Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 3
O verdadeiro diário de Tom Riddle.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Primeiro capítulo (reescrito) de 2015.
Fiquei muito, mas muito feliz com as respostas positivas de vocês, meu adorados leitores, acerca desse novo "empreendimento", rs. Respondi carinhosamente cada review enviado e espero cumprir com minha promessa o mais rápido possível.



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O caminho mais curto até o dormitório dos monitores era conhecido apenas pelos mesmos. Além de confortável, provia-se de extrema privacidade, sendo por vezes desconcertante para alguns. Os livros nem pesavam mais em seu ombro, enquanto Hermione vagava entre sua curiosidade e sensatez diante dos últimos acontecimentos, os sapatos ecoando sutilmente ao toque firme no chão de pedra.

Admitiria para si mesma, por fim, que se sentira extremamente confiável e honrada por Dumbledore ter lhe destinado tão importante tarefa, mas não negava o frio em seu ventre ao pensar nas possibilidades unânimes de obter qualquer resultado: não haviam muitas opções. Primeiro, deveria pensar em como se adaptaria aos costumes e leis de época, afim de evitar qualquer surpresa diante do novo ambiente social ao qual faria parte. Depois, seria estritamente viável conhecer o objeto de estudo - considerar Tom Riddle um inimigo era demais para ela neste momento. Criar uma rotina e sub-rotina atenta a Tom facilitaria seu acesso ao mesmo, possivelmente integrando ambos em atividades mútuas.

A porta escancarou-se devido a entrada e, com um feitiço silencioso, trancou-se de repente. O aposento foi invadido por um filete de luz vindo da janela principal, iluminando diretamente a belíssima cama de casal entalhada. Cores como vermelho e vinho já eram conhecidas por lá: segundo a crença, Gryffindor em pessoa alojava-se fora da torre em dias turbulentos, exilado por trás das paredes silenciosas do quarto. Pouco obstante, a menina arrancou os sapatos para longe e deitou-se na cama; o cheiro de madeira invadindo suas narinas traindo sua incontrolável aversão.

Teria de ser rápida, afinal, deveria aprontar-se ainda para as aulas de poções e DCAT. Subitamente retirou o livro indicado da bolsa, observando a capa surrada com curiosidade.

"O que quer que seja" - pensou ela. - "há de ser importante".

Abrindo a transcrição da primeira página, nada de extraordinário: ao que parecia, era um diário. A tinta desintegrava aos poucos, refluindo o sentido de algumas palavras, porém o nome do autor estava intacto, com uma caligrafia elegante e firme, podia-se ler:

Diário de Tom Marvolo Riddle

Hermione suspirou assustada, temendo a descoberta. Aquele em suas mãos era, oficialmente, um diário escrito pelo jovem Voldemort enquanto ainda estava no colégio. Não imaginaria o porquê Dumbledore lhe entregara o objeto que com absoluta certeza compunha um de seus tesouros acerca de um incerto passado, e a relevância dessas constatações seriam lúgubres em demasia.

Início das aulas em Hogwarts

Parece uma extrema estupidez de minha parte escrever um diário aos 16 anos. Mesmo que seja um costume infantil, meu desejo é relatar não apenas meu penúltimo ano neste castelo, como também o fim de uma vida medíocre.

Sem aparentes novidades, a constituição reitera exatamente os mesmos propósitos pregados até então: a ordem sobre o mundo mágico - ainda que este esteja mergulhando em um completo caos. Por um lado, detenho certamente alguma admiração pelos recentes acontecimentos: reerguer a soberania entre os puros de sangue sobre aqueles que desmerecem nossas habilidades me é extremamente satisfatório. Entretanto, não nego que o refluxo do medo atinge-nos em cheio e, mesmo impassível, reconheço que causa um alvoroço desnecessário.

Eu sempre anseio por mais do que espero conceber. Afastando-me do tédio, percebi que decorei as listas de leitura mais avançadas de toda a biblioteca, e talvez é chegada a hora de buscar uma literatura diferenciada...

Retornar é uma sensação intrínseca. Desde a partida em Londres não computo mais as batidas frenéticas de meu coração, até estar ciente de que finalmente voltei para casa, meu lar, onde posso praticar meus atributos e desenvolver meu futuro furtivamente. O domínio das Trevas não é , de fato, um mísero trabalho prático: ele deve ser vivido como uma arte embalsamada.

Surpreendi-me ao descobrir que alguns de meus seguidores estão tendo relações românticas, e lamentei por eles. Os prazeres sensuais são necessários, mas o amor pode ser totalmente desprezado. De qualquer forma, não haveria muita esperança para mim, se então minha própria mãe indispôs a minha vida, que chances teria eu? Mesmo que me reserve, sei de minhas condições, miseráveis de um pobre aluno.

– É impossível! - bradou ela, colocando as mãos no rosto num ato de incredulidade. - Como ele poderia? Tanta solidão e tristeza, como se renegasse o próprio destino... Que ironia! Escolheu-o para si da forma mais cruel!

Preparada para continuar, quase não ouviu o toque à porta do aposento. Contrariada, levantou-se da cama procurando pelos sapatos, seguidamente atirando o diário para longe das vistas comuns, quem quer que fosse.

– Oi?

– É Ginny! - a outra respondeu, sutilmente exasperada. - Posso entrar?

Hermione parou alguns segundos antes de gritar a resposta.

– Sim, er...vou abrir.

Alohomora!

– Hum, obrigada. - disse Ginny, entrando no quarto. - Nossa, vai acreditar se eu disse que nunca vi um cômodo maior que esse?

– Vou, porque possivelmente é um dos mais majestosos que conheço também. - complementou. - Sente-se! Infelizmente não tenho nada além de livros de feitiço, e não é muito amistoso oferecê-los a uma amiga quando se visita um ambiente menos hostil então...

