POV Silena

Eu acordei animada hoje, tinha uma sessão de fotos para a propaganda de uma nova linha de roupas da Gucci, eu quase pirei quando recebi a notícia de Jane. Fui logo entrando na minha banheira para relaxar bem o corpo antes do trabalho, tinha acordado muito cedo hoje pela ansiedade, então podia me dar ao luxo de demorar bastante na banheira, coloquei o celular para despertar e peguei meu iPod, espalhei meu corpo na banheira já com água quente e uns produtos com um cheiro mais que maravilhoso, meu corpo começou a relaxar de imediato, coloquei os fones de ouvido e coloquei para tocar no aleatório.

Logo começou a tocar Hot N’ Cold da Katy Perry, essa música tem uma batida empolgante, continuei a ouvir outras músicas quando parou em uma que fez com que eu ficasse paralisada. Already Gone da Kelly Clarkson, era uma música linda, o rosto de Nico passou na minha cabeça, seu lindo sorriso, seus lindos olhos negros e o sorriso maroto. Tudo nessa música fazia eu me lembrar dele, sem nem perceber, lágrimas caíam na banheira.

Nunca me deixaram completamente sozinha e com tempo para pensar como agora, eu estava começando a achar que tinha feito outra burrada na minha vida, minha cabeça processava a letra, tudo o que ela cantava se encaixava na situação, apenas se diferenciando por uma coisa, eu não queria mais ficar longe dele.

Mas como eu poderia consertar as coisas? Eu entrei num caminho sem volta, sabia disso assim que assinei um contrato com Jane, eu sabia que ficaria em Paris por um longo tempo, até renovarem meu contrato ou me mandarem de volta pra Nova York.

O meu celular despertou, eu saí do banho me enxugando e indo para o meu armário para escolher algo para vestir, peguei uma calça jeans clara, uma blusa vermelha com alguns detalhes em preto, sandálias pretas, uma boina preta que eu consegui também e meu sobretudo de veludo preto que eu havia comprado recentemente, ele era meu novo xodó, foi o dinheiro mais bem gasto em roupas que eu já gastei. O telefone do quarto do hotel tocou, eu caminhei enquanto desembaraçada meus cabelos e atendi.

- Alô?

- Silena? – Era Sofia.

- Oi Sofia. Tudo bem com você? – Eu perguntei educadamente, Sofia sempre foi uma assistente mais que eficiente, ela me ensinou muitas coisas e eu fiz o mesmo por ela.

- Tudo e com você? Já está pronta? – Ela perguntou.

- Está tudo bem, eu já estou descendo, me dá mais uns cinco minutos, ok? – Eu disse.

- Ok, estou esperando aqui embaixo. – Ela disse e eu desliguei o telefone, terminei de pentear o meu cabelo e fiz um coque baixo com dois fios pendendo na frente do meu rosto, coloquei a boina meio de lado  e depois passei uma maquiagem bem de leve, desci pelo elevador e fui logo ao encontro de Sofia que me conduziu para o carro, Sofia sempre procurava me animar quando eu estava chateada, este era um dia perfeito para eu tê-la ao meu lado.

POV Annabeth

- Como assim vamos morar com o papai? – Taylor perguntou com os olhos arregalados, eu devia estar com a mesma cara.

- Queridas, eu já expliquei, ele quer passar mais tempo com vocês, você não querem o mesmo? – Minha mãe perguntou num tom calmo. Como ela pode estar calma com uma coisa dessas?

- Nós queremos mãe, mas esse não é o melhor momento para isso. – Eu disse e minha irmã concordou comigo. – Olha só, eu tenho a escola em Londres e a Taylor tem o estágio dela aqui.

- E o namorado também, não é? – Minha mãe disse, ela sabia onde realmente estava pesando as nossas decisões, mas eu não podia mesmo, Percy estudou e entrou em uma escola técnica em Londres por minha causa, não podia simplesmente pegar todo o esforço dele e jogar fora.

- Mãe, a oportunidade que a Annie tem é única, meu estágio está indo cada vez melhor, creio que vou ser contratada em breve, não tem como você querer que a gente largue tudo isso para ir morar com o papai agora. – Taylor disse. – Sinto muito, mas ele tinha que ter feito essa proposta bem antes. – Eu concordei com a cabeça e minha mãe suspirou.

- Muito bem meninas, eu vou conversar com ele, mas eu gostaria que vocês tentassem se aproximar dele. – Minha mãe disse e nós assentimos.

- Muito bem, eu vou sair. – Taylor disse.

- Eu também. – Eu disse em seguida, em partes porque não queria ter que agüentar o drama que minha mãe iria fazer se eu ficasse sozinha em casa, ela conseguiria me convencer e a outra parte era porque eu, Percy, Thalia e Luke combinamos de ir ao cinema assistir a um filme. Tentamos convencer o Nico para ir com a gente, mas ele não quis. Percebi que minha arma secreta fez bem o trabalho dela, Nico ainda não está no seu normal, ele está bem melhor comparado a algumas semanas, ele voltou a viver, os pais dele ficaram menos preocupados, ele conseguiu até se animar com a escola técnica, o que nos deixou muito felizes por ele. Nico realmente merecia uma oportunidade dessas.

