- Ei, calma. - ouvi minha irmã dizer

Sim, eu ainda estava chorando, e tinha certeza de que Iago estava me observando.

- Vamos, já está na hora. - disse uma enfermeira

Meredith e mamãe se despediram de mim e saíram com a vazia caixa de pizza. Esperei que Lia falasse alguma coisa, já que ela ainda me olhava com uma expressão vazia.

Foi quando notei algo, era como se minha irmã tivesse um "arco-íris" em torno de sim. Bem, era apenas uma cor: AZUL. 

Eu devo ter feito uma cara engraçada, ou algo assim, porque Lia começou a rir de mim. 

- O que foi? - perguntou

Nesses cinco segundos, pensei rapidamente, e acho que por enquanto eu não deveria contar a ninguém essa coisa de ver um negócio azul em volta de minha irmã. Senão, logo que saísse do hospital ia direto à psicólogo.

- Não, nada. - menti

Através do vidro, pude ver que mamãe e Meredith olhavam para a gente, ao mesmo tempo que Iago - agora sozinho - me observava atentamente.

- Bom, eu já estou indo. - ela sorriu - Você tem que descansar.

Revirei os olhos e dei de ombro.

- Ei, amanhã traz meu notebook? 

Eu ia pesquisar por essa "coisa" azul que apareceu em minha irmã, mesmo que eu nem saiba o nome. Você acha tudo no Google.

- Claro. E, ah, quando você sair teremos uma surpresa para você. Lá em casa.

De repente senti que a curiosidade tomou conta de mim, mas me contive em perguntar o que era. Acenei para minha irmã que ia se distanciando, e depois encostei minha cabeça no travesseiro da cama.

Quando estava fechando os olhos, a enfermeira apareceu na porta.

- Sim? - perguntei

- Rose, tem uma pessoa querendo falar com você.

Olhei para ela e dei de ombros. Logo que a enfermeira se afastou, vi uma figura masculina entrar no quarto e olhar diretamente para mim, com seus lindos olhos. Iago.

Antes de eu ou ele falar qualquer coisa, reparei em sua volta, assim como fiz com Lisa. E, sim, conseguia o que queria. Ao redor de Iago, havia algo amarelo, que brilhava loucamente.

- Oi. - ele me disse

- Ah, oi.

- Como você está?

- Melhor do que antes.

Abri um meio sorriso.

- Vamos lá, fale o que você quer.

- Bem, você desligou o telefone na minha cara e depois... bem, depois disso você sabe. - ele olhou para o outro lado, confuso - Então, me deixa explicar.

- Explicar!? - quase gritei

- É.

- Explicar o que? Como você fez bebê com Marianna?, não obrigada. Vamos lá Iago, você sabe o que eu sinto, já deve ter percebido isso.

Ele me olhou com uma cara sacana, o que me fez rir por dentro. Continuei olhando-o, até que vi Marianna no vidro, nos observando com aqueles sem olhos claros.

- Melhor você ir, ou senão a mãe do seu filho vai ter um pire-paque.

Iago me olhou com sua típica cara de "cachorrinho sem dono", mas depois abaixou a cabeça e foi em direção a porta. Percebi, que ao seu redor, o amarelo ficava cada vez mais clarinho.

[...]

Quando senti o sol batendo em meu rosto, bocejei e acordei, mesmo sonolenta. Apertei o botãozinho vermelho de sempre, e a enfermeira entrou segurando um bandeja com o café da manhã: pão quente, suco, omelete e um potinho de manteiga.

- Logo logo vai vir um médico aqui. - disse ela

Concordei com a cabeça e esperei ela sair, eu queria comer em silêncio. Eu não estava com fome, então apenas devorei o omelete e deixei o pãozinho para outra hora.

Esperei um tempo, até que um cara que aparentava ter uns quarenta anos entrou, com um jaleco e um sorriso enorme no rosto. 

Agora eu já estava meio acostumada a ver ao redor das pessoas, e ao redor do médico, emanava uma forte luz verde.

- Olá. - ele sorriu - Vou examinar sua perna. Hoje você já vai poder tirar o gesso.

- E quando exatamente eu vou poder ir embora?

- Daqui uns cinco dias, se todos os testes se saírem bem. - ele sorriu - Aí, você terá de fazer fisioterapia. 

Respirei fundo e compreendi. Fiz tudo o que o médico mandou eu fazer, e pelo visto eu estava indo muito bem. Depois, ele me disse que estava tudo completo, ele teria que fazer algumas coisas, mas hoje mesmo voltaria com os resultados. E ah, tinha alguém esperando.

Logo que ele saiu, vi uma luz azul vindo da porta, e percebi que era minha irmã, Lia.

- Pensei que tinha aula.

- Quis faltar.

- Uau, uma nerd faltando. - sorri - Não pode, heim.

- E então, - ela revirou os olhos, me esnobando - Como está?

- Bom, Iago veio me ver ontem.

- O que ele disse.

- Na verdade, não deu tempo, Marianna estava o-chamando.

Afoguei minha cabeça no travesseiro, enquanto minha irmã se sentava em uma cadeira ao lado da cama.

- Essa menina é uma puta mesmo, heim!

Me assustei quando ouvi minha irmã dizendo um palavrão, e ainda mais xingando uma pessoa. Lia sempre fora uma menina certinha, sempre tirava no mínimo oito e era a filha perfeita, tanto para minha mãe quanto para meu pai. Ao contrário de mim, que já fui pega fumando maconha, já fui presa por tentar roubar um BMW junto com Kurt e Jackson - meus antigos amigos -, e ainda, sou um péssimo exemplo tanto para filha quanto para irmã.

- Ah, trouxe seu notebook.

Lia me entregou o aparelho fino e branco da Apple.

- Depois eu volto, Stela está me chamando.

Lia me deu um rápido beijo na bochecha e depois saiu me deixando novamente sozinha. 

Abri meu notebook e acessei a internet, e então entrei no Google. Eu não sabia o que procurar, mas tinha que colocar a palavra "significado". Primeiro apareceu "significado do nome", "significado das cores" e depois "significado das auras". Das auras?

- Opa. - murmurei baixinho

Cliquei no "significado das auras" e logo havia milhares de links. Fui no wikipédia, onde estava escrito AURA.

E então, consegui finalmente o significado de todas. Entendo o porquê da do Iago ser amarela, da de Lia ser azul e do tal médico, ser verde.