Capítulo 11 – História da maldição

- Se você conseguir utilizar essas técnicas de modo eficiente, será uma ninja lendária. São habilidades de rank S. – ela olhou para ele com um brilho no olhar - Elas são mais difíceis que o rasengan do Naruto e o chidori do seu pai. Muito mais difíceis. Mas se você não conseguir melhorar o seu controle de chakra e conseguir usá-las em batalha, vai se tornar uma inútil.

- Wakateru. (Eu sei) – ela disse cansada – Mas eu não sei como melhorar o controle de chakra. É por isso que pensei que talvez pudesse me ajudar. Imaginei que como não caiu no genjutsu do meu pai, seu controle de chakra deveria ser excelente. Então, você pode me ajudar?

Ele se sentou perto dela e disse:

- Acho que sim. Mas seus pais poderiam te ajudar. Por que não tenta mostrar para eles de novo. – Sasuke disse. Se ele pudesse evitar treiná-la seria um problema a menos.

- Já tentei. Eles nem quiseram ouvir. Gensan vai me ajudar, não vai? – ela implorou. Ele reparou que Primera tinha os mesmos olhos de Sakura. Era a mesma expressão e a mesma adoração nos olhos.

- Hai, hai. – ele acabou concordando com Primera, mas, na cabeça dele, era com Sakura que ele concordava.

Já fazia um mês que ele treinava com Primera. Ela era muito boa, ele tinha que admitir. Aprendia as coisas em uma velocidade incrível. As feridas dele já haviam fechado de modo que Sakura não precisava vê-lo com tanta frequência. Mas ela ainda ia lá para ver o estado da circulação de chakra dele. O problema tinha parado de avançar, mas não diminuía.

Mesmo depois de todo esse tempo, ninguém exigira de Naruto, e consequentemente dele, o seu nome verdadeiro. Ele ainda era hóspede do Hokage também. Agora ele conhecia os dois filhos de Naruto e os filhos de vários outros ninjas. Ele quase não acreditou quando descobriu que Kakashi havia se casado e que ele e sua mulher estavam tentando ter um filho.

Primera já acionava as técnicas com muita velocidade e conseguia manter o fluxo de chakra por mais tempo. Eles treinavam usando todos os métodos de controle que Sasuke conhecia. Incluindo um que era o preferido de Orochimaru. Uma cobra era invocada dentro de uma barreira. O ninja devia manter a barreira intacta ou então o animal dava um bote. A sensação de perigo iminente tornava o aprendizado mais efetivo.

As habilidades de invocação dela também eram admiráveis. Ela não invocava animais e sim espíritos. Aquela era uma habilidade muito rara e Sasuke estava curioso sobre isso. Ele a chamou. Quando ela se aproximou ofegante, ele disse:

- Primera, onde você aprendeu esse tipo de invocação? É um tipo muito raro e eu não conheço ninguém que a utilize.

- Bom, isso era segredo, mas já que você é meu mestre, acho que não há problemas em contar. Uma vez eu fui em missão e fiquei muito ferida. Meu mestre me deixou em uma casa e terminou a missão sem mim. Ele disse que era para eu me recuperar, mas eu acho que era apenas para se livrar de mim. Na casa onde fiquei, havia uma senhora e ela ficou com pena de mim, eu acho. Ela me entregou um pergaminho e disse que se eu conseguisse aprender o jutsu em três dias, eu não ia ser mais deixada para trás.

- Era o jutsu de invocação?

- Hai. Fiquei os três dias sem dormir quase nada para aprender. E aprendi. Só que a invocação é a que mais gasta chakra e só consigo manter o espirito aqui por alguns segundos.

- Já tentou fazer a invocação depois do treinamento?

- Hai! – ela disse com um sorriso – Posso mantê-los aqui agora por uns cinco minutos. Em batalha, acredito que devo conseguir segurar por um minuto e meio ou no máximo dois.

- Isso é bom. Aquele berserker que você invocou era um pouco...assustador. – Sasuke disse se lembrando do guerreiro negro e insano que vira.

- Posso invocar três tipos de espírito: Berserck, que são os insanos, Lancer, usuários de lanças e os Archers ou arqueiros. Eu queria saber o que os meus pais diriam se vissem.

- Treine para usar isso no torneio então. – Sasuke sugeriu e a menina ficou com os olhos brilhando. Depois de alguns minutos em silêncio enquanto ela descansava e bebia água, ele disse – Peça a sua mãe algumas pílulas do soldado.

- Pílulas do soldado?

- É um tipo de remédio que aumenta o chakra do usuário. Depois você vai ficar sem levantar da cama por uns três dias, mas na hora da luta terá o dobro ou mesmo o triplo de chakra.

- Sugoi! Minha mãe sabe fazer isso?

- Deve saber. Ela é uma Hiourinin.

O tempo foi passando e Primera continuava melhorando. Na casa do Hokage-bonzinho-e-incrível-da-vila-da-folha, Sasuke havia descoberto uma biblioteca excelente. Ele apostava que era da Hinata. Não conseguia imaginar Naruto lendo. Ele sempre procurava informações sobre o medalhão lá e já tinha achado algumas coisas interessantes.

Ele achou um livro de lendas que mencionava uma joia capaz de mostrar o futuro. Havia uma restrição de uso. Nenhum usuário de Doujutsu podia usar o objeto. Ele ficaria muito grato de ter lido isso antes.

