Você pode estranhar eu estar contando o caminho para a morte. Eu estava perdida, em frente à dois enormes portões, um de bronze e outro de ouro. Me aproximei do segundo, onde eu esperava encontrar coisas melhores, nele havia duas enormes placas douradas, na primeira havia escrito em letras lindas e grandes:  CÉU; já na outra placa, havia nomes e algumas datas.

Analisei e li todos, até encontrar um com uma letra estilo itálico: Rose Hatheway Monroe, dia 28/10

O que era isso afinal?

Coloquei meus pés na linda estrada brilhante, até que em cima de mim apareceu uma figura cintilante, com asas e os olhos dourados. Como se fossem lentes.

Ahn?, pensei

Estranhei, mas depois que a figura sorriu me acalmei. E então, finalmente ela disse:

- Você não.

Assim, ela me pegou e me levou de volta a onde estava meu corpo jogado, na estrada de terra, no meio de quatro caras e uma van vermelha piscando. Então finalmente, senti o peso de meu corpo.

- Você viu algum familiar dela? - perguntou um cara

Minha cabeça latejava, eu não sentia minha perna esquerda - que parecia ter quebrado -, e o resto do meu corpo parecia ter adormecido a muito tempo.

De repente, senti alguém me pegando e me colocando meu corpo em um colchão macio.

Ouvi ruídos e um barulho terrível, mas não aguentei por muito tempo as dores, e logo desmaiei.

[...]

Quando abri meus olhos finalmente, vi que minha perna estava coberta por um gesso, minha cabeça estava enfaixada, havia muitos ferimentos em meu corpo, e o pior, estava em uma sala escura que eu não fazia idéia de onde era.

- Mãe? - chamei

Olhei para o vidro lá fora, já era noite e estrelas brilhavam no céu escuro.

Por causa do silêncio, voltei aos meus pensamentos, e quando lembrei que eu havia passado pela morte, conhecido um anjo e visto o portão para o céu, ri de mim mesma.

Olhei para o estranhos botões atrás de mim e então, apertei um vermelho. Alguns minutos depois, apareceu uma enfermeira usando uma roupa terrível.

- Olá. - ela sorriu e veio até mim - Como está?

- Realmente, não sei. 

- Meio confusa?

Concordei com a cabeça e ela abriu um grande sorriso.

- Vou chamar sua mãe, ela está ali na sala de visitas.

Só fui perceber depois, eu estava na U.T.I e pior, eu estava em coma. 

Quando vi minha mãe passando pela porta branca, tive vontade de pular da cama e abraçá-la, mas me contive. Ela veio até mim e me abraçou de leve.

- Como está?

Dei de ombros e ri.

- Eu estava em coma?

Minha mãe olhou para a enfermeira que estava encostada na porta, então ela olhou para mim e vi uma unica lágrima brotar de seu olho direito. Minha mãe havia chorado. Por mim.

- Você está em coma já faz mais de um mês.

Ahn? O que? Como? 

Eu não poderia estar em coma, eu lembro exatamente do que havia acontecido no dia vinte oito de julho.

- Como assim?

- Quando você chegou aqui, acharam seu celular e me ligaram. Você já havia entrado na U.T.I, então eles mesmo me contaram o que havia acontecido. Você entrou mesmo na frente do carro?

Eu não queria admitir que fui uma estúpida, mas era preciso. Concordei com isso, e minha mãe me deu um tapa de leve em meu braço, como castigo.

Depois, a enfermeira fez questão de me dar algo para comer, já que eu não comia há mais de um mês. E todas se reuniram em meu quarto com pizza: mamãe, Meredith e Lia. (N/A: eu sei que isso não é permitido)

- Sabe, fui estranho ficar sem você em casa. - disse Meredith

- Na verdade, eu gostei.

- Ah, obrigada, também te amo. - debochei

Enquanto todas comiam, Lia veio até mim e sussurrou: 

- Sabe quem está lá fora?

Não sei porque, mas eu tinha uma idéia de quem era. Simplesmente perguntei "quem?"

- Iago, junto com Marianna.

E então, por espontâneo eu desabei a chorar no ombro de minha irmã, enquanto através do vidro eu fui reparar pela primeira vez: havia uma garoto meio baixo, usando um moletom vermelho com capuz, uma pele morena e os cabelos meio ondulados; e ao lado dele, uma garota de cabelos loiros e longos, usando uma calça jeans e uma blusinha da Abercrombie, por onde aparecia sua barriga que já crescia.