Subi para o meu quarto e tomei um banho rápido, peguei uma roupa pra sair, arrumei o cabelo, passei uma maquiagem leve, peguei minha bolsa, meu celular, as chaves de casa e desci para a sala, esperei Percy chegar para vir me buscar e nós fomos para o cinema.

- Percy, meu pai disse que quer se aproximar de mim e da Taylor. – Eu disse para ele.

- Como assim? – Percy perguntou.

- Ele perguntou se nós não queríamos morar algum tempo com ele, minha mãe até deixou, mas eu e a Taylor recusamos. – Eu disse e Percy suspirou aliviado.

- Annie, vocês vão achar um jeito de se aproximar dele, só tente deixá-lo mais presente em sua vida, mande mensagens, convide-o para jantares, essas coisas. Divirta-se com ele, converse e faça passeios com seu pai, ele vai ficar satisfeito com isso e sua mãe também. – Percy disse, eu já estava começando a me assustar, acho que abduziram o meu namorado, mas ele nunca esteve tão perfeito. A mãe dele tinha razão, eu sou uma ótima influência na vida dele, sem querer me achar, mas é a verdade.

- Eu sei Percy, agradeço pelas idéias, vou conversar com minha mãe e com a Taylor, elas podem comprar a idéia. – Eu disse e ele assentiu pra mim, Percy continuou dirigindo até o cinema, descemos do carro depois que o meu namorado estacionou e encontramos nossos amigos no meio da multidão.

- Meu Deus! Vocês demoraram muito! – Thalia resmungou e nós rimos. – Nós ligamos para o Nico de novo, mas ele não quis vir. – Ela disse e deu de ombros depois.

- Pelo menos tentamos. – Eu disse, cheguei à conclusão de que ele voltaria ao seu normal aos poucos, era melhor não forçar nada.

- Só por curiosidade, como você fez o Nico aceitar a bolsa de estudos dele? – Luke perguntou.

- Eu usei minha arma secreta. – Eu respondi tirando um risinho baixo de Thalia.

- Qual? – Percy e Luke perguntaram juntos.

- Silena. – Eu e Thalia respondemos, eles nos olharam com cara de dúvida e assustados.

- Silena? – Eles repetiram incrédulos.

- É, eu pedi pra ela ligar pro Nico e conversar com ele, ela o convenceu a aceitar a bolsa de estudos e pediu para ele voltar a viver. – Eu disse fazendo aspas no ar com a minha última frase.

- A mãe dele ficou feliz com isso, ela disse que Nico está voltando ao normal aos poucos. – Luke disse.

- Mas não é só ele que estava um caco. – Thalia disse. – Silena também está triste, por mais que ela tenha seu sonho realizado, ela não se sente completa, pelo menos foi isso o que ela me disse outro dia. – Ela completou.

- Isso não é um assunto para pensarmos agora gente. – Percy disse. – As coisas vão se ajeitar na hora certa.

- Percy filosofando? – Luke perguntou sarcástico.

- Culpa da Annie. – Thalia disse concordando, os dois saíram rindo enquanto eu dava um beijo na bochecha do meu namorado emburrado.

- Amor, não liga pra eles. Eu amo seu jeitinho filósofo. – Eu disse dando um selinho nele, entramos na fila para os ingressos, hoje tinha muita gente no cinema, nós esperamos um pouco e depois compramos nossos ingressos.

Saímos em direção para a o quiosque das pipocas e refrigerantes, a fila também estava grande, mas estávamos tranqüilos, daria tempo para tudo sem perder nada do filme.

- Vocês querem entrar e guardar os lugares enquanto pegamos as pipocas? – Luke perguntou, eu olhei para Thalia, esta assentiu e eu concordei, demos os ingressos deles e entramos na sala, pegamos quatro lugares bem no final da sala, no melhor lugar para assistir um filme e começamos a conversar enquanto esperávamos os meninos.

- Thalia? – Uma voz de menino perguntou, ela olhou para os lados e sorriu.

- Daniel? O que está fazendo aqui? – Ela perguntou indo cumprimentá-lo.

- Eu vim assistir um filme com uns amigos e você? – O tal de Daniel perguntou. O menino tinha cabelos loiros, era alto, olhos verdes, magro e tinha um físico parecido com o do meu namorado, que ele não ouça isso nunca.

- Eu também, essa é minha amiga Annabeth. – Ela disse apontando para mim, Daniel estendeu a mão para me cumprimentar e eu fiz o mesmo.

- Muito prazer. Sou Daniel. – Ele disse.