A filha mais nova de Naruto o adorava. Ela sempre o chamava para brincar e era Hinata que o livrava de se tornar uma babá. Já o filho mais velho, Minato, o detestava. O motivo? Simples: Primera. O menino era louco pela Uchiha e achava que ela estava apaixonada por Gen. O que não era de todo mentira. O problema era que ele parecia andar com Saskun. Sasuke tinha quase certeza de que Minato o vigiava.

Passou se mais um mês e faltava uma semana para o começo do festival. Ele não treinaria com Primera naquela semana. A ninja estava em missão. Ela prometera que não usaria suas técnicas antes do torneio e ele sabia que ela cumpriria a promessa.

Sasuke estava na biblioteca com um livro no colo. Ele tocava a figura do livro pensativo. Na imagem, ele podia ver o medalhão no veludo vermelho. Lembrou-se de quando o velho abrira a caixa na frente dele. Aquela joia tinha brilhado tanto! Era tão bonita.

- Mattaku! (minha nossa!) Você parece a Sakura chan e o Sai. Os dois também vivem com as caras nos livros. – Naruto disse sentando se ao seu lado – Hinata me mandou aqui para fazer você pegar um pouco de sol. Ela diz que é bom para pele ou alguma baboseira do tipo.

Sasuke não queria falar do medalhão, mas uma força interior o empurrava nessa direção. Ele acabou perdendo a disputa com a consciência e estendeu o livro a Naruto.

- Já viu esse medalhão, Naruto? – ele também já tinha parado de usar o sama depois do nome do Naruto quando os dois estavam a sós.

O Uzumaki pegou o livro curioso e analisou a foto por alguns instantes. Ele estava demorando muito, pensou Sasuke. Demorando demais. Naruto parou de olhar a foto e leu a descrição que estava na outra página;

Talvez uma das maiores maldições do mundo ninja seja o medalhão de Iban. Os antigos povos diziam que havia um clã muito poderoso que recebera uma previsão de extermínio. Uma bruxa dissera que a próxima criança que nascesse traria destruição aquelas pessoas. Não conformados com a notícia, os líderes decidiram sacrificar a bruxa e usar o poder dela para impedir a tragédia. Iban, o homem mais habilidoso para criar jutsus, ficou responsável pela morte da Bruxa. Dizem que antes de morrer, a mulher o amaldiçoara e falara que todas as técnicas e jutsus que ele inventasse só trariam mais morte e desgraça.

Iban usou o sangue da bruxa para encantar um medalhão antigo. Ele queria colocar a arte da vidência na joia. Transferir da mulher o maior poder dela. Com isso ele criou a técnica que permitia ver o futuro. Com a joia, eles descobriram como evitar que a criança nascida destruísse o clã. Tudo parecia bem até que Iban percebeu que seu líder jamais se separava do medalhão. Ele percebeu com dor que a joia criava um vicio e não deixava que as pessoas decidissem nada sozinhas.

As técnicas que ele criou depois também não eram como as outras. Para conseguir usá-las, os ninjas tinham que fazer sacrifícios e muitas vezes morriam ou matavam seus próprios companheiros. Ele havia criado os primeiros Kinjutsus. O problema mesmo surgiu porque a próxima criança que nasceria seria filho de Iban. O líder viu através da joia que aquela criança lhe tiraria seu poder e mandou matar a mãe ainda grávida. Iban não suportou e começou a criar mais e mais técnicas proibidas. Ele foi o responsável indireto pela morte de todo o clã.

No final, restaram apenas ele e o líder. Eles lutaram e Iban acabou vencendo. Ele levou o medalhão com ele. O ninja possuía um importante doujutsu e sempre que usava a joia, a técnica dela aumentava muito. Ele tentou reconstituir família e entrar para outro clã, mas onde ele passava, a morte o seguia. Quando ele não aguentou mais continuar, ele amaldiçoou a bruxa, o clã e o destino. Ele tentou quebrar a joia, mas não conseguiu. Então ele colocou outrokinjutsu sobre o medalhão. Pessoas que tivessem doujutsus como ele, não deveriam usar a joia.

Se elas usassem, seriam amaldiçoadas pelo resto da vida, assim como ele foi. E só seriam libertas quando seu espirito estivesse em paz, o que era impossível para alguém que via seu próprio futuro. Como consequência do kinjutsu, Iban prendeu sua própria alma no medalhão e seu corpo se desmanchou em sangue e em carne podre.

Uma linhagem de guerreiros nobres ficou responsável por guardar a joia e impedir que outras pessoas encontrassem aquele trágico destino. Atualmente, o paradeiro da joia amaldiçoada é desconhecido.

Naruto terminou de ler e lhe devolveu o livro.

- Fiquei até arrepiado depois dessa. E a resposta é não. Eu nunca vi essa coisa amaldiçoada. – ele disse e sorriu.

- Hum.

- Mas eu estava esperando que você me contasse. Você já viu essa coisa. – Aquilo não foi uma pergunta. Naruto tinha desenvolvido um senso muito apurado das coisas ao passar dos anos.

- Não entendo o que quer dizer. – Sasuke fechou o livro e o devolveu a estante – Eu vou me deitar um pouco. Estou me sentindo cansado.

Ele queria fugir dali o mais rápido possível. Naruto era perigoso e ambos sabiam disso. Ele já estava com a mão na maçaneta da porta quando o loiro falou:

- Não fuja. Eu estou querendo ter essa conversa há muito tempo, Sasuke.

O loiro nem se virou, mas Sasuke congelou ao ouvir aquele nome. Maldição! Ele sabia.