Quando Minha Vida Foi Outra escrita por Cla7897


Capítulo 11
Capítulo 10




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Capítulo dez

            Por que é tão difícil?

            Por que essas coisas só acontecem comigo?

            Caminhei pela Homicídios, pensando em tudo que eu já tinha passado ao lado do Scotty, desde quando nos conhecemos...

            “Você é a Rush?”

            “Sim.”

            “Eu sou detetive Valens”.

            O dia que a gente se conheceu... Foi tão bom. Eu senti que nunca mais ficaria sozinha...

            “Deve ser legal ter alguém do seu lado... Hum, sabe... Envelhecer ao lado desse alguém...”

            “É, deve ser...”

            Fazia alguns meses que a gente se conhecia, mas de algum modo esse dia em especial ficou marcado na minha memória para sempre. Estávamos investigando um caso de 1930, e acabamos chegando a esse assunto... Eu estava com o Kite, ele, com a Elisa... Mas isso... Eu não sei explicar...

            “Eu não posso ajudar você com o que aconteceu há nove anos!”

            “Ela é problema”.

            “Bem, talvez ela não seja para mim.”

            “Certo, Scotty... Mas dar um trato na garçonete não vai trazer sua namorada morta de volta”.

            Como eu queria apagar esse dia da minha memória... Às vezes acho que esse dia foi apenas um pesadelo, e que estas palavras ásperas e cruéis jamais foram expelidas por nenhum de nós dois... E que a história não se repetiu.

            “Meus pêsames a respeito de sua linda noiva Elisa. É terrível o que rio faz ao corpo de uma moça...”

            Lilly ouvia tudo em silêncio, a arma apontada para ela.

            “Escute, George, se você tocar nela, eu te mato”.

            De alguma maneira, eu sabia que tudo acabaria bem – O Scotty estava lá, ele iria me proteger. Mas esse é outro dia que eu não gosto de lembrar. George está em minha mente até hoje, seu sangue, aquele sótão...

            “É esse cara... Joseph... Eu não sei, Scotty... Mas eu sinto algo por ele que eu não consigo explicar... È muito forte, me consome...”

            “Eu entendo... – disse sem fitá-la – Também tenho me sentido assim ultimamente...”

            “Também tenho me sentido assim ultimamente”

            O que ele quis dizer com isso naquela noite? Será que eu nunca vou saber?

            “Sei, mas sempre haverá Charlenes...”

            Ele deu um sorriso nervoso.

            “Lil, vamos fazer um trato?”

            “O que aconteceu aqui morre aqui?”

            E assim foi... Nunca tocamos no assunto. Aquela conversa no corredor morreu ali, mas, quando perco o sono no meio da noite, volto para lá, imaginando o que poderia ter acontecido se ela tivesse durado um pouco mais...

“Atire em mim!” – ela se ouviu gritar.

O som do disparo trouxe de volta a sala em torno dela,e sentiu dores em seu ombro direito. Ela tinha certeza que não havia outra hipótese, talvez até mais do que uma, mas tudo parecia distante quando caiu contra a parede fria. Ela tentou manter-se em pé, mas falhou e acabou afundando para baixo do piso.

“Ele me acertou” – murmurou.

Ela sentiu alguém ao seu lado, colocando os braços em torno dela. Scotty. Ele veio. Ela pediu por ele e ele veio.

- Ele salvou minha vida... – murmurei – Se não fosse por ele, eu teria morrido...

Nunca pude agradecê-lo... Ah, se eu pudesse voltar no tempo, tudo seria diferente! Mas estou presa nesse mundo estranho...

Teve tantas outras coisas que ele fez por mim... Quando aquele serial killer, John Smith, começou a me pressionar, Scotty percebeu que eu estava incomodada... Ele não me suportou ver assim... Ele não queria que eu chorasse...

O Scotty sempre esteve do meu lado, sempre com aquele olhar de quem queria me dizer algo mais, só que faltava coragem, ou algo da minha parte...

“Ah...” – o comentário dele não me pareceu muito animado. Pelo jeito ele não queria falar comigo.

            Cruzei os braços, sentindo o ar da noite. O vento estava um pouco gelado.

            “Esquece, então. Eu devo ter imaginado coisas” – eu disse para mim mesma, tentando sorrir – “Boa noite”.

            Avancei para a saída, mas Scotty segurou meu braço, me impedindo de ir e fazendo com que eu olhasse para ele.

            “Lil…” – ele disse num sussurro, e eu senti meu coração bater mais rápido do que o normal – “Eu quero mesmo te dizer alguma coisa, mas ainda não é o momento”.

            “O que você quer me dizer?”

            Ele afastou uma mecha que caiu sobre o meu rosto; esse gesto dele me pegou de surpresa e fez com que eu recuasse mecanicamente.

            Olhei para ele.

            Scotty parecia sorrir conformado, como se estivesse certo de algo que eu ainda não sabia.

            “Ainda não é o momento. Até amanhã. Boa noite”.

            A última vez que eu falei com ele, antes de tudo acontecer...

            Eu sinto tanta falta dele! Da sua companhia, do seu sorriso... De me fazer feliz sem saber... Eu quero minha antiga vida de volta... Quero parte dela de volta... Quero o Scotty de volta... Quero meu trabalho de volta, meus amigos de volta, mas, sobretudo, quero o Scotty de volta...

            E também quero continuar nessa nova vida... Quero a amizade da Chris, da minha irmã... Quero cuidar do meu sobrinho, quero essa vida mais calma...

            Caminhei para a saída – esperaria a Chris no carro.

            Não sei o que quero. Estou adorando viver com a Chris, mas não consigo parar de pensar no Scotty... E ele vai casar com a Alex, porque não sabe quem eu sou.

Ele não sabe como sou apaixonada por ele.

Como o amo inconscientemente.

Ele não sabe, pois sempre fiz o possível para esconder esse sentimento que crescia a cada dia dentro de mim... Ele não sabe como foi difícil vê-lo com a minha irmã, com a promotora, com a Frankie, e fingir que estava contente por ele, ou que eu pouco me importava.

O Scotty não sabe, mas o amo há tanto tempo.

E só me dei conta disso agora que o perdi de vez.   Agora que ele não sabe quem e Fique quieta... Eu vou cuidar de você...     

            Pisquei, atônita. Que voz é essa?

            Olhei para os lados, mas ninguém parecia ter falado comigo. Estranho...

            Continuei andando em direção a saída.

            - Ninguém pode te ajudar...

            Olhei para os lados de novo.

            Ninguém.

            - Pare com isso!

            Assustada, olhei em volta. De onde essa voz está vindo?

            Olhei para o fim do corredor.

            A moça pálida, de cabelos pretos, me fitava.

            Fechei os olhos com força, e abri em seguida.

            De repente, tudo começou a piscar... As luzes piscavam, e eu não estava mais no corredor... Era um lugar escuro...

            - Onde estou? – eu gritei.

            Tudo pisou novamente...

Estou no corredor na Homicídios.

A moça pálida me olha assustada.

As luzes piscam.

            - Ninguém pode te ajudar!

            Tudo girava.

            Escuro.

            Claro.

            Escuro.

            Claro.

            Então tudo ficou escuro completamente.


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