Narrado por Edward Cullen.

Stephenie tinha um beijo incrível.

Ela era tão diferente das outras que eu beijei. Stephenie era intensa, seus labios eram receptivos, suas mãos atuantes.

Tudo isso era completamente diferente de Bella. Bella era tão delicada, tão cautelosa com tudo, mas mesmo assim era tão bom, tão envolvente. Mas eu não podia pensar em Bella nesse instante, eu estou a caminho de um passeio com Stephenie.

Quando cheguei em frente a casa que passei tantas tardes estudando – e beijando – parei o carro e fiquei a espera de Stephenie.

Eu não queria entrar e correr o risco de ver Bella. Já era um sofrimento suficiente ver a sua cara quando beijei Stephenie aquela manhã. Eu não podia mais vê-la daquele jeito.

De repente escutei a porta da frente se abrindo, e vi ela saindo divinamente. Stephenie sabia se vestir para matar qualquer homem.

Sorri e fiquei a espera de que ela chegasse ao carro. Desviei então meu olhar, e pude ver Bella, parada na janela, com os olhos tão tristes quanto o de um cachorrinho preso, sem comida em uma jaula.

Voltei a olhar para Stephenie, ela já havia chego no carro.

– Oi gato... – ela falou, se inclinando para me dar um beijo. Eu desviei, Bella ainda estava na janela.

– Que foi? – ela me perguntou, olhando para a direção em que eu tinha fixado meus olhos.

– A Bella estava olhando...

– E daí? Você não está mais com ela Edward, então esquece ok?

Ela se inclinou novamente, e desta vez não pude deixar de beijá-la. Quando abri novamente os olhos, Bella não estava mais na janela.

– Pra onde vamos? – perguntei, com pressa de sair dali logo.

– Segue o carro... Eu falo quando eu quiser parar...

A obedeci, e depois de dar a partida, segui pela estrada, sem rumo certo. Enquanto fazia isso, tive a impressão de escutar os passos de Jacob pela floresta.

Eu sentia muita falta dele nesses últimos tempos. Desde que eu me separei de Bella, nunca mais nos falamos. Jacob era muito teimoso, e como eu tinha magoado muito a sua nova amiga, ele quis defendê-la, em vez de olhar o meu lado.

Ele era um bom conselheiro, me fazia relaxar quando estava tenso por não poder avançar um passo no namoro com Bella. Além do mais, eu também o ajudava muito, com suas paqueras em La Push. Nós éramos companheiros inseparáveis.

– Ed, pára aqui... – Stephenie falou, colocando uma de suas mãos sobre a minha coxa.

Eu parei o carro sem hesitar. Estávamos no meio da estrada, em lugar completamente deserto. Ela é bem esperta, além de ser muito linda.

– Vem...

Quando percebi, ela já tinha saído do carro, e agora me puxava para fora, me envolvendo em um beijo mais que intenso. Suas mãos eram urgentes em meu cabelo, seus labios eram devoradores.

Logo nós dois estávamos no chão, ela em cima de mim, me beijando e me acariciando com as mãos, enquanto eu fazia o mesmo.

Não sei por que, mas por vários momentos eu voltei a pensar em Bella. Seu rosto triste me perseguia, sua doce voz ainda soava em meus ouvidos. Eu não queria que tudo aquilo tivesse acontecido, eu não queria ter me separado dela, mas foi uma decisão que ela me fez tomar.

Tentei então me focar em Stephenie, e em seus beijos enérgicos.

Mas, quando retribuí seu beijo da mesma forma em que ela fazia comigo, perdi minha consciência.

Abri os olhos vagarosamente. Minha cabeça doía, meu corpo inteiro estava rígido. Eu não podia me mexer.

Olhei em volta, para ver se podia achar Stephenie, ou qualquer outra pessoa que me ajudasse. Percebi então que eu estava na mesma caverna onde eu passei os melhores momentos de minha vida.

Quando meus olhos realmente se abriram, eu pude ver Stephenie, parada ao lado da água, brincando com um galho seco de uma árvore.

– Stephenie... – falei, num sussurro.

– Ah Edward... Até que enfim você acordou... – ela falou com uma voz meio debochada, como se estivesse me esperando a muito tempo, e de muita má vontade.

– O que aconteceu? Eu estou todo dolorido... – falei, tentando me levantar.

Foi só então que eu percebi que eu realmente estava preso, por duas pedras enormes, uma envolvendo minha perna esquerda, e a outra o meu braço direito.

– Ah Ed... Isso é um castigo pra você...

