POV Silena

            Acordei com alguma pessoa infeliz me balançando e com uma enxaqueca pior do que tudo no mundo. Ok, ás vezes eu me pergunto: Por que uma pessoa infeliz tem que me fazer infeliz também? Franzi a testa com meu pensamento e lentamente abri meus olhos. Thalia me sacudia com os cabelos pro alto. Logo atrás dela, Annabeth estava caindo pelos cantos.

            - O que foi? – Perguntei.

            - Levanta. Hoje é... – Thalia bocejou. – Hoje é o dia, esqueceu?

            - Que horas são? – Olhei em volta e só vi Annabeth tentando escovar os dentes.

            - 5:30.

            - Da matina?

            - É. Então levanta logo – Ela saiu, aos tropeços, e foi fazer alguma coisa que não vi. Pois estava caída no chão. Espera, será que eu desmaiei quando fui dormir ou me jogaram? Dei de ombros para minha pergunta mental e me levantei. – Que horas você foi dormir ontem?

            - Ontem nada. Fui dormir umas duas da manhã. Algum problema?

            - O que você ficou fazendo? – Annabeth perguntou aproximando a escova dos dentes. Escovou. Depois, gargarejou e deu um sorriso pro espelho, do tipo: Sou a modelo do sorriso.

            - Acho que... Sei lá. Só sei que a minha cabeça tá doendo pacas. – Bocejei e procurei uma roupa. Fizemos nossa higiene matinal; nos arrumamos e descemos as escadas.

POV Annabeth

            Depois que descemos e tomamos café; sentei no sofá e esperei. Silena e Thalia desceram as escadas com as malas. Sorri para elas e as duas me fuzilaram com o olhar. Ué, eu não tenho culpa. A culpa é delas; ninguém mandou apostarem quando estávamos na mesa. Foi zerinho e um. Dei de ombros.

            - Você bem que podia ajudar, milady. – Thalia debochou. Arrastou as malas até perto da porta e tomou fôlego.

            - É, milady. – Silena disse. Minha irmã desceu as escadas coçando os olhos. Minha mãe desceu logo em seguida arrumada.

            - E o meu pai? – Indaguei.

            - Ele não vai, teve uma emergência no trabalho. Depois vai te mandar uma mensagem de texto – Minha mãe disse e em seguida deu uma piscadela. – Vamos. – Saímos e entramos no carro. Fiquei atrás junto com duas loucas. Eu devo ter cochilado, por que chegamos rapidamente ao aeroporto. – Eu vou fazer o check-in e já volto. – Suspirei e sentei em um banco com umas amigas.

            - Ansiosas? – Perguntei.

            - Claro. – Responderam em coro. Natalie chegou e nos abraçou. Vi dois vultos no meio da multidão; pareciam conhecidos. Logo depois, prestei mais atenção. Nico e Luke. Suspirei de novo e me lembrei de Percy. Mordi o lábio inferior e virei a cabeça. Não queria ver as meninas abraçarem os namorados. Nico tocou o meu ombro e me abraçou. Luke fez o mesmo. Alguém chamou no fone.

            - Temos que ir. – Chamei e crispei os lábios.

            - Claro. – Nos despedimos de novo e seguimos para o “portão”. Subi nos degraus no avião e engoli em seco. Olhei o número de minha poltrona e sentei. Thalia e Silena sentaram longe de mim. Juntas. Senti alguém sentar ao meu lado mais ainda assim fiquei fitando a janela. Lentamente, virei minha cabeça. Arregalei os olhos para a pessoa ao meu lado.

            - Aimeudeus. James Stark? AIMEUDEUS, JAMES STARK! – Ele me calou com a mão direita e perguntou:

            - Vai fazer escândalo? – Neguei com a cabeça. Tirou a mão de minha boca. Fiquei boquiaberta.

            - O que você tá fazendo aqui? Deus, se um dia eu contar isso à alguém, pego um ano de castigo por mentir.

- Ei, eu posso me divertir. – Ele esclareceu rindo.

- Cristo crucificado – Olhei para frente com os olhos arregalados. -, o que VOCÊ estaria fazendo em um avião para Europa?

- Já expliquei. E você?

- Viagem de férias.

- Pára de me olhar assim. Eu sou uma pessoa normal.

- Ah é, se “normal” – Fiz aspas. – quer dizer uma pessoa mais famosa que... Sei lá; eu não quero nem ver a pessoa especial.

