Capítulo 3: A Bomba

Abri os olhos lentamente, toda aquela claridade me fazia mal de manhã. Me levantei ainda com a visão embaça, andei até o banheiro. Lavei meu rosto, escovei os dentes e desci até a sala onde vi minha mãe na mesa sentada de costas.

_Bom dia – falei.

_Você – ela começou calma e se virou para mim mostrando o pacotinho que Daniel tinha me dado na noite anterior – Pode me explicar o que é isso?

_Você estava mexendo nas minhas coisa?

Gritei e fui até o pacote mas ela foi mais rápida segurando meu braço com uma força indescritível.

_Você vai me responder agora! E sem mudar de assunto. - ela gritou apertando com mais força meu braço.

_Ai mãe! Ta me machucando.

_Onde você conseguiu isso?

_Eu não usei juro.

_O que estava fazendo com você?

_Um cara me deu!

Ela me soltou e eu me ajoelhei no chão, olhei pata o meu braço estava vermelho de tanta força que ela usou.

_Eu não aguento mais isso – ela disse olhando para o nada – Eu não quero mais você na minha casa.

_O que?

_Você vai embora. - ela disse seria.

_Do quê ta falando? - perguntei me levantando a fitando-a nos olhos.

_Você vai embora dessa casa ou eu te interno em uma escola militar.

_Mãe eu não fumei.

_Mas você não me obedece! Você não me respeita, só me dá desgosto. Se continuar desse jeito vai acabar morta. E eu prefiro ver você roxa dos espancamentos da escola militar a ver você morta em uma vala.

Dito isso ela saiu e se trancou no quarto. Fiquei um tempo pensando em tudo o que ela havia dito, ela não seria capaz de fazer aquilo. Minha mãe sempre surta, mas depois acaba tudo voltando ao normal e agora não seria diferente... Tomei meu café e também me tranquei no quarto.

As semanas foram se passando e as coisas foram voltando ao normal, tirando o fato da minha mãe não falar comigo e Daniel nunca mais olhar pra mim, estava tudo bem.

Depois de mais um dia chato na escola – ou melhor fora dela – eu voltei pra casa para pegar algumas coisas. Assim que abri a porta me deparei com três malas, para ser mais especifica, as minha três malas. Paralisei na hora e fiquei mais paralisada ainda quando minha mãe apareceu na porta da sala e se escorou na parede.

_Aqui – ela levantou a passagem de avião – está a passagem, só de ida para o Japão.

_... - Não consegui dizer nada. Minha cabeça não raciocinava direito.

_A partir de amanha você vai morar com o seu pai.