– Castigo? Do que você está falando Stephenie? – eu estava muito confuso. Só agora eu percebi que a minha perna estava quebrada, e latejava fortemente.

– É um pequeno castigo por você não ter esquecido da songa monga da Bella...

– Mas o que eu fiz? Eu estava com você, e não com ela! – tentei me libertar da pedra sobre meu braço, mas foi todo um esforço em vão.

– Mas não foi o que você disse...

De repente, minha mente se lembrou de algo. Eu havia, em um dos beijos, sussurrado o nome de Bella. Eu queria que ela estivesse ali, em meus braços, e não Stephenie. Foi depois disso que eu fiquei inconsciente.

– Se lembrou Edward? Então, agora você vai receber uma pequena punição...

– Stephenie, deixa de ser louca! Foi só um nome...

– Mas eu sei que você ainda ama ela Edward, você a deseja... Eu não posso competir com tudo isso que ela colocou em seu coração... – ela tinha raiva na voz. Eu estava começando a ficar com medo.

– Stephenie, por favor, me tira daqui...

– Não Edward... Se você não vai ser meu querido, não vai ser de mais ninguém...

Ela veio em minha direção, bem devagar, e quando eu me dei conta, ela havia colocado suas duas presas a mostra.

Levei um susto enorme. Eu nunca tinha visto um vampiro em posição de ataque – Bella nunca quis me mostrar. Ela falava que era muito arriscado – e aquela imagem me fez estremecer embaixo das pedras. Tentei ao máximo ficar longe dela, só não fechei os olhos para não demonstrar o que estava sentindo.

– Ficou com medo Ed? – ela me perguntou, chegando mais perto – a sua amada não te falou que eu era igual a ela?

– Por favor, não faça nada comigo Stephenie...

– Ué... Você não tinha medo da Bella... Por que você tem medo de mim Ed?

– Ela não ia me machucar... – falei, tentando desviar o rosto do seu hálito gelado.

– Mas eu não vou te machucar... A sua morte vai ser rápida, assim como foi a da Tanya...

Arregalei os olhos. Eu não tinha pensado na alternativa de que Stephenie era a assassina de Tanya.

De repente eu percebi o que tinha feito a Bella. Ela estava sofrendo a toa, tudo por minha culpa. Me senti a pior pessoa desse mundo. Eu queria vê-la e pedir perdão de joelhos, mas nem ao menos os meus braços eu mexia direito.

– Ah, com certeza a Bella não deve ter te falado né? Então, eu matei a sua amantezinha... Ela estava me irritando sabe, ficar agarrando você toda hora, isso não era nada bom...

– Você não podia ter matado a Tanya...

– Por que não? Eu tinha tudo nas mãos querido... Eu odiava ela, tinha a maneira mais fácil de matar e tinha também um álibi... Eu sabia que a Bellinha estaria lá naquele momento...

– Você é horrível... – falei, com muita raiva. Eu podia sentir a dor de Bella em mim agora.

– Eu sei disso Edward... Não precisa me lembrar... – ela sorriu. Fiquei com vontade de cuspir em seu rosto.

– Me tira logo daqui Stephenie! – gritei, enquanto tentava me mexer. Isso só fazia com que as minhas dores aumentassem.

– Não não querido... Olha, eu te garanto que vai ser melhor você ficar preso...

Ela chegou mais perto ainda. Seus labios roçaram em meu pescoço, e eu não pude deixar de me arrepiar. Ela não parou, seguiu com eles até a minha boca.

Eu não queria beijá-la. O que eu sentia por Stephenie não era mais desejo, e sim nojo. Eu queria poder empurrá-la para longe, mas como não podia, apenas fechei meus labios, e não deixei que ela me beijasse.

– Não seja teimoso gatinho... – ela falou sobre meus labios. Eu continuei duro.

– Ok... Se você não quer, o problema é seu... Sua morte vai ser mais rápida...

Ela voltou a descer com os labios até o meu pescoço. Eu estremeci novamente, mas por mais que estivesse pronto para a morte, eu queria vê-la novamente. Meu único desejo era poder pedir desculpas para Bella, beijá-la novamente, sentir seu cheiro, olhar seu rosto perfeito.

De repente, os caninos de Stephenie roçaram em meu pescoço. Eu fechei os olhos e me despedi da vida.

– EDWARD!

Sua voz doce voz pousou em minha mente. Eu pensei que tinha morrido, e que ela tinha vindo visitar meus sonhos, mas quando abri novamente os olhos, vi a silhueta de Bella parada na frente da caverna.