- Você é...?

- Ah, desculpe. Annabeth Chase.

            - Acho que já ouvi seu sobrenome em algum lugar.

            - É... Empresa Chase’s.

            - Ah, é mesmo – Sorri. - Você parece legal.

            - Obrigada pelo elogio. – Debochei.

            - Não. É sério.

            - É sério. Obrigada pelo elogio. – Repeti.

            - Mora onde?

            - Aimeudeus. Agora é oficial. Me belisca - Me belisquei e gemi. – Ai. Achei que fosse um sonho.

            - Por quê?

            - Sabe, é que estou acostumada com James Stark perguntando onde eu moro. – Fiz uma careta.

            - Me chame de Stark.

            - Staaark – Alonguei a palavra. Adivinha? Quando o avião subiu, eu devo ter ficado roxa porque o “flecheiro” ao meu lado riu da minha cara. Dei de ombros para a cara dele.

            - Primeira vez? – Ele perguntou quando já estávamos no ar.

            - Na verdade, acho que segunda.

            - Acha?

            - É. Sofri um acidente de carro recentemente – Levantei meu braço engessado – e o médico falou que eu bati várias vezes a cabeça; podia não lembrar de muitas coisas.

            - Ah, sinto muito.

            - Não sinta. Eu não morri. Estou inteira. Ah, minha perna também estava quebrada. Mas, parece que se recuperou rápido.

            - Você não está sozinha, né? – Neguei com a cabeça.

            - Namorado?

            - Nenhum. Terminei recentemente.

            - Sinto...

            - Se você falar sinto muito de novo, eu vou te jogar desse avião – Ameacei.

            - Desculpe.

            - Qual a di... Esquece.

            - Esquecer o quê? – Virei a cabeça para ele e abri a boca. Logo fechei a mesma.

            - Você é impossível.

            - Eu sei. Mas voltando ao assunto, onde você mora?

            - Nova Iorque – Fiz uma careta.

POV Thalia

            Sentei ao lado de Silena e esperamos o avião decolar. Annie estava distraída, MUITO distraída. Aí, um certo garoto muito lindo sentou ao lado dela. Espera, lindo, alto, moreno e sexy... James Stark? Merda. Cutuquei Silena ao meu lado e apontei com o indicador. Ela arregalou os olhos azuis e paralisou total.

            - Stark. James Stark. Aimeudeus, como a Annie tem sorte.

            - Ei, fale por você. Eu tenho namorado.

            Ela balançou a cabeça como se estivesse tentando se livrar de algum pensamento e disse:

            - Ok, foco Silena. Foco – Repetiu para si mesma.

            - E aí? Como vão as coisas com Nico?

            - Bem – Respondeu, mas pude perceber que sua mente estava em um lugar diferente.

            - E sua família?

            - Eles costumam ligar todo sábado.

            - Hãan... – Meu olhar parou em Annabeth, ela estava com a mão engessada para cima. Ela parece prestes a ter um ataque.

            - Cristo. Ele é muito lindo. Eu sei que tenho namorado, mas olha aquele moreno ali. Eu quase morro.

            - Hmm... Acho que você não gostaria que eu comentasse essa pequena cena com Nico, certo?

            - Deus, nem pense nisso.

            - Ótimo. OK, então você pode pensar. Mas não fale.

            Silena fitou o além com cara de retardada.

            - PÁRA DE PENSAR.

            - Ah, OK. Foco.

            - Se semideuses existissem, você seria filha de Afrodite.

            - Semideuses?

            - Você não prestava atenção nas aulas não?

            - Aula de quê?

            Bufei e desisti. É impossível lidar com uma pessoa desse jeito.

            - I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L – Soletrei a palavra.

            - O que é impossível?

            - AAAAAAAAAH. Chega. Não fala mais comigo. Nunca mais.

            - OK, foco. Foco. Eu estava só pensando no Nico.

            - Meu Deus, que horror – Fiz uma cara de nojo e estreitei os olhos – Nunca fale isso.

            - Aposto que você pensa no Luke, hem?

            Franzi a testa com a insanidade da pergunta.

            - Você bebeu?

            - Não. Só quando eu completar 20 anos. Algum problema?

            - Nossa. Acho melhor você dormir. Quando acordar, vejo o que faço com você. Ok?

            Chamei a aeromoça e pedi um travesseiro.