- O prazer é meu, pode me chamar de Annie. – Eu disse, ele assentiu. Conversamos um pouco com Daniel e depois ele voltou paras seus amigos que o chamavam, eu olhei para Thalia enquanto voltávamos a nos sentar.

- Como você o conheceu? – Eu perguntei, nunca tinha ouvido falar desse menino antes.

- Ele meio que me salvou de um pedófilo bêbado ontem à noite. – Thalia disse dando de ombros.

- Como é que é? – Eu perguntei. Estava passada e engomada com aquele comentário. – Thalia querida, como é que você esquece de comentar uma coisa dessas quando eu perguntou QUAIS SÃO AS NOVIDADES?! – Eu perguntei aumentando o tom de voz a cada palavra.

- Foi mal, eu esqueci disso. – Ela disse, eu dei um tapa em sua testa e ela reclamou.

- Sua louca, não devia ficar até tarde andando por aí. – Eu disse.

- Credo, você parece a minha mãe. – Thalia resmungou e eu bati nela de novo. – Annabeth! Assim vou ficar roxa.

- Espero que fique, assim você não esquece! – Eu disse voltando a bater nela, mas antes que eu realmente fizesse alguma coisa os meninos chegaram e começaram a rir da cena. Uma Annabeth com cara de louca atacando uma Thalia já descabelada que implorava para ela parar. Era realmente hilário.

- O que está acontecendo aqui? – Percy perguntou.

- Essa cabeça oca não me conta as coisas! – Eu disse pontuando cada palavra com um tapa em Thalia.

- Essa sua namorada é louca Percy! – Thalia exclamou se escondendo atrás do namorado.

- Ela é sua amiga antes disso, você devia saber disso há mais tempo do que eu. – Eu bati em Percy também. – Desculpa amor.

Depois do drama de Thalia, nós assistimos ao filme tranquilamente e jantamos em uma lanchonete perto da casa de Luke, Percy me levou para casa e ficou um pouco lá comigo. Quando começou a ficar tarde eu o expulsei de casa, não queria que ele ficasse zanzando por aí tarde da noite, era perigoso. Dei um selinho nele quando o mesmo entrou no carro e saiu rapidamente, entrei em casa, minha mãe tinha ido jantar com meu padrasto e ainda não havia voltado, Taylor estava no quarto dela usando o computador, eu fiz o mesmo, mas logo fiquei entediada, fui colocar meu celular para carregar, me lembrei de que a bateria havia acabado logo que saímos do cinema, quando liguei meu bebê, vi que havia uma mensagem de texto da Silena, sorri ao ver que ela me passara uma de suas fotos do ensaio de hoje.

Ela também perguntou se estava tudo bem comigo, com Thalia e os meninos, principalmente Nico. Eu respondi que as coisas estava bem por aqui e que Nico teve uma grande melhora, ele aceitou ir para a escola técnica e está até saindo de casa, coisa que ele só fazia quando era obrigado pela família. Disse a ela que estava com saudades também e elogiei muito o seu ensaio fotográfico.

Desci para a cozinha e fiz um lanchinho pra mim, subi com ele para o meu quarto e peguei um livro na minha estante para ler, encontrei Orgulho e Preconceito, fazia bastante tempo que eu não o lia, abri o livro me deitando na cama e colocando o sanduba na mesinha de cabeceira, estava tão concentrada na minha leitura que nem percebi que as horas haviam passado e logo minha mãe já voltara de seu jantar romântico. Ela veio dar boa noite para mim.

Decidi ler mais um capitulo do livro de depois fui dormir, agora estava contando os dias para viajar para Londres, principalmente porque sabia que teria meu amor junto comigo todos os dias, poderia ver seu lindo sorriso sempre que quisesse, ter seu abraço o tempo todo, vê-lo todos os dias e fazer o que mais amo também. Isso era o que mais importava para mim, tinha conseguido conciliar as duas coisas mais importantes da minha vida e agora tudo parecia ótimo.

Mas, de repente, algo se passou na minha mente mudando completamente o rumo dos meus pensamentos, meu pai. Ele queria, finalmente, se aproximar de mim e de minha irmã, eu achava isso ótimo, mas aquela não era a oportunidade certa, mesmo assim, eu sentia que precisava fazer algo por ele, nem que fosse algo bem pequeno, não poderia simplesmente dizer não e fazê-lo esquecer essa história, não assim que funcionava.

Fiquei um bom tempo pensando em todas as possibilidades de me aproximar do meu pai, eu não precisava morar com ele, necessariamente, mas havia mais coisas que eu e ele poderíamos fazer para fazer esse relacionamento pai-filha dar certo e eu sabia que estava disposta a fazer isso dar certo, com toda a certeza do mundo.

Pensei então em ligar para o meu pai amanhã, poderia conversar com ele sobre o que fazer. Quem sabe poderia haver um meio termo? Resolvi deixar isso para amanhã e ir logo dormir, o sono me abateu tão rápido que eu nem percebi.