido sugada pela água gélida, pegou a espada e voltou a superfície, jogando Harry para a terra úmida e fria.

(Narrador off)

Quando vi a cabeça de Will seguida pela de Harry soltei o ar que, inconscientemente, tinha prendido.

Will ergueu o corpo de Harry, inconciente e o depositou no chão de terra.

- Ron... – Will batia os dentes ainda dentro do lago.

Ron correu para ajudar ele a se desprender da água e, só quando ele já estava totalmente fora de água e sendo carregado por Ron é que vi um brilho de rubi na mão de Will.

- A espada! – disse correndo até Will, que se encontrava ao lado de Harry.

Ele jogou a espada para o lado e, ofegando e lutando contra a vontade de ficar deixado, se ajoelhou e, depositando as mãos no peito de Harry, fez força contra a pele nua do amigo. Harry começou a tossir e somente quando ele abriu os olhos Will se jogou, deitando novamente.

- É bom você se vestirem. – disse Ron, pegando as roupas jogadas e distribuiu respectivamente.

Sentei ao lado de Will e apoiei sua cabeça em minhas pernas.

Ele estava gelado e muito pálido, mais do que ele já é, eu digo e seu abdômen definido trabalhava em conjunto com seu peito, subindo e descendo forte e rapidamente.

- Vai ficar tudo bem. – sussurrei para ele, passando as mãos pelo cabelo negro molhado.

Seus olhos semicerrados se focaram em mim.

- Eu sei. – sussurrou ele, sua voz roupa e doente.