Ginny sentou-se na cama, sorrindo para a castanha.

– Não se preocupe. A verdade é que eu não tinha nada o que fazer então tomei a liberdade de desperdiçar seu tempo... - Hermione ameaçou protestar, mas Ginny a interrompeu antes que tomasse a palavra. - Notei como anda solitária e, se me permite, um tanto infeliz, Mione... Não gostaria de conjecturar com isso, principalmente sendo Ron meu irmão...

– Olha, Ginny, não é necessário. - suspirou, cansada. - Sei que pode soar estranho, porém me sinto renovada em alguns aspectos e, se pareço tão terrível assim, acredite, não há nenhuma, em absoluto, associação com Ron.

– Talvez você se negue isso no fundo do coração. Tudo bem, Mione, eu sei como é...se sentir rejeitada, faz pensar que não somos suficientes em nenhuma circunstância.

– Harry jamais rejeitou você. - contrapôs.

– Harry não é a primeira pessoa pela qual me apaixonei perdidamente.

Hermione franziu o cenho diante da justificativa da amiga.

– Desculpe a sinceridade, mas você não parecia morrer de amores por Dino. - riu. - No geral, era um simples fulgor adolescente que ascendia de vocês dois.

A ruiva riu, as maçãs do rosto acentuadas pelas sardas.

– Realmente, Dino não passou disso. Eu me apeguei muito a outro rapaz, há alguns anos, mas não ouso entrar em detalhes...

Os olhos de Hermione brilharam de curiosidade, incentivando Ginny a continuar o assunto imparcial.

– Você provavelmente vai me achar maluca, ou até mesmo tirana! - recomeçou. - Lembra-se do incidente com a câmara secreta, sim? Pois bem, lá estava ele, Tom Riddle, como num de meus mais doces sonhos, mas jamais pensei viver um pesadelo como aquele. Sei que está preocupada, e eu também estou...não sabe como pensar nele me deixa atordoada, não costumo comentar com ninguém. Nem mesmo com Harry.

"Quando encontrei o diário de Tom, estava me sentindo um fracasso. Era muito jovem e inexperiente com objetos mágicos, pouco cuidadosa também, me precipitei e lancei meu nome na primeira página. Borrei as letras de forma suspeita, porém ele compreendeu o que estava passando e, bem, foi muito atencioso, você sabe.

Era uma visão assustadoramente linda: o porte elegante e austero de seus olhos azuis misteriosos, o sorriso escarlate, os dedos finos e compridos. Quase desfaleci quando o vi a primeira vez, acreditando que solidificara em si mesmo todos os atributos físicos que eu prezava num rapaz. De praxe o associei a Harry, e depois deste contato, passamos a nos comunicar muitas vezes até que, bem, aconteceu todo aquele desastre..."

Ginny parecia envergonhada ao expulsar toda aquela história de sua consciência, acreditando ter colaborado com a empatia da outra. Hermione passou um braço pelo ombro da amiga, que a observava francamente:

– Tenho certeza de que deve ser muito doloroso... - disse, lívida diante de tantos fatos. - Agora, se virarmos a moeda, sabemos que foi extremamente colaborativo para sua relação com Harry. - sorriu. - Afinal, ele se orgulha de ter salvo você e, ainda mais, de você dedicar a ele sentimentos tão puros e sinceros.

– Harry é uma pessoa especial em muitos sentidos, e você também, Mione. Se não se importa, podemos esquecer esse assunto? Seria péssimo para mim se Harry descobrisse algo a respeito, com certeza o chatearia.

– Nunca falamos sobre isso. - disse convicta. - Eu agradeço. Ginny, a consideração e o carinho. Sei que fez isso para que me sentisse querida e menos solitária diante da situação, mas...acredite, eu me sinto ótima. Não tem com o que se preocupar.

– Eu duvido muito! - riu a ruiva. - Devo estar atrasada para minha próxima aula, nos vemos no jantar então? - adiantou-se novamente, de pé na porta do quarto.

– Sim, eu estarei lá. - Hermione retribuiu o sorriso, acenando enquanto Ginny trancava a porta.

Em poucos minutos deveria assumir suas responsabilidades de aluna, ainda restando um tempo mínimo para assimilar suas ideias, a grifinória persistiu no passado do jovem Tom. Uma última vez naquele dia, tomou o diário entre as mãos, receosa, abrindo-o em uma página qualquer.

(...)aqueles olhos castanhos misteriosos me deixam confuso. Tão astutos, e por fim, tão amáveis! Me acharia corrupto ao pensar que são simplesmente um par de olhos, e a maneira como olham para mim é fascinante. Estou me enamorando dessa estranha? O desejo de me envolver discorre do simples fato de ela estar aqui, tão próxima a mim, e me compadeço de seu amor pela magia como se fosse o meu próprio. Não nego que tenho sonhado algumas poucas vezes, como um tolo, ao observar a sinceridade comum de seu sorriso. E não seria perfeito? Se houvesse alguma chance...

Tom Riddle não deveria ser tão vulnerável como aparentava em seu diário, entretanto, ao ler tão solenes palavras, Hermione sabia que era hora de agir. Sua missão era encontrar e, se possível, impedir a criação de horcruxes, mantendo a alma do rapaz intacta pelo tempo que pudesse dispor.

Fosse essa, talvez, a única chance que o mundo mágico teria para salvar-se de todo o mau presente, e tudo estava, definitivamente, na palma das mãos de Hermione.


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Notas finais do capítulo

Bom, para aqueles que possuem um olhar mais atento a detalhes, é de se perceber que eu retirei algumas partes desnecessárias do capítulo, o que justifica o tamanho diminuto se comparado aos anteriores.

Até breve, Ana.